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O método a serviço da criação: uma ferramenta auxiliar para o TCC e a monografia jurídica

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01/08/2017 às 09:15
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3. Motivação como Ferramenta ou Instrumento para Transpor Obstáculos: A Questão dos Bloqueios

Um exemplo, a partir da análise de dois elementos essenciais, é capaz de esclarecer melhor o assunto: a delimitação do tema e a tomada de posição.

A delimitação do tema é o destaque conferido a determinado(s) assunto(s) – o principal e as matérias àquele diretamente ligadas –, e não outros ou, ainda, a todos os demais.

A tomada de posição, por sua vez, decorre da impressão que o(a) autor(a) do Trabalho Acadêmico assume com relação ao tema, no caso do presente texto, a importância do método como meio de estímulo à criação e não ao contrário.

Em primeiro lugar: Parabéns! Quem chega ao momento de elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) ou de uma Monografia, é porque venceu uma série de exigências – inclusive o da frequência, se o Curso é presencial –, dentre eles, provas, seminários, entrega e apresentação de trabalhos, etc.

Por outro lado, a despeito de hoje se ter mais clara a percepção de que o(a) aluno(a) não é um mero beneficiário(a) – ou, mesmo, um simples participe –, do processo de aprendizado, para, ao longo do tempo, se transformar em coautor(a) ou co-criador(a) do conhecimento – cujo momento de síntese é formulação do TCC ou da Monografia –, isso não o(a) afasta dos momentos de dúvida ou incerteza quanto aos seus atuais limites e novos potenciais, o que, geralmente antecedem o trabalho de pesquisa, estudo e elaboração ou redação do TCC ou Monografia, podem atrapalhar, mais do que ajudar, isto é, se prestar mais ao desestímulo, do que ao estímulo útil ao(à) estudante.

Nesse sentido, alguns alunos(as), poderiam questionar, ora se a participação do(a) aluno(a) é tão importante, porque não poderia ter feito melhor durante o Curso: mais presença, mais participação, melhores notas, etc.

É sempre possível fazer melhor, contudo, a autocrítica ou a autoanálise, embora imprescindíveis, decorrem, justamente, de uma maior conscientização acerca do desenvolvimento ou do progresso realizado, pois o(a) aluno(a) se sabe diferente de quando iniciou a jornada da Graduação ou Pós-Graduação, só que agora surge um novo ou próximo desafio, daí porque é preciso manter a serenidade, a autoestima, para poder perceber a própria evolução no decorrer do Curso, novos conhecimentos, novas habilidades ou técnicas, novas experiências.

Assim, antes de se cobrar se avalie: qual era o seu entendimento – mesmo da(s) matéria(s) favorita(s) –, quando do início da Graduação ou da Pós-Graduação –, qual a sua compreensão do Direito e, mesmo, da Vida, na primeira e na última aula? Mudou, par melhor, não mudou?

Por fim, aqui parece interessante lembrar alguns pensamentos relacionados a esse contexto, segundo Buda “Toda grande caminhada começa com um simples passo” – no mesmo sentido Lao-Tsé: “Uma longa caminhada começa com o primeiro passo –, para Santo Agostinho "Mesmo que já tenha feito uma longa caminhada, sempre haverá mais um caminho a percorrer”.


4. Da Motivação ao Primeiro Passo: É Hora de Começar e Agora? Na Busca da Melhor Forma para Transmitir uma Ideia: A Delimitação do Tema. A Questão do Método

Ao iniciar uma carta ou um simples bilhete, surge, intuitivamente, a preocupação qual o melhor modo de transmitir a(s) ideia(s), sem perceber, portanto, o(a) aluno(a) lança mão do método, quando organiza os principais pontos num pedaço de papel ou, então, num pequeno espaço digital.

