Ética e felicidade

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Trata da relação entre ética e felicidade, segundo o ponto de vista de Aristóteles, Santo Agostinho e André Comte-Sponville.

INTRODUÇÃO

            Os seres humanos como seres racionais buscam o conhecimento verdadeiro, à justiça porque são possuidores de livre arbítrio e a felicidade porque são dotados de desejos e emoções que juntas dão sentido à vida e às ações[1]. Mas essas ações devem seguir regras e normas de conduta; possuem valores morais, políticos, religiosos, culturais. A vida cotidiana segue seu curso, respeitando a realidade, o sonho, a liberdade, a vontade, o bem e o mal, com valores morais, mas um desejo é comum a todos os seres humanos, o desejo de felicidade.

            A palavra Filosofia significa amizade pela sabedoria “assim, filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita”{C}[2]{C}. O pensamento filosófico dos antigos, principalmente o legado deixado pelos gregos possui como pontos centrais três grandes princípios da vida moral. O primeiro deles é o que entende que os humanos aspiram o bem e a felicidade e que esses só são possíveis mediante uma conduta virtuosa. O segundo é a certeza de que a virtude é uma excelência, passível de ser alcançada pelo caráter; a vontade guiada pela razão para controlar os impulsos e instintos da natureza do ser humano. E o terceiro, a conduta ética, segundo a qual o agente sabe o que pode ou não realizar, sabendo diferenciar o que é possível e desejável para um ser humano. Assim, o homem é capaz de se guiar pela sua autodeterminação[3].

            O homem ético ou moral não se deixa levar pelos acasos da sorte, a vontade dos outros e as paixões, segue sua consciência e vontade racional, razão pela qual a busca pela felicidade é o centro da vida ética, seu fundamento e seu objetivo. “Os filósofos antigos (gregos e romanos) consideravam a vida ética transcorrendo como um embate contínuo entre nossos apetites e desejos – as paixões – e nossa razão”[4].

            A ética não pode ser definida pela ação racional livre mas sim pela busca da satisfação dos desejos[5], e é essa satisfação que define a felicidade, que se realiza na íntimo de cada um.

            O presente artigo tem por finalidade analisar a relação entre ética e felicidade para três filósofos: Aristóteles, Santo Agostinho e André Comte-Sponville. Ao longo dos séculos vários filósofos se interessaram pela temática da felicidade e sua relação com a ética e a filosofia. Para Kant a “Filosofia é o conhecimento que a razão adquire de si mesma para saber o que pode conhecer e o que pode fazer, tendo como finalidade a felicidade humana”. “Espinosa afirmou que a Filosofia é um caminho árduo e difícil, mas que pode ser percorrido por todos, se desejarem a liberdade e a felicidade”. “Marx declarou que a Filosofia havia passado muito tempo apenas contemplando o mundo e que se tratava, agora, de conhecê-lo para transformá-lo, transformação que traria justiça, abundância e felicidade para todos[6].

1 FILOSOFIA E ÉTICA

            A filosofia segundo Andre Comte-Spomville “é uma prática discursiva (ela procede "por discursos e raciocínios") que tem a vida por objeto, a razão por meio e a felicidade por fim. Trata-se de pensar melhor para viver melhor. A felicidade é a meta da filosofia”[7]. Define o autor que a meta da filosofia é a sabedoria e portanto a felicidade “já que, mais uma vez, uma das ideias mais aceitas em toda a tradição filosófica, especialmente na tradição grega, é que se reconhece a sabedoria pela felicidade, em todo caso por certo tipo de felicidade[8]”.

“Para que serve filosofar? Serve para ser feliz, para ser mais feliz. Mas, se a felicidade é a meta da filosofia, não é sua norma. O que entendo por isso? A meta de uma atividade é aquilo a que ela tende; sua norma é aquilo a que ela se submete[9]”. Assim nem todas as ideias que nos fazem felizes devem ser pensadas. A norma da filosofia é a verdade.

As definições de felicidade são complexas e sofrem grandes variações. Heráclito de Éfeso afirmava que  “Se a felicidade consistisse nos prazeres do corpo, deveríamos considerar felizes os bois quando encontram ervilhas para comer”[10]. São Tomás de Aquino em Suma Teológica “À primeira objeção devemos responder que, em estado vago e confuso, o conhecimento da existência é naturalmente inato em nós, uma vez que Deus é a felicidade do homem. De fato, o homem deseja naturalmente a felicidade, e, o que ele deseja naturalmente, ele conhece naturalmente[11]

A definição de felicidade no dicionário de filosofia é o “estado de satisfação devido à situação no mundo. Felicidade é diferente de bem-aventurança, que é o ideal de satisfação, e não depende da relação do homem com o mundo, e limita-se à esfera religiosa ou contemplativa. O Conceito de felicidade nasceu na antiga Grécia com Tales, que julgava feliz “quem tem corpo são e forte, boa sorte e alma bem formada”. Para Demócrito, a Felicidade era definida como "a medida do prazer e a proporção da vida[12]”.

