Parece que a maldade não tem fim! Pouco depois do caso de estupro coletivo chocar o país, uma outra barbárie passou quase despercebida pelo noticiário nacional. Um garotinho de sete anos foi molestado, mais de uma vez, por seis colegas de sua escola, sendo três adolescentes e três crianças.
O ocorrido somente foi descoberto graças à abençoada intervenção dos psicólogos da instituição, que perceberam mudanças no comportamento do garoto, que passou a agir de forma agressiva e rebelde.
Esse tipo de fato revoltante pode ser muito mais frequente do que parece. Muitas escolas falham grosseiramente, quando o assunto é a segurança das crianças, seja pelo reduzido número de funcionários disponibilizados para esse fim, seja por misturarem alunos pequenos com adolescentes bem mais velhos.
Não há qualquer dúvida de que, além da participação individual de cada molestador, a escola é totalmente responsável pelo ocorrido, sob todos os ângulos de análise. A partir do momento em que um aluno adentra pelos portões das instituições, essas devem zelar totalmente pela integridade física e moral dos alunos.
Um outro ponto, todavia, deve ser registrado. Longe de querer responsabilizar a mãe (ou os pais) do garoto, será que a família não percebeu os sinais, já que uma criança dócil transformou-se em hostil da noite para o dia?
Vários são os indícios que podem indicar que algo vai errado com criança dentro da escola, ou mesmo fora dela. Mudanças radicais de temperamento, queda no desempenho acadêmico (notas baixas, para um aluno que sempre se saiu bem), irritabilidade excessiva, redução na concentração, dentre outros.
De nada adianta, todavia, que as crianças emitam sinais - que nada mais são do que pedidos de socorro - se não houver pessoas que, mais do que as amem, tenham tempo para estar com elas e prestar atenção no processo de crescimento.
A dor que a mãe deve estar sentindo deve ser incalculável. A boa notícia é que, com o devido apoio psicológico, familiar e afetivo, este garoto pode ter esse trauma bem reduzido, a ponto de produzir sequelas mínimas ao seu desenvolvimento. Ou até mesmo não deixar marcas.
Diante de um caso tão triste e revoltante, normalmente pensamos em coisas igualmente terríveis. Muitos, começam a ver “sinais” onde nem existem. Coisas pequenas e irrelevantes transformam-se em monstros, mergulhando mães, pais e educadores no tortuoso mundo do medo e da paranoia.
Não existe receita exata para lidar com esses sentimentos. Peca-se pelo excesso ou pela falta. A solução, em minha modesta opinião, é estar sempre o mais próximo possível de nossas crianças. Tentar acompanhar seu desenvolvimento, de forma sadia, sem, contudo, agir como um policial. Normalmente, as pessoas confiam muito mais em amigos do que em inquisidores.
Estar perto é certamente um dos maiores atos de amor que um pai pode dar a uma criança. Pois, além de nossos corações, o que podemos dar de mais valioso para nossos filhos é o nosso TEMPO.
E nosso EXEMPLO!