1. INTRODUÇÃO
Conta a história que o sequestro do empresário Abílio Diniz ocorreu na manhã de segunda-feira do dia 11 de dezembro de 1989, na oportunidade em que o empresário saía de sua residência para o trabalho, dirigindo o seu próprio veículo, pois, embora milionário e vivendo luxuosamente, não se utilizava de motorista particular.
Na precitada data, quando o empresário deixava sua residência, já a pouca distância do seu lar, um veículo Chevrolet Caravan, camuflado de ambulância, bloqueia o veículo de Diniz na esquina entre as ruas Sabugi e Seridó, no bairro Jardim Europa, na capital do Estado de São Paulo, quando guerrilheiros profissionais cercaram o carro e tomaram de assalto o empresário, que procurou resistir abrindo parcialmente a porta do seu carro, sacando seu revólver com mira apontada para a ambulância, mas foi impedido, em face do seu veículo ter sido atingido pela traseira por um veículo Opara, conduzido por uma mulher.
Em ato contínuo, um dos sequestradores com trajes de policia golpeou a cabeça de Abílio Diniz, com uma coronhada de revólver, enquanto que outro sequestrador ingressou pela outra porta do carro, apoderando-se o revólver do empresário. Embora tenha empregado resistência, Abílio foi levado para o interior da falsa ambulância, com suas mãos é pés amarrados com arame, além do uso de um capuz em sua cabeça.
Durante o percurso da viagem, não houve comunicação entre os sequestradores, tampouco com o sequestrado. Passadas certas horas transitando na cidade, o sequestrado foi colocado em outro carro de quatro portas, sendo amparado sobre o colo de três sequestradores, que estavam no banco de trás do veículo.
Em seguida, os sequestradores trocaram de veículo, desta feita para uma Kombi, conduzindo-o para o destino final, que seria seu cárcere privado, no caso, uma casa situada na Praça Hashiro Miyazaki, no bairro do Jabaquara, Zona Sul de São Paulo, onde o empresário foi conduzido para o subsolo do cativeiro e no local tiram suas roupas e deram-lhe uma calça de abrigo (moletom) para vestir.
No momento em que foi retirado o seu capuz, o empresário observou que se encontrava em um cubículo recém-construído e no seu espaço havia uma porta, um vaso sanitário, um colchonete, um alto falante e um tubo por onde o ar era circulado.
Veículo disfarçado de ambulância, usado por guerrilheiros no sequestro
Passados algumas horas, o empresário recebeu das mãos de um dos sequestradores um papel contendo instruções e regras para serem seguidas. Dentre elas, Abílio deveria ficar sempre de frente para a parede, quando alguém batesse na porta, enquanto toda a comunicação entre o sequestrado e sequestradores deveria ser por meio de bilhetes.
O empresário foi instruído, também, para não tentar resistir, uma vez que os sequestradores tinham o controle total da situação, oportunidade em que o empresário falou o seguinte:
Não vou criar problemas. Vocês venceram e sei quando estou derrotado. Vamos procurar atingir os objetivos pelo caminho mais rápido, no interesse de vocês e no meu.
Porquanto, por meio de bilhetes, o empresário passou a noticiar sobre as melhores vias, para a inicialização das negociações com seus familiares, enquanto que os sequestradores perquiriam ao empresário, sobre o quantum valia a sua vida.
Neste sentido, era sabido que Abílio Diniz tinha amplo conhecimento técnico do mercado e passou a argumentar sobre o seu patrimônio, disponibilidade de caixa e até a cotação do dólar. Passados alguns dias, os sequestradores pediram o resgate de US$ 30 milhões de dólares.
Segundo o empresário, a luz do cubículo permanecia acesa diuturnamente, impossibilitando este de saber se era dia ou noite. Ademais, além da tensão e do temor natural daquela situação, os sequestradores empregavam coletâneas de músicas sertanejas durante as 24 horas diárias, por meio de um alto falante instalado no cubículo. Em razão dessa situação, Abílio narra que não conseguiu sequer ouvir os seus próprios pensamentos e que as músicas pareciam sair de dentro de sua cabeça. Após a muito pedidos, os sequestradores baixaram o volume das músicas, permitindo que o empresário pudesse ouvir outros ruídos.