A elaboração de um “Texto Acadêmico”, embora revestido de maiores formalidades, funciona de forma parecida, ou seja, o “Esqueleto”, nada mais é do que um “Roteiro” para a exposição das principais ideias a serem desenvolvidas, tal como aponta Antônio Joaquim Severino:

[...] Antes de começar a explorar suas fontes documentais o pesquisador deve ter presente a estrutura geral de seu trabalho, anunciada no seu Projeto. Serão essas ideias que nortearão a leitura e a pesquisa que se iniciam. A visualização dessas etapas, base para a futura estruturação do trabalho final, é um valioso roteiro para o desenvolvimento da atividade investigativa. Obviamente esse plano é sempre provisório, podendo ser alterado em decorrência do próprio desenvolvimento da pesquisa.

Da posse de um roteiro de ideias, parte para a análise dos documentos em busca dos elementos que se revelem importantes para o trabalho. (SEVERINO, 2007: p. 144-145)

Destarte, após a apresentação do Projeto, para o qual se utilizou uma “Bibliografia Mínima”, é preciso ampliar o “Roteiro de Pesquisa”, para, em seguida, acrescentar novas obras ou referências necessárias à expansão do Trabalho Acadêmico, como aponta Rizzatto Nunes:

Com o esqueleto na mão chega a fase de preparação da bibliografia, atualmente intitulada `referências´.

Você começará com uma bibliografia mínima, construída a partir dos livros que consultou para decidir-se pelo tema e mediante anotação da própria bibliografia que é apontada nesses livros. Ela será completada no próprio transcurso da pesquisa bibliográfica e, também, posteriormente, durante as leituras dos textos selecionados.

Você deve sair para as bibliotecas e/ou livrarias com a bibliografia mínima preestabelecida. Ou então caso isso não seja possível a primeira coisa que você fará quanto chegar à biblioteca será elaborar essa bibliografia mínima. (RIZZATTO, 2013: p. 84)

Uma das formas mais frequentes de pesquisa é a prévia consulta por meio da internet, o que, todavia, não deve impedir o comparecimento do(a) aluno(a) à Biblioteca para ter acesso a livros e artigos de periódicos sobre o assunto.

Aqui, no entanto, embora constitua uma etapa fundamental, a do esboço do trabalho através do “Projeto de Pesquisa” ou ao “Plano Provisório”, o(a) aluno(a) não está vinculado aquele “Roteiro” ou “Guia”, para organizar as ideias”, aspecto, aliás, reiterado pela possibilidade de acréscimos às “Referências”, iniciadas pela indicação da “Bibliografia Básica” ou “Bibliografia Mínima”.

Todavia, isso não quer dizer que o “Projeto de Pesquisa” se mostre essencial apenas como instrumento metodológico destinado a delimitar e orientar o trabalho – o que, reitere-se, não deve impedir as naturais mudanças de direção ou de rumo decorrentes de seu próprio desenvolvimento –, haja vista a circunstância de que muitas instituições de ensino podem determinar regras no que diz respeito ao seu conteúdo ou seus elementos, pressupostos ou requisitos esses que pode ser acrescidos de determinada forma, além de local e data ou prazo para sua entrega como lembra Rizzatto Nunes:

Algumas escolas exigem que os alunos elaborem o chamado projeto de pesquisa ou projeto de monografia ao iniciarem o período final do curso, o que, na maior parte delas, se dá no início do 4º ano letivo.

[...]

Consigne-se, no entanto, previamente, que é preciso cumprir as normas estabelecidas pela escola em relação ao projeto. Nem todas elas estabelecem tais regras, mas há aquelas que a fixam e, nesse caso, é necessário cumprir o cronograma, ir às reuniões, atingir as metas, não perder prazos etc. (RIZZATTO, 2013: p. 34)

Assim, sem prejuízo à devida observância do cronograma determinado pela instituição de ensino, o que parece imprescindível é que o(a) aluno(a) se (pre)ocupe com a elaboração do TCC ou da Monografia ou troque ideias sobre o assunto com os(as) amigos(as) ou colegas, antes mesmo de se iniciarem os prazos para a apresentação do Projeto ou Plano Provisório.

