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Por que são contestáveis as pesquisas eleitorais?

Como contestar pesquisas eleitorais?

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Apresentam-se problemas enfrentados pelos Institutos de Pesquisas de Opinião Pública, que pode surgir durante a realização de uma pesquisa de intenção de voto, mostrando-se os possíveis erros internos e externos que poderão acontecer em relação ao tamanho da amostra escolhida.

Resumo: Em uma pesquisa eleitoral de intenção de voto, a população a ser pesquisada, são todos os eleitores acima de 16 anos, aptos a votar no pleito de 2014. Por causa dos problemas de alto custo, se torna impraticável e inviável a realização de pesquisa da intenção de voto para Presidente da República com todas as pessoas que compõe o eleitorado brasileiro. Por isso, a pesquisa eleitoral tem-se que ser realizada com uma amostra - pequena parte da população, porém com uma amostra considerável, contendo características semelhantes que tendem à mesma preferência política, para que essa tendência - comportamento do eleitorado - se reproduza para a população eleitoral brasileira, porém aquelas características e comportamentos, na maioria são relativos, por genericamente se apresentarem como “fotografia do momento”. Dependendo do cenário político, do acirramento da campanha eleitoral, da posição ideológica de determinado tema polêmico ou da “guerra” de ofensas pessoas e políticas, poderá ocorrer repentinamente à mutabilidade do comportamento do eleitor - mudança da preferência política. Por estas circunstâncias, porque são contestáveis as pesquisas eleitorais?

Palavras-chave: Pesquisas eleitorais, erros ou falhas, influência na decisão da intenção de voto.


INTRODUÇÃO

Toda vez que a imprensa televisiva ou jornalística divulga ou publica os resultados das pesquisas eleitorais, seja participante de algum grupo político ou simplesmente eleitor, surge em nossa mente uma dúvida: Será que devemos confiar nos dados apresentados de intenções de votos? Há casos de pesquisas eleitorais para Presidente da República, em que menos de 2.100 pessoas foram entrevistadas-pesquisadas dentro de um universo eleitoral de 142.822.046 pessoas – eleitores aptos. Além disso, sempre existem diversas reclamações de candidatos, de partidos políticos e da sociedade, àqueles que estão em má posição nas disputas eleitorais, segundo as pesquisas. As acusações são desde contradições, distorções, erros e falhas na metodologia da coleta dos dados, inclusive chagam a alegar má-fé na hora da divulgação-publicação dos resultados “pesquisados”.

Apesar destes argumentos contrários em relação à confiabilidade e à credibilidade das pesquisas eleitorais, indispensável em uma pesquisa eleitoral, ter uma boa metodologia de amostragem, uma boa coleta dos dados, uma análise e avaliação adequada dos resultados, sobretudo realizar uma apuração matemático-estatística correta sem qualquer manipulação ou artifício matemático e estatístico dos resultados das intenções de votos “pesquisadas”.

Em ano de eleições, aparece uma enxurrada de pesquisas eleitorais, toda semana, a respeito da intenção de voto, realizadas por diversos institutos de pesquisas, que servem ou prestam-se a orientar estratégias político-partidárias, que determinam as diretrizes e rumos das campanhas políticas, ainda despertam e influencia financiadores de recursos de campanhas eleitorais, além dos interesses de grande parte do eleitorado, que por vez, influencia-o na tomada de sua decisão do voto.

A pesquisa eleitoral é utilizada na tentativa de “conhecer” a intenção de voto dos eleitores, porém realizada apenas em uma pequena parte do eleitorado, dependendo da circunstância, desta pequena parte não se pode concluir que todo o eleitorado decidirá, no percentual divulgado, votar naquele ou noutro candidato ou em nenhum deles.

O objetivo deste trabalho é esclarecer questões relevantes divulgadas ou publicadas nas pesquisas eleitorais, principalmente para os leitores não familiarizados com a teoria estatística referente à inferência estatística. As informações contidas em uma pesquisa eleitoral possuem aspectos técnicos relativamente simples, mas que devem ser considerados por todos aqueles que tenham interesses em compreendê-las, analisá-las e interpretá-las para que não seja distorcida ou dissociada da realidade do cenário político-partidária, que estamos vivenciando.


TEMA

As divulgações e publicações das pesquisas eleitorais de intenções de votos para o pleito eleitoral de 2014 de disputa do Cargo de Presidente da República, na jurisdição dos 5.570 municípios brasileiros, tendo em vista definições metodológicas e técnicas de amostragens em relação ao tamanho da população, da amostra, da margem de erro e do nível de confiança, questiona-se: Porque são contestáveis as pesquisas eleitorais?


JUSTIFICATIVA

As pesquisas de opinião eleitoral, nos anos de eleições, vêm ocupando um destaque especial e um espaço significativo na mídia, sobretudo, televisiva no “horário político”, destinado à propaganda eleitoral. Nesta época, somos bombardeados com inúmeros dados percentuais de pesquisas de intenção de voto.

Em uma pesquisa eleitoral de intenção de voto, a população a ser pesquisa-entrevistada, são os eleitores aptos a exercerem o direito de voto, com idade igual ou superior a 16 anos, devidamente inscritos no processo eleitoral.

Em função dos problemas de custo e também por questão humana, se torna impossível e impraticável pesquisar-entrevistar todos os eleitores que compõe a população, pois que o Brasil possui atualmente 142.822.046 (cento e quarenta e dois milhões e oitocentos e vinte e dois mil e quarenta e seis)[1] eleitores aptos ao exercício do direito de voto.

O maior problema é saber como utilizar essas informações para se que obtenha uma estimativa – resultado, que seja “correto” e coerente para a proporção de eleitores da população, no sentido de poder generalizar aquele resultado no universo populacional. Uma forma de se mostrar esses resultados é utilizando uma margem de erro inter-relacionada a um nível de confiança considerável para a proporção de eleitores da amostra, que pretendem votar ou não em determinado candidato ou mesmo que estejam indecisos ou ainda que pretendam votar em branco ou nulo.


PROBLEMA

Antes de se protocolar o pedido de registro de candidatura ou mesmo de iniciar as propagandas político-partidárias, os institutos de pesquisa eleitoral, diuturnamente se lançam na sociedade a realizar pesquisas de intenções de votos, na modalidade espontânea – a pessoa pesquisa diz livremente sua intenção de voto – e estimulada – a pessoa é direcionada a dizer a sua intenção de voto em um ou outro candidato indicado.

No período de campanha eleitoral: 05/07/2014 – data a partir da qual será permitida a propaganda eleitoral (art. 36, caput, Lei n. 9.504/1997), a 04/10/2014 – último dia, até às 22h, para a distribuição de material gráfico e a promoção de caminhada, carreata, passeata ou carro de som que transite pela cidade divulgando jingles ou mensagens de candidatos (art. 39, §9º, Lei n. 9.504/1997), a linguagem estatística e matemática passa fazer parte do cotidiano dos brasileiros.

