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Comércio justo : a importância do consumo responsável como elemento crucial para o mercado justo e solidário

Agenda 08/03/2017 às 00:55

O consumo ético e responsável vem despontando como questão chave para a busca do bem estar pessoal das presentes e futuras gerações, sob a ótica da sustentabilidade e da desigualdade social. Mas para que se tenha um mercado justo e solidário é necessária cooperação solidária das pessoas. Saiba como isso se dá no atual panorama das relações comerciais.

O Comércio é uma atividade primária que surgiu em decorrência da humanidade, através de trocas, vendas e negociações de bens, produtos e serviços, necessários ou não para a sobrevivência em grupo.           

Com isso, surgiram efeitos colaterais dos quais se observa a degradação e comprometimento da vida e do meio ambiente na crescente escala da desigualdade econômica e social, em virtude do poderio de um em detrimento de outros.  

Há algumas décadas o consumo de produtos e serviços eram praticados de uma maneira que preservava os interesses privados, de comércio e indústria, sempre buscando uma máxima produção e o menor custo dos bens e serviços, excluindo desse nicho a importância do meio ambiente, saúde e condições de trabalhos, degradando à vida de grande parte dos trabalhadores, assim como na exploração da mão de obra com baixo custo, tendo em vista o valor que era atribuído as remunerações e por muitas vezes infringindo princípios constitucionais como o do princípio da dignidade da pessoa humana.

Contudo, nesses últimos anos, o homem vem se preocupando com o meio ambiente e seus recursos, pois se notou que a vida humana estava sendo ameaçada pelo desmatamento das florestas em prol de um poder aquisitivo.        

  Surge então o questionamento sobre a sustentabilidade e a responsabilidade do consumo ético e responsável como dever do consumidor para ter uma produção sustentável atendendo requisitos básicos para promover a extração e fabricação de produtos e serviços que preservam o meio ambiente.

Sendo assim, surge a figura do Fair Trade a partir de um pensamento responsável da interação política do Comércio Justo e Consumo responsável. Os Comércios Justos surgiram­­ na Holanda na década de 60 e só depois de dois anos veio a ter sua primeira loja física e posteriormente à ideia veio sendo disseminada na Europa e no mundo, com intuito de compartilhar técnicas e responsabilidades sociais envolvendo a exportação de países em desenvolvimento para os desenvolvidos.

É nesse contexto que surge a grande importância do consumo responsável como elemento crucial como base do Mercado Justo e Solidário. Pois, que para essa pratica seja eficaz precisa-se da cooperação solidária das pessoas que devem ter uma responsabilidade na hora de adquirir seus produtos para consumo e o dever de saber a origem, a produção e se atende todos os direitos dignos do trabalho.

COMO POSSO CARACTERIZAR O COMÉRCIO JUSTO?

O histórico do comércio na antiguidade mostra como este foi fundamental para a evolução da sociedade, e como serviu com uma importância notável, pois tratava-se de uma época em que existia a figura de Reis e imperadores que manifestavam as suas próprias vontades deixando o resto da população numa situação difícil enquanto eles, viviam com uma vida luxuosa e gozando dos melhores bens e serviços. Em plena idade média onde quem detinha o poder era Rei e imperador ou até mesmo a igreja a integração do comércio começou ganhando espaço entre eles.

Como o comércio é uma atividade necessária para o convívio e manutenção da sociedade envolvia onde se encontravam a nobreza e os plebeus, essa atividade acabou por unir religiões, etnias, nacionalidade e territórios atuando com a sua livre concorrência no mercado e buscando um ponto de equilíbrio econômico.

É aqui o ponto chave do comércio, a troca de bens e serviços entre os interessados vinha a satisfazer por um lado o prazer e a lucratividade da vendo e do outro é feito a satisfação do produto desejado que tanto necessitava que geralmente se dava por meio de troca, modo que até hoje ainda é praticado.

É por esse meio histórico da tradicional prática comercial que os burgueses foram ganhando espaços na realeza e pressionando o mesmo para realizar obras naquela comunidade e posteriormente solicitando direitos e deveres para se tornar uma sociedade mais complexa e assim surge, com o passar do tempo a ideia do Comercio Justo.

O Comercio Justo e solidário tem várias característica, intenções e princípios norteadores para uma melhor circulação de bens e informações quer seja para grandes quanto para pequenos produtores da periferia e disseminando o consumo responsável para a população global.

