Capa da publicação Israel x Palestina (Gaza e Cisjordânia): histórico do conflito
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Implicações no processo histórico geradoras do conflito entre Israel e Palestina (Gaza e Cisjordânia)

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11/10/2023 às 20:20
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Conflito entre Israel e Palestina é complexo e irresolvível no presente momento, com a responsabilidade compartilhada entre Israel, Reino Unido e França.

Introdução

O propósito deste conteúdo é levar de forma concisa, clara e não lateralista informações referentes ao conflito entre Israel e Palestina (Cisjordânia e Gaza).

Há também a intenção de demonstrar que um conflito de tal magnitude, com ações terroristas e reações exacerbadas não é uma escolha que deva ser feita, como se fosse um time de futebol, pois as implicações, como serão demonstradas a seguir, são extremamente complexas e se demonstram irresolúveis no presente momento.

Há também a apresentação de conceitos como semitismo, sionismo e o processo histórico que fez surgir Israel e o Hamas, com o auxílio de Israel.

Há também esclarecimento sobre o modelo de surgimento do Estado de Israel e da incompetente materialização feita pela ONU, com a resolução 181 e a responsabilidade do Reino Unido e França nos conflitos, demonstrando que o Estado de Israel, se tivesse sido dividido territorialmente de forma competente, poderia ter diminuído ou evitado os conflitos existentes na atualidade.

Apesar de concisas, as informações demonstradas visam orientar os ávidos por informações precisas a pesquisarem os elementos corretos e construírem as suas conclusões sem fazerem parte de alguma moral de rebanho, dentro de uma compreensão nietzscheniana.


1. Semitismo

O semitismo se refere aos povos semitas. O termo tem origem em Sem, filho de Noé. Muçulmanos, judeus e cristãos são semitas. Abrão (que se tornou Abraão), é considerado o fundador das três grandes religiões (judaísmo, cristianismo e islamismo). Abraão se tornou pai de Ismael, filho da sua escrava Hagar, devido ao fato de sua esposa Sara não poder ter filhos. Segundo a tradição, Sara passou a ser fértil por um milagre e, assim, teve Isaac, pai de Jacó, que deu origem aos judeus (hebreus), tendo como esposa Rebeca. Jacó também teve um filho chamado Esaú, que depois se tornou Edom. Edom vendeu a sua primogenitura a Jacó, pelo preço de um prato de sopa de lentilhas, segundo a tradição. Deu origem aos edomitas, que são considerados judeus de segunda classe por uma grande parte dos judeus. Os Hebreus mudaram-se para a região da antiga Israel, buscando a terra prometida (Canaã), formando tribos (as 12 tribos de Israel). Uma delas era a tribo de Judá, que deu nome aos judeus que permanecem até a atualidade. Havia conflitos entre as tribos dos Hebreus e, por isso, o povo judeu não existia, mas sim, o Povo Hebreu. Ismael deu origem aos Ismaelitas que, segundo a tradição, deram origem aos Árabes. A Arábia (Península Arábica) é constituída na atualidade pela Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Omã, Kuwait e partes da Jordânia e do Iraque. Já o Mundo Árabe é bem mais extenso, sendo presente em todo o Norte do Continente Africano e em outras regiões não contíguas.


2. Sionismo judaico

O sionismo judaico é o nacionalismo judaico, que afirma que os judeus devem possuir um território exclusivamente seu, localizado historicamente na antiga Israel. Devemos nos lembrar que judeu vem da tribo de Judá e, não das demais tribos, que são hebreias. Destarte, a nova Israel assume território além do que era de Judá, que é o que deu origem ao termo judeu e que sustenta o sionismo. Sionismo vem de Sião (elevado), que deu nome ao monte Sião, onde reinava o Rei Davi. Jerusalém acabou sendo conhecida por Sião, por um período considerável.