Com a enxurrada de realizações de pesquisas eleitorais procuram mostrar e explicar a realidade da intenção de voto do eleitor, por intermédio da mensuração e quantificação dos dados coletados com as pesquisas-entrevistas, na maioria, não confiáveis por não se adotar metodologias e parâmetros corretos e coerentes com as teorias aplicáveis matemático-estatísticas.

As estatísticas e os números divulgados pelos institutos de pesquisas eleitorais por meio da mídia jornalística impressa e televisiva têm a finalidade de repassar a mensagem – resultados das pesquisas.

Questionamos: 1- Porque são contestáveis as pesquisas eleitorais? 2- Quais as contradições, distorções, erros ou falhas metodológicas ou técnicas existem nas pesquisas eleitorais? 3- Quais são objetivos das empresas contratantes e dos institutos de pesquisas para a realização das diversas pesquisas eleitorais, nos espaços de tempo bastante curto – poucos dias uma da outra: de dois, três, quatro, ou no máximo, de cinco dias? 4- Quais são os reais interesses e motivos tanto das empresas contratantes quanto dos institutos de pesquisas para a realização de várias pesquisas eleitorais? 5- Qual a real influência das pesquisas eleitorais na intenção e decisão do voto do eleitor brasileiro?

Estas são as questões indispensáveis, as quais estão inter-relacionadas umas a outra, que pretendemos responder com o presente trabalho, sobretudo relacionada à questão mestre: Por que são contestáveis as pesquisas eleitorais?


HIPÓTESES

Sabemos que a hipótese é a possibilidade ou a chance de uma informação ou de um dado ser ou não verdadeiro, em razão da probabilidade de sua generalização em relação à população pesquisada ou a ser pesquisada. Apresentamos algumas hipóteses, as quais não se excluem outras:

H1→ Conseguir uma amostragem parametrizada que possa refletir o pensamento comum dos indivíduos pesquisados, para generalizar este pensamento à população, extraída da amostra, contendo todas as possíveis opiniões da população nos limites aceitáveis em relação ao tamanho da amostra e à margem de erro, que estejam nos limites do índice de confiança;

H2→ Adotar uma adequada e coerente metodologia e técnica da coleta de informações e dados que possa permear razoavelmente a confiabilidade e a credibilidade dos resultados estatísticos apurados;

H3→ Número ínfimo – pequena amostra de eleitores pesquisados, apenas em uma, duas ou três regiões, no máximo;

H4→ Pesquisas direcionadas e tendenciosas nos redutos político-partidários, de alguns candidatos;

H5→ Computar rigorosamente os índices de abstenção, dos que não sabem ou não quiseram responder, dos possíveis votos brancos e nulos na mensuração dos resultados, para não alterar a generalização probabilística que se fará em relação à população, diante dos resultados estatísticos apurados;

H6→ Os resultados das pesquisas eleitorais não podem ser o elemento determinante na definição e no julgamento da intenção de voto do eleitor, pois estes resultados, dessas pesquisas não podem ser a variável principal que venha a influenciar o eleitor na sua escolha, por um ou outro candidato ou por nenhum dos candidatos;

H7→ Os interesses político-partidária da empresa ou da pessoa contratante da pesquisa, em relação aos candidatos, bem como os interesses tangentes ou margeantes socioeconômicos e políticos da empresa ou da pessoa contratante;

H8→ Manipulações estatísticas e matemáticas dos supostos dados coletados nas pesquisas para atender a desejos e interesses “não conhecidos”, mas que político-eleitorais;

H9→ As pesquisas eleitorais não podem exercer nenhuma influencia na intenção ou decisão do voto do eleitor, sobretudo a manipulação, a mensuração e a quantificação das informações e dos dados estatísticos extraídos das pesquisas-entrevistas, por meio da divulgação e publicação pelos veículos de comunicação midiáticos dessas pesquisas eleitorais não podem fazer ou criar um mecanismo que possa influenciar positiva ou negativamente o eleitorado a escolher um ou outro candidato ou nenhum dos candidatos;

H10→ A influência do eleitor indeciso ou do eleitorado massificado atingido pela mídia, do ponto de vista econômico, social, patrimonial, empregatício, etc.;

H11→ A existência de avalanche ou enxurrada de informações e dados estatísticos disponíveis aos eleitores por meio da mídia televisiva e publicitária, sobretudo pela polarização da rede de comunicação social – internet;

H12→ Constatação da mudança do comportamento do eleitorado em relação a determinado candidato, antes ou depois da iniciada a campanha eleitoral, mesmo que essa mudança seja sútil, não poderá ser menosprezada ou desconsiderá-lo na disputa eleitoral;

H13→ Mutabilidade do panorama eleitoral – mobilidade eleitoral (comoção, em função da morte de um candidato para sensibilizar ou elevar seu substituto ou desconsiderar que seus possíveis eleitorais migrem para outros candidatos), dos humores políticos dos eleitores – mudanças repentinas (sensibilização, em função dos problemas sociais de políticas públicas e dos desmandos políticos: corrupção, etc.) e do potencial de disputa eleitoral – desaparecimento momentâneo, de certo candidato por questão econômica, ética, filosófica, ideológica, moralista, política e sociológica ou pela “bandeira” política que defende em função da não existência de verdade plena, mas relativa com algumas informações que a constitui, sobretudo porque a verdade está ligada ao conceito ou definição de determinada coisa ou objeto.

Uma, dentre várias respostas que se possa ter, centra-se na ínfima – pequena amostra – quantidade de pessoas pesquisadas, em relação à população eleitoral brasileira – eleitores aptos – e a amostra definida.

Outra possível resposta relaciona-se à série viciosa da influência das pesquisas eleitorais que são frequentemente divulgadas pela mídia televisiva e jornalística, direta ou indireta na tomada de decisão do eleitor “indeciso” - o que “não sabe” ou que “não responde”. 


OBJETIVO GERAL

O objetivo é desmistificar as ideias pré-concebidas sobre estatísticas eleitorais para se evitar o “fascínio” por números, percentagens e gráficos ou a ignorância sobre como estes números, percentuais e gráficos são mensurados, produzidos, quantificados para turvar o senso crítico das pessoas - eleitores, além de tentar influenciá-los na decisão do voto do eleitor. O objetivo da pesquisa-estudo é demonstrar e mostrar pela questão-problema: Por que são contestáveis as pesquisas eleitorais?


OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos para que se possa lograr êxito na realização e materialização de um bom e coerente trabalho:

  • Compreender os critérios, metodologias, parâmetros e técnicas que são adotadas pelos institutos de pesquisas eleitorais para a pesquisa-entrevista de intenção de voto do eleitorado brasileiro;
  • Entender as possíveis maneiras ou técnicas de manipulação, mensuração e quantificação das informações e dados estatísticos extraídos das pesquisas-entrevistas eleitorais realizadas pelos institutos de pesquisas, divulgadas e publicadas pela mídia televisiva e jornalística e ainda pela polarização da rede social de comunicação – internet;
  • Analisar a relevância das pesquisas eleitorais como elementos constitutivos da definição, formação, julgamento da opinião política afeta a intenção e decisão do voto do eleitor;
  • Identificar as possíveis formas de influência das divulgações e publicações pela mídia e pela internet das pesquisas eleitorais na definição, formação e julgamento da intenção e decisão de voto do eleitor;
  • Verificar o nível de confiabilidade e o grau de credibilidade no entendimento do eleitorado em relação às pesquisas eleitorais e à sua importância para definição honesta e segura da intenção e decisão do voto do eleitor.

REFERENCIAL TEÓRICO

As pesquisas eleitorais são realizadas bem antes do protocolo do pedido de registro da candidatura ao cargo eletivo. Não existem registros e controles do órgão judiciário competente: Tribunal Superior Eleitoral - TSE, Tribunal Regional Eleitoral - TRE ou Juiz Eleitoral dessas pesquisas realizadas anteriormente ao período legal de campanha eleitoral.

Para realizar uma pesquisa eleitoral é necessário entrevistar com cada indivíduo - eleitor - apto a votar. A técnica mais utilizada pelos institutos de pesquisas é o de pequenas cotas ou mínimas amostras. No caso de pesquisa eleitoral para Presidente da República, primeiramente, é indispensável definir os Estados, depois os Municípios que devem fazer parte desta pesquisa. Depois devem ser separadas as regiões ou bairros - localidades. Na sequência, definir algumas variáveis importantes: opção sexual, faixa etária, grau de escolaridade, tipo de moradia, profissão, entre outras. Esses dados serão essenciais para que os entrevistadores realizem uma “boa” pesquisa eleitoral.

É importante ainda definir que o número de pessoas a serem pesquisadas - eleitores - tenha uma relação de proporcionalidade e razoabilidade com o número total de eleitores aptos a votarem.

Podem ocorrer erros durante a pesquisa eleitoral, por ser uma pesquisa baseada em dados estatísticos, por isso, se apresentam margem de erro correspondente ao tamanho da amostra, inter-relacionada ao nível de confiança. Não estabelecer ou estipular a margem de erro é um dos erros mais comuns durante o processo da pesquisa.

Os resultados das pesquisas eleitorais sofrem mudanças, conforme o passar do tempo e o desenrolar da campanha eleitoral. A opinião pública é bastante mutável, por diversas vezes, quando sofrem influências e estímulos por algumas circunstâncias, que podem ser consideradas relevantes. Essa opinião é bem dinâmica, por apenas trazer o diagnóstico daquele momento específico - período da pesquisa.

Conforme trabalhos acadêmico-científicos desenvolvidos e publicados anteriormente a realização do pleito eleitoral de 2012 para o Cargo de Prefeito dos Municípios, com os títulos: ‘Como contestar pesquisa eleitoral?[2] Erros e falhas de pesquisas eleitorais e suas influências na decisão do voto do eleitor[3], que comprovaram as teses, que nas pesquisas eleitorais, os institutos não adotam tamanhos de amostras, margens de erros e níveis de confianças apropriadas para suas pesquisas, com isso, são contestáveis e também por cometerem distorções, erros e falhas na metodologia de coleta de dados, na manipulação e mensuração dos dados, criam artifícios matemático-estatísticos na apuração dos percentuais, utilizam-se de má-fé na hora da divulgação-publicação dos resultados “pesquisados”.

A pesquisa eleitoral é realizada por uma técnica de amostragem referente à população em estudo - pesquisada, tratando-se do eleitorado apto de certa comunidade, região, Município, Estado ou Nação - Brasil, utilizando-se, muitas vezes, de dados oficiais de órgãos públicos, como: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Tribunal Superior Eleitoral - TSE, Tribunal Regional Eleitoral - TRE, entre outros.

Os canais abertos de televisão: Bandeirantes, Gazeta, Globo, Record, Rede TV, SBT, entre outras e suas afiliadas ou canais fechados: BandNews, GNews, Record News; alguns jornais impressos: Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Diário de São Paulo; O Globo - Rio de Janeiro; Jornal da Manhã, Gazeta do Povo - Paraná; Diário da Manhã, O Hoje, O popular - Goiás; Correio da Bahia; Correio Brasiliense, entre outros de circulação regional - principais veículos de comunicação do Brasil - sempre contratam e encomendam pesquisas eleitorais de alguns institutos, dentre os quais: DATAFOLHA, IBOPE, SENSUS, VOX POPULI, entre outros inúmeros institutos.

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Os institutos de pesquisas precisam ter cautelas e cuidados redobrados, porque as pesquisas de opiniões públicas sofrem mudanças frequentes, pois suas validades dependem da opinião pública momentânea que variam bastante, especialmente em razão de pessoas que, nas pesquisas, não sabem ou não querem responder, qual seria à sua preferência entre os candidatos indicados - pesquisa estimulada - estes são os indecisos, que podem exercer uma significativa influência nos resultados futuros.

Sabemos, qualquer pesquisa de opinião pública é realizada com base em estimativas estatísticas em relação à população a ser pesquisada que, na maioria, são populações consideradas infinitas, devido ao número de indivíduos. Não é realizada com valores absolutos, com isso, apresenta uma margem de erro ligada a um nível de confiança, em função do tamanho da amostra que é bastante pequena, extraída da população.

Nas pesquisas de opinião são indispensáveis, senão poderá ocorrer alguma espécie de mácula, se não utilizar algumas componentes importantes e necessárias: população, amostra, técnica de amostragem, parâmetro, estimador, estimativa e inferência estatística, além de outras mais específicas: tamanho da amostra, margem de erro e grau ou nível de confiança.

A margem de erro depende do tamanho da amostra relacionada à população infinita e dos resultados que serão obtidos na pesquisa. Logicamente, em uma pesquisa eleitoral é humanamente impossível pesquisar-entrevistar toda a população eleitoral apta a votar, mas somente é realizada em uma parte desta população - que é a amostra, porém essa parte deve ser apropriada, coerente e propicia, por exemplo, atualmente o Brasil possui 142.822.046 eleitores aptos a exercerem o direito de voto, assim uma amostra coerente e ideal desta população seria, no mínimo, 1.537 eleitores, relacionado à margem de erro de ± 2,5% e nível de confiança de 95%, mas que fossem distribuídos nas 27 Unidades da Federação, não centralizar-se em apenas uma ou outra capital de Estado ou em um ou outro Município com população superior a 200.000 eleitores.

Segundo alguns estatísticos e matemáticos as pesquisas político-eleitorais deve ter um nível de confiança de 95% e uma margem de erro de ± 2,5%, isso quer dizer que, o candidato tem 95% de chances de estar dentro dessa margem de erro, em seus limites acima ou abaixo.