Antes de avançar, contudo, é preciso escolher e, mesmo, delimitar o Tema – o assunto principal a ser pesquisado, tal como aponta Roberta Liana Pimentel Cajueiro, confira-se:

Delimitar significa limitar o espaço a ser pesquisado, ou seja, restringir, especificar um tópico ou problema envolvido na temática escolhida que será aprofundada na pesquisa. É fundamental a delimitação do tema, tendo em vista a grande quantidade de conteúdos dispostos relacionados a um tema. A limitação possibilita melhor desenvolvimento da pesquisa porque favorece e facilita a sua investigação e discussão quando se está focada em único problema. (CAJUEIRO, 2013: p. 51)

4.1 Emprego do Método: O Desenvolvimento a partir do “Projeto de Pesquisa”. A Elaboração e Redação do Texto observado o “Roteiro” ou “Esqueleto”

O “Esqueleto” ou o “Roteiro” é apenas um instrumento metodológico e, por isso, apenas serve de elemento de ligação ou, então, de “ponte” entre as diferentes questões a serem abordadas, porque ligadas a ideia central ou o Tema do trabalho, bem como identificar suas fontes ou referências de pesquisa.

Como se verá adiante, o tamanho da letra usada no “Corpo do Texto” deve ser maior do que o das referências, como forma de destacar o desenvolvimento dado pelo(a) aluno(a).

4.2 A Redação não precisa seguir uma ordem fixa

Assim, o(a) aluno(a) não é obrigado(a) a seguir a uma ordem fixa ou invariável, pelo contrário, parece mais eficaz cuidar, em primeiro lugar, do “Desenvolvimento”, ou seja, redigir as várias partes – seções ou subseções, capítulos ou subcapítulos, itens ou subitens –, o que propiciará ou trará um maior domínio sobre a(s) matéria(s), um facilitador para, num segundo momento, com o trabalho mais elaborado escrever a Introdução, a Conclusão e o Resumo juntos.

4.3 Elementos Textuais: Os Resumos de Leitura (RLs) e o conteúdo das Citações e Notas de Rodapé

Antes se mencionou que o Desenvolvimento do Trabalho propiciará maior domínio do assunto, daí porque se recomenda que a redação da Introdução (não antecipe as conclusões ou recomendações), da Conclusão e do Resumo em português (depois vertido para língua estrangeira), se faça num momento em que o (a) aluno(a) se sente mais desenvolto(a) no conjunto das matérias tratadas.

“É chegado, então, o momento de utilização dos relatórios de leitura [...].

Para redigir o texto, os RLs deverão estar todos à sua disposição. É importante, antes de iniciar a redação propriamente, dar uma `passada de olhos´ nos vários RLs, a fim de relembrar título, temas principais e grifos de anotações pessoais.”

Na medida em que você começou a escrever e a usar os RLs, vá separando-os e marcando-os para saber quais foram utilizados. No final, restarão RLs e trechos de RLs não adotados como material para a redação. Esses RLs deverão, então, ser lidos para descobrir se podem ou não ser úteis. (RIZZATTO, 2013: p. 143-144)

Aqui, entretanto, embora em momento bem anterior no que diz respeito ao Desenvolvimento do Trabalho, parece útil indagar: Como usar esse momento de forma favorável ao(à) candidato(a)?

Daí porque, parece importante sugerir ao(à) aluno(a)que se considere o “Esqueleto” para, em seguida, confrontá-lo, com os RLs.

A partir daí, mesmo que ainda não se sinta apto(a) a iniciar a redação do Texto, passe a relacionar e digitar os trechos considerados mais relevantes de cada matéria mantido, num primeiro momento, a sequência do “Plano Provisório”.

