O AMOR (e Seu Correspondente Poder)

Exibindo página 1 de 2
06/04/2020 às 19:00
Leia nesta página:

O AMOR é o mais sublime sentimento humano e um especial presente que DEUS nos outorgou. Não é por outra razão que CRISTO, em Sua curta jornada terrena, fez questão de nos dar o exemplo do Seu amor, para, acima de tudo, lembrar que DEUS nos ama sempre e incondicionalmente.

“Somente o amor é capaz de se contrapor à insignificância existencial humana.” (REIS FRIEDE; Fragmento de Palestra Proferida na Aula Magna da Universidade Santa Úrsula em 25/04/2019)

Porém, mesmo com toda a força desse magnífico exemplo, os seres humanos continuam a confundir os sentimentos do amor e da paixão.

“Um simples vento pode extinguir o fogo da paixão; porém, nem a mais forte ventania pode apagar a chama do amor.” (REIS FRIEDE; Fragmento de Palestra Proferida na Aula Magna do Centro Universitário de Jaguariúna - UNIFAJ em 23/08/2019)

Paixão é uma simples e efêmera reação química com direito, inclusive, a uma certa dose de adrenalina. AMOR, ao reverso, é um encontro de almas; é a cristalização de DEUS em nossos corações, constituindo-se, pois, na única e verdadeira riqueza que nosso desmedido egoísmo tem (constantemente) impedido que reconheçamos.

“Apaixonar-se é (atribuir a outro ser) (...) (artificialmente) um deus infalível.” (JORGE LUÍS BORGES / 1899-1986, escritor argentino, citado no livro Em Defesa do Amor, de CRISTINA NEHRING, Rio de Janeiro, Ed. Best Seller, 2012)

O AMOR também se diferencia da PAIXÃO na exata medida em que, no primeiro caso, deixamos de nos colocar na posição de protagonistas, para nos guiarmos exclusivamente para a satisfação de outrem (abrindo mão, inclusive, do bem mais valioso que possuímos que é a nossa própria vida), ao passo que, na segunda hipótese, nos guiamos pelos nossos próprios interesses, ainda que procurando satisfazer outrem, em função do receio que temos de perder uma fonte de grande satisfação, realização e prazer pessoais.

Quando amamos, em certa medida, também nos anulamos (positiva e evolutivamente) como seres individuais; mas compensamos, com grandes benefícios, esta aparente contrariedade, posto que nos aproximamos do CRIADOR, provendo significado e beleza a nossa própria existência; e, mais do que isso, inaugurando a descoberta da verdadeira compreensão do sentido da vida.

“A salvação só é atingida quando se constrói relacionamentos sólidos, baseados no amor e na compreensão das diferenças e dos limites de cada um.” (HERTZFEL; apud SONIA NUKUI, Resenha do Livro A Cura de Schopenhauer, disponível em https://aprendendoapensarcomasociologia.wordpress.com/2011/04/17/resenha-do-livro-a-cura-de-schopenhauer/)

Entretanto, quando nos apaixonamos, de forma completamente distinta, apenas celebramos (ainda que de uma forma muito bem camuflada e, na maioria das vezes, até mesmo inconsciente) nosso profundo egocentrismo, a (permanentemente) nos fazer cobrar (e até mesmo exigir) uma necessária reciprocidade em relação às nossas ações, que se apresentam (aparentemente) direcionadas por um (pseudo) sentimento (altruístico) de amor, quando, em essência, apenas orbitam nossos mais mesquinhos (e empáfios) interesses pessoais.

Nessa toada, também, vale acrescentar que quem ama (em sua essência), - e não apenas se apaixona -, não se permite desempenhar o (odioso e incompatível) papel de carcereiro, considerando que, no contexto do verdadeiro AMOR, incumbe ao ser amado, única e exclusivamente, o atributo da fidelidade.

“Nunca devemos julgar as pessoas que amamos. O amor que não é (altruístico), não é amor.” (HONORÉ DE BALZAC / 1799-1850, escritor francês)

Não podemos mudar quem fomos (e de onde viemos), mas certamente podemos (sempre) escolher quem almejamos ser1 (e para onde desejamos ir); e, com toda a certeza, o único e verdadeiro instrumento para alcançar tais objetivos, (independentemente de meridianos e paralelos, e transcendendo a todas as crenças e barreiras culturais) chama-se (universalmente) AMOR.

