O ensino a distância e seu papel na criação de “Agentes de Mudança”

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Este texto trata da importância do ensino à distância na formação de agentes de mudança, como proposta didático-pedagógica que suplanta barreiras geográficas, oportuniza acessibilidade à educação de qualidade e minimiza custos financeiros para o alunado.

Sumário: 1. A educação e o mundo globalizado: noções introdutórias; 2. A internet, a educação e o ensino a distância; 3. Benefícios do ensino a distância; 4. As instituições de ensino, o alunado e as boas posturas perante o Ead; 5. Os cursos Ead e suas atuações na formação de sujeitos de mudança; 6. Referências.

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1. A educação e o mundo globalizado: noções introdutórias.

Na atual sociedade, os mercados, as tecnologias, os produtos e as organizações estão sujeitos a mudanças constantes, seja na percepção de uma nova condição de inserção do ser humano no mundo, seja na forma de captação de aprendizados e experiências, seja no exercício cotidiano de novas habilidades práticas exigidas por um mercado altamente competitivo; todo este status quo de sobrevivência gera para a ‘educação’ também a exigência de adaptação e atendimento às necessidades deste novo mundo: um mundo todo “conectado em tempo real” (globalizado, em termos técnicos) e caracterizado por relações interpessoais de franca e grande velocidade na seara da comunicação e divulgação de informações, o que provoca intensa mudança de hábitos e culturas.

2. A internet, a educação e o ensino a distância.

Um dos instrumentos de maior importância (talvez o maior) como “causa” e “efeito” dessas citadas novas realidades de subsistência e de competição mercadológica é a internet – transformador dentre outras realidades, da concepção de educação e de seus métodos e procedimentos de exercício. Desde a sua criação, na década de 60, a internet vem se expandindo em uso e aplicação tecnológica com grande velocidade, e a “Educação” não ficou de fora de seus benefícios, principalmente no que tange aos chamados cursos de ensino a distância (Ead), em graduações e pós-graduações.

Vale destacar que o ensino a distância já possibilitou no passado, segundo ALVES (2007), maior acessibilidade ao conhecimento através cursos via rádio ou por correspondência, contudo, ele ainda é hoje uma das maiores oportunidades de aprimoramento profissional, ganhando fôlego renovado com a internet. É pública e notória, principalmente frente a velocidade da própria comunicação e divulgação de informações, a categorização da internet como novo instrumento de relação interpessoal. Certamente, os ideais de globalização se tornaram realidade cotidiana, frente à presença da internet na vida das pessoas.

O curso Ead, através da internet, tornou mais fácil a inserção das pessoas no meio acadêmico, nas faculdades e universidades, possibilitando maior acessibilidade a conhecimentos específicos, segundo casos concretos, e melhor qualificação profissional.

3. Benefícios do ensino a distância.

O tempo de locomoção ou de conclusão dos cursos presenciais e seus altos custos, seja no pagamento de mensalidades em instituições privadas, seja no custeamento de translados, lanches e materiais didáticos em instituições públicas e privadas, sempre foram verdadeiros óbices para a satisfação de necessidades profissionais e para a realização de sonhos e objetivos pessoais. Estudar em casa, certamente se apresenta como opção mais atrativa, e o ensino à distância virtualizado se torna, por isso, opção real.

Os cursos de Ead sempre oportunizaram, em suas modalidades, acesso à educação de baixo custo, flexibilidade nos horários de estudo e supressão de maiores deslocamentos. E com o advento da internet, esta modalidade de ensino se mostra ainda mais adequada para a formação de novos agentes transformadores de meio, proporcionando conhecimento e experiências para onde outrora reinava a desinformação, a inércia cultural e a aceitação – é a viabilização, simplificada e rápida, de novas formas de ensino, estudos e de acesso a documentos de aprendizagem, sem desconsiderar a importância e a existência do ensino presencial.

Segundo ALVES (2007), um curso Ead torna-se luz de conhecimento acessível para aqueles que, apesar de uma vontade intrínseca de estudar ou de continuar os estudos, não tinham oportunidade de ir até faculdades ou não tinham condições financeiras para tal. Por isso, hoje, sensíveis a tal necessidade derivada da globalização, muitas instituições de ensino superior já assimilaram em suas ofertas de cursos, a modalidade à distância (muitas instituições, inclusive, foram constituídas para oferecer esse específico serviço de ensino).

