Capa da publicação Análise do capítulo “Raças” do livro "Formação do Brasil contemporâneo" de Caio Prado Junior
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Resumo estendido do capítulo “Raças” do livro "Formação do Brasil contemporâneo" de Caio Prado Junior

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O presente texto traz análise do capítulo “Raças” do Livro "Formação do Brasil Contemporâneo" de Caio Prado Junior, onde é apresentado o processo de estruturação e evolução da sociedade brasileira no período colonial.

Resumo: O presente estudo traz uma análise acerca do capítulo “Raças” do Livro Formação do Brasil Contemporâneo de Caio Prado Junior, onde é apresentado o processo de estruturação e evolução da sociedade brasileira no período colonial. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica. Foi utilizado o método de pesquisa exploratório, do tipo qualitativo. As informações e fundamentações de cunho qualitativo foram colhidas em livros, bibliografias de artigos, dissertações, teses, Google Acadêmico e no próprio livro Formação do Brasil contemporâneo de Caio Prado Junior. Dessa forma, a presente pesquisa tem como objetivo principal contribuir, de alguma forma, no desenvolvimento crítico dos leitores, proporcionando, assim, uma nova compreensão sobre o assunto tratado, para que, também, analisem todo o processo de colonização sob uma nova ótica. Pretendendo alcançar o objetivo principal da pesquisa, adotou-se como objetivos específicos: apresentar as principais características do processo de evolução da sociedade brasileira; expor o tipo de população existente no Brasil no período colonial; demonstrar os motivos determinantes da miscigenação da sociedade brasileira, tudo isso a partir do ponto de vista do autor Caio Prado Junior. Os resultados obtidos apontaram a importância de estudarmos e entendermos o processo histórico determinante da cultura brasileira e quais as influências desse processo nas relações sociais do presente século.

 Palavras-chave: Raças. Colonização. Sociedade.


Introdução

O livro Formação do Brasil contemporâneo, de Caio Prado Junior, vem descrever todo o processo de estruturação do Brasil, retratando fatos e principais características da população, do tipo de administração, da economia, do território, da vida social, desde o período inicial da colonização até o início do século XIX.

Durante toda a abordagem dos temas trazidos pelo autor são expostas as principais mudanças que ocorreram no cenário brasileiro durante todo esse processo de formação e estruturação do Brasil. Desta forma, o autor tem como objeto central de sua obra os motivos condicionantes do “processo de transição entre a Colônia e a Nação” (LIMA, 2008, p. 117).

Esta obra é dividida em três partes compostas por: “Povoamento”, “Vida Material” e “Vida Social”. Estas se subdividem em quatro, nove e três capítulos, respectivamente. O capítulo “Raças”, inserido na primeira parte do livro intitulado como “Povoamento”, é o objeto de estudo da presente pesquisa, buscando entender como se deu o processo de desenvolvimento do Brasil colônia, o tipo de população existente no Brasil durante esse período de colonização, informações sobre o papel do “branco”, do índio e do negro nesse processo de colonização.

Dessa forma, a presente pesquisa tem como objetivo principal contribuir, de alguma forma, no desenvolvimento crítico dos leitores, proporcionando, assim, uma nova compreensão sobre o assunto tratado, para que, também, analisem todo o processo de colonização sob uma nova ótica.


Metodologia

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica. Foi utilizando o método de pesquisa exploratório, do tipo qualitativo. As informações e fundamentações de cunho qualitativo foram colhidas em livros, bibliografias de artigos, dissertações, teses, Google Acadêmico e no próprio livro Formação do Brasil contemporâneo de Caio Prado Junior.

Resultados e Discussão

O autor do livro inicia o capítulo apresentando a dificuldade em sistematizar o estudo sobre as “particularidades étnicas dos povos negros e indígenas do Brasil” (PRADO JUNIOR, 2000, p. 85).

Passando a explicação de que o branco que é tratado na composição da população brasileiro é quase totalmente de origem portuguesa. E o critério levado em conta para seleção dos colonos era primordialmente religioso, ou seja, a condição de ser cristão era o que importava para que tal pessoa se enquadrasse como colono. A nacionalidade era um critério secundário.

Santos (2011, online) afirma que “o sentido da colonização estaria nos três séculos de exploração metropolitana, nos fins mercantis e no povoamento necessário para a organização de gêneros tropicais rentáveis para o comércio”.

A colonização e as imigrações que aconteceram resultaram no surgimento de uma sociedade original, no entanto, essa sociedade era “baseada numa empresa do colono branco, de caráter mercantil, para produção de grande valor comercial, com trabalho de indígenas ou negros africanos” (SANTOS, 2011, online).