Por outro lado, Platão negava que a felicidade consistisse no prazer e a julgava, ao contrário, relacionada com a virtude. "Os felizes são felizes por possuírem a justiça e a temperança; os infelizes são infelizes por possuírem a maldade", diz ele em Górgias(508 b); no Banquete (202 c) são chamados de felizes "aqueles que possuem bondade e beleza". Mas justiça e temperança são virtudes; "possuir bondade e beleza" significa ainda ser virtuoso;e a virtude outra coisa não é, segundo Platão, senão a capacidade da alma de cumprir seu próprio dever, ou seja, de dirigir o homem da melhor maneira (Kep., I, 353 d. ss.). Portanto, também a noção platônica de F. é relativa à situação do homem no mundo e aos deveres que aqui lhe cabem[13].

Com o humanismo o conceito de felicidade passa a ter estreita ligação com o prazer, como já havia ocorrido em momento anterior com os cirenaicos e com os epicuristas. Para Locke a Felicidade "é o maior prazer de que somos capazes, e a infelicidade o maior sofrimento; o grau ínfimo daquilo que pode ser chamado de Felicidade é estar tão livre de sofrimentos e ter tanto prazer presente que não é possível contentar-se com menos" A felicidade é um desejo de todos os seres humanos, tanto que a Constituição Norte Americana inclui entre os direitos naturais do homem a busca pela felicidade[14].

A ética e a Felicidade estão intimamente relacionadas; a ética pode ser compreendida como a ciência para a qual a conduta dos homens deve ser orientada e dos meios para atingir tal fim[15]. A temática da felicidade é de tamanha importância que chegou a fazer parte das ideias do iluminismo que foram decisivas para a Revolução Francesa de 1789, pois é pela razão que o homem pode conquistar a liberdade e a felicidade social e política[16].

Algumas religiões ainda que de maneira não tão clara defendem a ideia de felicidade perene. Para religiões que acreditam na reencarnação o espírito terá tantas vidas e sob as formas necessárias para sua purificação e aí sim, alcançara a felidade perene. Em religiões de salvação como o judaísmo, o cristianismo e o islamismo a felicidade perene não é apenas individual, mas também coletiva. “São religiões em que a divindade promete perdoar a falta originária, enviando um salvador que, sacrificando-se pelos humanos, garante-lhes a imortalidade e a reconciliação com Deus”[17].

2 FELICIDADE

 

2.1 Felicidade e Aristóteles

Aristóteles nasceu no ano de 384 A.C, em Estagira na Macedônia, tendo ido para Atenas estudar filosofia aos 18 anos. Foi considerado o discípulo mais brilhante de Platão. Com a morte de Platão no ano de 348 A. C. afastou-se da Academia e seguiu seu próprio caminho tornando-se preceptor de Alexandre, futuro conquistador de um grande império. No ano de 335 A.C. fundou a sua própria escola, o Liceu. Aristóteles gostava de ensinar e de discutir com seus discípulos durante caminhadas; sua filosofia desenvolveu-se de forma contrária à Academia, com forte crítica ao dualismo dos platônicos. Influenciou na formação do pensamento ocidental, não apenas do ponto de vista filosófico, mas também do ponto de vista científico, literário e político[18]

O pensamento aristotélico e o platônico constituíram de fato as duas grandes vias de desenvolvimento da filosofia clássica, principalmente ao longo do período medieval, quando São Tomás de Aquino se inspira em Aristóteles para desenvolver seu sistema tomista, assim como Santo Agostinho havia se inspirado em Platão ao elaborar um platonismo cristão. A obra de Aristóteles perdeu-se na Antiguidade logo após a sua morte, tendo sua escola se dividido em várias correntes. Posteriormente, seus textos foram em parte recuperados, e o que conhecemos de sua obra resulta de uma edição preparada por Andrônico de Rodes, que reviveu a escola aristotélica em Roma por volta de 50 a.C[19].  

Aristóteles escreveu sobre diversos assuntos, entre eles a Felicidade. Na concepção de Aristóteles a felicidade pode ser definida como “certa atividade da alma, realizada em conformidade com a virtude”. Essa definição inclui a satisfação das necessidades e aspirações mundanas[20].

Na obra Ética a Nicômaco, Aristóteles realiza uma exposição fundamental da moral, discutindo a questão do bem, que é o fim último de todas as coisas e, portanto, das ações humanas. O bem supremo é a felicidade. “A felicidade é a plenitude da realização ativa do homem”. O bem de cada coisa é a sua função e Aristóteles se questiona qual a função do homem em si. 