Antes mesmo de se iniciar as disputas eleitorais por cargos eletivos, surgem diversas e frequentes pesquisas, divulgando supostas intenções de votos. Muitas vezes, a publicação das pesquisas eleitorais não serve apenas para que o eleitor tome conhecimento da campanha eleitoral em disputa, mas como um artifício na tentativa de influenciar a opinião do eleitorado, sobretudo daquele indeciso - que não sabe ou não quer responder.

Nas pesquisas eleitorais aparecem diferentes e contestáveis resultados, divulgados por cada instituto, com indicativos de vantagens percentuais que não reflete a realidade. As pesquisas eleitorais exercem “influência” nos eleitores, que por vez, acaba induzido a votar, naquele candidato que supostamente lidera a disputa eleitoral, com isso, servindo-se à pesquisa de instrumento de manipulação política, que influencia ou tendencia a “liberdade” da decisão do eleitor de votar por sua livre escolha e consciência.

A pesquisa eleitoral é potencialmente positiva em exercer no eleitor essa “influência”, mas que têm ocorrido algumas distorções, erros e falhas nos resultados apresentados pela mídia televisiva e jornalística. Existem históricos de erros e falhas cometidos pelos institutos no país, tornando-se contestáveis os resultados que são constantemente apresentados nos jornais e telejornais.

A grande maioria - quase sua totalidade - das pesquisas eleitorais são suspeitas e tendenciosas a uma ou outra agremiação político-partidária, porque são sempre encomendadas e não corresponde à realidade de escolha - desejo - e da intenção de voto do eleitor.

Deveria ter uma avaliação e apuração prévia e severa dos resultados das pesquisas eleitorais e dos institutos, antes da divulgação e publicação pela mídia daqueles resultados para evitar-se a “influência” ou tentativa de “manipulação” da escolha - vontade - do eleitor.

Percebe-se que os institutos de pesquisas eleitorais utilizam-se metodologias contestáveis, por excluir de suas pesquisas partes importantes da população, considerando uma amostra muita pequena em relação à população, ou por não adotar critérios objetivos na pesquisa espontânea, preferindo-se a estimulada para induzir ou tendenciar uma resposta positiva ou negativa em um ou outro candidato, aplicando-se algumas artimanhas estatístico-matemáticas para desvirtuar os resultados, lançando-os aqueles que atendem aos interesses da empresa, instituição ou pessoa que contratou a realização da pesquisa.

Analítica e sistematicamente, sem indicação exata das informações concernentes à população em estudo, ao plano amostral e a ponderação, não há como se aferir em uma pesquisa eleitoral, a preservação da representatividade das proporções do eleitorado, relativo à opção de sexo, idade, grau de instrução, ramo de atividade, posição na ocupação, localização geográfica de moradia, localidade de votação, porque não se pode escolher à pessoa a ser pesquisada, mas estabelecer critérios claros e objetivos para essa escolha.

A forma ou fórmula de fazer pesquisa eleitoral - metodologia da pesquisa - com grupos de controle, padrões de rigidez, tamanhos da população e da amostra, relativização e proporcionalidade da amostra da população, período e imediatismo da pesquisa.

A pesquisa de opinião pública, sobretudo eleitoral é uma inferência estatística da realidade parcial da amostra considerada em relação a uma população tida por infinita, frente aos conceitos e definições de variáveis estatísticas: Brasil com 142.467.862 (eleitores internos: 99,752%) e 354.184 (eleitores externos: 0,248%) do total de 142.822.046 (100%), assim distribuído por opção sexual e por região do País, respectivamente:

ABRANGÊNCIA

OPÇÃO SEXUAL

QUANTIDADE

PERCENTUAL

BRASIL

NÃO INFORMADO

115.024

0,081%

 

MASCULINO

68.104.171

47,803%

 

FEMININO

74.248.667

52,116%

TOTAL GERAL

ELEITORES INTERNOS

142.467.862

100%

Fonte: http://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/estatisticas-eleitorais-2014-eleitorado

ABRANGÊNCIA

QUANTITATIVO

PERCENTUAL

CENTRO-OESTE

10.238.050

7,168%

NORDESTE

38.269.533

26,795%

NORTE

10.801.178

7,563%

SUDESTE

62.041.794

43,440%

SUL

21.117.307

14,786%

INTERNO

142.467.862

99,752%

EXTERIOR

354.184

0,248%

TOTAL GERAL

142.822.046

100%

Fonte: http://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/estatisticas-eleitorais-2014-eleitorado

Diante destas circunstâncias, podemos questionar: Você se baseia em pesquisas eleitorais para escolher, decidir e votar no candidato que desejar - de sua vontade? Opções de prováveis respostas: Sim, recorro ao voto útil, conforme resultado das pesquisas eleitorais; não, meu voto independe do resultado das pesquisas eleitorais; não, voto por minha livre escolha, de acordo com a minha liberdade de consciência.

Uma das hipóteses das pesquisas eleitorais são os efeitos diretos ou indiretos gerados pelas difusões dos resultados dessas pesquisas, que se resume na adoção de uma das três possibilidades mencionadas.

A pesquisa eleitoral ou qualquer espécie de pesquisa de opinião pública é o método utilizado pelos institutos de pesquisa para sondarem, por amostragem, a intenção de voto dos eleitores, trazendo em seu bojo a função da informação de um quadro diagnosticado, bem como a função de propaganda eleitoral.

As informações estatísticas permeiam o cotidiano dos cidadãos, os quais conduzem suas tomadas de decisões. Contudo, muitas dessas informações contêm armadilhas, espertezas, logros e manobras matemáticas ou estatísticas, que o cidadão comum não consegue contestar, por não possuir conhecimentos básicos de Estatística: Estatística Descritiva e Inferência Estatística.

Cada vez mais, assistimos à poluição das informações com estatísticas, gráficos, sobretudo, números de pesquisas eleitorais.

Um exemplo claro da cilada estatística eleitoral, basta lembrar o pleito eleitoral para Governo do Estado da Bahia, para vermos como a mídia televisiva usou uma linguagem, que acabou por ser assumida e conhecida pelo cidadão comum. Termos antes restritos à faculdade acadêmica, tais como: amostragem, margem de erro, nível de confiança, adentram nos lares brasileiros no horário nobre da televisão. Jornais, outdoors, revistas estamparam gráficos e números, cada vez mais coloridos, eficientes, envolventes e sofisticados, porém não são sempre confiáveis e fidedignos.

Um exemplo claro, simples e muito familiar para qualquer cidadão brasileiro é a pesquisa eleitoral, pois a cada dois anos, o Brasil tem eleições e a disputa eleitoral tem nos resultados das pesquisas eleitorais, talvez a principal referência.

Nas eleições do pleito de 2006, muitos institutos de pesquisa, conhecidos e conceituados, erraram seus prognósticos de forma bastante gravoso. O exemplo mais contundente foi da eleição para Governo no Estado da Bahia, conforme anteriormente dito.

