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Dilemas éticos e a possibilidade do desvio de conduta

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07/07/2020 às 14:45
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8 – CONCLUSÃO

Por mais desagradável que seja, conforme acima visualizado, as pessoas, provavelmente, encontraram dilemas éticos em suas vidas, no seu local de trabalho, em seu ambiente familiar, no convívio com os amigos, nos bancos escolares, durante a vida estudantil, etc.

A humanidade é, constantemente, confrontada pelos dilemas éticos. Profissionais das mais diversas áreas e setores, desde as donas de casa, as mães, os pais, os tios, os filhos, os avós, os chefes de repartição, os profissionais, os trabalhadores, os servidores públicos, os empregados, os empregadores, os governantes: não importando se, no lado pessoal ou profissional e acadêmico, esses dilemas surgem e, a depender do caso, geram profundas reflexões.

Para muitas pessoas pode parecer que tomar uma decisão ética se resumiria em ouvir a intuição, ou mesmo a bússola interna de cada um. Porém, os dilemas éticos, como visto, influenciam, diretamente, na conduta; assim, convida o cidadão que irá tomar a decisão, a verificar o que se encaixa na sua sociedade, na sua família, na sua escola, ao seu ambiente de trabalho, ao empregador.

Os seres humanos tomam decisões éticas ou não éticas, todos os dias, durante o curso regular de suas atividades privadas, profissionais e públicas, sendo relevante que as pessoas se esforcem para tornar seus sistemas decisórios, funcionalmente, corretos e seguros. Embora ninguém possa resolver todos os dilemas éticos, é importante saber que há suporte e recursos disponíveis para a busca de soluções, em necessidade. Somos todos responsáveis por envidar nossos melhores esforços em projetos éticos e seguros!

Se houver dúvida entre uma atitude e outra, esse dilema ético pode, entre as várias maneiras, ser resolvido, da seguinte forma:

  • 1.º A pessoa pode identificar o problema mas precisa fazê-lo com precisão.
  • 2.º A pessoa pode expressar todas as emoções análogas à sua dúvida. Ela pode escutar todas as suas emoções, conhecendo o aspecto emocional envolvido ao problema. Assim, aquele que está sob um dilema ético deve buscar e pensar nas alternativas possíveis.
  • 3.º A pessoa pode analisar as opções, verificando quais são as suas alternativas.

A análise de nossas atitudes pode representar os primeiros movimentos para que nossa vivência em sociedade seja mais valiosa, ética e íntegra.

Como dito, a ética é um sistema de princípios que pode auxiliar cada pessoa a distinguir o certo do errado, o bem e o mal.

A ética permite o fornecimento de orientações reais e práticas para a vida em coletividade e individual. Os valores éticos, como honestidade, confiabilidade e responsabilidade, ajudam e servem como guias para que as pessoas localizem um caminho e consigam lidar, de maneira mais eficaz, com os dilemas éticos, eliminando os comportamentos que não estão de acordo com o senso de certo e errado; assim, os melhores interesses racionais não sacrificam os outros.

A ética e seus reflexos na conduta estão apoiados nas escolhas feitas pelos indivíduos.

Toda prioridade feita tem consequências. Por isso, o maior desafio de um dilema ético é que ele não oferece uma solução óbvia que cumpra as normas éticas, como já dito acima; cada pessoa deve buscar refutar o paradoxo. Além disso, deve observar seus valores, princípios e propósitos. Adicionalmente, para maior segurança na decisão, cada indivíduo deve procurar encontrar soluções alternativas aos dilemas encontrados.

Por toda a abordagem, às vezes, é difícil compreender porque algumas pessoas desviam suas condutas do padrão tido como certo. Um pensamento é que essas pessoas têm" pontos cegos " no que diz respeito à ética. Esses pontos cegos podem ser apresentados como as lacunas entre quem a pessoa quer ser e a pessoa que ela realmente é. Em outras palavras, a maioria de nós quer fazer a coisa certa mas as pressões internas e externas atrapalham.

Muitos especialistas em ética dão menos ênfase ao aprendizado de regras filosóficas e, em vez disso, enfatizam a importância de desenvolver bons hábitos de disposição de caráter para fazer a coisa certa no lugar certo, na hora certa e da maneira certa. Todo o panorama sobre Ética consegue constatar que o paradoxo ético permite o Desvio de Conduta intencional ou não. O desacordo da filosofia moral é extremamente comum.

Pelo exposto, a ética nos permite explorar as questões da vida pessoal e profissional, de maneira sincera, racional, competente e honesta.

De acordo com a referência literária, para ser uma pessoa ética é necessário ter responsabilidade pelas suas ações. Pelo contexto, uma pessoa que tem ética possui traços como honestidade, bondade e generosidade.