Tudo girava em torno da metrópole. Essa sociedade se voltava para o mercado externo. Com a imigração do Reino para o território brasileiro, mudanças acontecem. Além da imigração, que se deu de forma espontânea, surge a imigração de grupos familiares.

[...] destina-se unicamente à agricultura, e o seu estabelecimento é cercado de toda sorte de providências destinadas a facilitar e garantir a subsistência e progresso dos povoadores: as terras a serem ocupadas são previamente demarcadas em pequenas parcelas, fornecem-se gratuitamente ou a longo crédito auxílios vários, etc (PRADO JUNIOR, 2000, p. 89).

A partir dessas e de outros tipos de imigrações que estavam constantemente acontecendo é que se formou um núcleo de população branca, sendo estes maiores do que quaisquer outros grupos existentes na colônia. Além disso esse grupo era basicamente rural, interessado nas atividades da lavoura.

Surge então um problema: como aproveitar o indígena na obra de colonização? O autor explica que as relações que se estabeleceram entre os colonos e os índios não objetivava incorporá-los na colonização, que nunca foi uma aliança entre iguais.

O caso da colonização lusitana foi outro. Aqui no Brasil tratou- se desde o início de aproveitar o índio, não apenas para obtenção dele, pelo tráfico mercantil, de produtos nativos, ou simplesmente como aliado, mas sim como elemento participante da colonização. Os colonos viam nele um trabalhador aproveitável; a metrópole, um povoador para a área imensa que tinha de ocupar, muito além de sua capacidade demográfica (PRADO JUNIOR, 2000, p. 91, grifo nosso).

Outro problema enfrentado dizia respeito ao papel dos jesuítas, pois estes tinham interesses próprios relacionados aos índios, a saber, a propagação da fé. Os padres jesuítas, muitas vezes, agiam contra os interesses dos colonos. Mesmo diante dessa problemática, posteriormente, a legislação pombalina tende a aceitar a tese dos jesuítas acerca da liberdade dos índios e das necessidades que existiam de educá-los e ensiná-los sobre a vida em civilização e não ao de meramente submetê-los a atividades brutais e trabalhos forçados.

Um dos meios utilizados como interação entre esses povos era o cruzamento de raças, o incentivo aos casamentos mistos. O problema quanto ao tratamento dispensado aos índios é, por fim, resolvido pela legislação pombalina, onde desaparece a escravização do índio.

O que é incrementado agora neste cenário é o tráfico africano, e a mão de obra utilizada para tais atividades era quase que exclusivamente de índios. Porém, mesmo diante de todas essas mudanças referentes aos índios, e mesmo com as tentativas de equipará-los aos demais, tal povo ainda era tratado como bastardo, sendo constantemente alvo de discriminação por parte da raça dominante.

Mesmo diante disso, essa diferenciação entre esses povos estava diminuindo, pois a população indígena crescia significativamente e se misturava aos colonos. Um exemplo dessa “inclusão” se dá no caso da língua empregada, onde o português era raramente utilizado nas relações oficiais. A língua predominante e mais utilizada era o tupi. Dessa forma os índios vão aos poucos integrando a população geral e se confundindo com ela.

O autor afirma que “a mestiçagem, [...], e que constitui sem dúvida o seu traço característico mais profundo e notável, foi a verdadeira solução encontrada pela colonização portuguesa para o problema indígena” (PRADO JUNIOR, 2000, p. 98).

Mesmo diante desse cenário de mistura, o contato da população indígena com a população branca culmina numa eliminação progressiva dos índios. E, se não fosse esse processo de cruzamento praticado em larga escala, tal população já teria sido condenada a uma extinção total.

Encerrada a abordagem do papel do índio no cenário de colonização do Brasil, o autor aborda o caso dos negros. Afirmando que este é mais simples. Pois a imposição de escravidão a essa população nunca foi contestada. Dessa forma, não surgiram problemas nas relações com os brancos.

A contribuição da população negra nesse processo de formação do Brasil é mais significativo do que a da população indígena. A exemplo disso pode-se levar em conta a quantidade de negros introduzidos no território brasileiro, a saber, 6 milhões de indivíduos. Porém, duas circunstâncias desfavoreciam eles: o número de mulheres trazidas para o Brasil era muito pequeno, tendo em vista o fato de que os homens eram vistos como mais úteis para o princípio visado (trabalho); “em segundo lugar pelo fato de militarem contra as alianças com negros – as legais, bem entendido –, preconceitos que são muito maiores que no caso do índio” (PRADO JUNIOR, 2000, p. 106).

O autor afirma que durante a formação étnica do Brasil, existiu uma mestiçagem profunda, ocasionada pela mistura dessas três raças. Essas três raças contribuíam de diversas formas na formação do povo brasileiro: os brancos através da imigração; os negros por meio do tráfico; e os índios a partir da incorporação em blocos de colonização.