No pertinente a duração do sequestro de Abílio Diniz, este perdurou pelo prazo de 5 (cinco) dias e, neste quinto dia, o empresário ouviu gritos, juntamente com uma agitação anormal no andar superior. E, nesse exato momento, os sequestradores bateram na porta, a fim de que o empresário pudesse se virar contra a parede.
Em seguida, Abílio Diniz foi retirado do subsolo e conduzido até a janela, ordenando-o que informasse a polícia que realmente era ele que ali estava.
Segundo o empresário, nas pequenas oportunidades em esteve fora do seu cubículo, observou o arsenal de armas que os sequestradores portavam.
2. HISTÓRICO DA VIDA PREGRESSA DE ABÍLIO DINIZ
O empresário Abílio dos Santos Diniz, nascido em São Paulo (SP) aos 28 de dezembro de 1936, é um administrador e empresário brasileiro, presidente do Conselho de Administração das Península Participações; presidente do Conselho de Administração da BRF e membro dos Conselhos de Administração do Grupo Carrefour e do Carrefour Brasil.
Ademais, foi sócio da Companhia Brasileira de Distribuição, onde está inserida as bandeiras de Varejo Alimentar, Pão de Açúcar e Extra, de Atacarejo, Assaí e de Eletro, Ponto Frio (Globex). Também é sócio majoritário das Casas Bahia, por meio da sua controlada Globex S/A.
O empresário sempre foi um esportista, lutador e havia recebido treinamento de tiro, como especialistas israelenses.
Na década de 80, foi considerada uma das melhores épocas de negociações do empresário, enquanto que o Pão de Açúcar se expandia pela capital São Paulo e por todo país. No entanto, nesse período, também, estava em grande expansão das guerrilhas latino-americanas, expandindo-se a prática de sequestros no Brasil, que passaram a acontecer com grande frequência no período de 80 e 90.
Ressalte-se que o empresário Diniz, como já noticiado, não tinha motorista particular, tampouco andava com seguranças profissionais, uma vez que sempre acreditou que conseguiria manter sua autodefesa, até que veio ocorrer seu sequestro por meio de sequestradores comunistas.
Empresário Abílio Diniz
Durante as investigações do sequestro do empresário, houve ainda uma reviravolta nacional, ou seja, a descoberta de provas que incriminavam possivelmente o Partido do Trabalhadores (PT).
Na atualidade, o empresário Abílio Diniz é proprietário do Carrefour Brasil, além de presidente do Conselho de Administração da BRF, uma empresa que se originou a partir da fusão entre a Perdigão e a Sadia. Ademais, ele é um dos principais acionistas da empresa Casas Bahia.
Em decorrência do grande sucesso financeiro, Abílio Diniz, passou a ser um alvo desejado para sequestradores, uma vez que o conhecimento era geral de que seu resgate seria muito alto.
3. IDENTIFICAÇÃO DOS SEQUESTRADORES
Segundo conta a história, dias antes do sequestro do empresário, o veículo Chevrolet Caravan, utilizada pelos sequestradores, foi levado para conserto em face de um problema no câmbio. No entanto, no cadastro da oficina, havia sido registrado o número do telefone de um apartamento que pertencia a um dos elementos envolvidos no sequestro, e que havia sido alugado para a preparação do sequestro.
A partir da localização do veículo Chevrolet Caravan abandonado, no seu interior foi encontrado o cartão da referida oficina, que continha o telefone registrado e daí a polícia localizou o prédio residencial. Com a chegada da polícia no local, encontraram o dono do apartamento entregando as chaves ao porteiro. Nesta oportunidade, o homem foi abordado e em um dos seus bolsos foi encontrado um papel com o endereço do cativeiro de Abílio Diniz, situado na Praça Hashiro Miyazaki, bairro Jabaquara, na Zona Sul de São Paulo.