A liberdade de escolha está relacionada à consciência moral e gera responsabilidade, salvo se não houver anteposição. Por isso, deverá haver muito cuidado ao se realizar julgamentos sobre as atitudes de cada pessoa, pois o “julgamento” é uma faculdade humana. Prestar um veredito sobre o justo e o injusto, o correto e o errado, o certo e o incerto é o que nos distingue dos seres irracionais, dando valor a uma coisa que se apresenta.

Para que esse estudo ético tenha continuidade, é fundamental aprender mais sobre ética e procurar refletir sobre as fontes éticas, inclusive as suas próprias. É necessário observar e compreender, com os preceitos de ética existentes, além de elaborar a construção de valores próprios.

A capacidade de transformação do mundo começa pelo ser humano, dentro de seu próprio lar, de sua peculiar comunidade.

O conhecimento sobre os dilemas éticos pode mitigar os desvios de conduta. Não importa, assim, o paradoxo da filosofia moral; cada um de nós precisará admitir a sua responsabilidade, pois o sucesso e o fracasso de nossos lares, de nosso país e do mundo é o encargo das nossas decisões. Cada indivíduo tem sua parcela de contribuição pelas consequências, pois somos parte do sistema e de tudo aquilo que ocorre nele.

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Os preceitos éticos podem e devem ser fortalecidos, diariamente. É obrigação da humanidade, buscar a empatia e o altruísmo. É atribuição individual de cada um, abraçar a honestidade e respeitar o direito dos outros. Todos nós devemos honrar nossas promessas e fazer cumprir nossas palavras.

Sejamos cada dia mais éticos, mais íntegros, dignos, honestos, honrados, corretos, certos, decentes, probos!


Algumas referências utilizadas:

CAMARGO, Marculino. Fundamentos de ética geral e profissional, 2. ed. SP: Vozes, 1996.

DUBRIN, A. J. Fundamentos do comportamento organizacional. Trad. James Sunderland Cook e Martha Malvezzi Leal. São Paulo: Thomson, 2003

FERREIRA, A. B. H. Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa. 6. ed. rev. Atual. Curitiba: Positivo, 2005.

HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, RJ: Objetiva, 2001.

MATTAR NETO, J. A. Filosofia e ética na administração. São Paulo: Saraiva, 2004.

SÁ, Antônio Lopes de. Ética Profissional. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2001.

VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. 7ª edição Ed. Brasiliense, 1993.

VALLS, Álvaro L. M. O que é ética. 9ª edição Ed. Brasiliense, 2000.

VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. Tradução de João Dell'Anna. 22. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

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Sobre a autora
Elise Eleonore de Brites

Professora, Palestrante. Advogada, Administradora com formação em Auditoria Líder em ISO 19600 e 37001. Trainer. Coach. Hipnoterapeuta. Agente de Compliance. Pós-graduada em Português Jurídico, bem como em Direito Público com ênfase em Compliance. Estudou no Tarsus American College - Turquia. Foi fundadora da Associação Nacional de Compliance – ANACO. Membro da Comissão de Combate à Corrupção e da Comissão de Compliance da OAB/DF. Vice-Presidente da Comissão de Legislação, Governança e Compliance da Subseção da OAB de Taguatinga. Desde dezembro de 2019 é Agente de Integridade na Assessoria Especial de Controle Interno do Ministério da Justiça. É Analista Superior de uma Grande Estatal Brasileira. Atuou como gestora em entidades públicas e privadas por vários anos. Criteriosa Civilista e Criminalista com vigoroso trabalho na área da Conformidade. Profissional com vários anos de experiência no assessoramento de líderes, alta gestão, bem como auxílio jurídico, incluindo as políticas anticorrupção e a implementação do Programa de Integridade. Com forte atuação nas áreas de Governança, Gestão de Riscos e Compliance, tanto no setor público, quanto no privado. Conferencista, Debatedora e Palestrante nos mais variados temas. É Instrutora do Procedimento de Apuração de Responsabilidade - PAR; Gestão do Programa de Integridade; Código de Conduta e Integridade; Sistema de Compliance entre outros. Sólidos conhecimentos na condução de assuntos de gestão, sobre anticorrupção e mitigação à fraude e due diligences de terceiros, com análise, revisão e implementação de programas de conformidade. Vasta experiência com organismos internacionais no Brasil. Em suas atividades cotidianas, analisa e revisa pautas, constrói mapeamentos de Compliance, realiza auditorias, prima pela aplicação de metodologias de Compliance, trabalha com a aplicação de penalidades, faz investigações in e out company, realiza treinamentos e cursos internos e externos entre outras tarefas atreladas ao cumprimento normativo nacional.

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

BRITES, Elise Eleonore. Dilemas éticos e a possibilidade do desvio de conduta. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 25, n. 6215, 7 jul. 2020. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/83761. Acesso em: 19 abr. 2024.

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