4. As instituições de ensino, o alunado e as boas posturas perante o Ead.

Não obstante aos benefícios e vantagens citados para um curso Ead, via internet, há de se destacar que o êxito de tal intento, ou seja, a boa formação profissional, criadora de sujeitos de mudanças em meio ao alunado, carece da necessidade de interação entre o discente e o sistema de ensino à distância, visto que para se adquirir conhecimento, o resultado almejado depende mais do próprio indivíduo que do ambiente. REZENDE (2017), em vídeo-aula criada para a UFLA, destaca este tipo de postura que o alunado precisa ter para a obtenção de êxito em cursos à distância (seja para uma melhor qualificação prática, seja para a obtenção do almejado título) – sem que ocorra "comprometimento", não haverá futuro promissor. Além disso, diante da peculiaridade do Ead em ser uma modalidade de estudo "mais solitária" do que a presencial, a responsabilidade e a criação de novos hábitos se fazem uma necessidade em nome da boa execução de um curso de qualidade, com resultados que girem no entorno do esperado. Não há contribuição efetiva de qualquer curso de ensino à distância, sem a dedicação e o comprometimento do alunado em seriamente aprender e se comprometer com o processo (UFLA, 2017).

Somado ao envolvimento discente, para que um curso Ead alcance, via internet, resultados positivos e significativos, salienta-se a necessidade de um ensino de qualidade e de fácil compreensão (quase de linguagem popular - claro, sem prejudicar a exposição de definições e conceitos técnicos / ou seja, de linguagem acessível), farto em exemplificações práticas (pela finalidade de aplicação na vida profissional cotidiana, os exemplos devem permitir agregação de conhecimento, numa órbita "teoria-prática”), diferentes tipos de didática, e que seja feito em um ambiente dinâmico.

Nesse viés, um curso Ead deve ser pródigo em aperfeiçoamentos constantes, rompendo uma práxis de mero repassador de conhecimento, oportunizando, portanto, novas experiências aos seus discentes! Simplesmente disponibilizar textos e vídeos não bastam para trazer ao alunado de Ead o status de "sujeitos de mudança"! É preciso usar da tecnologia Ead para criar senso crítico e atitude ético-profissional no corpo discente! As universidades e faculdades devem sempre estar atualizando sua realidade e tecnologia em favor do processo de ensino-aprendizagem Ead!

5. Os cursos Ead e suas atuações na formação de sujeitos de mudança.

Mas o que significa a expressão “sujeito de mudança”? E como um curso Ead pode, via seus instrumentos tecnológicos, transformar seu aluno em um “sujeito de mudança”? Segundo AZEVEDO (2013), o pensamento de Foucault gerou a fundamentação de 'sujeito de mudança' e "quando falamos em mudanças, englobamos todos os aspectos que foram possíveis mudar, tais como método de acesso ao conhecimento, possibilitando uma nova forma de pensar."  ANGELO (2017) mencionando frase de um escritor moçambicano chamado Mia Couto dá a expressão "sujeito de mudança" conotação interessante ao indicar que as culturas, de um modo geral, sobrevivem enquanto agirem como sujeitos de transformação e inteiração com outras culturas, fazendo referência ao papel desempenhado pelo atual governo de Minas Gerais frente a ações na seara da cultura (o que não é objeto de trato deste texto).

Em ambas as citações retro, a expressão "sujeito de mudança" permeia a idealização de um protagonista transformador de meio, e é este o significado que será adotado no presente texto para as contribuições que se seguirão em relação ao alunado de cursos Ead, e também, no que tange aos reflexos que cursos como esses poderão gerar no meio futuro e cotidiano do discente já formado!

Para que os agentes de mudanças surjam no sentido teleológico da palavra, os cursos Ead precisam possibilitar maiores (em tempo e quantidade) encontros com os docentes das disciplinas - o esclarecimento rápido de questões e dúvidas auxiliariam na aquisição de conhecimento e formação de senso crítico; a orientação constante e próxima advinda dos docentes, proporcionaria melhor capacitação técnica dos discentes.

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Além disso, os cursos Ead precisam auxiliar os discentes na aquisição das habilidades de diálogo e de interação e, para isso, atividades em grupo e instrumentos de debate, como fóruns e chats, precisam ser aprimorados e estimulados constantemente!