Na data de 17 de dezembro de 1989, após o cerco no cativeiro por 36 horas pela polícia e pela imprensa, os sequestradores decidiram que iriam se entregar e libertar o empresário. Essa ocorrência foi finalizada e exibida ao vivo pela televisão.
Momento da libertação do empresário Abílio Diniz
Dentre os 10 sequestradores presos em flagrante delito, apenas um deles era brasileiro e dos demais, 5 chilenos, 2 argentinos e 2 canadenses, todos ligados com movimentos guerrilheiros latino-americanos, chefiados pelo argentino Humberto Paz e seu irmão Horácio, que tinham ligações com pelo menos 12 grupos terroristas diferentes da América Latina e, inclusive, já haviam praticado atos terroristas em nome de grupos, a exemplo do Exército Popular Argentino (ERP), as Forças Populares de Libertação de El Salvador (FPL), Sendero Luminoso do Peru, e o braço chileno do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR).
De acordo com a relação apresentada pela polícia, os 5 chilenos eram: Ulisses Garllardo Acevedo, Pedro Lembarch, Héctor Ramon Tápia, Sérgio Olivares e Maria Marchi Badilla, sendo esta a jovem que foi acusada de dirigir o Opala que se chocou na traseira do veículo do empresário sequestrado. Os canadenses foram: Christine Gwen Laont e David Robert Spencer.
Vale salientar que, todos os sequestradores ingressaram no Brasil, com o status de exilados políticos, concedidos pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, cujos acessos ao Brasil foram concedidos no final do regime militar, no contexto político iniciado em 1964 e encerrado em 1985.
De acordo com um dossiê apresentado pela Interpol, constatou que os dois canadenses sequestradores do empresário Abílio Diniz, haviam trabalhado como redatores do jornal El Rebelde de El Salvador, e que ambos eram membros de guerrilhas terroristas de esquerda naquele país. No início, os canadenses Christine Gwen Lamont e David Robert Spencer negaram suas participações no sequestro. Porém, foram desmentidos diante da documentação que comprovaram os envolvimentos dos dois no sequestro. Essa documentação com as inserções de seus nomes, além de dados revelados por meio de uma explosão, ocorrida na base da guerrilha, na cidade de El Salvador.
Diante da descoberta dos documentos, exsurgiu o elo perdido que estava faltando para a Interpol agregar aos 10 sequestradores do empresário Abílio Diniz ao movimento mundial de arrecadação de fundos para grupos políticos comunistas.
Na análise do dossiê elaborado pelo delegado, Romeu Tuma Jr, relativo ao sequestro do empresário e destinado a Interpol, o delegado afirmou que, Os sequestradores de Diniz passaram por Cuba, Nicarágua e El Salvador, onde tiveram treinamentos de guerrilha. [...] Não tenho dúvida de que essa conexão é mundial e se alastra até a Europa.
No pertinente ao inquérito policial, há a declaração do sequestrador chileno, Pedro Lambach, onde este relata a autoridade policial de São Paulo, sobre um encontro entre grupos de esquerda de todo o mundo ocorrido em Hamburgo, na Alemanha, no ano de 1988. Nesse encontro, composto de 150 participantes, decidiram pela prática de sequestros na América Latina, visando arrecadar fundos.
Na ocasião foram elaborados dois dossiers, sendo um pela Interpol e outro pela Polícia Federal, onde ambos revelam que em 1988 teria acontecido uma outra reunião em Bueno Aires, na Argentina, com a presença de um oficial do Partido Comunista Cubano, em cuja reunião ficou deliberado que os movimentos políticos, deveriam servir para arrecadar fundos, por meio de sequestros de empresários.
Guerrilheiros brasileiros da década de 80.
No que diz respeito as participações desses mesmos grupos terroristas, os mesmos 10 integrantes, envolveram-se em outros três sequestros no Brasil, cujas vítimas foram: Antônio Beltan Martinez, ex-vice-presidente do Bradesco, além dos publicitários, Luiz Sales, Geraldo Alonso e Washington Olivetto.
