Ponto de Mutação
O filme traz reflexões muito interessantes, principalmente se fizermos uma leitura do que temos vivido atualmente no Brasil e no mundo. A crítica ao modelo cartesiano e mecanicista de fato foi base para muitos avanços nos séculos passados, porém o resultado que hoje enxergamos no mundo mostram um cenário de horror. O individualismo que o sistema capitalista trouxe e suas marcas têm sido fatais. As últimas notícias do governo Trump, principalmente o anúncio da saída dos EUA da Comissão de Direitos Humanos da ONU deveriam chocar a humanidade, porém as outras nações assistem sem tomar ações relevantes. Outro ponto abordado, a ética na política, ao olharmos o Brasil atual, nossa tendência é desacreditar que seja possível uma mudança real, verdadeira.
Nossos políticos são excelentes oradores, dominam a retórica, porém governam pensando em seus próprios interesses. A decisão da cientista em abandonar o sistema e se refugiar numa cidade da Franca tem sua razão de ser, pois viu sua criação, na qual deveria servir à ciência, ser usada para outros fins (militares). É preciso repensar esse modelo consumista e maléfico, pois nosso ecossistema não vai suportar por muito tempo a degradação do meio ambiente. Na África existe um ditado que diz “eu sou porque nós somos”. A sociedade atual precisa compreender que nós de fato somos a soma dos demais humanos. Um sistema interligado, como é o corpo humano, que só é perfeito porque todas as partes do corpo funcionam em harmonia. É preciso entendermos que quando um sofre, o todo sofre. Não podemos agir como máquinas, como um relógio. Infelizmente no modelo mental atual, fazer essa virada é difícil, mas é preciso lutar, criticar, pensar, encontrar alternativas.
Esse modus operandi pode durar ainda alguns séculos, mas talvez não tenhamos mais tempo para recuperar o que foi destruído. Estamos num momento de transformação, de repensar esses “avanços” conquistados através da razão humana. Será que de fato avançamos? Estamos diariamente diante de ameaças de guerras, ataques, confrontos civis, tendo por trás apenas interesses econômicos.
Que possamos ser a mudança que tanto almejamos e que diariamente possamos escolher esse caminho mais humano, colaborativo e de respeito, com o meio ambiente, com os homens e com o sagrado. Ser ético é uma escolha diária, difícil, porém a vida só tem sentido quando conseguimos agir de forma ética nas nossas relações, sejam familiares, escolares, com amigos ou nos relacionamentos amorosos.