Desde a eleição presidencial passada uma nova espécie de racismo cresce no Brasil. Refiro-me às manifestações anti-nordestinos na internet de eleitores paulistas do PSDB. Alguns deles, como Mayara Petruso, chegaram a ser denunciados e condenados entre 2010 e 2014, mas isto não bastou. Novas manifestações de racismo anti-nordestino afloram este ano na internet e se intensificaram após a divulgação do resultado do 1º turno das eleições. A constatação de que Dilma Rousseff venceu no nordeste irritou os racistas e eles passaram a defender medidas mais drásticas para assegurar a vitória de Aécio Neves.
A coisa ganhou uma proporção épica quando médicos e enfermeiros ligados ao PSDB defenderam um holocausto no nordeste para prejudicar o PT e possibilitar a vitória do PSDB:
O racismo me desagrada e há alguns dias venho fazendo brincadeiras anti-racistas no Twitter. Em algumas provoco os eleitores racistas de Aécio Neves em São Paulo (meu Estado) ironizando o fato dos sudestinos terem elegido o governador da seca e colocado o "ladrão do Metrô pagador" no Senado. Em outras, disse que Aécio Neves criaria o programa "É-bola no Brasil" para que a seleção canarinho não fosse novamente derrotada numa Copa do Mundo. Até então, não tinha conhecimento do holocausto defendido com seriedade por tucanos.
Troçar do adversário derrotado faz parte da política. Ameaçar matar milhões de pessoas para produzir um resultado eleitoral é algo muito diferente. Se esta campanha foi orquestrada ou incentivada pelo PSDB, o Ministério Público Federal terá que pedir a cassação do registro do partido na Justiça Eleitoral.
Aécio Neves não deve concorrer à Presidência da República apoiado por racistas que pregam um holocausto ou, pior, apoiando o extermínio de brasileiros da região nordeste. A finalidade das eleições é submeter o país à autoridade de um presidente eleito por todos os brasileiros sem qualquer distinção racial entre os habitantes de suas diversas regiões. O racismo anti-nordestino e a pregação de um holocausto colocam em risco a unidade territorial do Brasil, pois os nordestinos podem reagir com violência à violência homicida que contra eles os sudestinos pretendem praticar.
Racismo é crime e deve ser tratado como tal pelas autoridades do Ministério Público e do Judiciário. Racismo politizado é um crime ainda maior e não deve ser tolerado pelas autoridades militares, especialmente quando há risco de fragmentação territorial. Se o PSDB defende o holocausto de nordestinos pregado na internet por alguns de seus eleitores e militantes, o registro do partido na Justiça Eleitoral deve ser imediatamente cassado pelo TSE.