O sionismo judeu moderno teve início no século XIX. O seu fundador foi Theodor Herzl (1860 – 1904), um jornalista judeu húngaro. No mesmo período, diversos movimentos nacionalistas surgiram no mundo, como Nazismo e o Fascismo, sendo o Sionismo o último deles. O comunismo, em algumas situações pode ser considerado nacionalista, mas não é a sua regra de essência, que afirma a abertura de fronteiras e igualdade social, mesmo que na prática os países que tentaram implantá-lo através do socialismo, se tornaram altamente nacionalistas. Como os judeus não possuíam um território, buscaram conseguir um para exercerem o seu modelo de nacionalismo, mesmo que ainda não oficialmente. Assim, começaram a migrar para a Palestina, onde cristãos, muçulmanos e judeus viviam em relativa paz, dentro de um mesmo território. Isso aconteceu depois do holocausto acontecido na Segunda Grande Guerra (1939 – 1945). Antes de serem aprisionados pelo Nazismo, muitos judeus fugiram para a Palestina. Como haviam adquirido hábitos ocidentais, começaram a existir conflitos, inclusive com judeus palestinos, mas em menores proporções danosas. No entanto, quando o número de judeus aumentou devido ao holocausto e também após o mesmo, surgiu o Estado de Israel, cuja divisão territorial potencializou os conflitos que duram até a atualidade.

Durante a Primeira Grande Guerra (1914 – 1918), a Palestina ficou sob domínio Britânico e Francês, devido a terem expulsado os Turcos com o auxílio dos judeus e muçulmanos palestinos. Faz-se mister salientar que os britânicos incentivaram uma guerra entre judeus e muçulmanos, pois quando havia o domínio turco, o Reino Unido prometeu aos judeus e aos árabes que dariam as terras exclusivamente para cada um, com o detalhe de não deixar a outra parte saber da promessa feita a cada uma isoladamente, se cada uma delas ajudasse a expulsar os Turcos. O Reino Unido conseguiu instrumentalizar judeus e muçulmanos palestinos a expulsarem os turcos, com cada um entendendo que teria um território para si, para evitarem maiores conflitos uns contra os outros. Conflitos que começaram a surgir até mesmo por fomento britânico e francês, para que os judeus e muçulmanos tivessem motivação para lutarem contra os turcos, na esperança de terem, cada um, um território para si, para viver em paz. Depois de tal promessa e tomada do território dos turcos, os britânicos e os franceses deixaram a região e o problema para a ONU resolver.

Após a Segunda Grande Guerra, com o holocausto que afetou em maioria os judeus, eles decidiram fugir para a palestina em massa. É importante que seja sabido que o holocausto focou mais nos judeus, mas outros grupos também estavam inseridos, como ciganos, deficientes, homossexuais, Testemunhas de Jeová e opositores políticos. Também houve muçulmanos entre as vítimas do holocausto durante a Segunda Grande Guerra. No entanto, os muçulmanos não foram alvos tão sistemáticos e generalizados quanto os grupos anteriormente mencionados, sendo alvos eventuais, principalmente por existirem nações muçulmanas e um histórico que a Europa conhece bem sobre perseverança e capacidade bélica. Devido ao grande número de judeus na Palestina e alguns conflitos que começaram a se potencializar devido os judeus não palestinos não conseguirem conviver em harmonia, sendo a recíproca também verdadeira, os britânicos e os franceses deixaram a Palestina para que todos ali resolvessem entre si os conflitos pois já havia conseguido o que queria: expulsar os turcos e dominar o território. A ONU, em sua resolução 181 de 1948, na tentativa de resolver o conflito, de forma extremamente incompetente, dividiu a Palestina de uma forma claramente perigosa, em territórios de zonas não contíguas, sendo Gaza a mais isolada. Gaza é uma região em si conflituosa, tende pertencido ao Egito, inclusive. Um brasileiro presidiu a reunião que fundou o Estado de Israel, em 1948. O seu nome era Oswaldo Aranha, e era um diplomata brasileiro. O que aconteceu é que os israelenses começaram a tomar mais territórios dos palestinos, criando assentamentos, principalmente na Cisjordânia. Territórios com água, nascentes e terras agricultáveis. Como os israelenses tinham apoio da comunidade mundial, receberam apoio, principalmente bélico. O que era uma ocupação, tomou feições de invasão. Devido a opressão de Israel, mesmo que com fundamentação legal, surgiram grupos terroristas, constituídos oportunamente por interesses políticos. O grupo Hamas, que detém atualmente o poder em Gaza, promove ataques terroristas contra Israel, em retaliação as tomadas de território constantes que Israel efetua. Em resposta aos ataques terroristas, Israel contra-ataca, também de forma aterrorizante, os palestinos. Isso causa um jogo midiático em que governantes e soldados agridem seres humanos, tanto israelenses como palestinos, sendo os palestinos os mais afetados. Consideram-se os isolamentos palestinos, por muitos órgãos internacionais defensores dos Direitos Humanos, feitos por Israel, como campos de concentração, pois não permitem o livre trânsito dos palestinos, tal como os cerceiam de alimento, água, eletricidade e tudo que é essencial a uma vida minimamente digna, fazendo com que os palestinos morram ou abandonem a Palestina para que Israel aumente o seu território. Isso acontece mais especificamente em Gaza, pois a Cisjordânia possui feições distintas dentro do mesmo conflito.

