A inovação tecnológica já é parte da agenda de profissionais do direito e pode ser observado na mídia, em escritórios de advocacia, universidades e até mesmo órgãos públicos. Fala-se de uma mudança nunca vivida pelo jurista, que afetará cada vez mais a profissão e tornará a prática do direito algo irreconhecível em alguns poucos anos.
Uma quantidade inquestionável de soluções e ferramentas utilizáveis no cotidiano dos profissionais, oferecidas pelas chamadas lawtechs; de outro lado, observa-se o desenvolvimento exponencial de novas tecnologias que afetam profundamente as relações sociais, bem como as noções de tempo e espaço. Já não parece haver qualquer dúvida que o direito está em um processo de ressignificação e que abraçar a evolução é uma necessidade pujante para aqueles que desejam se manter relevantes em um futuro não muito distante.
Em um mundo cada vez mais conectado, problematizar o direito é uma necessidade não apenas para advogados, mas também para empreendedores e gestores, especialmente em grandes empresas.
Estados Unidos e Europa estão alguns passos à frente do Brasil quando o assunto é direito digital, no sentido de que eles já discutiram ou discutem questões que aqui ainda não foram problematizadas pelo poder público.
Um exemplo é o regulamento GDPR, uma lei cibernética europeia sobre proteção de dados pessoais que certamente terá influência na legislação brasileira.
Com a crescente digitalização dos processos de gestão e comunicação tanto em empresas privadas e repartições públicas quanto em operações pessoais, novas questões legais envolvendo o mundo digital continuarão surgindo no Brasil.
O advogado do futuro, no entanto, precisa criar um modelo de trabalho, considerando as novas tecnologias e desenvolvendo competências comportamentais. Só assim ele poderá construir um caminho mais fluido nos próximos anos.
Lava-jato, crise, eleições e corrupção são alguns dos ingredientes de um caldeirão que derruba o índice de confiança e faz a insegurança jurídica no País ser muito alta.
Com as multas vultosas, a crise financeira e de imagem que os desdobramentos da lava-jato trouxeram para as empresas envolvidas nos escândalos, o mercado de compliance no Brasil vem crescendo intensamente.
Inteligência artificial, ODR (Online Dispute Resolution), Blockchain, Legal Analytics, Machine Learning e Internet das Coisas são algumas das novidades em tecnologia que estão sendo incorporadas à gestão jurídica com o objetivo de melhorar a eficiência e, consequentemente, a entrega dos serviços.
Isso significa solucionar a velha dor de “fazer mais com menos”, ou seja: atividades operacionais como a gestão do contencioso de massa ou de processos trabalhistas, por exemplo, poderão ser delegadas aos robôs. Eles terão a capacidade de identificar processos semelhantes para protocolar e fazer uma petição de forma automática, sem o envolvimento de um advogado.
Quanto à rotina do escritório ou do departamento, soluções de automação ganham força na gestão jurídica. Esse tipo de tecnologia ajuda a gerar conhecimentos valiosos, permitindo acesso às publicações, jurisprudências e possibilitando a análise de dados internos, para melhor desempenho da área.
Com tantos desafios no cenário, a gestão jurídica apresenta oportunidades crescentes e para abraçá-las, algumas competências estão em alta, principalmente na questão comportamental.
Além disso, o trabalho do advogado do futuro será muito mais colaborativo. Um artigo publicado na Forbes avalia que os fundamentos da advocacia não devem sofrer grandes alterações, mas o que muda drasticamente daqui por diante, é como os serviços jurídicos serão prestados.
Dessa forma, os profissionais do Direito estarão cada vez mais conectados aos gerentes de projetos e especialistas de tecnologia, por exemplo, para co-criar soluções que alcancem as expectativas dos clientes e criem valor para o negócio.
O mundo jurídico não está à margem da 4° Revolução Industrial. Assim como todos os setores da economia, os advogados do futuro terão grandes desafios pela frente, mas têm nas mãos uma capacidade ímpar de liderar grandes mudanças na sociedade.
Nessa era digital, as demandas sociais são muito diferentes daquelas de alguns anos atrás. Por isso, o mercado jurídico precisa se adequar à essa nova realidade, permeada por relações de trabalho e pessoais diversas.
Por um lado, a inteligência artificial está provocando avanços tecnológicos que eram impensáveis há alguns anos. Já não se fala mais de captura automática de processos, mas de previsões de comportamento de tribunais. Jurimetria é uma realidade tão certa quanto o blockchain e o chatbot.
Todos esses recursos digitais interferem na forma como os advogados trabalham, colocando em pauta seu olhar para o futuro e para as formas de enxergar o negócio.
A primeira habilidade desejável em um advogado do futuro é sua capacidade aprimorada de relacionamento interpessoal. Na contramão da virtualização de boa parte dos relacionamentos, provocada pela transformação digital, os profissionais devem investir naquilo que pode ser seu diferencial humano. Afinal, a tecnologia pode fazer algo comum a todos os escritórios de advocacia ou departamentos jurídicos que a adota - mas o trabalho interpessoal jamais será substituído.
E desenvolver o relacionamento interpessoal passa por um novo modelo de trabalho e pelo o aprimoramento de competências comportamentais, como perfil colaborativo, empreendedor, dinâmico e inovador. Soma-se a isto a necessidade de ter uma boa visão de negócios para se adequar aos novos modelos.
O profissional deve se manter à frente de seu tempo, se preparando para antecipar as necessidades de seu negócio e de seus clientes. Essa é uma forma de atuação diferenciada, ágil, personalizada e consultiva, que possibilita ao advogado do futuro se conectar com mais facilidade ao seu cliente.
Uma era digital que traz inovações tecnológicas necessariamente provoca novos tipos de relação. Isso significa novas oportunidades de mercado para o advogado do futuro. E, para aproveitá-las, é preciso estar capacitado. Foi-se o tempo que saber Direito era suficiente para um advogado. Atualmente, é desejável que ele tenha habilidades que agreguem vantagem competitiva para o negócio, como o conhecimento acerca de novas tecnologias, programação, privacidade de dados, dentre outros.
O advogado do futuro é um profissional muito cobiçado no mercado diante de suas habilidades, e é preciso sempre aprimorá-las para se manter atualizado diante de uma realidade que se modifica a todo instante.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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