Recuperar ou reestruturar.

Recuperação judicial

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Diante das dificuldades estruturais, financeira e de gestão que uma empresa pode estar passando é melhor reestruturar ou recuperar judicialmente.

Nesta semana participei de uma palestra sobre Recuperação Judicial (RJ), onde o palestrante, que por sinal era administrador judicial de diversas empresas na região, de forma muito didática, apresentou os aspectos jurídicos do instituto da RJ. 

Em suma, a apresentação foi bastante simples, pois buscou demonstrar aos ouvintes que não há grandes obstáculos e nada desonroso para o empresário em requerer a Recuperação Judicial, que nada mais é do que um remédio muito eficaz para se reerguer uma empresa, desde que seja bem aplicado.

Muitas vezes, o delicado momento em que as empresas vêm passando é temporário, desde que seja tratado de forma equilibrada e competente.

Diante da minha análise, em consonância com a minha experiência no ramo de consultoria jurídica e empresarial, que já dura mais de 17 anos - onde por muitas vezes fui administrador de empresas e por outras advogado - conclui que o que realmente deve ser enfatizado nestes momentos difíceis é que independentemente da medida a ser tomada, seja ela administrativa ou judicial, o empresário deve reconhecer a importância da empresa se readequar à nova realidade que se encontra.

Primeiramente, devem-se questionar os reais motivos que levaram a empresa àquela situação; quais foram os erros e deslizes que a conduziram para aquele caminho ou situação de dificuldade!

Li recentemente, um provérbio chinês que diz: “O melhor momento para se plantar uma árvore foi há 20 anos e agora.” Então porque não começar de imediato a analisar os fatos, bem como programar as medidas, para se assumir os erros e retornar os acertos?

Porém diante da minha experiência e conhecimento de rotina administrativa e jurídica, sou defensor da tese de que, antes de se tomar qualquer medida judicial, em especial a Recuperação Judicial, deve-se reestruturar a empresa em sua gestão, através de medidas extremamente simples, porém, por vezes, complexas, tendo em vista que as mesmas dependem do desempenho, conscientização, esforço e da vontade do empresário, pois reconhecer suas dificuldades não é tarefa fácil!

Tomar medidas urgentes envolve corte de custos pessoais, redução de funcionários, além da necessidade de se ter uma visão clara e realista do seu negócio.

Não adianta buscar uma solução judicial salvadora, se a empresa em sua estrutura de gestão está doente e sequer está na enfermaria para tratamento!

Posso dizer isto sem medo de errar, pois, até hoje, todas as reestruturações e recuperações judiciais bem-sucedidas de que participei foram aquelas em que o empresário tinha consciência da gravidade do problema, atuando diretamente no quadro administrativo da empresa, com disposição e empenho pessoal e familiar para solucionar problemas.

Sem sombra de dúvidas, é de se destacar que a participação jurídica e administrativa da minha equipe de consultoria na reestruturação da empresa foi de extrema importância, mas aprendi que, nestes casos, por mais competente e capacidade que o profissional envolvido possa ser, nada adiantará se o empresário não está disposto a se reerguer. Evidentemente, “milagres” não existem!

Criar, desenvolver e empreender um negócio ou uma ideia – isto é, ser empreendedor - no Brasil, a meu ver, é tarefa que necessita de extrema coragem e competência, pois quando você se torna empresário, isto significa trabalhar mais de 12 horas por dia, ter uma série de obrigações, não contar com 13º salário, e por fim fazer parte de um mercado global onde as mudanças ocorrem diariamente.

A realidade empresarial hoje é muito mais complexa de que há anos atrás, pois novas tecnologias surgem e os meios de comunicações evoluem na velocidade da luz. A exemplo disto estão algumas marcas e produtos renomados que deixaram de existir, como o “Orkut”, “Fax” etc., e outros como o CD e o DVD que já estão com o seu desaparecimento anunciado.

Enfim, o dilema a ser adotado é que para cada empresa existe uma solução personalizada a ser tomada, cabendo ao empresário e ao seu consultor escolhê-la de forma prudente. Certo é que sempre há uma luz no final do túnel, que, por vezes, se bem conduzida, encontrará a devida saída!

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Sobre o autor
José Roberto Castanheira Camargo

Administrador de Empresas, Advogado e Pós-Graduado em Direito Empresarial e Direito Tributário, MBA em Auditoria Contábil, com vasta experiência profissional junto a empresas multinacionais e serviços de Consultoria Jurídica Empresarial. Atualmente é consultor junto à Castanheira Consultores Associados.

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Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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