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PETROBRAX

Agenda 15/02/2015 às 14:11

O que era nosso se acabou: Monteiro Lobato está morto de vergonha pela sanha da privataria.

A quem interessa esculhambar a Petrobrás, a maior empresa brasileira? Quem lucraria infinitamente com a quebra total da empresa que é símbolo nacional? Não se trata de dar nome aos bois, pois seria repetir o óbvio ululante – e isto é pecado mortal de burrice. Sendo assim, quais os grandes beneficiados?
 Antes de qualquer análise, porém, deve-se separar o joio do trigo: o imenso lodo criado nas entranhas da empresa deve ser vasculhado e de lá devem ser retirados todos os velhacos que empobrecem a alma dos brasileiros. Todos os aproveitadores devem ser castigados pelo rigor da lei, mas que o sejam desde 1997. Todas as famílias que enriqueceram com os ilícitos praticados na Petrobrás devem ter os bens confiscados, para ressarcimento ao erário.
 Agora, no ponto central da questão: por que se pratica tanta volatilidade com os ativos e passivos da Petrobrás? Um dia tem ações em alta; meio dia depois, as mesmas ações perdem metade de seu valor. Isso não é normal, mesmo que a empresa enfrente a guilhotina do Judiciário. O fato é que essas manobras especulativas – aliadas à fortíssima campanha da mídia corrompida pelos dólares – fazem a empresa entrar em colapso. Desmoralizada pela corrupção, pela mídia, por seus detratores, pelo próprio Judiciário que seleciona fragmentos dos depoimentos a serem expostos, esfaqueada pela oposição, retalhada pela situação, o que sobra da Petrobrás?
 Além do povo perplexo que não se situa no tiroteio desmoralizante, a empresa rica em tecnologia, pessoal e com reservas incomensuráveis de óleo aparece sem defensores legítimos. Todo cidadão, cidadã, com um mínimo de bom senso, nessa hora, tem de ser um soldado combatente, tem de falar e denunciar a sanha em se privatizar nosso patrimônio. Quando se diz privatizar, leia-se doar o que era nosso.
Com todas as privatizações realizadas até hoje – privataria -, nunca vimos um centavo ser aplicado em benefício do povo. O dinheiro privado nunca beneficiou o público – e seria algo estapafúrdio se um dia ocorresse; seria a anti-lógica do capitalismo. O que foi feito do dinheiro do Banespa, da Vale do Rio Doce? Pois bem, sabedores que nenhum tostão será convertido ao patrimônio nacional, então, sejamos inimigos combatentes do capital financeiro que quer abocanhar a Petrobrás.
Já vimos um surto colérico contra a Petrobrás tempos atrás, denominava-se Petrobrax. Mudando-se o nome fantasia da empresa, acreditava-se poder vendê-la mais rápido e barato no exterior. Seria uma espécie de venda casada, a empresa e a moral nacional iriam juntas. Em 1997, a Lei 9.478/97 abririu o capital da empresa e desde então, com ações na bolsa de Nova Iorque, a empresa também responde ao governo dos EUA. Porque é normativa estadunidense para quem vende suas ações por lá. Em 2001, uma empresa de marketing - sem licitação - sugeriu a mudança de status. Só a alteração do nome nos contratos custaria, na época, 50 milhões de dólares. E só não foi privatizada totalmente porque houve muita resistência sindical e do povo brasileiro.
Se os lucros da empresa eram de 10 bilhões de reais por ano e, atualmente, giram em torno de 5,4 bilhões a cada três meses, a quem interessa destruir a reputação da Petrobrás? Não por acaso, esses mesmos interesses vêm associados ao impeachment da presidenta Dilma. Há muitos interesses estrangeiros, os mesmos que se opõe ao governo da Venezuela e de Crisitina Krchner, na Argentina, e que no Brasil estão na oposição. Vejam em casa as siglas que se mexem explicitamente contra a empresa. Mas, procure na Internet, porque nada sai na TV ou na imprensa escrita. Os “velhos” combatentes de 1997 precisam ressurgir e gritar NÃO à venda do patrimônio brasileiro. Aí sim, nós veremos quem é quem.
Vinício Carrilho Martinez
Professor da Universidade Federal de São Carlos
 
Marcos Del Roio
Professor Titular de Ciências Políticas da UNESP/Marília

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Sobre o autor
Vinício Carrilho Martinez

Pós-Doutor em Ciência Política e em Direito. Coordenador do Curso de Licenciatura em Pedagogia, da UFSCar. Professor Associado II da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Departamento de Educação- Ded/CECH. Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade/PPGCTS/UFSCar Head of BRaS Research Group – Constitucional Studies and BRaS Academic Committee Member. Advogado (OAB/108390).

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