O que a mídia mundial demonstra é comumente equivocado, pois quando fala em Palestina, a associa ao Hamas, principalmente quando especificamente se fala em Gaza, que é onde o Hamas domina como uma espécie de governo paralelo. O Hamas é um grupo terrorista e não é bem visto pelos muçulmanos do mundo inteiro, ressalvando-se menos de um por cento, que são considerados extremistas e/ou terroristas. Devido a Gaza não possuir um exército e, a Cisjordânia possuir forças de segurança que assumem função de exército, mas muito inferiores a qualquer força da região, não existe uma guerra entre nações, mas um conflito entre uma nação, que é Israel, contra um grupo terrorista, que é o Hamas, que detém poder na palestina, fazendo o povo palestino, principalmente de Gaza, ser altamente prejudicado, o levando a condições existenciais muito próximas ao holocausto nazista. Algo que judeus não podem permitir e, por isso, há cisão entre os judeus sobre a forma que Israel trata os palestinos.

Muitos palestinos acabam tendo o Hamas como a sua única esperança, por mais dantesco que isso pareça aos que não estão inseridos em uma situação de extrema complexidade e riscos altíssimos, independentemente do modo de ação terrorista, pois por estarem sofrendo ataques de semelhante violência, se veem no direito de retribuir. Resta a autopreservação de ambos os lados, dando razão a ambos e tirando, também, a razão de ambos. É sim, uma situação extremamente complexa, causada pelos britânicos, franceses e pela ONU, com joguetes de poder e uma divisão territorial memoravelmente mal feita.

As manifestações anti-sionistas não são em prol do Hamas, mesmo que em muitas situações acabe sendo associado, pois o desejo do fim do sionismo, quando vê o opressor (Israel) sofrendo como os oprimidos (Palestina), acaba levando a manifestações humanas de vingança, sem que a racionalidade leve à compreensão de que não há vencedores em meio às gentes, mas perdedores de dignidade, saúde em um contexto holístico, da vida e até mesmo do que comumente é chamado de humanidade (empatia baseada na racionalidade).

As manifestações em prol da Palestina não se associam aos atos terroristas, mas a necessidade do fim do sionismo para os palestinos. No entanto, há também manifestações em prol da Palestina que também são em prol do terrorismo, o que é abominável.