As pessoas felizes, segundo Aristóteles, devem possuir as três espécies de bens que se podem distinguir, quais sejam, os exteriores, os do corpo e os da alma. É verdade que "os bens exteriores, assim como qualquer instrumento, têm um limite dentro do qual desempenham sua função utilitária de instrumentos, mas além do qual se tornam prejudiciais ou inúteis para quem os possui. Os bens espirituais, ao contrário, quanto mais abundantes, mais úteis". Mas em geral pode-se dizer que "cada qual merece a F., na medida da virtude, do tino e da capacidade de bem agir que possui, podendo se tomar como exemplo a divindade, que é feliz e bem-aventurada não graças aos bens exteriores, mas por si mesma, por aquilo que ela é, por natureza". A F. é portanto mais acessível ao sábio que mais facilmente se basta a si mesmo, mas é a isso que devem tender todos os homens e as cidades[21].

Aristóteles escreve sobre os homens do tipo vulgar que costumam confundir o bem ou a felicidade com o prazer e por isso levam uma vida desregrada e cheia de gozos[22]. O autor também trabalha a crença de que o homem que vive bem e age bem é feliz, definindo a felicidade como uma espécie de boa vida e boa ação. A forma como cada pessoa identifica a felicidade varia muito; para alguns a identificação acontece com a sabedoria filosófica, para com a sabedoria prática e para outros com a virtude, ou com o prazer, com ainda com a prosperidade exterior. Há aqueles que identificam a felicidade com uma virtude geral ou com uma virtude particular “pois que à virtude pertence a atividade virtuosa.”[23] Portanto, a felicidade é a melhor e mais nobre coisa do mundo.[24]

O homem feliz necessita de uma espécie de prosperidade, por isso alguns acabam identificando a felicidade com a boa fortuna. Há aqueles que se perguntam se a felicidade pode ser adquirida pelo aprendizado, pelo hábito, como um treinamento; há aqueles que pensam que ela é conferida por alguma providência divina e aqueles que acreditam apenas ser um acaso.

Ora, se alguma dádiva os homens recebem dos deuses, é razoável supor que a felicidade seja uma delas, e, dentre todas as coisas humanas, a que mais seguramente é uma dádiva divina, por ser a melhor. Esta questão talvez caiba melhor em outro estudo; no entanto, mesmo que a felicidade não seja dada pelos deuses, mas, ao contrário, venha como um resultado da virtude e de alguma espécie de aprendizagem ou adestramento, ela parece contar-se entre as coisas mais divinas; pois aquilo que constitui o prêmio e a finalidade da virtude se nos afigura o que de melhor existe no mundo, algo de divino e abençoado[25].

A felicidade não recebe o mesmo tratamento que a justiça, mas é considerada algo mais divino e melhor, sendo chamada por alguns como bem-aventurada[26]. A felicidade é “um fim e algo de final a todos os respeitos”.[27]

Para Aristóteles a felicidade é uma atividade da alma, conforme à virtude perfeita. Se compreendermos bem a natureza da virtude, seria possível compreender melhor a natureza da felicidade[28]. A virtude humana deve ser estudada com cuidado, “porque humano era o bem e humana a felicidade que buscávamos”. A virtude humana não se preocupa com o corpo, mas com a alma, razão pela qual a felicidade também é chamada de atividade de alma[29].

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Aristóteles entendia que a felicidade é algo permanente, que não muda com facilidade, ideia essa contrária ao pensamento de que seria preciso verificar o fim, para só então saber se o homem é ou não feliz, já que os atributos que lhe pertencem e são por ele praticados podem sofrer constantes modificações. Para ele esse pensamento de aguardar o fim não era condizente com a ideia de felicidade, mas compatível com a roda da fortuna[30]. Alguns identificam a boa fortuna com a felicidade, mas acabam se esquecendo de que muitas vezes a boa fortuna pode até ser um empecilho[31].

À felicidade nada falta, pois ela é autossuficiente, é desejável em si mesma. As ações virtuosas seguem a mesma regra, porque praticar atos bons e nobres é algo desejável em si mesmo[32].

Aristóteles entende que os animais não participam da felicidade. “Com efeito, enquanto a vida inteira dos deuses é bem-aventurada e a dos homens o é na medida em que possui algo dessa atividade, nenhum dos outros animais é feliz”. Os animais não participam da contemplação e a felicidade tem os mesmos limites que a contemplação. Aqueles que compreendem a contemplação são verdadeiramente felizes[33].

Para o autor tudo aquilo que se pratica por ignorância ou constrangimento é considerado involuntário. Para que um ato seja voluntário é preciso que o princípio motor que se encontra em cada homem tenha conhecimento das circunstâncias do ato praticado. Os atos provocados pela cólera ou pelo apetite devem ser classificados como involuntários[34]. O homem temperante se encarrega de evitar os prazeres e a vida sem dor, enquanto as crianças e os brutos buscam o prazer, no sentido dos prazeres corporais e aos excessos dos mesmos.

