Este final de século apresenta sérios
desafios para a humanidade. As questões mais do que nunca
apresentam-se em nível global, e a solução
dos graves problemas que ameaçam a estabilidade do planeta
necessitam da construção de um novo modelo de Estado,
de sociedade e de economia. Nesta fase da história, torna-se
primordial que o tema Globalização e Amazônia
seja amplamente discutido, a fim de que os valores já conquistados
pela nossa civilização não comecem a ser
relegados.
Na importante questão que envolve a definição
do papel do Estado na sociedade contemporânea , parece fundamental
admitir que a redução do tamanho do Estado não
pode torná-lo incapaz de mediar os conflitos , sob pena
de deixar a grande maioria da população sem qualquer
defesa completamente dominada pelos grandes grupos econômico
a e financeiros , que têm no lucro o único objetivo
de suas ações.
Um breve exame da História revela-nos uma
tendência crescente na aproximação dos povos,
facilitada pelos novos meios de transporte e comunicação,
a ponto de, em dado momento, falar-se em uma "aldeia global".
O maior incremento em tal aproximação nos últimos
anos assumiu características especiais, não apenas
pela intensificação maior do intercâmbio entre
os povos, mas por outras características especiais como
a mudança na estrutura das organizações econômicas
e do processo produtivo. Desta forma, o Estado tem como finalidade
importante a função de reagir e conservar. Conservar
o modelo de sociedade e reagir com sua força a qualquer
tentativa de mudança fora das permitidas pelo modelo posto.
Mesmo com o atual enfraquecimento do Estado nacional, este ainda
é importante dentro do sistema globalizado para reagir
a qualquer tentativa de mudança fora dos limites estabelecidos,
agora, pelo grande capital transnacional globalizado, conservando
desta forma o modelo existente e seus interesses e sistema de
privilégios. O papel do Direito, da Constituição
é o de estabelecer as margens, os limites desta sociedade,
e, embora estes limites sejam cada vez mais largos, eles continuam
a existir, como requisito e mesmo, razão de ser do Estado.
Podemos então dizer que a globalização
tem sua origem na literatura destinada às firmas multinacionais,
designando inicialmente um fenômeno limitado a uma mundialização
da demanda se enriquecendo com o tempo até o ponto de ser
identificado atualmente a uma nova fase da economia mundial. Não
há, entretanto, uniformidade na conceituação
do termo, podendo-se encontrar vários significados distintos
mas semelhantes: A humanidade visa substituir a construção
de muros pela construção de pontes. A queda de barreiras
comerciais desencadeia a ruptura de barreiras ideológicas,
políticas e culturais.
Desnudada, a globalização é
o imperalismo atualizado, o neoliberalismo, o retorno high tech
ao feudalismo. Na Idade Média, a aristocracia ainda precisa
dos serviços no ciclo de produção. Mas, agora,
essa necessidade está em retrocesso, embora a massa da
população ainda tenha de cumprir seu papel de consumidora.
Uma vez eliminado esse inconveniente "probleminha" (e
há indícios de que sua "solução"
está em andamento), uma anti-séptica limpeza econômica
tomará o lugar da tão incivilizada limpeza étnica
Da leitura de Chesnais e Krugman, depreende-se que
a chamada globalização nada mais é do que
uma estratégia das grandes corporações financeiras
e conglomerados industriais, visando à expansão
de mercados, mediante aproveitamento, em escala mundial, da experiência
acumulada em suas regiões de origem. Mas ninguém
questiona, se a experiência é aproveitável
de maneira enriquecedora para as populações locais.
Tudo parece ser uma busca de caminhos para se manter a atual repartição
da renda mundial, ou concentrá-la ainda mais na direção
dos países industrializados. Ou seja, a mesma coisa que
vem sendo feita há mais de quatro séculos de exploração
colonial, exercida praticamente pelos mesmos países que,
hoje, se empenham em desenvolver explicações teóricas.
Porém, qual a implicação da
Amazônia no processo de globalização ? vejamos:
A Amazônia está ainda em grande parte
para se estudar e conhecer. No plano da saúde do homem,
em relação aos miasmas de hoje como a malária
e as febres hemorrágicas e doenças emergentes, a
Amazônia certamente nos reserva surpresas. No plano da agricultura
e da pecuária tropical, da tecnologia florestal, da piscicultura,
da química de produtos naturais, da microbiologia de solos
e de águas, com a imensidade de microorganismos a descobrir
para colocá-los a serviço dos homens, etc.