Veja não se trata aqui de recomendar a mera reprodução dos RLs, o que se almeja é que o(a) candidato(a) selecione o(s) ponto(s) mais relevante(s) de cada matéria e a partir daí consiga avançar paulatinamente, seja através da repetição do método, seja porque a partir disso foi possível melhor alavancar o assunto.

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Como se disse anteriormente, não se trata aqui de aconselhar a reprodução mecânica dos RLs.

O que parece aconselhável, em especial, em situações em que o tempo do(a) aluno(a) se encontre escasso é o de possibilitar a inclusão no Trabalho de pontos relevantes – numa dada etapa de seu Desenvolvimento e/ou Elaboração –, assim, acelerando ou incrementando o trabalho de elaboração do Texto.

Por fim, se no Curso do Desenvolvimento, determinado argumento vier a perder força e se tornar subsidiário poderá ser inserido nas notas de rodapé.

O Método ora apresentado pode trazer alguma dessas vantagens:

Aumento do nível de “saturação” do Texto para o(a) aluno(a), que segundo a metodologia tradicional fez uso dos RLs ou, simplesmente, se utiliza da técnica de estudar escrevendo.

Quebra o bloqueio para que o(a) candidato(a), que mais do que, simplesmente, iniciar, pois seu Trabalho em curso.

Embora não se possa assegurar tal resultado, a evolução do Trabalho aumenta a motivação e a confiança do(a) aluno(a).

A releituras do Texto – já com os acréscimos das citações -, costuma propiciar o surgimento de frases de abertura (nas quais se deve indicar o que virá na sequência da exposição) ou nas frases de ligação (nas quais se explica o teor da citação) e, mesmo, nas eventuais frases de fecho ou conclusão.


5. Por que fazer Citações e/ou Referências?

A razão de se fazer citações e/ou referências – isso sem esquecer a forma própria de colocar as “Referências Bibliográficas” na parte final do Trabalho –, se destina à identificação da origem das ideias ou premissas adotadas ou desenvolvidas pelo(a) aluno(a).

A partir daí, é que se observará o trabalho de pesquisa, bem como o grau de desenvolvimento e/ou elaboração alcançados pelo(a) autor(a) do Texto Acadêmico e, mesmo, a observância, das regras formais, parâmetros que serão levados em conta no momento da avaliação.

Sobre o tema, cumpre invocar a lição de Rizzatto Nunes, senão vejamos:

“Aqui mais uma vez o `esqueleto´ do trabalho será referência obrigatória. Ele será o guia que você utilizará para desenvolver o texto.

Pode acontecer, contudo, que você se sinta preparado ou esteja mais animado ou, então, com vontade de tratar do assunto que está anotado no que será o seu capítulo VI. Pode começar a escrever a monografia por aí? Pode.

Você começará de onde entender adequado e depois retomará o trabalho do início, conforme consta do `esqueleto´. Quando estiver de volta no Capítulo VI, o relerá para adaptá-lo aos anteriores.

O `esqueleto´, conforme já se disse, não  é elemento estanque de organização do texto. Ele é feito e pode ser alterado. Por isso antes de iniciar a redação releia-o todo. Cheque os capítulos, temas, títulos e subtítulos. Examine-o e desde já comece a trabalhar nele.” (RIZZATTO, 2013: p. 141)

Nesse passo, se mostra oportuno tratar das chamadas Partes do Trabalho Acadêmico, ou seja, seus Elementos Pré-Textuais, Textuais e Pós-Textuais

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Sobre o autor
Hugo Barroso Uelze

Advogado militante; Mestre em Direito da Sociedade da Informação pelo Centro Universitário FMU-SP; Especialista em Direito Civil pelo Centro Universitário FMU-SP; Especialista em Bioética pela Faculdade de Medicina da USP; Especialista em Direito Administrativo pela PUC-SP.

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

UELZE, Hugo Barroso. O método a serviço da criação: uma ferramenta auxiliar para o TCC e a monografia jurídica. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 22, n. 5144, 1 ago. 2017. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/59477. Acesso em: 26 abr. 2024.

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