Fundado em valores axiológicos, se faz mister a todo bom jurista agir com sapiência e cautela. A ciência do direito ensina a execução de um caminho lógico que prevê para toda conduta
reprovável por seu ordenamento uma sanção correspondente. Mas, caberá ao jurista a abedoria, a
sensibilidade de realizar esse silogismo de forma adequada, que leve em consideração, não só os
fatores da equação matemática a ser operada, mas todo um conjunto de circunstâncias que envolve
o agente e sua conduta.
Esta sapiência verifica-se (ou não) no momento criativo da legislação e no momento de sua
interpretação. O primeiro momento salienta o caráter científico do direito; o segundo momento
destaca sua caráter linguístico. Ora, enquanto ciência, o direito irá preocupar-se de estudar as
condutas que a sociedade não tolera, de regular as normas de convivência entre os indivíduos. Esta
é sua principal missão, vez que se abriu mão de uma parte de liberdade para que o convívio em
sociedade se estabelecesse.
Como linguagem, o direito se mostra na gama de possibilidades interpretativas que põe à
disposição dos seus operadores e no fato de esta ser o principal recurso do operador, tanto para
concretude da ciência jurídica como a transmissão do conhecimento desenvolvido. Sem a linguagem
não há comunicação, não há transmissão de conhecimentos, não há direito.
Embora seja, primordialmente, linguagem, não é possível afastar o direito da ciência e da
prudência. No fim das contas, vê-se que se está diante de uma tríade que somente se sustenta desta
maneira. Sem seu aspecto científico, o direito não evolui enquanto ciência que é, não transmite
sabedoria ao seu operador e, este não disporá de prudência para exercer a missão que lhe é
confiada. Sem prudência, de nada adianta a produção de conhecimento, pois como o jurista
selecionará o que não é contributivo ao desenvolvimento desta ciência? Por fim, sem a linguagem
não haverá transmissão de conhecimento, não haverá o amadurecimento das informações-
imprescindível para o agir prudente, cauteloso- e não existirá a tal falada jurisprudência.