O delegado x a zeladora

13/10/2015 às 17:35
Leia nesta página:

A repercussão do caso do "furto" de um bombom e uma reflexão sobre o tema.

Há alguns dias vem recebendo atenção da mídia o caso da zeladora da policia federal de Roraima que comeu um bombom do delegado enquanto realizava limpeza na sala deste.

Muitos, inclusive eu, acharam absurda a proporção que a coisa toda tomou, acredita-se que o delegado tenha abusado de sua autoridade ao imputar a zeladora o crime de furto por ter sido apenas um mero bombom.

Analisando melhor a questão pode-se afirmar que de bombom em bombom é que nos encontramos na atual conjuntura política de hoje. Furtar um bombom pode parecer pequeno demais para mover toda uma máquina judiciária, pode parecer exagero do delegado, mas o fato que isso nada mais é um reflexo da revolta dos rumos que o país tomou nos últimos anos.

Somos o país do “deixa pra lá”, do “jeitinho”, do povo alegre, mas pacato, que acaba aceitando tudo sem questionar. O caso do delegado e da zeladora retrata, na verdade, a certeza da impunidade, a certeza de que pegar uma coisa que não é sua, não vai trazer nenhuma consequência afinal é só um bombom.

O fato é: pode ser sim só um bombom, mas não era da zeladora, portanto ela não deveria ter pego o que não era seu. Não se questiona aqui se houve ou não abuso de autoridade por parte do delegado, não se questiona o que o levou a tomar as medidas que tomou, mas o fato é que houve um crime, furto famélico? crime de bagatela? Direito Criminal não é a área que me atrai, no entanto o que ficou evidenciado no caso é que somos coniventes com pequenos crimes, que somos totalmente a favor de quem pega o que não é seu e saímos as vezes em defesa destes.

Desta forma como podemos reclamar e ficar indignados quando se encontra dinheiro mal explicado em contas na Suíça de nossos políticos? Como podemos nos indignar com as pedaladas fiscais? Com as falcatruas encontradas na Lava Jato? E todos os outros “pequenos furtos” cometidos pelos políticos com o dinheiro público? A verdade é que de bombom em bombom que se chega ao atual estado de corrupção.

Assuntos relacionados
Sobre a autora
Meirielen Rigon

Advogada, Pós-Graduada em Direito Público pela Universidade Potiguar e Mestranda em Direito do Trabalho e Relações Internacionais do Trabalho pela Universidad Tres de Febrero - UNTREF.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Leia seus artigos favoritos sem distrações, em qualquer lugar e como quiser

Assine o JusPlus e tenha recursos exclusivos

  • Baixe arquivos PDF: imprima ou leia depois
  • Navegue sem anúncios: concentre-se mais
  • Esteja na frente: descubra novas ferramentas
Economize 17%
Logo JusPlus
JusPlus
de R$
29,50
por

R$ 2,95

No primeiro mês

Cobrança mensal, cancele quando quiser
Assinar
Já é assinante? Faça login
Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!
Colabore
Publique seus artigos
Fique sempre informado! Seja o primeiro a receber nossas novidades exclusivas e recentes diretamente em sua caixa de entrada.
Publique seus artigos