Ser anti-sionista na atualidade tem um significado muito mais complexo, pois em outrora o anti-sionismo implicava no fim do Estado de Israel. O anti-sionismo hodierno é a compreensão de que deve haver liberdade aos Palestinos, convivendo em um mesmo território, mesmo que sejam divididos em Israel, Gaza e Cisjordânia. A destruição do Estado de Israel seria o mesmo que a destruição da Palestina, levando sofrimento aos judeus, cristãos e muçulmanos inocentes, independentemente da nacionalidade que possuam. O Hamas se tornou o grande empecilho, de fato. Empecilho que Israel criou com as suas ações e que, mesmo acabando com ele, passa a ter o dever de agir de forma menos sionista, para que não crie outro monstro contra si e contra todos os Seres humanos envolvidos nos conflitos, independentemente de lado. Todo povo oprimido em algum momento destrói o opressor. Os judeus, segundo a sua tradição, sabem disso. Os muçulmanos, segundo a sua tradição, também sabem disso e, a História, também nos comprova isso em diversos outros casos.

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O Hamas demonstrou a sua total falta de empatia, tal como Israel em sua retaliação, também demonstrou ausência de compaixão, afirmando que o Hamas é o culpado por fazer civis de escudo. O Hamas é um grupo terrorista e Israel sabe disso e, destarte, não pode responsabilizar o Hamas por instrumentalizar civis inocentes, os colocando como escudos. É por questões como essa que devemos compreender que não há mocinhos nas guerras. São todos monstros com as suas justificativas. E obviamente que falo dos governos e das suas ações e, não dos povos, que em maioria são forçados, direta ou indiretamente, a aceitarem calados as ações dos governos a que estão subordinados. As gentes são vítimas, em todos os lados. Anti-sionismo moderno é em relação aos governos e, não uma forma de separação de pessoas como um apartheid ou um holocausto da modernidade.


3. Hamas

O termo Hamas tem origem em Ḥarakat al-Muqāwamat al-Islāmiyyah, que significa, em uma tradução mais livre, Movimento de Resistência Islâmica. O Hamas atualmente se divide em três braços: assistencialista, político e paramilitar. Existem divergências entre os braços sobre os modelos de ação do braço paramilitar, mas como ele detém o poder das armas, é quem sempre prevalece nos debates. O Hamas é quem governa Gaza e, por isso, os Palestinos também são oprimidos pelo Hamas, pois se não concordarem com as suas ações, são presos, torturados e mortos.

O Hamas tem a sua origem remota no Egito, em 1928, mas como a Irmandade Muçulmana, que surgiu em forma de madraça (escola islâmica). O único propósito era manter os valores muçulmanos, protegendo os mesmos da secularização vinda do Ocidente. Hassan al-Banna (1906-1949), que foi o fundador da Irmandade Muçulmana, afirmava que o Egito e depois toda a comunidade árabe deveriam ser islamizadas novamente, pois haviam perdido as bases do Islã, devido às influências do mundo Ocidental. Em 1930, a Irmandade Muçulmana já havia crescido consideravelmente no Egito, pois se demonstrou útil e competente na disciplina e formação de conhecimento, fazendo existir harmonização entre os muçulmanos de diversos ramos, tal como entre as demais gentes.

A Irmandade Muçulmana não tinha o propósito de se envolver em política, mas sim, de promover ações sociais em escolas, hospitais, mesquitas e onde houvesse necessidades humanitárias a serem atendidas. Devido a sua atuação de excelência, em 1940 passou a existir na Palestina, que ainda não havia sido dividida com a criação do Estado de Israel. A Irmandade Muçulmana exercia as suas funções sociais com muçulmanos, cristãos, judeus, ateus e quaisquer grupos de pessoas que precisassem de auxílio humanitário.