Nem todos os prazeres devem ser objeto de condenação. Alguns prazeres são bons em absoluto e outros não são bons. Os prazeres dividem-se em prazeres corporais e prazeres da alma. Os prazeres da alma são o amor à honra e o amor ao estudo, não sendo o corpo afetado de modo algum[35]. Os prazeres corporais implicam em apetite e dor, em excesso, levando o homem a ser tido como intemperante[36]. As faltas infantis também podem ser tidas como intemperantes.

A transferência de sentido parece bastante plausível, pois quem deseja aquilo que é vil e que se desenvolve rapidamente deve ser refreado a tempo; ora, essas características pertencem acima de tudo ao apetite e à criança, já que na realidade as crianças vivem à mercê dos apetites, e nelas tem mais força o desejo das coisas agradáveis.

Para Aristóteles se as crianças não são obedientes e submissas ao princípio racional cometerão grandes extremos, pois num ser irracional o desejo de prazer não tem fim, e experimenta todas as fontes de satisfação. Se não forem obedientes e submissas ao princípio racional, irão a grandes extremos, pois num ser irracional o desejo do prazer é insaciável, embora experimente todas as fontes de satisfação. Acresce que o exercício do apetite aumenta-lhe a força inata, e quando os apetites são fortes e violentos, chegam ao ponto de excluir a faculdade de raciocinar[37].

Todos os homens pensam em certo sentido que cada um tem o seu caráter desde o momento de nascer, e que desde o nascimento somos justos, capazes de nos dominar, bravos ou possuímos qualquer outra qualidade moral. As crianças e os brutos também têm uma disposição natural para essas qualidades, mas como agem desacompanhados da razão, praticam atos nocivos[38].

Portanto, para Aristóteles as crianças e os animais não são felizes porque não possuem consciência da felicidade. A felicidade ocupa lugar de destaque na vida do homem e o equilíbrio é um grande passo para alcança-la.

2.2 Felicidade e Santo Agostinho

 

Santo Agostinho foi primeiro grande pensador que conseguiu sintetizar de forma sistemática a filosofia grega tradicional, especialmente o platonismo e o cristianismo; Ele desenvolveu um pensamento de grande originalidade, tendo sido influenciado principalmente pela escola cristã neoplatônica de Alexandria, por meio do neoplatonismo de Plotino e de Mário Vitorino e dos textos de São Paulo. Escreve sobre diversos assuntos como a reminiscência, o dualismo, a natureza do Bem, e a felicidade, mas sempre interpretando-os à luz da doutrina cristã[39].

Aurélio Agostinho nasceu em 354 em Tagaste no norte da África, então uma província romana, hoje parte da Argélia. Mestre de retórica, foi lecionar na Itália e, em Milão, conheceu Santo Ambrósio, então bispo da cidade, cujos sermões o impressionaram vivamente. Convertido ao cristianismo, Agostinho foi autor de uma extensa obra filosófica e teológica, incluindo comentários exegéticos ao Antigo e ao Novo Testamento, tratados doutrinários como A doutrina cristã e A Trindade, além de diálogos de inspiração platônica como Sobre o mestre. Morreu em 430 como bispo de Hipona, cidade da região onde nascera, às vésperas da invasão da África pelos vândalos e pouco antes da queda do Império Romano[40].      

Para Agostinho a filosofia pode auxiliar na compreensão de passagens obscuras das Sagradas Escrituras, podendo auxiliar a fé cristã, oferecendo uma explicação racional das teses teológicas, como, por exemplo, “a tese da existência de Deus. A maneira clássica de apresentar essa subordinação consiste em dizer que a filosofia é serva da teologia”[41].

Santo Agostinho dedica a obra Diálogo Sobre a Felicidade ao seu amigo Teodoro e logo no início do texto evoca a importância dos amigos. O texto se propõe a responder as perguntas, o que é a felicidade? E como o homem pode ser feliz?[42] O autor classifica em três classes, como que de navegantes entre os homens, os quais a filosofia pode escolher. A primeira é dos homens que na idade da razão, com um pequeno esforço escolhem a tranquilidade. A segunda compreende aqueles que desiludidos pelo aspecto enganador do mar, avançam mesmo assim e escolhem peregrinar longe da pátria, são aqueles que se justificam com a afirmativa de que não tem nada para fazer “nenhuma promessa os arranca deste mar de sorriso tão enganador”. A terceira é formada por aqueles que no limiar da adolescência ou vagueando a muito tempo no mar, contemplam os sinais que levam a recordar. Facilmente se deixam levar por seduções, erram durante um longo período e arriscam a própria vida.[43]

As três espécies de navegantes são conduzidas, por diversas maneiras para a região da felicidade, devendo se afastar do enorme rochedo que se ergue e causa grandes embaraços. Esse rochedo na grande maioria das vezes possui uma forte luz enganadora e atrativa, que se apresenta como se fosse a terra da felicidade, prometendo satisfação dos desejos, aliciando homens de toda sorte. Os homens que são seduzidos ficam quase que embriagados e passam a desprezar os outros navegadores. “Este rochedo não tem qualquer consistência interior nem firmeza: fendendo-se, sob os orgulhosos que nele caminham, aquele terreno tão frágil, enterra-os e engole-os nas trevas medonhas, arrebatando-os assim da magnífica pátria que estavam prestes a alcançar”[44].