Em termos de votos válidos, o candidato Paulo Souto sempre esteve pelo menos 20% à frente do segundo colocado, o candidato Jacques Wagner. Do ponto de vista estatístico, com aqueles dados, a probabilidade de uma reversão da tendência seria infinitamente pequena, quase impossível. No entanto, não só o candidato Jacques Wagner ultrapassou o candidato Paulo Souto, como o fez com folga, vencendo o pleito, já no primeiro turno.

Observe-se a importância de informações estatísticas como esta, aqui noticiada, pelo seu impacto na formação de opinião do eleitorado. Estudos mostram que os resultados das pesquisas eleitorais induzem o eleitor, havendo a propensão para votar como “voto útil”. Isto é muito grave, pois o cidadão fica vulnerável as informações como estas, por não compreender o processo estatístico e a utilização da informação.

Neste caso, queremos não acreditar que tenha havido má-fé no processo estatístico de coleta e análise de dados, uma vez que a confiabilidade e a credibilidade são dois valores que qualquer instituto de pesquisa de opinião tem por obrigatoriedade almejar. A credibilidade está em função da maior quantidade de acerto nas pesquisas desses institutos.

Assim, surge a indagação: Por que houve um erro desta magnitude de gravidade, comprometedor das pesquisas? Levantamos algumas hipóteses, dentre elas a mais importante é de que a Estatística, assim como qualquer ferramenta científica, parte de pressupostos que devem ser respeitados, tais como, por exemplo: a distribuição aleatória e representativa da amostra em relação à população em estudo. Um sistema eficiente de controle de qualidade da coleta de dados - lembrar, quem colhe os dados é pessoas que, na maioria, não tem treinamento adequado para agir com imparcialidade no momento da entrevista, dentre outras questões operacionais.

Por outro lado, a Estatística é somente uma ferramenta, que cria ou produz dados estatísticos “frios” e “limitados”. Quem dá vida aos dados, transformando-os em informações relevantes são as pessoas, aquelas que leem e traduzem seus significantes em significados, os especialistas - cientistas políticos, sociólogos, publicitários, entre outros.

Exatamente, neste ponto, surge a pergunta: Será que esse processo é bastante complexo que um professor, seja de Matemática ou de qualquer outra área não consiga fazer essas leituras? Sim, acredito que pelo menos entender o processo envolvido na geração desses dados, tendo em vista que, em tese, esse professor é formado em curso de nível superior, tem a disciplina obrigatória de Estatística Básica.

Mas, se por um lado, a “guerra” política pelos votos dos cidadãos pode desencadear uma disputa acirrada e nada ética, traduzida em uma “guerra” de informações, onde as palavras, os números e os discursos se transformam em artimanha e astúcia, deixando vulnerável o cidadão.

Por outra vertente, a pesquisa eleitoral tem a capacidade de influenciar e de induzir o eleitorado, bem como de ter seus resultados manipulados, maquinados e distorcidos que pode ser convertida em instrumento privilegiado de propaganda.

Do choque entre a liberdade de informação e o potencial para desequilibrar o pleito eleitoral, surgiu à necessidade de controle das pesquisas eleitorais, fato que motivou o legislador a editar normas de controle. Tais regras estão contidas na Lei n. 9.504, de 30/9/1997, cujas normas são regulamentadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, por meio de Resoluções que, em regra, renovam-se a cada eleição. Essa regulamentação encontra respaldo no art. 23, IX, do Código Eleitoral e no art. 105 da Lei n. 9.504/1997.

Neste caso específico, a Lei Eleitoral n. 9.504/1997 (art. 33) com alterações acrescidas pela Lei Eleitoral n. 11.300/2006 (art. 35-A) e a Resolução TSE nº 23.400, de 27/12/2013 estabelecem as regras das pesquisas eleitorais e possibilita a qualquer cidadão, frente aos “bastidores” da informação estatística produzida para a divulgação de pesquisas eleitorais.

Se esta faculdade, atribuída por lei, fosse adotada e utilizada por professores de Estatística e Matemática, articulados com os alunos e representantes políticos para terem acesso a essas informações, levando-as para Escolas e Faculdades a fim de discutirem aos conceitos matemáticos e estatísticos envolvidos no processo de coleta dos dados, do plano amostral - distribuição dos entrevistados por bairros ou regiões, das perguntas formuladas, dentre outros aspectos da pesquisa, certamente fariam repensar aqueles políticos e institutos de pesquisa que utilizam e abusam da ferramenta estatística.

Nesse sentido, adentro a profundidade da reflexão para mencionar que o professor de Matemática não pode se limitar a ser um mero repassador de fórmulas e algoritmos, mas deve dar sentido e vida a essa matemática escolar que parece tão distante, mas que se faz cada vez, mais necessária.

Pesquisa eleitoral e enquete não se confundem por que esta não traz em si a marca da formalidade pertinente a aquela, por se tratar de mero levantamento de opiniões em uma população, sem controle de amostra que não utiliza método científico-estatístico para a sua realização, obtidos apenas por participação espontânea do interessado.

As informações que ora apresento são para alertar ao brasileiro, em especial ao público goiano de como contestar estatística de pesquisa eleitoral, tendo em vista a praxe adotada pela maioria dos institutos de pesquisas estatísticas de intenções de voto nos anos eleitorais, geralmente manipulam e maquinam dados estatísticos com certa armadilha e esperteza.

O objetivo deste trabalho é desmistificar as ideias pré-concebidas sobre estatísticas eleitorais para se evitar o “fascínio” por números, percentagens e gráficos ou a ignorância sobre como estes números, percentuais e gráficos são produzidos e turvem o senso crítico das pessoas.

Para melhor compreensão, observe-se a divulgação de pesquisas eleitorais de alguns institutos de pesquisa para p leito de 2014 dos principais candidatos à Presidência da República, dentre os quais: CNT/MDA, DATAFOLHA, IBOPE, SENSUS, VOX POPULI, e ainda o ÍNDICE BAND, calculado pela média ponderada das pesquisas eleitorais destes institutos, conforme planilhas em anexo.

Alguns dos resultados de algumas das pesquisas publicadas-divulgadas trouxeram resultados contraditórios e incoerentes em seus conteúdos com relação à soma dos percentuais dos candidatos nominados e dos outros candidatos que não atingiram percentuais consideráveis e inda dos possíveis votos brancos, nulos, indecisos (não sabe ou não quis responder), pois alguns não atingem 100% e outros ultrapassam este patamar de 100%. Essa circunstância pode interferir potencialmente no resultado final.

A porcentagem de intenções de voto (percentagem mediana) representa melhor a importância do conjunto da amostra da população pesquisada. Assim, a pesquisa quantitativa divulgada, passa a conferir aval técnico-científico à notícia “espectacularizada”, para lhe dar maior credibilidade e confiabilidade.

