Pontos de convergência e divergência entre a Escola Metódica, o Materialismo Histórico e a Escola dos Annales

13/07/2015 às 16:09
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Este artigo aborda uma análise acerca das principais correntes historiográficas e suas idealizações ao centrar a História na Ciência, ocorridas entre os séculos XIX e XX.

                 No século XIX, a História se desprende da Filosofia para apoiar-se à Ciência, passando a formar seus próprios meios e procedimentos de estudo do conhecimento histórico. Esta metodologia se desenvolveu ao longo do tempo, sofrendo modificações de período para período e entre diferentes correntes historiográficas, sendo as mais importantes: a Escola Metódica (Positivista), o Materialismo Histórico (Marxismo) e a Escola dos Annales (História Nova).

                  A Escola Metódica visava o estudo dos fatos assim como, verdadeiramente aconteceram de acordo com sua época específica, datas e personagens importantes. O historiador tinha o propósito de apenas narrar tais fatos, com uma postura neutra e objetiva, sem exprimir suas opiniões. Portanto, para que o historiador conseguisse relatar os acontecimentos minuciosamente, ele deveria buscar fontes escritas e oficiais ligados ao Estado. Seus assuntos eram exclusivamente atrelados aos fenômenos políticos, diplomáticos e administrativos, adequando-se aos projetos conservadores. Tinha como metodologia a heurística, as operações analíticas e as operações sintéticas.

                 Comparativamente, o Materialismo Histórico, raciocínio desenvolvido por Karl Marx e por Friedrich Engels, destinava-se ao estudo dos fundamentos históricos das sociedades, mediante os fatores econômicos sociais, numa perspectiva subjetiva. No que diz respeito às técnicas e as relações de serviços e de artefatos, de modo que a vivência social, política e espiritual é regulamentada por condições materiais.

                É dentro deste parâmetro que o Materialismo Histórico diverge da História Positivista, pelo motivo de se apegar as relações sociais interligadas as forças produtivas e as atividades econômicas relacionadas aos eventos políticos, e também por promover uma concepção voltada não apenas para as elites, mas também as classes sociais menos favorecidas.

                Em continuidade ao Materialismo Histórico, o papel dos historiadores era primeiramente de analisar os critérios materiais, a vida em si, os modelos de trabalho e a economia da sociedade. A partir disso, era constituída a “infraestrutura” das comunidades, empenhadas diretamente na “super-estrutura”  que envolve um determinado modo de produção utilizado na época.

                  Partindo desse pressuposto, o Materialismo Histórico marxista teve como método de apoio material, um movimento dialético e analítico. Para então, desvendar as modificações da história da humanidade por intermédio do tempo, enfatizando contradições aos fatos e buscando o fator causador de sua existência.  

                   Já a Escola dos Annales, se condiciona a críticas à Escola Metódica e ao Positivismo. Ela deixa de trabalhar a história como evento para trabalhar como um processo, numa posição da verdade totalmente subjetiva. Sob um posicionamento marcado pela ampliação das fontes históricas. Passando de uma narrativa histórica política, para uma narrativa com predomínios econômicos, sociais, políticos, cotidianos, mentais culturais [...], que constituem uma determinada sociedade humana.

                    Esta escola tem como principais expoentes Marc Bloch, Lucien Febvre e Braudel, que aspiravam uma geração seguinte de pesquisadores relacionados com a interdisciplinaridade das ciências sociais.

                    Os historiadores começaram a aceitar todos os tipos de indícios do passado, tais como relatos orais, visuais, documentais, iconográficas, etc. Incluindo a participação dos “excluídos” que nunca tiveram oportunidade de expressar suas experiências. Com isso, a história constrói uma nova identidade por conter muitos ramos. Esses pesquisadores baseavam-se na busca de uma maior variedade disponíveis de uma narrativa atrelada aos diferentes acontecimentos. E para a análise de estrutura e conjuntura dessas fontes eles necessitavam problematizar, criticar a história e dialogar ela com outras ciências, para então, se chegar a uma reconstituição, interpretação e a conclusão de continuidade ou rupturas estruturais, econômicas, mentais [...] da sociedade.                  

                   É válido então ressaltar aqui que a existência dessas escolas apesar de suas convergências e divergências contribuiu na expansão do campo da história de toda a humanidade em diversas áreas e na aproximação desta à realidade.

 BIBLIOGRAFIAS UTILIZADAS COMO BASE:

BOURGÉ, Guy; MARTIM, Hervé. As escolas históricas. Portugal: PEA, 1983.

REIS, José Carlos. A história entre a filosofia e a ciência. São Paulo: Ática, 1996.

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Sobre a autora
Paloma Barbosa

Estudante de Direito

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Este estudo foi objetivado para uma melhor compreensão e abrangência na importância e contribuições das Escolas Historiográficas no âmbito da História e da Humanidade.

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