Esses navegantes têm em comum o desejo de felicidade; seguem rumo ao rochedo porque se permitem enganar facilmente. São homens que buscam uma felicidade fácil e rápida, e se esquecem que a felicidade é dom de Deus.

Todos os homens guardam em seus corações o desejo da felicidade. Aquele que não tem o que quer é feliz? A maioria das pessoas acredita que quem não tem aquilo que quer não é feliz e acredita que aquele que tem o que quer é feliz.

A nossa mãe disse então: – Se quer bens e os tem, é feliz; se, por outro lado, quer coisas más, ainda que as tenha é infeliz. – Mãe, alcançaste por completo o próprio refúgio da filosofia – disse eu, sorrindo e cheio de satisfação. – Faltaram-te, é certo, as palavras para te exprimires à maneira de Túlio, cujas palavras sobre este assunto, escritas na sua obra Hortênsio, composta para elogio e defesa da filosofia, são as seguintes: «Eis que aqueles que precisamente não são filósofos, mas que, no entanto, se inclinam para as discussões, afirmam que quem vive conforme quer é feliz. Mas isto é seguramente falso; querer o que não convém, isso mesmo é que é a maior infelicidade. Quem não alcança o que quer não é tão infeliz como quem quer alcançar o que não convém[45].

Embora seja uma crença muito difundida, que a felicidade se encontra na realização de todos os desejos “ninguém pode ser feliz se não tiver o que quer, mas também não pode ser feliz quem tem tudo o que quer”[46].

O homem acredita que aquele que não é feliz é infeliz e que quem não tem o que quer é infeliz. Mas resta a dúvida: o que o homem precisa adquirir para ser feliz? “Ora, eu imagino que se deve procurar alcançar aquilo que se obtém quando se quer – todos disseram que isso era evidente. – E deve ser algo sempre permanente, não dependendo das incertezas da fortuna, nem sujeito às circunstâncias”. Aquilo que é mortal e perecível não pode ser simplesmente possuído quando nós queremos ou pelo tempo que gostaríamos[47].

            Aqueles que possuem Deus são felizes, e essa afirmação goza de certa aceitação entre aqueles que acreditam em Deus. Mas essa mesma afirmação faz surgir uma outra dúvida: quem possuí Deus? Na obra de Agostinho surgem três respostas para esse questionamento; possuí Deus quem faz aquilo que Ele quer; possui Deus quem vive bem; possui Deus quem não tem espírito impuro. Deus não é hostil com o homem que o procura, Deus é favorável e quem tem Deus favorável é feliz{C}[48]{C}. “Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós[49]?”

            Quem procura Deus será feliz, ainda que não possua aquilo que quer{C}[50]{C}. Aquilo que até então parecia simplesmente impossível, com a crença em Deus se torna possível.

            Agostinho entende que Deus é favorável a quem favorece, e que Deus favorece aquele que o procura. “Portanto, quem procura Deus tem-no favorável, e quem quer que tenha Deus favorável é feliz. Logo, mesmo quem O procura é feliz. Mas quem procura ainda não tem o que quer; por isso, quem não tem o que quer é feliz”. Mas não basta ter Deus favorável para ser feliz; “quem já encontrou Deus e temn’O favorável, é feliz; quem procura Deus, tem-n’O favorável mas ainda não é feliz; pelo contrário, quem se afasta de Deus, por vícios e pecados, não só não é feliz como não vive com o favor de Deus”[51].

            Não há dúvidas de que o indigente é infeliz, e aqui não se trata do indigente no sentido das necessidades corporais, mas sim da alma, onde se encontra a vida feliz, afinal a alma não sofre a indigência das necessidades corporais. A alma é perfeita e aquilo que é perfeito não precisa de nada. O sábio utiliza aquilo que é necessário ao corpo se tiver à mão, mas se isso não acontecer, não sofrerá com sua falta, porque aquele que é sábio é forte e não teme.