“Nós não podemos mudar o passado, por mais terrível que ele tenha sido, mas, com certeza, podemos (constantemente) construir um futuro maravilhoso, por mais que isso possa parecer impossível no presente; sendo certo que o nome dessa fonte transformadora mágica responde pelo simplório nome de AMOR.” (REIS FRIEDE; Fragmento de Palestra Proferida na Aula Magna do Curso de Direito da FACIG em Manhuaçu/MG em 28/03/2019)

Destarte, o singular e autêntico poder real de transformação (e evolução) humana possui, - não obstante todas as tentativas de se estabelecer novas designações -, um só (e simplório) nome: AMOR.

“(...) O poder verdadeiro é o amor; o amor que eleva os outros, o amor que suscita iniciativas, o amor que nenhuma corrente pode prender, porque o amor é capaz de se fazer presente mesmo na cruz ou em um leito de morte. Ele não pede beleza juvenil, reconhecimento ou aprovação, dinheiro ou prestígio. Ele simplesmente flui e é irrefreável. (...)” (O Poder Verdadeiro é o Amor; Homilia, 25/05/2012)

Nesse diapasão, é também oportuno registrar que aceitamos sempre o amor que achamos que merecemos.

“Cada um tem a vista da montanha a que se propõe a subir.” (ÍCARO FONSECA)

Portanto, é fundamental que ouçamos apenas o coração (onde se encontra a voz do CRIADOR)2, impedindo que nossa (muitas vezes estúpida) racionalidade nos indique os (equivocados) atalhos que (apenas) nos conduzem à tristeza e à melancolia, - e até mesmo, em situações extremas, ao ódio e ao desamor -, em desfavor do caminho (correto e seguro), - e necessariamente distante do medo e da insegurança -, que nos direcione, de forma firme e derradeira, a uma vida plena e feliz.

“O ódio e o medo são as mais sombrias emoções humanas.” (ROSISKA DARCY DE OLIVEIRA; O Ódio, o Medo e a Mentira, O Globo, 16/06/2018, p. 14)

AMOR, portanto, é, em última análise, o único (e verdadeiro) objetivo finalístico (a ser persistente e permanentemente perseguido)3 para prover real e satisfatório significado à existência humana4.

“A busca e a conquista do amor é o único propósito que confere sentido à vida; somente depois que conhecemos o amor nos damos conta da mediocridade de nossa existência anterior.” (REIS FRIEDE; Fragmento de Palestra Proferida na Aula Magna dos Cursos de Direito da UNISUAM em 21/03/2018)

“Somente quando estamos amando percebemos que somos muito mais fortes do que imaginamos. Somente o amor faz a vida valer a pena.” (Ibidem)

Conforme preconiza BRADEN5, “o amor (também) exprime mais que um simples sentimento: é uma emoção que se traduz necessariamente em energia que, por sua vez, possui o poder de nos conduzir na direção desejada”. Para o festejado pesquisador (que estudou os manuscritos essênios, descobertos nas Cavernas de Qumran, no Mar Morto, em 1946, particularmente o Grande Código de Isaías), existem sempre vários futuros possíveis (para cada momento de nossas vidas) pelos quais sempre podemos optar (consciente ou inconscientemente) através de nossas emoções.

Portanto, como bem leciona TASIS6, sendo a vida descrita (simbolicamente) como uma linha, - onde uma das pontas é o nascimento e a outra a morte -, o que fazemos durante estes dois pontos é o que realmente possui relevância. Refletir sobre a própria finitude de nossa existência terrena7 (ou seja, sobre a morte) é o que permite efetivamente transformar nossas vidas e ressignificar tudo aquilo que nos rodeia8.

“A morte é o poder mais destrutivo que o gênero humano foi capaz de conhecer. Ela simplesmente elimina tudo e todas as coisas, com uma sede cruel e insaciável.

Porém, existe algo que a morte, apesar de sua incrível pujança, é simplesmente incapaz de suprimir. Trata-se de uma força tão poderosa, imanente ao DNA do CRIADOR, que é eternamente invencível e que (universalmente) responde pelo simplório nome de AMOR.

Destarte, o AMOR que nós recebemos, o AMOR que conferimos a outrem, e mesmo o AMOR que deixamos de dar (mas que ainda assim ostentamos a real vontade de outorgar) são projeções de uma potencialidade vital, reconhecidamente indestrutível.