Quanto ao sequestrador brasileiro, Raimundo Rosélio Freire, este iniciou a sua militância muito cedo, ou seja, aos 16 anos de idade. E, quando entrevistado, confessou que foi integrado aos 16 anos, em uma organização trotskista no Estado do Ceará, denominada Convergência Socialista, cujo grupo era ligado à Quarta Internacional Comunista.
Em sua militância, Raimundo Rosélio Freire, tornou-se professor de história e fundador da filial do PT no Ceará. Passados alguns anos, Raimundo decidiu viajar a Nicarágua, a fim de fazer parte da Frente Farabundo Martí (FFMNL).
Quando entrevistado pela revista Isto É, Raimundo afirmou como foi parar na luta armada, nos termos seguintes:
Eu achava que podia ser útil como militante internacionalista na América Central, uma vez que a democracia começava no Brasil. Aí, eu vendi o meu carro, os amigos fizeram uma cota e eu comprei a passagem até a Nicarágua. Deixei a companheira, a faculdade de história, o meu trabalho como chefe de recepção de um hotel quatro estrelas, o apartamento classe média e fui embora. Na Nicarágua, não era só discurso. Lá tivemos uma guerra. Me integrei às atividades armadas. Hoje, ainda pago um preço emocional e pessoal por esse sofrimento de guerra.
Em seguida, perguntado pela reportagem da revista se havia arrependimento de sua parte, Raimundo Rosélio Freire, disse que,
Eu acho que eu não poderia me furtar. Estava envolvido em meus princípios, em minha ideologia e na minha luta. Eu não renego a luta armada.
Ademais, Raimundo Freire afirmou que, o MIR chileno escolheu o Brasil para fazer o sequestro, porque o SNI (Serviço Nacional de Informação) estava passando por um momento de desmanche em sua estruturação, o que certamente dificultaria a localização do grupo no Brasil.
Ressalte-se que o sequestro do empresário Abílio Diniz veio acontecer no período do primeiro e o segundo turno da eleição presidencial de 1989, cujos candidatos eram Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello.
4. ENVOLVIMENTO DO PT NO SEQUESTRO
Releva dizer que, quando ainda no cativeiro, surgiu um fato novo, que estava além do mero sequestro de um empresário famoso, a descoberta de um material de campanha do Partido dos Trabalhadores (PT) e do candidato Lula da Silva, tais como adesivos, camisetas e bandeiras, encontrado juntamente com armas e munições do grupo terrorista.
Fotografia do esconderijo dos guerrilheiros, com armas e munições e propagandas de Lula
Ademais, em um outro imóvel utilizado pelos sequestradores, a Polícia noticiou que teria encontrado mais materiais de propaganda da campanha de Lula da Silva, inclusive de uma agenda com telefones de Luiz Eduardo Greenhalgh, líder petista e vice-prefeito paulistano e de Eduardo Suplicy, vereador e presidente da Câmara Municipal de São Paulo.
5. TEORIA SOBRE O ENVOLVIMENTO DO PT NO SEQUESTRO
Em decorrência do material de propaganda encontrado no imóvel dos sequestradores, os policiais não obtiveram êxito em ligar diretamente os sequestradores, com membros do PT.
É cediço que o PT possui em seu quadro vários ex-guerrilheiros comunistas, sendo membro fundador do Foro de São Paulo, que foi idealizado por Lula e Fidel Castro quando de um encontro em Havana. Ademais, por meio de seminários e encontros secretos, os membros do PT deliberam sobre as ações do movimento revolucionário em todo o Brasil.
Por outro lado, a Polícia Federal e a Interpol descobriram um dossiê do Foro de São Paulo, revelando que os movimentos políticos, deveriam arrecadar fundos por meio de sequestros de empresários. Esse dossiê foi produzido um ano antes do sequestro de Abílio Diniz, com a presença de um oficial do Partido Comunista Cubano, em uma reunião em Buenos Aires, Argentina, com já alhures revelado.