Evitará portanto a morte e a dor, na medida em que for possível ou conveniente, e se de nenhum modo as evitar, não será infeliz por aquilo que acontece, mas porque podendo evitá-las não o quis, o que é sinal evidente de insensatez. Será infeliz não porque as evitou ou suportou

pacientemente, mas em virtude da sua insensatez. E se não pôde evitá-las, ainda que nisso se tivesse empenhado com todo o zelo e conveniência, não são aquelas contrariedades que o vão tomar infeliz[52].

O autor questiona ainda como pode ser infeliz aquele que tem suas vontades plenamente realizadas. Nada acontece contra a sua vontade “porque aquilo que vê não poder acontecer, não o pode querer. A sua vontade está posta no que é fixo, isto é, tudo aquilo que faz é conforme à regra da virtude e à lei divina da sabedoria, que de modo algum lhe podem ser arrancadas”[53].

Entende que devemos chamar de sabedoria apenas a sabedoria de Deus e de seu filho que também é Deus. Deus é a verdade, aquele sol misterioso que enche de brilho nossas almas, e é Dele que procede toda a verdade. Assim, a plena saciedade das almas, a vida feliz, consiste em conhecer com perfeita piedade quem nos guia para a verdade, que verdade fruir, e através de quê nos unimos com a suprema medida. Para Agostinho a verdadeira felicidade consiste em amar, alegrar e louvar Deus e em se empenhar no regresso para Deus.[54]

2.3 Felicidade e André Comte-Sponville

            André Comte-Sponville nasceu em Paris em 1952, sendo considerado um filósofo materialista, racionalista e humanista, que procura ver as coisas como elas são, sem se iludir. Filosofar é pensar a sua vida e viver seu pensamento[55]. O tema da felicidade aparece frequentemente na obra do autor, tendo escrito textos sobre o assunto. No livro A Felicidade, Desesperadamente ele realiza uma transcrição de suas falas na conferência-debate pronunciada no dia 18 de outubro de 1999. O autor define a felicidade como meta da filosofia[56].

            A felicidade é um assunto de interesse de todos os seres humanos, pois todos os homens procuram ser felizes e motivam suas ações pautados na busca pela felicidade. A felicidade é assunto de interesse filosófico desde Sócrates, mas foi esquecida pelos filósofos contemporâneos, aqueles que dominaram a segunda metade do século XX[57].

            Mas o que seria a felicidade? Muitas vezes não somos felizes porque tudo vai mal. Aqueles que viviam em Ruanda ou na ex-Iugoslávia, em seus piores momentos de massacre, ou no Timor Leste, ou que sofrem com a miséria, com o desemprego, com a exclusão e com as doenças graves, ou que ainda tenham alguém próximo morrendo faz sentido que não sejam felizes, afinal sua vida tem tantas atribulações que filosofar não é uma prioridade. Mas nem sempre que somos infelizes é porque tudo vai mal. Muitas vezes somos infelizes porque tudo acontece mais ou menos bem, sem grandes emoções. Nessas situações as pessoas facilmente se questionam: tenho tudo para ser feliz e ainda assim não sou[58]. “O que nos falta para ser feliz, quando temos tudo para ser e não somos? Falta-nos a sabedoria”[59].

Temos uma idéia de felicidade. É sempre a idéia de Pascal: todo homem quer ser feliz, inclusive o que vai se enforcar. Se ele se enforca, é para escapar da infelicidade; e escapar da infelicidade ainda é se aproximar, pelo menos tanto quanto possível, de uma certa felicidade, nem que ela seja negativa ou o próprio nada... Não se escapa do princípio de prazer: querer escapar-lhe (pela morte, pelo ascetismo...) é ficar submetido a ele[60].

            Afirma o autor que faz parte da compreensão geral o entendimento de que o desemprego é uma desgraça, e que seria natural ao desempregado afirmar que seria feliz caso conseguisse um trabalho. Mas esse raciocínio de que a felicidade estaria em ter um trabalho não se aplica a todos os homens, mas apenas àqueles que estão desempregados. O homem que possui um trabalho não se considera feliz por trabalhar, para ele o trabalho é apenas um trabalho e não a fonte de sua felicidade[61]. Desejamos sempre aquilo que não temos e nunca temos aquilo que desejamos. Quando a felicidade se concentra em apenas atingir objetivos a felicidade torna-se cada vez mais difícil e distante gerando um verdadeiro ciclo de frustação e tédio, de esperança e decepção.