Suas principais características surgiram de princípios norteadores para buscar a melhor forma social e digna para os estados, países e continentes. São eles: O respeito e a preocupação pelas pessoas e pelo ambiente, colocando as pessoas acima do lucro;  O estabelecimento de boas condições de trabalho e o pagamento de um preço justo aos produtores (um preço que cubra os custos de um rendimento digno, da proteção ambiental e da segurança econômica); A abertura e transparência quanto à estrutura das organizações e todos os aspectos da sua atividade, e a informação mútua entre todos os intervenientes na cadeia comercial sobre os seus produtos e métodos de comercialização; O envolvimento dos produtores, voluntários e empregados nas tomadas de decisão que os afetam; A proteção e a promoção dos direitos humanos, nomeadamente os das mulheres, crianças e povos indígenas.

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O Fair Trade pode ser também caracterizado com um dos alicerces da sustentabilidade e ecologia ambiental, atuando com políticas no meio de movimentos sociais e também no comércio internacional buscando um preço justo e sempre preservando o meio ambiente promovendo a disseminação de um consumo responsável por parte dos consumidores e dos produtores em conhecer e trabalhar com meios que despertar a vontade da sociedade no seu trabalho e transparência.

O mercado justo tem uma responsabilidade inerente a sua atividade que é a integração do pequeno agricultor marginalizado entre os grandes produtores procurando ser competitivo e sem perder qualidade nos seus produtos, gerando assim uma filosofia contra as desigualdades sociais entre os produtores e distribuição de renda e com um preço justo. Dando atenção aos países subdesenvolvidos exportando para os países desenvolvidos cuja mão de obra e nesse ultimo muitas vezes há escassez.

  Portanto, as principais características do Comercio Justo é de promover a disseminação de um consumo ético e responsável, compartilhar técnicas de produção entre os produtores, fomentar a transparência e clareza desde sua colheita, produção e até quando chega nas lojas para o consumo e amenizar a desigualdade entre cidades, estados e países. Assim como promover salários dignos e respeitar os direitos trabalhistas.

PERGUNTA ALÉM DO RESPEITO AO MEIO AMBIENTE E ÀS LEIS TRABALHISTAS É NECESSÁRIO O ESTÍMULO AO CONSUMO RESPONSÁVEL?

O estimulo do Consumo responsável é uma preocupação primaria do seu pensamento filosófico do Comércio Justo. Podemos aqui destacar várias pensamento e teorias sobre essa modalidade comercial, pode-se perceber que a sua política é um dos meios que podem contribuir para manutenção da sociedade mundial.

A degradação do meio ambiente junto com seus problemas que estão diariamente em presentes na nossa realidade, como o desmatamento, as queimadas, as industrias e consequentemente o aquecimento global que está sobreaquecendo a terra surge uma grande preocupação diante os ambientalistas em procurar meios e soluções para amenizar tal acontecimento.

O Fair Trade surge com sua ideia promissora de organizar um sistema que diminua tal fato. Contudo, muitas foram às críticas voltadas para esta filosofia que até décadas atrás se imaginava mais como utópicas e o Comércio Justo está mostrando que hoje é uma realidade.

Mas para que essa ideia se torna-se uma realidade, precisaria da cooperação e solidariedade  de todos a população envolvida e com o pensamento prospero e eficaz para tornar realidade. É aqui que entra a grande importância do estimulo do consumo responsável, mola mestra para sustentar e dar andamento para o desenvolvimento próspero que vem para amenizar a digladiar o meio ambiente.

Sabe-se que sem essa fomentação do estimulo a esse desenvolvimento seria totalmente ineficaz essa teoria. Pode-se perceber que graças à informação e conscientização de consumo responsável e ético difundido pelo o Fair Trade as pessoas estão vendo a grande importância dele não apenas com o meio ambiente, mas tem muitas mais informações por trás disso.

Podemos destacar como é fundamental tal importância do consumo responsável para a sociedade conhecer e auto avaliar o trabalho árduo desse serviço e como funciona desde o início ao final dos produtos, ou seja, como chega aos comércios para consumo. As pessoas chegam para fazer suas compras e muitos se perguntam de onde vem, como é feito, como é produzido, se tem agrotóxicos entre outros.

O Comercio Justo através da propagação do consumo responsável explica onde é feito a produção, quais materiais são usados, se esses materiais são ecologicamente sustentáveis, como é feito o transporte e ainda tem sua marca registrada sendo identificamos com selos que passa mais confiança para os clientes.

O Consumo responsável se resume apenas em mostrar a origem dos produtos, também tem envolvido uma serie de fatores que envolvem direitos trabalhistas como um salário digno aos trabalhadores que ali estão presentes, a produção é feita através da mão de obra local gerando distribuição de rendas e entrego, eliminando atravessadores e evitar a concentração de renda para grandes produtores.