De conformidade com as investigações, os valores arrecadados dos sequestros de Washington Olivetto, Luiz Sales, Geraldo Alonso e Abílio Diniz, seriam destinados as organizações terroristas FARC e o MIR chileno, cujos membros já participaram de reuniões do Foro de São Paulo.
Há perspectiva no âmbito dessa teoria de que, mesmo não tendo havido envolvimento direto no sequestro, o PT pode ter sido favorecido indiretamente, uma vez que o empresário Abílio Diniz havia se tornado um dos principais aliados do PT, integrando-se ao esquema petista, que dominou a máquina estatal por mais de uma década.
6. AMIZADE DE ABÍLIO DINIZ COM O PT
No ano de 2003, o empresário Abílio Diniz passou a ser membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social (CDES), cujo grupo assessorava diretamente o presidente em diversas áreas do governo, ou seja, o CDES é tido como um órgão de proteção aos interesses do governo, um instrumento político partidário, com o esteio de ajudar na fusão de empresas, regular setores da economia e eliminar a concorrência.
Nesse patamar, o empresário Abílio Diniz foi por diversas vezes sondado, para assumir o Ministério da Fazenda, tendo sido considerado um dos nomes mais fortes para a pasta de Haddad, caso tivesse saído vitorioso nas eleições de 2018. Aliás, a relação do empresário com o PT e o Lula da Silva sempre foi ótima, e quando entrevistado no ano de 2010, Abílio Diz declarou ser fã de carteirinha do então presidente da República, Lula da Silva.
Na foto - Lula da Silva, Abílio Diniz e José Alckmin, comemorando 60 anos do Pão de Açúcar
Por ser sabedor das ligações do PT com as ações terroristas, praticadas na América Latina, o empresário Abílio Diniz quiçá tenha se tornado um petista, uma vez que por estar no âmbito do partido, certamente não seria vítima da ala terrorista de esquerda.
Ademais disso, receberia vantagens de mercado, por meio dos companheiros de partido e do governo. Assim sendo, integrando-se ao quadro de empresários amigos do PT, Abílio Diniz investiu na compra de outras redes de supermercados, a fim de fundir empresas e obter o controle de tudo e, dessa forma, eliminar toda a concorrência e os pequenos empreendedores.
Por outro lado, tudo tem seu preço, pois na posição de companheiro de partido, implicou-se na participação do esquema de roubo e da corrupção que se instalou no Brasil.
7. ESQUEMAS DE CORRUPÇÃO
Com a eleição de Dilma Rousseff para presidente da República, no seu primeiro mandato, anunciou o nome do ministro mais poderoso do seu governo, Antônio Palocci, ex-ministro da Fazenda, ex-deputado federal, ex-prefeito de Ribeirão Preto, para assumir a chefia da Casa Civil.
Tratava-se da ressurreição política de Palocci, que havia se afastado do governo de Lula da Silva, acusado de envolvimentos em escândalos de corrupção, assumidos em seu nome, visando livrar o partido das condenações. Nesse caso, Palocci havia perdido o cargo, mas não toda sua influência política.
Nesse retorno ao cenário político, Palocci passou a coordenar e atuar na condição de arrecadador informal da campanha de Dilma, em parceria com João Vaccari, tesoureiro do PT.
De acordo com as palavras de Dilma Rousseff, o Palocci foi um dos artífices da jornada vitoriosa. Na data em que Palocci foi anunciado como ministro da Casa Civil, este recebeu um pagamento no valor de R$ 1 milhão de reais, por conta de sua consultoria.
Passados alguns anos, Palocci foi preso na Operação Omertá da Polícia Federal, deflagrada em 26/09/2016, representando a 35ª Fase da Operação Lava Jato, tendo sido condenado a 12 anos e 2 meses de reclusão, pela prática do crime de corrupção e lavagem de dinheiro. Mas, em decorrência de uma briga com o líder do partido, José Dirceu, Palocci fez um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, na Operação Lava Jato.