Essa riqueza, interessa ao páses de primeiro
mundo, como por exemplo, ficamos sabendo ,dentre outras notícias,
que os governos do Amazonas e do Pará estão vendendo
grandes áreas virgens da floresta amazônica para
selvagens devastadores asiáticos, preço vil .Seis
empresas da França, Inglaterra, Grécia e Alemanha,
que atualmente exploram madeira na, África, preparam-se
para atuar no Brasil. Elas seguem o exemplo das asiáticas
Samling, Rimbunam Hijau e WTK, que adquiriram madeireiras brasileiras
falidas ou em dificuldades. Um dos objetivos é abastecer
as indústrias internacionais de celulose e, por isso, devem
ser plantadas espécies de árvores como o pinus.
"Uma das idéias é fazer plantio de florestas
artificiais", adianta. Klautau defende a entrada de estrangeiros
na exploração florestal na Amazônia. "Eles
trazem investimentos", argumenta o advogado, que é
consultor da Rimbunam Hijau. "Não há como ter
medo, é preciso acompanhar esse processo de globalização."
Tem-se notícia sobre o uso de índios
como cobaias de experimentos, internacionalização
da Amazônia, biopirataria e dos efeitos disso sobre a soberania
nacional. Que os índios estão sendo submetidos a
essas experiências e até sua cultura está
sendo afetada. Já estão na Internet estudos de DNA
de agrupamentos de índios da Amazônia. Isso beira
o nazismo. Esses povos são protegidos pela Constituição
e estão sendo colocados na aldeia global.
O Brasil corre risco em sua soberania sobre a Amazônia
Corre e isso é um dado muito óbvio. Tem sido objeto
em matéria de discussão de segurança nacional.
Além disso, o Exército ainda tem o projeto Calha
Norte para garantir a segurança interna, enquanto a Armada
não exerce essa fiscalização, a quem ficou
essa incumbência. Essa é hoje uma dúvida.
Os órgãos estão desaparelhados e sem estímulo.
Por isso, tanta gente entra e sai da Amazônia como bem entende
e faz o que bem entende na região.
Fala-se ,ainda, da biopirataria que é a visão
de algumas multinacionais de utilizar o patrimônio genético
brasileiro para fins industriais dos mais variados. Seja na exploração
clandestina da fauna, flora ou mesmo do patrimônio cultural.
Nós sabemos que grande parte dos medicamentos é
feita com componentes da flora nacional, principalmente da amazônica.
Esses componentes são utilizados indevidamente sem que
seja paga nenhuma quantia para o Brasil. Esse é um grave
problema de soberania.
A flora é ainda a mais atingida. Há
centenas de componentes medicinais na cultura indígena
do Amazonas que acabam sendo usados na produção
dos remédios. Os grupos mais fortes economicamente, detentores
de tecnologias, ingressam na região das mais diversas maneiras
à procura desses produtos. Depois o industrializam e revendem
para o Terceiro Mundo com valores infinitamente maiores. O problema
são as autoridades fazerem de conta que não há
uma dilapidação do patrimônio genético.
A devastação não é só a queimada,
mas a patente de produtos originários da nossa flora e
fauna. Esse tipo de domínio é muito perverso e está
além do controle militar.
Entendemos que a interferência da globalização na preservação do patrimônio nada mas é do que o nome moderno do colonialismo. Há uma ligação direta dessa política neoliberal com o apoderamento por países desenvolvidos das riquezas do nosso meio ambiente. O que acontece é que, na maioria das vezes, os grandes interesses estão em mãos de grupos que não têm o menor interesse sobre a qualidade de vida do nosso povo. Os países industrializados se apoderam de parcelas do território e o exploram como bem entendem. Faz-se necesssário, termos uma espécie de critério que propicie a outras pessoas do planeta utilizar os recursos da floresta desde que haja uma contrapartida para os brasileiros , amenizando, dessa forma, os impactos da globalização, sendo contrário ao uso desse discurso, para que se viole a soberania nacional sem haver nenhum benefício para nosso País. O que devemos ter em mente é que a relação globalização e a Amazônia já é presente , mas ela será o que nos fizermos dela e entre o que é e o que pode ser, vai a margem de flexibilização , de alternativa e liberdade.