Em trabalhos em grupo, por exemplo, além dos registros de acesso e lançamento de informações, canais diretos entre os discentes de um grupo e entre os mesmos e os tutores e professores das disciplinas necessitam de links próprios nos locais de exercícios da chamada construção wiki! Isso melhoraria a qualidade deste importante instrumento e daria feedback rápido para as necessidades que surgissem da experiência em grupo vivenciada.

Por fim, links de chats diretos - estilo whats ou messenger - modernizaria o contato entre todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem Ead, o que só traria benefícios para o ideal de se criar sujeitos de mudanças, via cursos Ead. Essas espécies de interação e trocas de informações, nas quais as ideias de um complementam as ideias do outro, promovem reflexões positivas e negativas (esta última, no sentido de se tirar a lição aprendida do erro vivenciado) sobre as temáticas discutidas, revelando-se verdadeiras promotoras de agregação de valores para todos os envolvidos nesse específico processo de ensino-aprendizagem! E mais, se apresentam como viabilizadoras do diálogo e da construção conjunta de soluções para problemas e situações, ou seja, desde que com boa gestão de ensino, os cursos de Ead podem sim, permitir formação crítica, postura atuante e atitude mediatória e firme do alunado em diversas situações de suas vidas profissionais, norteando-os de maneira positiva para a ocupação de posições ímpares em suas comunidades – a de agentes transformadores de meio!

6. Referências:

ALVES, João Roberto Moreira. A história da educação à distância no Brasil. Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação. Ano 16, n. 82, junho de 2007. ISSN 0103-9449. Disponível em <http://ead.campusvirtual.ufla.br/pluginfile.php/32154/mod_quiz/intro/Texto%202%20-%20A%20Hist%C3%B3ria%20da%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20a%20Dist%C3%A2ncia%20no%20Brasil.pdf >. Acesso em 16 de outubro de 2017

ANGELO, Durval. Um governo que prioriza a cultura. Blog Brasil 247. Disponível em <https://www.brasil247.com/pt/colunistas/durvalangelo/311091/Um-governo-que-prioriza-a-cultura.htm >. Acesso em 18 de outubro de 2017.

AZEVEDO, Sara Dionizia Rodrigues de. Formação discursiva e discurso em Michel Foucaut. Revista Filogenese. Vol. 6, n. 2, 2013. Disponível em <https://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/FILOGENESE/saraazevedo.pdf >. Acesso em 18 de outubro de 2017.

BLOG UNA VIRTUAL. 9 habilidades desenvolvidas por alunos de cursos ead. UNA VIRTUAL Ensino à distância. Disponível em <http://blog.unavirtual.com.br/9-habilidades-desenvolvidas-por-alunos-de-cursos-ead/ >. Acesso em 18 de outubro de 2017.

GALUPPO, Marcelo Campos. Da idéia à defesa: monografias e teses jurídicas. Belo Horizonte: Editora Mandamentos, 2003.

REZENDE, Daniel Carvalho de. Educação à distância (vídeo-aula). UFLA/CEAD. Disponível em <http://ead.campusvirtual.ufla.br/mod/page/view.php?id=19570 >. Acesso em 16 de outubro de 2017.

UFLA. Perfil de alunos em curso à distância. UFLA/Ead Campus Virtual. Disponível em <http://ead.campusvirtual.ufla.br/pluginfile.php/32145/mod_resource/content/3/PERFIL%20DE%20ALUNOS%20DE%20CURSOS%20EAD.pdf>. Acesso em 18 de outubro de 2017.

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Sobre os autores
Leonardo Ferreira Vilaça

Mestre em Direito Empresarial pela Faculdade Milton Campos (FDMC). Mestre em Direito Internacional e Comunitário pela PUC Minas. Especialista em Direito Processual Civil pela Universidade de Itaúna (UIT). Especialista em Coordenação Pedagógica pela PUC Minas. Pós-graduando em Gestão Pública pela UFLA. Pós-graduando em Advocacia Empresarial pela PUC Minas.

Ilsa Mara Veloso

Especialista em Auditoria e Controladoria Financeira pela Universidade de Formiga/MG (UNIFOR). Tecnóloga em Gestão Financeira pelo IFMG. Pós-graduanda em Gestão Pública pela UFLA. Graduada em Administração pela PUC Minas.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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