De conformidade com uma das delações, havia o pagamento de 1 milhão de reais feito por Abílio Diniz, com o fim de comprar Palocci, que o ajudaria na fusão entre o Pão de Açúcar e as Casas Bahia, por meio da concessão de um empréstimo ao empresário pelo BNDES.
Nesse caso, o empresário Diniz desejava ter esse valor emprestado pelo BNDES, para evitar que o grupo francês Casino, assumisse o controle do Pão de Açúcar.
No ano de 2015, notícias foram divulgadas, confirmando diversas transações entre as empresas de Abílio e a consultoria de Palocci. Contudo, o dinheiro do empresário foi embolsado por Palocci, mas o favor não foi concedido.
Em seguida, em um jantar entre Lula da Silva e o presidente do grupo Casino, este empresário pediu ajuda do então presidente da República, a fim de impedir a expansão dos negócios de Abílio Diniz, uma vez que este desejava fazer fusões entre o Carrefour com empresas do varejo brasileiro. Logo após o jantar, o então presidente Lula da Silva informou a Palocci, que aceitou segurar o Abílio no que fosse preciso.
Em suas declarações, Palocci afirmou que o valor oferecido pelo grupo Casino era bastante alto e que necessitava ser parcelado. Em seguida, Palocci ofereceu detalhes de como o dinheiro ficou depositado em uma filial do banco Safra na Suíça e como posteriormente foi repassado para as campanhas eleitorais, ou seja, R$ 2 milhões foram para a campanha de Haddad em 2012 à prefeitura de São Paulo, enquanto que os outros R$ 10 milhões de reais foram para a campanha de Dilma Rousseff em 2014.
Ademais, parte do dinheiro foi destinado diretamente para o Lula da Silva, pago por meio do seu instituto. Em certa ocasião, o dinheiro foi entregue dentro de uma caixa de lenços e, em outra, R$ 50 mil reais foram entregues na sala presidencial do Aeroporto de Brasília. Também, parte do dinheiro foi entregue a Lula da Silva em caixas de whisky, no interior do avião presidencial, que se encontrava no Aeroporto de Congonhas.
Quando da oitiva do motorista de Palocci, Carlos Pocente, na Polícia Federal, afirmou que, Palocci tinha o costume de receber pessoas na garagem dos edifícios em que localizavam suas consultorias.
Ademais, Palocci recebia pessoas como Marcelo Odebrecht, João Vaccari, Léo Pinheiro e Abílio Diniz. Assim, das pessoas citadas pelo motorista de Palocci, só o empresário Abílio Diniz não foi preso, embora tenha sido indiciado, no âmbito da Operação Carne Fraca da Polícia Federal, enquanto que os demais foram presos na Operação Lava Jato.
Em suma, Palocci ofereceu 23 declarações na Polícia Federal, apontando uma sucessão da prática de ilícitos e propinas, que chegou a atingir mais de R$ 300 milhões de reais, arrecadados e repassados por empresas, bancos e indústrias a políticos e partidos, durante os governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Diante das declarações oferecidas por Palocci, redundaram em denúncias de corrupção contra o PT, por meio de: grandes obras de infraestrutura; contratos fictícios; doações por meio de caixa 2; liberação de recursos do BNDES; créditos do Banco do Brasil; criação de fundos de investimentos; e fusões e elaboração de medidas provisórias para favorecer conglomerados.
Ademais disso, Palocci faz citações dos ex-presidentes Lula da Silva e Dilma; de Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo; de Fernando Pimentel, ex-governador de Minas Gerais; da deputada Gleisi Hoffmann; do ex-senador Lindbergh Farias; de Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES; e do ex-ministro da Fazenda, Delfim Netto.
Há citação também do Grupo Odebrecht, AMBEV, Grupo Camargo Corrêa, Banco Safra, Casino, Instituto Lula, PAIC Participações, Votorantim, Aracruz, BTG Pactual, Grupo Parmalat, Itaú-Unibanco, Bradesco, Vale, Brasil Seguro, BNDES, Sadia-Perdigão, OAS e o Grupo Pão de Açúcar.