Nesse pensamento, também valoriza os pequenos produtores marginalizado compartilhando técnicas e financiando os mesmo para tornarem mais competitivos. Com isso, o usuário de tais produtos trabalhados pelo o CJ tem mais segurança aos adquiri-los.

O QUE PODE SER CONSIDERADO COMO CONSUMO RESPONSÁVEL OU ÉTICO ?

O consumo ético e responsável é a base de início de toda atividade e sustentação para o sucesso do Comercio Justo, devemos perceber a grande importância que essa modalidade de consumo é importante não só para o desenvolvimento dessa modalidade de mercado alternativo, mas essa educação vai muito mais além do que isso.

Podemos perceber que o consumo responsável o valor do seu fomento envolve variáveis que são bases para uma melhor qualidade de vida, promover uma produção sustentável, manter relação entre produtores e amenizar a desigualdade entre eles, promover que seja respeitado os Direitos humanos, respeitar a classe trabalhista com salários justos e os seus direitos, saber que o consumo de insumos com o selo registrado do Comercio Justo, você está a cooperar com um mundo ecologicamente correto.

  É sabido que o consumo ético se concretiza quando os consumidores tem consciência das suas escolhas e a opção escolhida é boa e sustentável para o mundo. Como isso, vamos ter um melhor aproveitamento de produtos já produzidos por meio de reciclagem.

  Vale ressaltar a importância da reciclagem em desenvolver técnicas e subsídios apoiado pelo o governo para empresários e incentivar novas empresas para investir no ramo.

São três os pontos cruciais da sustentabilidade os quais são: reduzir, reutilizar e reciclar e são estas, algumas das mais diversas virtudes observadas, tendo em vista a relação que visa uma melhor harmonia entre o consumidor e meio ambiente. Adotar costumes para diminuir o custo de vida, reduzir compras que fazemos de bens desnecessários para o consumo ou até mesmo que se perca, assim como a utilização dos recursos naturais como a água e energia.

   A reutilização deve ser feita com o consumo consciente, pois todo o material que jogamos no lixo indo junto uma serie de produtos e trabalho que foram desenvolvidos, como a energia da qual foi utilizada para a produção, matéria prima e combustível investido. Reciclar é o ponto chave da sustentabilidade e do meio ambiente, com ele, evita-se uma nova possível extração de recursos naturais  e transformados em matéria prima e transformar em ciclo produtivo gerando assim mais empregos e distribuição de renda, pois produtos que não são reciclados demoram décadas para se degradar na natureza.

  Quando falamos de consumo responsável, devemos fazer compras consciente e não cairmos no consumismo e sempre olhar o que temos nas mãos para reaproveitar e também na hora de descarta-los, depositar o lixo no seu lugar certo, separando orgânicos, tóxicos e outros.  Procurar produtos que são feitos de matérias reciclados é um dos pontos de um consumidor que se preocupa com o ambiente correto.

  Portanto, o Comércio Justo trabalha bravamente em cima do consumo responsável para a conscientização da população em ter o interesse da informação dos produtos que estão sendo utilizados, assim como, são produzidos, estocados, matérias que são utilizados, transportação adequadas, se estão atendendo os direitos humanos e trabalhistas com salários dignos.

O Fair Trade também pressiona os governantes para estimular o consumo responsável através de programas de educação sustentável, leis que contribuam a concretização do trabalho, assim como, foi elaborada um Decreto nº 7.358 em 17/11/2010 o Fair Trade no Brasil que estimula os empreendimentos do Comercio Justo e Solidário e seria também vantajoso a introdução do estudo sustentáveis em escolas e faculdades, pois essa linha de pensamento deve ser colocada em um patamar importante na sociedade para todos apoiarem com o seu voto econômico.

 O Trair Trade tem um papel importante tanto no consumo ético e responsável como no meio social pressionando o governo para ter mais fiscalização e leis aptas a viabilizar a sustentabilidade e ajudar a amenização da desigualdade entre Estados e países disseminando o Consumo Ético e responsável tornando-o uma das melhores e marcantes características do Mercado Justo.

REFERÊNCIAS

 

JOHNSON, Pierre W. Comércio justo e solidário. São Paulo, Instituto Polis, 2004

GOMES, Rosimary. Comércio justo entre solidariedade e a utopia.

STELZER, Joana. GONÇALVES, Everton de Neto. Fais trade em redes de colaboração solidária.

STELZER, Joana. GONÇALVES, Everton de Neto. O comércio justo e eo comércio ético: a visão econômico-juridica do fair trade.

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