Antes de divulgar uma pesquisa-estatística, especialmente uma pesquisa eleitoral se devem procurar os indícios de viesamento: uma amostra selecionada indevidamente ou que seja muita pequena, permite e conduz a uma conclusão não confiável, além de produzir no eleitorado uma opinião dissociada da realidade, porque a opinião não se mede e não se pesa, não se toca e não se vê, por ser intangível e invisível.

Nas pesquisas eleitorais realizadas, transcritas neste trabalho (conforme quadros de dados extraídos dos resultados publicados na mídia e registrados Tribunal Superior Eleitoral), o eleitorado pesquisado é muito mínimo, isto é, uma quantidade muito pequena. O tamanho dessas amostras escolhidas - pesquisadas, na maioria, não se mostra adequada e suficiente para expressar certas conclusões, por exemplo: os candidatos que figura nos 2º e 3º lugares nas pesquisas, pode tornar-se, 1º ou 2º colocados nos resultados da eleição, isto é, pode haver uma reversão entre os candidatos que figuram nas três primeiras colocações, em função de que a quantidade de eleitores que declaram suas intenções de voto branco ou nulo ou ainda indeciso - não sabe e não quer responder - são percentuais bastante significativos tanto para a Inferência Estatística quanto para Matemática.

Por outro lado, os institutos de pesquisas não adotaram um parâmetro correto e hábil para aferir-se o tamanho certo para uma amostra adequada e suficiente para extrair as conclusões divulgadas, pois os critérios definidos pelos institutos, por exemplo: nível de confiança e margem de erro, conforme utilizadas pelos institutos, correspondem algumas amostras com uma quantidade maior, outras com quantidade menor de eleitores, com isso, houve algumas pesquisas que utilizaram uma quantidade bem menor de eleitores do que a quantidade correta ou coerente (tamanho da amostra inferior à amostra correta).

Assim, poderão ocorrer erros quanto à veracidade da informação do entrevistado: a) o informante pode mentir em relação aos dados demo-sócio-econômicos; b) o informante pode mentir em relação a sua intenção de voto; c) o informante pode mudar de opinião com ou sem novo cenário político, entre outras possibilidades-probabilidades.

Também podem ter erros quanto à qualidade do levantamento de campo. Com qualquer método de amostragem, o procedimento do levantamento da informação é fundamental, isto é, a seriedade, a forma criteriosa e a competência da equipe que faz o levantamento dos dados é o ponto crítico da pesquisa. O projeto da obra civil pode ser perfeito, mas se o mestre e seus operários não forem competentes, com certeza, cai por desequilíbrio. Ainda podem ter erros inerentes à metodologia estatística que se vem adotando pelos institutos.

A estatística não tem pretensão de fazer estimativas exatas, admite o erro como sendo fato inerente e inevitável nos seus procedimentos de estimação. O erro é um parceiro constante na atividade do profissional estatístico, mesmo na estimação de aspectos concretos da população, onde se podem usar instrumentos de medida e avaliação. A estimativa por amostragem nestas situações mais simples estaria sujeita a erros. Aliás, mesmo que se fizesse um censo, que no caso eleitoral ocorre no dia da eleição, não há como eliminar erros. Não há medida sem erro. A pesquisa é a técnica de conseguir uma prévia com erro previsto, de custo baixo e rapidamente.

Em uma pesquisa de opinião onde o aspecto a ser determinado tem natureza intangível e invisível, se aglutinam em volta da sua estimativa todas as fontes de erros: a inépcia do entrevistador, a mentira do entrevistado, alteração do cenário político, a mudança de opinião e o erro amostral, como consequência dessas ações têm-se inevitavelmente avaliações esfumaçadas da realidade.

No caso da pesquisa de opinião inclusive os cálculos dos parâmetros: erro e confiabilidade podem ser considerados como sendo ordem de grandeza dos verdadeiros valores. Portanto, pesquisa de opinião é uma área da estatística sujeita a resultados “não precisos”, inclusive do ponto de vista da medida do erro e da confiabilidade.

Mas, para ter uma avaliação da opinião eleitoral em certo momento, com rapidez, com baixo custo e com alguma confiabilidade, a pesquisa por amostragem é o melhor procedimento que se pode lançar mão.

Um caso típico de amostra selecionada indevidamente é a pesquisa-estatística resultante da coleta de dados realizada ao entrevistado que passa pela rua - pergunta típica do entrevistador à pessoa entrevistada: Qual à sua preferência de candidato à Presidência da República - apresenta uma relação de prováveis candidatos. Neste aspecto o entrevistador, rotineiramente, não questiona se a pessoa entrevistada é eleitora apta, simplesmente solicita a opinião do entrevistado no mesmo instante, em qual daqueles candidatos nominados, votaria naquele momento.

Neste tipo de procedimento de pesquisa-estatística, o percentual de pessoas que efetivamente respondem aos questionários do entrevistador, costuma ser representativo, mas não respondem todas as perguntas, também não são obedecidos os critérios, parâmetros e variáveis imprescindíveis para uma aferição mais coesa e fidedigna estatística e matematicamente, tornando a pesquisa viciada.

O fantasma das fraudes está relacionado à metodologia, se for correta, se a população – universo - for bem delimitada, se a tabulação - mensuração - dos dados pesquisados for boa, o resultado será fidedigno. Como é difícil errar pesquisa planejada com metodologia científica, nascem suspeitas de que um ou outro instituto frauda resultados.

Concluímos que, diante dos dados transcritos neste trabalho, não podemos afirmar, mesmo adotando as margens de erros variando de ±2,0% ou ±2,5% ou ±3,0% ou superior, algumas consideradas pelos institutos de pesquisas, ainda mesmo considerando o nível de confiança variando de 95% a 96,5%, se trata de uma pesquisa-estatística com confiabilidade, credibilidade e fidegnidade conclusiva para um ou outro candidato, até porque os percentuais de intenções de votos branco-nulos e indecisos variando de 10% a 27%, conforme divulgados pelos institutos e a mídia. Porque, estes percentuais, se definidos em um ou outro candidato poderá alterar à sua colocação ou o resultado final da eleição.

O pesquisador deverá tomar todos os cuidados e cautelas ao selecionar os elementos e variáveis da amostra, antes de iniciar-se a pesquisa, adotar critérios qualitativos e quantitativos e portar-se com maior honestidade e ética imaginável, porém, mesmo assim, a chance de um resultado ser “por acaso” é muito elevado.

Quando a amostra da população é grande (variando de 1%, 3º ou 5% da população) ou muito elevada, se possível (10% da população), aquele risco persiste, mas a probabilidade de sua ocorrência se reduz drasticamente.

Um dos casos mais intrigantes para nós - brasileiros, é o resultado de pesquisa eleitoral. É plenamente possível obter resultados confiáveis, fiéis e válidos, se utilizarmos de metodologia de amostragem e tratamento de dados adequados e coerentes. Mas, não esqueça que há uma variação em torno dos percentuais divulgados - margens de erros, geralmente há uma pequena probabilidade de o valor ser “verdadeiro”, tendo em vista o percentual estar naquele intervalo da margem de erro.