O autor afirma que:

A mestiçagem, signo sob o qual se formou a etnia brasileira, resulta da excepcional capacidade do português em se cruzar com outras raças. É a uma tal aptidão que o Brasil deveu a sua unidade, a sua própria existência com os característicos que são os seus (PRADO JUNIOR, 2000, p. 107).

Ou seja, esse processo de mistura é justamente a característica efervescente do povo brasileiro. Outro ponto importante abordado diz respeito a emigração portuguesa para a colônia. Essa se dava mais em caráter aventuroso. O número de mulheres que imigravam para as colônias era reduzidíssimo, quase que inexiste, isso facilitava o cruzamento com as mulheres de outras raças, mesmo elas sendo de posição social inferior.

O autor afirma que, mesmo apesar de toda essa mestiçagem, ainda existe um preconceito de cor muito grande neste país. E, na falta de dados quantitativos exatos acerca de quais preponderam sobre outras, ele afirma que a combinação branco-negro é a mestiçagem preponderante do povo brasileiro. A pureza vai sendo eliminada de forma apressada em face da mestiçagem por meio dos cruzamentos. E, mesmo diante disso, os novos “contingentes se distribuem na sociedade respeitando a situação existente. O preto e índio afluirão para camadas mais inferiores; o branco, para as mais elevadas; se não sempre de início [...]” (PRADO JUNIOR, 2000, p. 111-112).

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Por fim, o autor apresenta as variantes regionais como consideráveis também nesse processo de traços essenciais. Os negros dominam as regiões onde tem maior atividade econômica. O motivo? Por ser incorporado como escravo/trabalhador, era mais fácil para ele se fixar onde eram necessárias suas funções, ou seja, onde havia maior necessidade de mão de obra e onde poderiam pagar pelos seus serviços lá ele se fixava. Dessa forma, se concentraram principalmente nos centros agrícolas dos litorais.

Os brancos se fixavam nos grandes centros urbanos. No extremo norte é onde os índios predominam, em regiões de baixo nível econômico, onde a maior parte da atividade econômica é extrativa, dessa forma, o índio é mais adaptável a este cenário. Outra realidade interessante diz respeito a presença dos índios nos altos sertões do Nordeste, a exemplo os índios Cariris.


Considerações Finais

A presente pesquisa não tinha por intuito esgotar toda a discussão sobre o tema, mas apenas o objetivo de apresentar como se deu o processo de desenvolvimento e estruturação da sociedade brasileira, processo este apresentado de forma brilhante pelo autor Caio Prado Junior.

Nesta análise vimos que o autor apresentou a dificuldade de sistematizar as informações acerca das particularidades étnicas dos primeiros habitantes do Brasil colônia.

Depois de apresentar o processo de miscigenação desses povos, o autor finaliza o capítulo abordando os motivos que levaram cada um desses povos (negros, índios e brancos) a se fixarem em determinados territórios do Brasil.

O autor ainda apresenta uma crítica à sociedade brasileira, pois, mesmo sendo tão difícil a definição exata da raça do povo brasileiro, o mesmo ainda se mostra tão preconceituoso. Essa discriminação não é algo que ocorre apenas no presente, mas que, conforme as informações apresentadas pelo autor, diminuem e, depois, afloram novamente na sociedade brasileira.

A partir das informações apresentadas, faz-se necessário o conhecimento acerca da evolução histórica da sociedade brasileira para que compreendamos mais sobre as nossas origens, além de proporcionar uma reflexão crítica sobre o fato de que somos todos iguais e que nenhuma raça é superior a outra, pois o pensamento contrário só dificulta as relações humanas.


Referências

LIMA, Valéria Ferreira Santos de Alamada. Resenha Caio Prado Junior. “FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO: Colônia”. Revista Políticas Públicas. São Luís, v. 12, n. 1, p. 117-124, jan./jun. 2008. Disponível em:< file:///C:/Users/Jessica/Downloads/3847-12193-1-PB.pdf>. Acesso em: 14 de nov. 2017.

PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 2000.

SANTOS, Wéllia Pimentel. Formação do Brasil Contemporâneo – Caio Prado Júnior. Letras e Humanidades. 2011. Disponível em:< http://letrasehumanidades2011.blogspot.com.br/2011/11/formacao-do-brasil-contemporaneo-

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Sobre os autores
Jameson Bezerra da Silva

Estudante de Direito

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

ALENCAR, Jonatas Miranda ; SILVA, Jameson Bezerra. Resumo estendido do capítulo “Raças” do livro "Formação do Brasil contemporâneo" de Caio Prado Junior. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 23, n. 5510, 2 ago. 2018. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/62300. Acesso em: 29 mar. 2024.

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