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Implicações no processo histórico geradoras do conflito entre Israel e Palestina (Gaza e Cisjordânia)

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Agenda 11/10/2023 às 20:20

4. Estado de Israel

Israel não é um Estado judeu na sua existência prática, pois nele residem cristãos e ateus. Dentre os judeus, existem diversos ramos, inclusive, os ortodoxos radicais, que cospem em outros judeus não ortodoxos, em cristãos, muçulmanos e afirmam que são o povo escolhido que veio ao mundo para serem servidos pelos não judeus (alguns dos judeus ortodoxos extremistas afirmam tal barbárie). Seria a versão judaica do Hamas, no que se refere ao fundamentalismo radical, mas que a mídia não demonstra existir, a não ser em situações diversas aos conflitos, que somente pessoas atentas e informadas conseguem perceber. No entanto, não se armam, pois possuem um exército estatal e acabam não aparecendo em suas ações radicais, prejudiciais não somente aos palestinos, mas aos israelenses que buscam uma vida pacífica e que desejam a paz entre a sua nação e a Palestina. Também existem os judeus modernos que são absolutamente abertos às outras crenças e estilos de vida e que, em sua grande maioria, são anti-sionistas. Na Palestina existem muitos judeus anti-sionistas e que vivem em harmonia com os muçulmanos e cristãos, principalmente na Cisjordânia, que não é ocupada pelo Hamas. Judeus que não concordaram com a criação de Israel, por entenderem que cristãos, judeus e muçulmanos são semitas e devem coexistir em harmonia no mundo.

A maioria dos israelenses, sejam judeus ou não, é constituída por um povo comum, que quer apenas viver em paz. Os radicais ortodoxos são as exceções. Isso para que seja possível comparar as lateralidades como possuidoras de pessoas comuns, com algumas que dão preferência à violência, mas que não representam a totalidade nem de Israel e nem da Palestina.

Sobre o governo, Dadiv Bem-Gurion (1886 – 1973) foi o primeiro governante do então recém formado Estado de Israel, em 1948. Ele era um judeu polonês (polaco), pertencente ao Sionismo Socialista Trabalhista. Foi um dos fundadores do MAPAI, que era um partido político de centro-esquerda, o qual foi um dos fundadores.

O que temos em Israel como já mencionado, é fruto de uma ação irresponsável da ONU, sustentada pelo Reino Unido e França, sendo o Reino Unido o maior responsável pela potencialização dos conflitos, quando prometeu para judeus e muçulmanos que daria toda a Palestina para um dos lados quando saísse junto com a França, da dominação do Território Palestino, que em outrora pertencia à Turquia, que deixou o território depois de sofrer derrota na Primeira Grande Guerra (1914 – 1918). De fato, ambos são os responsáveis por todos os conflitos existentes na Palestina. O problema de nações pressionadas é que acabam se tornando autossuficientes em algum momento, tal como Israel se tornou e, assim, os conflitos vão acabar se tornando extremamente violentos, pois os árabes estão se tornando, também, autossuficientes e, como Israel, pressionados e acuados, principalmente pelos E.U.A. Como a Palestina é, por tradição, local sagrado para judeus, muçulmanos e cristãos, todos creem que ali é o seu lugar. Na Palestina estão os primeiros grupos cristãos da história. Os muçulmanos dominaram a Palestina em 638, sendo um local que era ocupado por judeus, cristãos e muçulmanos, por entenderem que, por serem semitas, tinham, também, direito àquela terra. O que podemos perceber é que se não se entenderem como semitas, jamais terminarão os conflitos ou, alguém eliminará por completo os rivais.


5. Religião como fundamentação e potencialização, mas não como objetivo

Apesar das gentes comuns e combatentes rasos se fundamentarem em religião, os governantes lutam por território e poder. Quando um grande número de pessoas ouve falar algo sobre o conflito de Israel com a Cisjordânia e Gaza (Palestina), afirmam que é algo como uma guerra santa; que há uma intolerância religiosa acontecendo; que é a luta do bem contra o mal e que os muçulmanos são generalizadamente terroristas e representam o lado malvado do mundo, de forma extremamente discriminatória, cruel e bastante imbecil, tão imbecil quanto dizer que os judeus são o lado malvado e responsável pelas desgraças do mundo. Ser muçulmano não é ser palestino e ser judeu não é ser israelense, tal como já esclarecido. Radicalismo religioso acontece com os grupos minoritários radicais que comumente não estão envolvidos diretamente nos conflitos armados. O Hamas, por exemplo, mesmo estando envolvido nos conflitos armados diretamente, se funda em uma pseudo interpretação islâmica que não condiz com a hermenêutica corânica, mas usa isso como uma forma de fortalecimento espiritual para lutar pela causa territorial. Os judeus israelenses, de igual forma, usam a Torá para justificarem a sua estada no território e as suas ações, sejam ofensivas ou contra-ofensivas para fortalecimento do espírito, de igual forma, para buscar o propósito do conflito, que é territorial.

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A luta em ambos os lados tem propósitos territoriais e de liberdade.


6. Motivações do conflito entre Israel e Palestina

Quando se fala em conflito entre Israel e Palestina, o centro da maior violência é Gaza, devido ao controle do Hamas. No entanto, a Cisjordânia também está nesse conflito, com diversos assentamentos judeus invadindo a Cisjordânia para se unir a Israel de forma estratégica, visando expulsar os palestinos. Nesse caso, há a configuração de invasão, pois não é um território que a resolução 181 da ONU definiu como sendo pertencente ao Estado de Israel.

O conflito é por território e não por religião, como já mencionado. A religião é um instrumento utilizado por extremistas judeus e islâmicos para potencializar o conflito já existente, que é por território, além de fortalecer o espírito para o combate. Uma prova disso são os judeus palestinos, que são contrários aos judeus israelenses, pois ser judeu não é ser sionista ou israelense. A Palestina e Israel possuem cristãos, muçulmanos e judeus, que se simpatizam com os propósitos políticos de qualquer um dos lados, em divisões de grupos. Alguns, por motivos seculares e outros, por motivos religiosos. Tendo aqueles que equilibram as duas coisas. Território é o objetivo e religião a motivação dos combatentes rasos e das gentes existentes em grupos radicais.


Conclusão

Lateralizar um conflito que envolve território, religião, dominação, colonização europeia e erros irremediáveis da ONU, é algo que somente pertence a pessoas de mentes domináveis e de baixa capacidade cognitiva. O conflito aqui citado possui um grau de complexidade que vai muito além da lateralidade que está começando a ser presente no Brasil. Um Brasil que não consegue compreender o que é direita e esquerda, mas que mesmo assim há rotulações de pessoas que sequer conseguem compreender a que propósito servem.

Buscar conhecer é o que leva à compreensão da dura realidade das gentes simples, independentemente a qual nação pertençam, pois as guerras afetam apenas os civis sem poder e os combatentes rasos. Os poderosos apenas observam o sangue que jorra das suas canetas e bocas, em forma de tinta, saliva e sons malignos de ordens de agressão, escamoteadas em explicações de propósitos nobres.

Desejo que a informação seja buscada e a conscientização se funda no conhecimento adquirido e, não na opinião pública, esperando com isso, que grupelhos extremistas de direita e esquerda brasileiros parem de instrumentalizar a desgraça de pessoas que sequer conhecem e compreendem a dura realidade que existem, sejam israelenses ou palestinos.

Salaam (paz) & Shalom (paz)!


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