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Panorama histórico da filosofia política, da antigüidade ao período pós-revolucionário

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16/10/2005 às 00:00
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CONCLUSÃO

            A partir da exposição que fizemos de um breve panorama histórico das principais teorias políticas, desde a Antigüidade até o período pós-revolucionário, algumas observações têm de ser feitas.

            Em primeiro lugar, ao se falar em "Política", e mais especificamente em "Teoria Política" ou "Ciência Política", deve-se fazer uma distinção muito clara das diferenças entre Ciência e Filosofia Política; esta, como vimos até o momento, não se caracteriza como conhecimento científico, como se concebe o termo científico hodiernamente. O conhecimento científico tem pressupostos metodológicos muito peculiares, cuja ausência acarreta a sua classificação como conhecimento filosófico ou, em último caso, faltando mesmo os requisitos caracterizadores do conhecimento filosófico, como senso comum. Portanto, essa busca incessante por um sistema de governo ou um modelo de Estado ideal, nada mais é do que filosofia, e não Ciência Política.

            A Ciência Política, enquanto espécie do gênero "ciência social", caracteriza-se precisamente por utilizar-se dos métodos e metodologia próprios das ciências sociais, dentre as quais a sociologia, por exemplo. Possui um caráter muito mais descritivo dos fenômenos políticos, do que propriamente especulativo. Daí a razão do presente estudo terminar com a sucinta apresentação da teoria de Karl Marx. Evidentemente, muitos outros autores seguiram os estudos acerca do fenômeno político após Comte e Marx; entretanto, todos com um caráter e uma metodologia própria da Ciência Moderna criada por aquele. Os próprios autores citados aqui, Comte e Marx, não deveriam, pelo objetivo almejado por este breve estudo panorâmico, constar deste texto. Entretanto, julgamos que, para que o estudante recém-ingressado na Universidade, impossível seria compreender o alcance das teorias do Estado estudadas nas disciplinas introdutórias, sem ter ao menos uma mínima noção do pensamento desses autores.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

            ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 2.ed. São Paulo: Moderna, 2002.

            ARISTÓTELES. Política. São Paulo: Martin Claret, 2001.

            ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

            BARKER, Sir Ernest. Teoria política grega. 2.ed. Brasília: UnB, [s.d].

            BOBBIO, Norberto. Direito e estado no pensamento de Emanuel Kant. 3.ed. São Paulo: Mandarim, 2000.

            ____________. Teoria geral da política: a filosofia política e as lições dos clássicos. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

            COMTE, Auguste. Cours de philosophie positive. t I.

            EAGLETTON, Terry. Marx e a liberdade. São Paulo: Unesp, 1999.

            GOTTLIEB, Anthony. Sócrates: o mártir da filosofia. São Paulo: Unesp, 1999.

            GRAZIA, Sebastian de. Maquiavel no inferno. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

            JAEGER, Werner. Paideia: a formação do homem grego. São Paulo: Herder, 1969.

            MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 1999. Coleção "Os Pensadores": Maquiavel.

            MARTINS, Carlos B. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1982.

            PROCACCI, Giuliano. Prefazione. In.: "MACHIAVELLI, Nicollò. Il príncipe. 2.ed. Roma: Editori Riuniti, 1998.

            ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. São Paulo: Nova Cultural, 1999. Coleção "Os Pensadores": Rousseau, v. 2.

            VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. 2. ed. São Paulo: Difel, 1982. p.54-6.


NOTAS

          *

Preferimos o termo panorama a outros comumente empregados, como desenvolvimento ou evolução, por considerar que estes denotam ontologicamente um juízo de valor.

            01

JAEGER, Werner. Paideia: a formação do homem grego. São Paulo: Herder, 1969. p.181.

            02

VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. 2. ed. São Paulo: Difel, 1982. p.54-6.

            03

BARKER, Sir Ernest. Teoria política grega. 2.ed. Brasília: UnB, [s.d]. p. 66-7.

            04

GOTTLIEB, Anthony. Sócrates: o mártir da filosofia. São Paulo: Unesp, 1999. p. 7.

            05

Evidentemente, o termo "ciência" está aqui empregado de maneira figurada, pretendendo significar que deve-se a Platão o mérito de haver sido o primeiro a analisar o fenômeno político de forma sistemática e lógica, em contraposição às divagações míticas e/ou sofísticas de seus precursores. O termo, portanto, não está empregado no mesmo sentido que tem hodiernamente.

            06

ARISTÓTELES. Política. São Paulo: Martin Claret, 2001. p. 14.

            07

O movimento artístico-literário conhecido por romantismo foi inspirado em sua obra.

            08

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. São Paulo: Nova Cultural, 1991. Coleção "Os Pensadores": Rousseau, v. 2. p. 87.

            09

MARTINS, Carlos B. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1982. p.12.

            10

COMTE, Auguste. Cours de philosophie positive. t I, pp.2-3.

            11

ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. 5.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

            11

ARON, Raymond. op cit, p.129.

            12

EAGLETTON, Terry. Marx e a liberdade. São Paulo: Unesp, 1999. p.47.
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Sobre o autor
Rodrigo Andrade de Almeida

bacharelando em Direito pelas Faculdades Jorge Amado, em Salvador (BA)

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

ALMEIDA, Rodrigo Andrade. Panorama histórico da filosofia política, da antigüidade ao período pós-revolucionário. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 10, n. 835, 16 out. 2005. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/7417. Acesso em: 23 nov. 2024.

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