No caso de a amostra ser pequena, menor do que 1% da população é coerente e conveniente para a confiabilidade e fidelidade da pesquisa que a margem de erro seja de ±5,0% e o nível de confiança de 95%.

Uma contradição e incoerência é adotar uma margem de erro de ±2,0% e um nível de confiança de 95,0%, enquanto deveria ser de 98%; assim como uma margem de erro de ±3,5% e um nível de confiança de 95,0%, enquanto deveria ser de 96,5% e também uma margem de erro de ±4,0% e um nível de confiança de 95,0%, enquanto deveria ser de 96,0%.

Devemos considerar: Estatística é a ciência que trata da coleta, análise e disposição de dados; na estatística descritiva, são descritas várias formas de medição e análise de dados; população é a totalidade de eleitores aptos no Brasil, que se quer descrever - generalizar; qualquer eleitor representa uma parte da amostra; amostragem é o retrato do momento; a pesquisa é preparação do questionário e a efetivação da entrevista de qualquer eleitor, considerando os atributos qualitativos; perfil é a definição das características de um eleitor; margem de erro; grau de confiabilidade depende do alvo a ser atingido; estratos: renda familiar (baixa, média e alta), nível de escolaridade (analfabeto, lê e escreve, 1º grau incompleto, 1º grau completo, 2º grau incompleto, 2º grau completo, 3º grau incompleto e 3º grau completo), faixa etária - idade (16 a 18 anos incompletos, 18 a 25 anos, 26 a 35 anos, 36 a 45 anos, 46 a 55 anos, acima de 55 anos), setor residencial (norte, centro, centro norte, centro sul, sul, zona rural, zona suburbana), sexo (masculino, feminino, homo-afetivo), religião (ateu, budista, católico, espírita, evangélico, entre outros), dentre outras variáveis.

A inferência estatística é o processo de se obter informações para tomar decisões sobre uma população. Inferência estatística é o processo pelo qual estatísticos extraem conclusões acerca da população usando informação de uma amostra. A população se refere a todos os casos ou situações as quais o pesquisador quer fazer inferências ou estimativas. Uma amostra é um subconjunto da população usado para obter informação acerca do todo. Características de uma população que diferem de um indivíduo para outro e as quais se tem interesse em estudar são chamadas variáveis. Cada unidade - membro da população que é escolhido como parte de uma amostra fornece uma medida de uma ou mais variáveis, chamadas observações.

Nas pesquisas eleitorais, quase todos os institutos de pesquisas, utilizam estimativas de uma amostra como “melhor chute” para os verdadeiros valores populacionais. Exemplos são a média amostral, a mediana amostral, o desvio padrão amostral, o erro padrão amostral, os quais estimam a verdadeira média, mediana, desvio padrão e erro padrão da população ou da amostra, que são desconhecidos. Os verdadeiros desconhecidos são valores populacionais ou amostrais chamados parâmetros.

Devemos realizar cautelosamente o teste de hipótese que é a verificação das hipóteses sobre a população, mediante os critérios e variáveis estatísticas. O erro é cumulativo na estatística, por isso requer um cuidado maior. O erro surge quando se elimina ou rejeita alguma casa decimal ou centesimal que deveria considerá-la. A não significância consiste no valor da probabilidade de se cometer um erro. O poder do teste consiste na probabilidade de rejeição.

As influências mais relevantes que se observam com os resultados das pesquisas eleitorais que se divulgam, costuma ocorrer em três campos do processo eleitoral: a) no ânimo da militância quando o pleito envolve candidatos com algum enraizamento em segmentos sociais organizados; b) na capacidade de captação de financiamento privado para a disputa; c) no trabalho do marketing político e desempenho midiático que as intenções de votos publicadas por meio de pesquisas migram de uma zona de influência para outra. Para os dois últimos campos, a difusão das pesquisas de intenção de voto cumpre um papel fundamental na elaboração e desenvolvimento do programa de campanha.

As pesquisas de opinião eleitoral baseiam-se no fundamento da análise estatística que para se obterem indicadores de uma população, basta consultar somente uma parte - amostra, representativa dessa população. Os resultados derivados são chamados de estimativas dos parâmetros populacionais. Portanto, passíveis de erro, o chamado erro amostral. Assim, toda e qualquer pesquisa que não entrevista o conjunto do universo tem erro de estimativa, que é calculado em função principalmente do tamanho da amostra e da maior ou menor homogeneidade da população pesquisada. Para um mesmo desenho de amostra, há uma relação inversa entre erro amostral e tamanho da amostra, isto é, quanto maior é o tamanho da amostra, menor é o erro amostral, vice-versa. A mesma relação inversa se dá entre o nível de homogeneidade do universo pesquisado e o erro amostral: quanto mais homogêneo é o conjunto da população, tanto menor é o erro amostral, vice-versa.

Em qualquer pesquisa de opinião pública deve se observar e obedecer criteriosamente às etapas da análise estatística:

Uma amostragem será probabilística, se todos os elementos da população tiverem uma probabilidade conhecida, diferente de zero, de pertencer à amostra definida. A amostragem probabilística implica um sorteio com regras bem determinadas e objetivas. Como toda a Estatística Inferencial é baseada em amostragem probabilística, assim a amostra coletada com outros critérios ou parâmetros não têm tratamento estatístico adequado desenvolvido para a parte da população - amostra, com isso, se torna tendencioso generalizar afirmações e “conclusões” sobre aquela população baseado nos resultados obtidos na amostra.

Assim podem ocorrer amostras tendenciosas: 1- as inferências, quando possíveis, somente devem ser realizadas para a população onde a amostra foi recolhida (eleitores pesquisados na capital paulista somente servem para aquela capital); 2- é preciso verificar se a amostra foi retirada da população utilizando um processo delineado segundo critérios estatísticos; 3- na prática, o tamanho da amostra costuma ser determinado por considerações de ordem prática, por exemplo, em relação ao orçamento disponível - custo da pesquisa; amostras bem pequenas podem até ser excelentes estudos de casos, mas não permitem fazer Inferência Estatística.

A técnica estatística permite que se possa calcular e circunscrever esse erro a um dado intervalo de variabilidade. A maneira como se interpretam os resultados de uma pesquisa eleitoral depende, dentre outros fatores, da magnitude do erro incorrido nas estimativas.

A fórmula apresentada que calcula a amostra adequada para uma pesquisa quantitativa quando conhecido o tamanho da população e a margem de erro desejada.

Por outro lado, permite-se calcular a margem de erro da amostra, quando conhecido o tamanho da amostra e da população.

Importante ressaltar que essa fórmula simplificada que pode ser aplicada em condições ideais, nota-se, que existem outros aspectos que deve ser analisados para o cálculo de uma amostra ideal de pesquisa.

Acreditamos ser útil explicar: este tipo de pesquisa de intenção de votos, chamada de “inferência sobre a proporção de uma população”, já que se quer retirar conclusões sobre o percentual de pessoas disposta a apontar aquela determinada resposta.

