Desafios e soluções para os problemas da segurança pública em Santa Catarina

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3 CONCLUSÃO

No referido trabalho buscou-se estudar o problema proposto, em conformidade com os objetivos gerais e específicos estabelecidos. Inicialmente, buscou-se a previsão constitucional do termo “segurança pública”, demonstrando que a responsabilidade por sua promoção é de todos e não só do Estado. Nesse mesmo sentido, verificou-se que, com a constituição democrática de 1988, houve uma mudança na concepção da real função da segurança pública. Todavia, a expressão em comento não possui definição legal, sendo definida apenas pela doutrina e pela jurisprudência.

Posteriormente, observou-se que são inúmeros os problemas relacionados à segurança pública, que atingem o Brasil e também o Estado de Santa Catarina. Foi visto que, em sua grande parte, esses problemas têm ligação direta com a desigualdade social, a corrupção, a desestruturação familiar, bem como a falta de políticas públicas para a população mais carente.

Outra situação importante com relação ao tema segurança pública, diz respeito à violência policial. Para que haja mudança no atual cenário, deve-se primeiramente melhorar o sistema de seleção dos agentes policias, bem como a formação desses agentes, através de currículos voltados para que eles entendam a complexidade dos problemas que irão enfrentar, através de uma cultura de promoção da vida. Por fim deve-se investir no controle e fiscalização da atuação policial.   

Na terceira seção, foram vistas estratégias e alternativas para a melhoria do atual modelo. Propõe-se nesse capítulo a reestruturação do atual sistema de segurança pública, para um modelo de polícia integrada e sistêmica. Questões como a remuneração dos agentes da segurança pública, forma de organização e estratégias para combate ao crime estão desatualizadas. Deve-se primeiramente promover uma política de valorização desses agentes, combatendo a corrupção em todos os níveis além da criação de um currículo homogêneo para todas as instituições.

Também foi visto que o atual modelo de “meia” polícia se encontra ultrapassado, pois vários países já se adota a polícia de ciclo completo, que fica responsável por toda a persecução criminal, melhorando o serviço prestado pela população. Um exemplo foi o do termo circunstanciado, já implantado no Estado de Santa Catarina há muitos anos, e que vem dando certo.

Todavia, não se pode esquecer a principal atribuição da polícia, que é a prevenção criminal, e que hoje parece ter sido deixada de lado para um modelo exclusivamente repressivo. Assim, essa prevenção deve ser feita através de intervenções planejadas sobre os locais de crime e desordem, bem como intervenção sobre a vítima e o infrator em potencial. Um exemplo desse modelo é o de polícia comunitária, que vem sendo bem-sucedido no Estado de Santa Catarina, principalmente através da atuação dos conselhos comunitários de segurança onde a comunidade atua participa com as instituições de segurança pública, definindo problemas e estratégias de atuação.

Questão importante que também afeta à segurança pública, são as falhas no sistema prisional brasileiro, que se mostra mais um espaço de degradação do ser humano, do que propriamente um local com a possibilidade de recuperação. Portanto, o Estado, principal descumpridor das leis, acaba por fomentar o crime e a violência, principalmente entre os aqueles cidadãos que são mais desassistidos pelas políticas públicas. São soluções para esses problemas as penas alternativas; apoio à gestão dos serviços penais e redução do déficit carcerário; humanização das condições carcerárias e integração social; e modernização do sistema penitenciário nacional.

Por derradeiro no último capítulo foram apontados os desafios e as soluções para a segurança pública no estado, demonstrando que o Estado de Santa Catarina é privilegiado em relação aos demais estados, por estar em uma região economicamente desenvolvida, com boa distribuição de rende e alto índice de desenvolvimento humano. Todavia, apesar desse cenário auspicioso, sofre com a criminalidade e a violência como qualquer estado brasileiro.

Espera-se da polícia, enquanto prestadora de serviço público, um serviço ágil, de qualidade e que satisfaça os anseios do cidadão. Nesse sentido, a polícia militar através do termo circunstanciado, vem desempenhando esse papel, que é o de dar celeridade nas demandas criminais de menor potencial ofensivo, diminuindo a sensação de impunidade e aumentando a sua presença nas ruas. Assim, o cidadão não precisa mais deslocar até uma delegacia de polícia para levar a sua demanda.

Outro desafio do Estado é a implementação de um modelo de segurança pública onde o protagonista é o cidadão. Desse modo, a filosofia de polícia comunitária, tem sido uma grande ferramenta, principalmente através dos conselhos comunitários de segurança, que apontam quais são os problemas que afetam a comunidade, e definem as estratégias em conjunto para solucioná-los.

A prevenção vem sendo a principal busca das instituições policias. Assim, no Estado são aplicados alguns programas como o PROERD, que visa capacitar crianças, adolescentes e adultos para resistirem as drogas e a violência, bem como a prevenção através do desenho urbano que busca a diminuição da criminalidade através de modificações estruturais que dificultam a atuação do criminoso.

Finalmente, um dos grandes desafios no campo da segurança pública catarinense é com relação ao sistema prisional, principalmente com relação à superlotação e o surgimento de facções criminosas e seus ataques ao Estado Democrático de Direito. Se observou que o Estado de Santa Catarina é um dos com maior percentual de presos estudando ou trabalhando.

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Portanto, conforme verificamos nesse trabalho, em que pese as várias medidas que vem sendo colocadas em prática no Estado de Santa Catarina, no que diz respeito à segurança pública, ainda temos muito o que avançar. O Estado, apesar de ser referência nacional, como no caso do termo circunstanciado, implantação da filosofia de polícia comunitária e outras ações, tem sérios problemas de desigualdade social, o que acaba por influenciar o trabalho das agências policiais. Somente com a diminuição dessa desigualdade, o combate efetivo à corrupção e a implantação de uma polícia de ciclo completo, poderá avançar para a prestação de um serviço de excelência, conforme merece a população catarinense.


REFERÊNCIAS

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SOARES, Luiz Eduardo. Segurança tem saída. Rio de Janeiro: Sextante, 2006.

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Sobre os autores
Carlos Eduardo Rosa

Bacharel em Direito pelo Instituto de Ensino Superior da Grande Florianópolis, Especializando em Gestão de Ecossistemas e Educação Ambiental pela Unidade de Educação Continuada e Especialização de Santa Catarina e Policial Militar do Batalhão de Polícia Militar Ambiental

Henrique Carrer Arent

Cadete da Polícia Militar de Santa Catarina, Bacharel em Direito, Especialista em Direito Administrativo e Bacharelando em Ciências Policias - [email protected]

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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