UMA GERAÇÃO CHAMADA “Y”

22/05/2017 às 01:48
Leia nesta página:

Artigo de opinião.

Parece ser bizarro escrever sobre algo que vivo todos os dias no auge da minha juventude, mas se o que realmente nos define é a personalidade ou o intelecto, já podem me de chamar de vovô, porque apesar dos 20, sigo a casa dos 50 e levo a carga dos quase 80.

É bastante curioso o modo com envelhecemos; não sei se você já observou, mas nossa memória se dá o luxo de modificar algumas informações afim de  preservar nossa mente para algo que ela própria considera necessário. E é por esses acontecimentos que muitos de nossos vovôs e vovós já não recordam com tanta facilidade dos momentos mais remotos; esse impedimento é a mente guardando espaço disponível para uma nova informação na memória do seu portador.

Ela reserva o espaço ideal para uma lembrança que traga paz e elimina, na maioria das vezes, a que causou dor. Nomes e figuras marcantes, acontecimentos importantes, amores broxantes, dores repugnantes, todos selecionados minuciosamente em um trabalho que dura décadas de uma vida. A renovação perfeita de nosso giba mental.

É lógico que há casos e casos onde sofremos de perdas repentinas e até mesmo duradouras de memória, e em casos assim o recomendável é o auxílio médico. Quanto mais saudável a vida, mais fortificada a memória.

Mas você deve estar se perguntando: O que tem a ver ser jovem com a evolução da, aqui comentada, memória? Devo informar que tem tudo a ver. Tudo se liga ao ponto mais percebido da nossa história, a saber, nossa juventude. E é aqui, nesse exato momento que começo a falar sobre ser jovem no século XXI, com uma geração chamada “Y”.

Caro leitor, você já parou para pensar que o futuro é o espelho do passado, e que o passado é o seu passado?

Imagine você daqui a 30 anos; casado, com filhos, bem estruturado, com o trabalho dos sonhos, não sei. Todos lhe respeitam pelo cidadão que se tornou e se espelham na figura ilustre em bons exemplos que você é. Imaginou?

Agora, volte para o presente. Quem é você? Pesquisam comprovam que 85% das pessoas que possuem um futuro sadio, possuíram um passado sadio. Agora, e se você não possui um presente sadio, seu futuro será sadio? Talvez você esteja se perguntando: Sim, mas e a memória entra onde? A memória entra no exato momento em que você resolveu deixar o caos corrompê-la.

Recentemente, nós publicamos um texto sobre o avanço e acusamos ao sistema de nos moldar. Infelizmente, a juventude é o lado mais fraco desse jogo, é o consumidor vulnerável de todas as ofertas disponíveis. Você deve saber que a maior parcela dessa geração atual é a que menos age com responsabilidade de escolha. Provam de tudo, fazem de tudo, alegando ser normal e necessário para definir sua própria identidade, não olham os exemplos, não vislumbram o futuro.

Augusto Cury, em seu livro Mentes Brilhantes Mentes Fascinantes afirma algo relevante sobre o observar declarando ser inteligente a pessoa que aprende com seus próprios erros, mas é sábia a pessoa que aprende com os erros dos outros para nunca cometê-los.

Exceto nos momentos de estudos, a juventude brasileira é, atualmente, a que menos ler. Afirmamos juventude por ser maioria, e penamos em ter que observar isso. Em países sul-americanos como o Brasil, mais precisamente na Argentina, 9 entre 10 jovens já leram anualmente 24 livros, enquanto que no Brasil, 5 entre 10 jovens leram anuais metade da quantidade lida pelos jovens argentinos.

Ser jovem é a mais bela dádiva do corpo; é quando nossos ossos são fortes, a força é bem mais fugaz, o sorriso é atrativo e o papo prazeroso; mas muitos de nós já não vivem a filosofia juvenil, pois acham chatos os papos e diálogos sobre responsabilidades. Fogem do aprendizado. Vivem o desgaste intelectual em festas onde o que mais se valoriza é a alienação mental. Hoje, parar um jovem na rua e conversar sobre futuro, na maioria das vezes, é perda de tempo.

E a memória? Tem se desgastado aos poucos. O que mais preocupa ao campo sociológico é que os frutos dessa geração “Y” vai seguir rumo ao novo com as características do passado e vão, por mais tecnológicos que sejam, se revestir da imoralidade outrora viva.

Não é que vamos deixar de nos divertir, deixar de sair para comemorar, mas sim analisar o que se comemora, como se comemora e onde se comemora.

O ditado popular bem quisto já nos alerta em deixarmos um filho, plantarmos uma árvore, publicarmos um livro. O fato de sermos jovens não nos exime da responsabilidade de nossas escolhas e muito menos da obrigação de preservar para o futuro a memória do passado.

Trazemos por conclusão que nossa juventude deve ser revista. Essa liberdade democrática-republicana não é para nos levar ao fundo do poço, mas para nos fazer agir e raciocinar como sujeitos de direitos mais também obrigações. O Estado não vai sozinho cuidar de nossas vidas.

Pense sobre isso.

Recife, PE.

Assuntos relacionados
Sobre o autor
Aluizio Monteiro

Graduando em Direito pela UNINASSAU. Professor formado em Polivalência pela EPJANF - BARREIROS.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Mais informações

TEXTO PUBLICADO NO BLOG REFLEXÃO LEGAL reflexaolegal.wordpress.com

Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!
Publique seus artigos