Nestes casos as pesquisas realizadas por todos os institutos de pesquisas eleitorais deveriam ter adotado uma margem de ±5,0% e um nível de confiança de 95,0% para que pudesse ter mais confiabilidade, credibilidade e fidelidade nos dados divulgados.

Para se determinar o intervalo de confiança tem-se que inter-relacionar, no mínimo, três unidades essenciais e indispensáveis:

  • o tamanho da amostra;
  • a precisão da estimativa - amplitude do intervalo ou margem de erro;
  • a confiança depositada no intervalo, definida pela probabilidade que o intervalo contenha o verdadeiro valor da proporção amostral que estima a verdadeira proporção populacional.

No processo de generalização, dois tipos de erros ocorrem:

  1. os erros amostrais - internos;
  2. os erros não amostrais - externos;

Mas, qual é a segurança que se tem de que as estimativas dessas pesquisas de intenção de voto retratem a verdadeira preferência de toda a população - eleitores brasileiros aptos a votarem, quer dizer, como ter certeza de que as intenções de voto da população por aquele candidato situam-se entre os percentuais consignados nas planilhas? Fazendo a pergunta de outra forma: Se a eleição fosse hoje - nas datas das pesquisas - como se poderia assegurar que determinado candidato receberia uma votação de, no mínimo, suas intenções de voto subtraída da margem de erro ou suas intenções de voto somada da margem de erro?

Certeza absoluta não se tem, mas podemos estabelecer estatisticamente, certo nível de confiança que indique uma alta probabilidade de aquelas estimativas espelharem a realidade. O nível de confiança é determinado de comum acordo entre o instituto de pesquisa e o cliente (quem contratou a pesquisa).

Uma pesquisa realizada praticamente um mês antes da eleição é somente um indicativo do grau de conhecimento do eleitorado em relação aos candidatos e uma medida da simpatia ou antipatia ou aceitação ou rejeição que cada uma das pessoas pesquisadas desperta em relação aos candidatos. Afirmamos com certeza, o cenário de hoje não será, o do dia da votação - eleição: 05/outubro/2014. Mas, diante desta ressalva, as pesquisas mostram tendências, dificuldades e incoerências bem divergentes da realidade, por si só, cria um fato político direcionado, tendencioso e vicioso, que poderá influenciar ou tendenciar a decisão daquele eleitorado massificado - de baixa ou média renda, do sensibilizado com proliferação da corrupção no poder público, do revoltoso com as promessas políticas irrealizáveis, do que vota nas figuras “lendárias”, entre outras.

Porque são contestáveis as pesquisas eleitorais, por residem nos critérios e parâmetros dos trabalhos estatísticos utilizados pelos institutos, uns adotam a divisão da amostra, apenas em quatro ou cinco estratos: sexo, idade, escolaridade, ocupação e espaço geográfico; outros: sexo, idade, escolaridade e ramo de atividade; outros ainda: sexo, idade, escolaridade, renda e ocupação. Essas pesquisas são realizadas em dois ou três (regra geral) ou cinco dias ou mais dias (excepcional).

Também são contestáveis porque os institutos de pesquisa buscam atuar nos períodos eleitorais como se fosse “termômetros” da decisão do eleitor - vontade popular, mas acabam por ser instrumento de induzir e influenciar o eleitor, por utilizar, como regra, a pesquisa estimulada - aquela em que o pesquisador diz o nome dos candidatos, fazendo a pergunta básica e geral ao pesquisado, qual destes candidatos você votaria?

Ainda são contestáveis as pesquisas eleitorais pelos seguintes questionamentos: Quais são as técnicas de amostragens utilizadas? Como são feitas as amostragens? Como são definidos os estratos? Qual o tamanho da amostra adequado para uma população infinita com 142.822.046 eleitores aptos? Qual a confiabilidade dos números pesquisados? Por que uma investigação-pesquisa realizada com menos de 3.500 pessoas - eleitores, podem revelar o ânimo - à vontade ou o desejo de 142.822.046 eleitores? Qual a credibilidade do instituto de pesquisa para à sociedade brasileira, por ser contratado por empresas com interesses margeantes e tangentes?

Outras contestações que podem ocorrer que estão relacionadas a erros externos:

  • erros de anotação por parte da pessoa que faz a coleta dos dados;
  • erros de digitação por parte da pessoa que digita os resultados dos dados coletados;
  • possíveis fraudes por parte da pessoa que faz a coleta os dados, que sozinha preenchem os formulários; perda de informações relevantes coletadas nas pesquisas, que são omitidas.
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Sobre os autores
Mário Ferreira Neto

Mestrando em Matemática Financeira - Tecnologia da Informação e Gestão Financeira pela Faculdade da Rede Internacional de Ensino Livre; - Especialista em Matemática e Estatística pela Universidade Federal de Lavras - UFLA - Minas Gerais: Data da Conclusão: 5.7.2002; – Especialista em Orientação Educacional pela Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO - Rio de Janeiro: Data de Conclusão: 2012, Título da monografia: “Avaliação Docente do Curso de Matemática do Campus Universitário de Miracema do Tocantins - UNITINS: perspectiva de melhoria da qualidade de ensino e do crescimento profissional”; – Licenciado em Matemática pela Fundação Universidade do Tocantins: Data de Colação de Grau: 5.2.1999; – Acadêmico de Pós-graduação do Curso de MBA em Perícia Judicial e Auditoria pelo IPECON convênio PUC/GO; – Acadêmico de Pós-graduação do Curso de Gestão do Judiciário pela Faculdade Educacional da Lapa - FAEL em convênio com Escola Judiciária da Magistratura Estado do Tocantins – ESMAT; Acadêmico do Curso de Direito da Faculdade de Palmas – FAPAL; – Contador Judicial do Poder Judiciário do Estado do Tocantins: Matrícula 70.953/7-1: Desde 8.8.1992, aposentado por invalidez, desde 31/7/2011 (portador de câncer) – Professor de Matemática de Nível Superior da Rede Pública Estado do Tocantins: Matrícula 251194 de 1.5.1991 e Matrícula 8545651 de 3.8.2003, aposentado por invalidez, desde 31/7/2011 (portador de câncer) – Professor de Matemática Financeira da Faculdade ITOP – Instituto Tocantinense de Educação Superior e Pesquisa LTDA., de Palmas-TO.

Yasmim Correia Ribeiro Ferreira

Acadêmica do Curso de Direito da Fundação Universidade do Tocantins. Servidora Pública Estadual efetiva da Secretaria de Estado da Saúde do Estado do Tocantins.

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

FERREIRA NETO, Mário ; FERREIRA, Yasmim Correia Ribeiro. Por que são contestáveis as pesquisas eleitorais?: Como contestar pesquisas eleitorais?. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 19, n. 4109, 1 out. 2014. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/32472. Acesso em: 24 abr. 2024.

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