Quando houve a criação do Estado de Israel e um número de judeus muito grande se instalou na em outrora Palestina, os conflitos começaram a se tornar mais intensos. Israel começou a se tornar mais agressivo por ter apoio internacional, passando a invadir áreas e criando assentamentos para ocuparem mais território. As agressões aos cristãos e muçulmanos se intensificaram, partindo de judeus sionistas de Israel. Tais agressões também se voltaram aos judeus palestinos, fazendo existir uma cisão no judaísmo das regiões em conflito. A população palestina, expulsa das suas terras e origens, principalmente as pessoas que foram para Gaza, se tornaram revoltadas com os fatos, fazendo com que pessoas dentro da Irmandade Muçulmana entendessem que somente uma jihad menor (guerra bélica) poderia salvar os palestinos e promover uma islamização eficiente, pois a islamização sem as vias da violência, não era mais eficaz, sendo, inclusive, proibida em muitas situações. Muitos palestinos revoltados aderiram a ideia de domínio e reação pela força, aceitando atos terroristas, por entender que Israel e seu povo se fundem em uma única coisa. Palestinos cristãos e judeus se converteram ao pseudo islamismo pregado pelo Hamas para participarem dos conflitos. Uma conversão não pela fé, mas pelo desespero e desejo de vingança.

Para melhor compreensão da atual situação do Hamas, devemos tecer breves comentários sobre a OLP (Organização para a Libertação da Palestina). Em 1964 surgiu a OLP e tinha como objetivo libertar os palestinos do julgo do Estado de Israel e reaver as suas terras, mas pela via da força e com o uso de guerrilha. A OLP é mantida pela Liga árabe e afirma que o mandato britânico formava uma região única e que, por isso, deveria se tornar assim novamente. Por ser secular e de caráter socialista, em seu início buscava o bem-estar das pessoas, através de negociações menos agressivas, mesmo que para chegar a tal ponto, fosse necessário o uso da força. A OLP passou por diversos estágios, também sendo considerada uma organização terrorista, depois de algumas ações extremistas, até que em 1988 passou a compreender a bi-estatalidade como uma solução, fazendo com que a Palestina fosse ocupada por judeus e muçulmanos, além de cristãos, israelenses e palestinos. Condicionou tal decisão e apoio a ela, a fazer de Jerusalém a capital da Palestina, onde judeus, cristãos e muçulmanos pudessem conviver em harmonia. De fato, a resolução 181 da ONU, além de fazer uma terrível divisão territorial, afirmou que Jerusalém seria um território neutro, se tornando uma espécie de capital global da paz.

Em 1993, o então presidente da OLP, Yasser Arafat (1929 – 2004), que foi presidente do Comitê Executivo da OLP de 1969 até a sua morte, em 2004, reconheceu a existência do Estado de Israel em um documento oficial. O primeiro-ministro de Israel à época, Yitzhak Rabin (1922 – 1995), em resposta à iniciativa de Arafat, reconheceu a OLP como a representante legítima do povo palestino, retirando, definitivamente, o seu caráter terrorista até a atualidade.

Compreendendo o poder da OLP, podemos retomar o raciocínio sobre o Hamas. No início da década de 1980, o Estado de Israel passou a investir, na Palestina, para o crescimento e o fortalecimento da Irmandade Muçulmana, acreditando que isso fragmentaria e enfraqueceria a resistência palestina da OLP, pois a Irmandade Muçulmana era apolítica e visava ações sociais e formação de caráter de muçulmanos, dentro dos preceitos de disciplina, respeito e tolerância do Islã. Dessa forma, muçulmanos esclarecidos, formados pela Irmandade Islâmica, se colocariam contrários a OLP e seriam, de certa forma, aliados de Israel.

Devido ao fato de já existirem grupos em desacordo dentro da Irmandade Muçulmana, que há tempos pretendiam uma politização da referida irmandade, tal como uma formação paramilitar, com inspiração em outros grupos, como a OLP, o efeito previsto por Israel foi contrário. Devido ao grupo da Irmandade Muçulmana ter sido ampliado e fortalecido por Israel, quando houve cisão interna, levou os palestinos mais afetados pelas ações de Israel e da própria ONU, que dividiu o território expulsando os palestinos, a formarem um grupo de resistência armada, que usaria ações de guerrilha e que foram se tornando terroristas. Passaram a afirmar que a islamização deve ser pela via da força, que é algo absolutamente contrário ao Alcorão e as Sunas, pois o Hamas tem origem Sunita. O Hamas surgiu na Primeira Intifada, em 1987, e passou a ser conhecido como tal. Em 14 de dezembro de 1987, o Hamas foi oficializado pela emissão do Estatuto do Hamas.