Se é fato que a vida é incerta, em contraposição com a morte, que é (sempre) certa, por que não assentir (e, acima de tudo, celebrar) a singular capacidade do AMOR de ser eterno e, nessa especial condição, trafegar, sem cerimônia (e, portanto, sem pedir licença a quem quer que seja), em ambas dimensões de nossa concepção existencial, sobrevivendo tanto na vida como na morte, e, mais especificamente, no seio de nossas almas imortais?” (REIS FRIEDE; Fragmento de Palestra Proferida na Aula Magna do Curso de Mestrado em Desenvolvimento Local do Centro Universitário Augusto Motta – UNISUAM em 15/02/2019)

E, nesse sentido, é o AMOR a única emoção passível de nos indicar o melhor caminho a ser trilhado; concebendo, dentre os vários futuros possíveis, aquele que realmente é o corretamente almejado para nos prover a felicidade a que todos nós fazemos jus e que nosso CRIADOR, não obstante o livre arbítrio concedido, torce para que todos os seres humanos (ou seja, seus filhos queridos) venham a alcançar.

“Nunca é por demais lembrar que a verdadeira grandeza humana se encontra nos gestos mais simples. São as pequenas coisas que nos fazem grandes.” (REIS FRIEDE; Fragmento de Palestra Proferida na Aula Magna dos Cursos de Direito da UNISUAM em 21/03/2018)

Mas é cediço reconhecer que o AMOR também possui variadas leituras e distintas definições (ainda que apenas diferentes em seu contexto formalizante), sendo certo que, em todas elas, resta conclusiva (explícita ou implicitamente) a necessidade de sua conquista, posto que o AMOR jamais pode ser obtido por simples desejo egoístico ou mesmo de forma impositiva.

“O amor é como a fé, jamais pode ser obtido pela força.” (ARTHUR SCHOPENHAUER - 1788/1860, filósofo alemão do século XIX; Do Amor)

Como bem lembra ÉMILE-AUGUSTE CHARTIER, amar é “descobrir a nossa própria riqueza”.

Segundo BENJAMIN DISRAELI, “nascemos para amar; o amor é o princípio da existência e sua única finalidade”.

SANTO AGOSTINHO lembra, oportunamente, que “a medida do amor é amar sem medida”, sendo certo, como ensina o cristão WILLIAM SHAKESPEARE, que “o amor pobre é aquele que se pode (e se consegue) mensurar”.

Se, por um lado, ser amado por alguém nos dá força, amar alguém nos outorga a coragem9, outra grande virtude tão bem apreciada pelo nosso CRIADOR.

ALBERT EINSTEIN esclarece que “se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor, lembre-se: se escolher o mundo ficará sem o amor, mas se escolher o amor, através dele conquistará o mundo”.

MADRE TERESA DE CALCUTÁ, em sua infinita sabedoria, afirmou que “quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las”.

É sempre oportuno (e nunca é por demais) lembrar (e registrar) que gostar de alguém, - ou mesmo se apaixonar -, pode ser imediato; instantâneo e, neste sentido, necessariamente efêmero. Amar, entretanto, é (sempre e objetivamente) uma concessão; é uma edificação que nos permitimos, a partir de fundações que se estruturam com o passar do tempo, erguer e, com toda a força de nossos mais sublimes sentimentos, conservar.

Nessa trilha, é cediço reconhecer que o AMOR é um sentimento de ampla permanência que se exterioriza de forma incondicional e, portanto, não pode sofrer qualquer tipo de pressuposto, consoante as próprias lições que CRISTO (e tantos outros importantes profetas, reconhecido pelas mais variadas religiões) muito bem soube transmitir para toda a humanidade.

Assine a nossa newsletter! Seja o primeiro a receber nossas novidades exclusivas e recentes diretamente em sua caixa de entrada.
Publique seus artigos

Não é por outra razão que sempre é correto afirmar que o AMOR dispensa a pretensa imprescindibilidade de instituições10 (ainda que estas possam ser importantes instrumentos de irradiação) e, sobretudo, títulos (esposa, filhos, pais etc.), mas exige, em contrapartida, imprescindível protagonismo; afinal, amamos, sempre e necessariamente, seres especiais, ou seja, a obra prima de DEUS: o gênero humano11.

O AMOR também é eterno, posto que mesmo que a pessoa amada deixe de existir no mundo físico, o amor que nutrimos por ela sempre irá prosperar, posto que o mesmo transcende (necessariamente) a esta inerente limitação para perpetrar o mundo espiritual.

