Breve análise sobre os institutos da herança jacente e vacante à luz do ordenamento jurídico brasileiro

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Resumo:


  • A sucessão busca a substituição de pessoas na titularidade de bens para manter sua função social.

  • O tema da sucessão em casos de transmissão causa mortis e não habilitação de herdeiros foi abordado.

  • Foram discutidas as implicações da herança jacente e vacante na sociedade brasileira.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

7. POSSIBILIDADE DE DECLARAÇÃO DE USUCAPIÃO EM RELAÇÃO A BEM IMÓVEL EM SITUAÇÃO DE HERANÇA JACENTE

A Jurisprudência vem trazendo a possibilidade da declaração de usucapião diante de bem imóvel em situação de herança jacente, sob o argumento de que antes da declaração de vacância, o Estado não é possuidor nem mesmo da propriedade resolúvel dos bens, como é exposto nas seguintes previsões jurisprudenciais:

CIVIL. USUCAPIÃO. HERANÇA JACENTE. O Estado não adquire a propriedade dos bens que integram a herança jacente, até que seja declarada a vacância, de modo que, nesse interregno, estão sujeitos à usucapião. Recurso especial não conhecido. (STJ, REsp 36.959/SP, Rel. Ministro Ari Pargendler, 3° Turma, julgado em 24/04/2001, DJ 11/06/2001 p. 196)

USUCAPIÃO. Herança jacente. O bem integrante de herança jacente só é devolvido ao Estado com a sentença de declaração da vacância, podendo, até ali, ser possuído ad sucapionem. Precedentes. Recursos não conhecidos (STJ, REsp 253.719/RJ, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, 4° Turma, julgado em 26/09/2000, DJ 27/11/2000 p. 169).

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CAUTELAR. SUSTAÇÃO DE PROTESTO. PRICÍPIO DA FUNGIBILIDADE. PRETENSÃO. POSSIBILIDADE. ART. 273, § 7º, DO CPC. 1. Faz-se possível deferir em sede de ação cautelar, medida de cunho satisfativo consistente na sustação de protesto de título, em face da fungibilidade existente entre medida cautelar e medida antecipatória. Interpretação do art. 273, § 7º, do Código de Processo Civil 2. Recurso especial provido. (STJ, 2009, on-line)

Portanto, entende-se, diante da jurisprudência já pacificada sobre o tema alhures exposto, que os bens que compõem a herança jacente só passam para o domínio público após a declaração de vacância desses, necessitando para a ocorrência do usucapião que o interessado comprove, antes da sentença de declaração de vacância dos bens, que o prazo prescricional aquisitivo se completou em seu favor antes da prolação de decisão que declare o bem em situação vacante. Logo, antes da declaração vacância, ou seja, durante o período de jacência, não há que se falar que aqueles bens deixados pelo de cujus são de domínio público.


8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, podemos concluir que a incorporação do patrimônio do de cujus pelo Estado somente ocorrerá após todo o trâmite processual descrito e desde que finalizado o prazo de cinco anos previsto para tornar a herança vacante definitiva. Nota-se, assim, que o legislador em todo o momento buscou possibilitar a habilitação de herdeiros ou credores que desconheciam do seu direito de modo que houvesse a continuação da função social daqueles bens.

Em vista disso, a herança possui dois efeitos, o primeiro deles é o resolutivo que ocorre quando ainda não se passou cinco anos da morte do de cujus até a sentença. O outro efeito é o definitivo, que acontece quando completado o período de cinco anos após a morte do antigo dono dos bens. Ou seja, há de ser levado em conta um lapso temporal marcado pela morte do de cujus, considerando o tempo de cinco anos antes e após o falecimento daquele cujo os bens são o objeto de discussão do presente trabalho.

Portanto, após o trânsito em julgado da sentença declaratória da vacância, não mais será possível haver habilitação do testamento. Há uma ressalva prevista no CC/02 referente a tal situação mencionada, previsão essa que possibilita que os credores do de cujus possuam o direito de pedir o pagamento das dívidas reconhecidas, nos limites das forças da herança, habilitando-se ao inventário ou por meio de ação ordinária de cobrança.


REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BRASIL. Código Civil Brasileiro. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>.Acessado em: 09 de junho de 2019, às 16h.

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BRASIL. Recurso Especial n°656.747-SP (2004/0060265-6). Disponível em: <https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/6366917/peticao-de-recurso-especial-resp-656747>. Acessado em: 07 de junho de 2019, às 18h.

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DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 6: direito das sucessões. 26° ed. – São Paulo: Saraiva, 2012.

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TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 8° ed.rev.ampl, e atual- São Paulo: Método, 2018.


Abstract: Succession is the act by which people are replaced in the ownership of assets seeking for the continuity of their social function. In view of this relationship, this article sought to make the topic clearer so that it was possible to glimpse the aspects of these successions in cases of causa mortis transmission followed by a non-habilitation of heirs in a timely manner. The article proposes to perform a brief analysis concerning the legislative and jurisprudential prediction about the inheritance in abeyance and vacant inheritance procedure and its implications in society. This is an exploratory, qualitative, bibliographic and documentary research. The explanation will take place around inheritance in abeyance and vacant that are not legal entities, but a collection of assets being that one described as a temporary phase of the inheritance which still does not have confirmed and determined heirs or is not even known about its existence. While this one will be a temporal gap between provisional and definitive, which in the case of elapsed time will generate the transmission of assets to the direct administration. Therefore, in light of the Brazilian Civil Code of 2002, the 5-year prescriptive term of the action that converted the vacant provisional inheritance into definitive will generate the incorporation of the assets by the State and the estoppel to the heirs who subsequently can come forward to claim it.

Key words : Inheritance in abeyance. vacant inheritance. sucession.

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Sobre os autores
Vitória Dreide Xavier Araújo Silva

Graduada em Direito pela Universidade Estadual de Montes Claros- UNIMONTES.

Rodrigo Dantas Dias

Advogado militante, Mestre em Direito Público, Pós graduado em Direito Processual, Direito Econômico e Direito Empresarial, professor de ensino superior em cursos de graduação e pós-graduação. Tem experiência em nas áreas do Direito Público e Privado.

Kevellyn Mariana Souza Fernandes

Graduanda do 7° período em Direito pela Universidade Estadual de Montes Claros-MG.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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