O Hamas surgiu sob incentivo e patrocínio de Israel, quando tentou instrumentalizar a Irmandade Muçulmana para colocá-la contra a OLP, em favor dos interesses do Estado de Israel.

O Hamas, na atualidade, é a principal frente de resistência da Palestina, em Gaza, detendo o controle da região e é subdividido em três ramos, como já mencionado. Usando métodos altamente questionáveis, cruéis e anti-islâmicos, se tornou a única esperança de palestinos oprimidos que não têm outra opção, senão depositar as suas esperanças em um grupo terrorista e também opressor, inclusive, dos próprios palestinos. Isso, devido a comunidade mundial, a ONU e o principal causador desse conflito, que são os britânicos, não se envolverem da forma que deveriam. As justificativas de não interferência são claras, pois Israel se tornou uma grande potência militar, com uma das forças armadas mais bem treinadas do mundo, que tem um Estado legítimo, mesmo que tal legitimidade tenha sido extremamente mal elaborada pela ONU, pelas vias da resolução 181, de 1948. Isso, além de possuir armamento nuclear e apoio dos E.U.A. que, sempre que há uma guerra, toma partido como a polícia do mundo autoproclamada, sempre buscando manter os seus interesses. De fato, como qualquer Estado, mas por ser a nação mais poderosa belicamente, as implicações referentes à sua interferência se tornam muito mais complexas e danosas.

A solução desse conflito parece impossível no presente momento, pois Israel não irá ceder território, por ser legítimo e, os palestinos, por terem sido expulsos da sua terra que também era legítima, pelo mandato britânico, não têm para onde ir e estão na legitimidade de permanecerem. A convivência pacífica dentro de uma Palestina unificada na atual situação, parece algo impossível, pelo menos enquanto o Hamas permanecer existindo e Israel continuar com ocupações além do território cedido/tomado pela resolução 181 da ONU. Israel tem tanta certeza da sua posição, que quer o reconhecimento de Jerusalém como a sua capital, já o tendo por diversas nações, demonstrando que uma Palestina para todos os semitas (judeus, cristãos e muçulmanos) é algo inalcançável no atual momento, pelas vias da negociação, até mesmo com uma possível extinção do Hamas. E, para fins de informação, mesmo que o Hamas acabe, outros grupos surgirão, enquanto houver opressão.

O perigo de Israel, por possuir armamento nuclear, é uma guerra de maior escala com o mundo árabe, que detém poder financeiro, controle de boa parte de petróleo do mundo e aliados poderosos, como a Rússia e a Coreia do Norte, enquanto Israel tem o apoio dos E.U.A. Grandes nações como E.U.A e Rússia têm o comum hábito de promoverem guerras por procuração e, tal como acontece na Ucrânia, pode acontecer com Israel e o Mundo Árabe.

Devemos entender que ser anti-sionista não é ser antissemita. Não conseguir diferenciar tais conceitos relativamente simples, é um sinal de que a necessidade de se manter em silêncio sobre o assunto é indispensável. Devemos compreender, também, que qualquer solução para o conflito em pauta não é algo simples e qualquer resolução na atual situação promoverá prejuízos para ambos os lados. Escolher um lado como se fosse um time de futebol é um erro desumano, implicando em desconhecimento da situação e, principalmente, agressão a seres humanos oprimidos, em ambos os lados, sendo indiscutível que as pessoas residentes em Gaza são as mais prejudicadas, tanto por Israel como pelo Hamas. Lembrando que em Gaza há judeus, cristãos e uma maior parte muçulmana, que foi provocada por Israel, quando fomentou a Irmandade Muçulmana para instrumentalizá-la contra a OLP, tendo obtido efeito contrário e fazendo surgir o Hamas.

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