“Jamais podemos nos esquecer que somos essencialmente espíritos vivenciando uma oportunística experiência humana e não propriamente humanos existindo terrenamente através de uma experiência espiritual.” (PIERRE TEILHARD DE CHARDIN; Mundo, Homem e Deus, Textos Selecionados e Comentados por LUIZ ARCHANJO, Ed. Cultrix, São Paulo, 2ª ed., 1980)

O AMOR, igualmente, exige uma certa dose de percepção (e transcende à limitada e pouco entendida questão das “preferências humanas”12). Precisamos estar sempre atentos para enxergarmos e interpretarmos corretamente a sua presença. Muitas vezes ele está ao nosso lado (e ao alcance de nossos olhos) e simplesmente não o vemos, apenas e tão somente porque não estamos abertos para percebê-lo13. Destarte, é importante destacar que CRISTO foi muito habilidoso em demonstrar a importância da fé e da crença14, particularmente no amor (ou, em termos mais precisos, a partir do amor); seja o amor a DEUS, seja o amor ao próximo. Afinal, não se pode (conceder a possibilidade de) amar sem acreditar no amor.

“Sempre devemos ouvir o coração, posto ser esse a única e verdadeira garantia que temos para alcançar a verdade absoluta, desnudando as armadilhas que a mente e todo o nosso arcabouço racional podem camuflar; lembrando que aquilo que aparenta ser mentira pode ser a verdade, e somente o coração (onde se encontra o espírito do CRIADOR) tem o efetivo poder de revelar.” (REIS FRIEDE; Fragmento de Palestra Proferida na Aula Magna dos Cursos de Direito da UNISUAM em 21/03/2018)

O AMOR, outrossim, é algo que não pode ser (simplesmente) percebido pelos nossos limitados cinco sentidos básicos. Ou seja, o AMOR é translúcido aos olhos, é inaudível aos ouvidos, é imaterial ao tato, além de imperceptível ao nosso paladar e inodoro ao nosso olfato. Mas ao mesmo tempo, e contraditoriamente, ele é inabalavelmente real (não obstante invisível e silencioso) e sutilmente compreendido (e assimilado) pela conjugação de todos os cinco sentidos simultaneamente ou, para muitos, pelo que se convencionou chamar de sexto sentido, sendo (comumente) celebrado através da outorga de presentes (e não por simplórias recordações)15.

Curioso observar que (historicamente) os romanos (perdoados pelo amor infinito de nosso CRIADOR) pretendiam fazer de CRISTO um exemplo, mas acabaram por transformá-lo em uma inspiração, tornando-o, em última análise, verdadeiramente imortal.

“(...) Aquele JESUS que era fraco e insignificante aos olhos dos políticos e dos poderosos da Terra revolucionou o mundo.” (O Poder Verdadeiro é o Amor; Homilia, 25/05/2012)

Por fim, nunca devemos nos esquecer que nosso CRIADOR, através de CRISTO (e de tantos outros emissários16) não nos pediu muito. Ele só pediu que humildemente amássemos uns aos outros. Ele mostrou, em última análise, o caminho do AMOR para a superação de nossas angústias e o aperfeiçoamento e desenvolvimento de nossa humanidade e, fundamentalmente, para a almejada conquista do Reino dos Céus.

“Quanto maiores somos em humildade, tanto mais próximos estamos da verdadeira grandeza e do genuíno AMOR.” (RABINDRANATH TAGORE)

Assuntos relacionados
Sobre o autor
Reis Friede

Desembargador Federal, Presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (biênio 2019/21), Mestre e Doutor em Direito e Professor Adjunto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Graduação em Engenharia pela Universidade Santa Úrsula (1991), graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1985), graduação em Administração - Faculdades Integradas Cândido Mendes - Ipanema (1991), graduação em Direito pela Faculdade de Direito Cândido Mendes - Ipanema (1982), graduação em Arquitetura pela Universidade Santa Úrsula (1982), mestrado em Direito Político pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1988), mestrado em Direito pela Universidade Gama Filho (1989) e doutorado em Direito Político pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1991). Atualmente é professor permanente do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Local - MDL do Centro Universitário Augusto Motta - UNISUAM, professor conferencista da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, professor emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército. Diretor do Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF). Desembargador Federal do Tribunal Regional Federal da 2ª Região -, atuando principalmente nos seguintes temas: estado, soberania, defesa, CT&I, processo e meio ambiente.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!
Publique seus artigos