            Escapar desse ciclo não é tarefa fácil, exigindo estratégias. “Em primeiro lugar, o esquecimento, a diversão, como diz Pascal”. Há uma estratégia não-filosófica seguida por muitos, que é fingir ser feliz e fingir não se entediar. A estratégia é considerada não-filosófica justamente porque na filosofia não se aceita fingir. A segunda estratégia possível é chamada de fuga para frente, de esperanças em esperanças. Essa estratégia geralmente é utilizada por jogadores da loto, que após perder se consolam acreditando na vitória da semana seguinte. “Se isso os ajuda a viver, não sou eu quem vai criticá-los[62]. ”

            Nenhuma das estratégias acima elencadas são compatíveis com a filosofia e muito menos com a sabedoria. A terceira estratégia possível muito se parece com a segunda, mas dá um verdadeiro salto para uma “esperança absoluta, religiosa, que não é suscetível, acredita-se, de ser decepcionada. É um salto de natureza religiosa, segundo o qual se espera a felicidade para depois da morte. “Essa estratégia tem suas cartas de nobreza filosófica... Mas é preciso, além do mais, ter fé, e vocês sabem que não a tenho”[63].

            As três estratégias não atendem ao autor, que portanto teve que tentar inventar, ou reinventar outra estratégia. Nada de esquecimento por diversão, fuga para frente de esperanças em esperanças, ou salto para esperança absoluta, mas sim uma tentativa de libertação dos ciclos da esperança, que terminam por gerar angústia, decepção e tédio[64].

            A principal diferença entre a esperança e a vontade é que nos dois casos há o desejo. Na esperança há um desejo referente àquilo que não depende de nós. Na vontade há um desejo que depende de nós. “Poder-se-ia objetar que, quando a criança espera seu brinquedo, este é bem real... Sim, na loja, atrás da vitrine. Mas o que a criança espera não é o brinquedo na loja: é o brinquedo em casa, a posse do brinquedo, e isso não é, isso é irreal[65]”.

A grande diferença entre esperança e amor está no fato de que em ambos os casos há o desejo. Mas na esperança o desejo é referente ao irreal, enquanto o amor se refere à um desejo real[66]. “O amor é desejo, mas o desejo não é falta. O desejo é potência: potência de gozar o gozo em potencial! Quanto ao amor, também não é falta (já que é desejo e já que o desejo é potência): o amor é alegria[67]”.

Sponville conceitua a felicidade em ato, como o próprio ato da felicidade, de desejar o que temos, o que fazemos e não o que nos falta; gozar e regozijar-se. Mas a felicidade em ato é também uma felicidade desesperada, ao menos em certo sentido, pois é uma felicidade da qual não se espera nada. A esperança é um desejo e se torna impossível esperar se não desejamos. “Toda esperança é um desejo; mas nem todo desejo é uma esperança. O desejo é o gênero próximo, como diria Aristóteles, do qual a esperança é uma espécie”[68].

O autor define três características da esperança. A primeira característica é a de que a esperança é um desejo daquilo que não temos. “É por isso que esperamos: esperar é desejar sem gozar”. A segunda característica é esperar algo que não está por vir. A solução pode se referir ao presente, ou até, paradoxalmente, ao passado. É uma esperança, e se refere ao presente”. Em síntese seria a ideia de que a esperança é um desejo, capaz de ignorar se foi ou se será satisfeito. “Esperar é desejar sem saber[69]”. Só esperamos o que somos incapazes de fazer, o que não depende de nós. A terceira característica aparece quando podemos fazer algo, quando não podemos mais esperar, trata-se, portanto, de querer. A esperança é um desejo cuja satisfação não depende de nós. “Esperar é desejar sem poder[70]”.

Para o autor a felicidade é desesperadora e desesperante, mas o desespero pode ser alegre “que a felicidade seja desesperada e o desespero, feliz”! Para ele o desespero recebe um sentido mais leve do que o extremo da infelicidade, utilizado para designar o grau zero da esperança, uma pura e simples ausência de esperança, razão pela qual poderia até ser chamado de inesperança. A palavra desespero é dura, tem luz escura e exprime as dificuldades do caminho[71].

Um esforço, dizia Spinoza, para nos tornar menos dependentes da esperança... Portanto o desespero, no sentido em que emprego a palavra, não é a tristeza, menos ainda o niilismo, a renúncia ou a resignação: é antes o que eu chamaria de um gaio desespero, um pouco no mesmo sentido em que Nietzsche falava do gaio saber. Seria o desespero do sábio: seria a sabedoria do desespero[72].

Por fim, entende Sponville que a felicidade não é algo absoluto, mas sim um processo em constante movimento, que precisa de equilíbrio, por ser muito instável, uma vitória frágil que precisa ser sempre defendida, continuada e às vezes recomeçada[73].

3 ÉTICA E FELICIDADE

 

A ética e a felicidade estão intimamente relacionadas, pois uma vida ética contribui de maneira decisiva para o alcance da felicidade. A ética é a parte que filosofia encarregada de refletir sobre a moral, sobre questões acerca da vida no universo, do ser humano, de seu destino, instituindo valores que orientam pessoas e sociedades. Realiza ainda uma reflexão sistemática sobre o comportamento moral[74].

Spinoza em sua obra Ética estrutura o texto em torno de “proposições”, que são equivalentes aos teoremas da matemática[75]. Para o autor a ética faz parte do caminho que conduz à liberdade; ele acredita na potência da razão, que pode prevalecer sobre os afetos e conduzir à liberdade ou a beatitude da mente. O sábio é mais potente que o ignorante[76]. Para termos uma vida útil devemos acima de tudo buscar o aperfeiçoamento da melhor forma que pudermos, pois nisso consiste a suprema felicidade ou beatitude do homem. A felicidade é pois a própria satisfação do ânimo que provém do conhecimento intuitivo de Deus[77].

E, da mesma maneira, aperfeiçoar o intelecto não é senão compreender a Deus, os seus atributos e as ações que se seguem da necessidade de sua natureza. Por isso, o fim último do homem que se conduz pela razão, isto é, o seu desejo supremo, por meio do qual procura regular todos os outros, é aquele que o leva a conceber, adequadamente, a si mesmo e a todas as coisas que podem ser abrangidas sob seu intelecto[78]

Spinoza entende que é comum a compreensão de vivemos em uma variação contínua, segundo a qual se mudamos para melhor somos felizes e se mudamos para pior somos infelizes. Explica ainda o entendimento de que aqueles que morrem quando bebês ou crianças são infelizes, porque dependem totalmente de causas exteriores, não tendo consciência de si mesmos, nem de Deus e nem das coisas. Considera uma felicidade poder caminhar pela vida com uma mente sã e um corpo são[79].

Na parte final da obra Ética, Espinosa escreve sobre quais seriam as características que distinguem o sábio como sendo: “liberto das paixões e da ignorância”. O sábio é capaz de realizar simultaneamente a felicidade, a virtude e o conhecimento racional, “vivendo já na eternidade – no sentido de que já atingiu o conhecimento eterno”[80]. Uma vida feliz é uma vida ética.

A ética aristotélica tem como característica fundamental o racionalismo. Para compreender o conceito de ética para Aristóteles é preciso visitar sua teoria da alma. Ele utiliza uma visão tripartite da alma, assim como Platão. A alma se divide em concupiscente (todos os seres vivos são detentores da alma concupiscente, inclusive os vegetais), alma irascível (é partilhada pelos animais e pelos seres humanos e tem relação com a sensibilidade) e alma racional (que é possuída apenas pelos seres humanos). O nível racional sofre interferência da ética. A razão é o verdadeiro destino do ser humano, e só pode ser realizada quando o homem assume viver racionalmente. Portanto, agir conforme a razão é uma virtude por meio da qual se alcança a felicidade. O objetivo da ética aristotélica é a felicidade do homem, assim como o objetivo da política aristotélica é a felicidade coletiva da polis[1]

Santo Agostinho escreve sobre a Ética principalmente em sua obra Cidade de Deus. Para o autor a ética trata do bem supremo, que buscamos não por outras razões, mas por si mesmo e quando de sua posse termina toda a busca anterior por felicidade. Afirma que para algumas pessoas a ética do homem vem do corpo, para outros da alma e para outros das duas formas, conjuntamente. Entende que feliz não é o homem que goza do seu corpo ou da sua alma, mas sim aquele que goza de Deus, como o olhar goza da luz[2].

Para André Comte-Sponville o ser humano é possuidor de consciência e de valores que não dependem necessariamente da fé para existir e por essa razão podem contribuir para uma atitude ética[3].

CONCLUSÃO 

O ser humano como ser de projeto, está sempre em busca de algo novo para justificar e motivar a sua vida. A vida cotidiana tomou contornos tão diferentes nas últimas décadas que o homem raramente tem tempo para refletir. Nesse sentido os saberes filosóficos precisam ser revisitados com um olhar crítico em busca de auxílio para uma melhor compreensão da realidade. Todos os seres humanos buscam a felicidade e muitas vezes se esquecem do que é uma vida ética e que a grande finalidade de uma vida ética é o encontro da felicidade.

O conceito de felicidade e a busca pela felicidade são assuntos de grande importância dentro do universo filosófico. Ao longo de muitos séculos o assunto foi abordado das mais diversas maneiras por vários pensadores. Alguns elementos são identificados com certa frequência em muitas obras como a virtude, o bem, a sabedoria, mas alguns elementos não são universais, como por exemplo Deus e a fé. Isso ocorre porque o tema foi abordado por filósofos que não compartilham da mesma crença religiosa.

Da análise dos três filósofos é possível concluir que todos possuíam a mesma certeza quando escreveram seus textos, que todos os homens buscam a felicidade, alguns buscam a felicidade desesperadamente, mas todos os homens querem ser felizes e a melhor forma de se atingir a felicidade, é buscando uma vida ética, afinal como restou demonstrado, a grande finalidade da ética é atingir a felicidade, é conduzir o homem ao bem supremo e permitir que leve uma vida de equilíbrio.

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