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Concurso público e o terror das provas tipo CESPE

07/12/2008 às 00:00
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Muita gente se apavora ao saber que o concurso pelo qual tanto esperava vai ser organizado pelo CESPE/UNB. É famoso e muito preocupante aquele tipo de questão em que, para desestimular o chute e evitar que o acaso ou a sorte influencie no resultado, a comissão organizadora pune o candidato, subtraindo de sua nota um acerto para cada erro que cometer. Há provas em que o candidato perde uma questão a cada duas ou três erradas, mas o mais comum atualmente é a pena máxima.

Há mecanismos para melhorar o rendimento em provas desse tipo. A regra básica é TER CAUTELA, deixando questões em branco, e jamais achar que vale a pena o risco de tentar acertar mais algumas. É preciso lembrar que a intenção da banca é evitar os chutes, e, se a medida não funcionasse, não causasse intimidação, certamente já teria sido abandonada. Dentro da regra básica, é preciso ainda atentar para o fato de que jamais deve o candidato estipular um percentual geral de questões para deixar em branco, como frequentemente é ensinado na internet, na TV, em salas de aula etc. Isso porque todas as pessoas têm rendimentos diferentes de matéria para matéria. Pouquíssima gente nota a influência disso no resultado, até ser alertada.

A forma mais indicada para definir quantas deixar em branco é fazer vários simulados com questões de cargos iguais ou similares, elaboradas pelo CESPE, variando bastante (entre 10 e 60%) a quantidade de questões que deixa em branco. Após isso se verifica qual o percentual ideal, de acordo com o seu nível de preparação. Uma vantagem adicional que se obtém ao fazer isso é o grande aprendizado que os exercícios trazem. O inconveniente neste método é a necessidade de um grande número de questões anteriores, nem sempre fácil de encontrar.

Outra forma de se avaliar, quando se tem poucas provas anteriores, ou quando o tempo é curto, é responder aos simulados sem deixar questões em branco, e obter o seu percentual bruto de acertos. Após obter sua média de acertos por disciplina (entre várias provas respondidas), o candidato deve fazer a conta, pelo método das tentativas, até encontrar sua pontuação final mais alta. Para fixar o seu percentual ideal de marcações, deve ser abatida uma margem de segurança, proporcional ao percentual de erros.

Em ambos os casos a análise do resultado deve ser feita por matéria. É suicídio seguir regras padronizadas, que mandam deixar X questões em branco, como se todas as pessoas tivessem o mesmo nível de preparação.

Outro método que deve ser adotado, este na hora de fazer a prova, é aquele que chamo de "caça ao erro". O candidato deve ler todas as questões em busca do erro, para marcar apenas as erradas, e repassar a prova, saltando as que já foram marcadas. Isso deve ser feito o máximo de vezes que o tempo da prova permitir. Se, depois de várias passadas de olhos, algumas questões não foram marcadas, há chances de serem certas, uma vez que o erro não apareceu pra você. Havendo dúvida você deve deixar a questão em branco, e, não havendo, ela deve ser marcada como certa.

Não se deve ter medo de deixar questão em branco. Nas provas do CESPE constatamos muitas vezes que o aprovado em primeiro lugar está com algo em torno de 60% de acertos líquidos, e há candidatos aprovados até com menos de 40%. Isso ocorre inclusive em concursos tidos como de grande concorrência. Devemos lembrar sempre que no chute, além dos 50% de chance de errar, temos que contar com a tentativa de indução ao erro, comum em provas de concursos, e conhecida como "casca de banana".

Conheço várias pessoas que estavam preparadas, mas foram reprovadas por desconhecerem provas do tipo CESPE. Em um dos casos a candidata marcou 69 questões e deixou apenas uma em branco. Acertou 49 (excelente nível de preparação), tendo ficado, porém, com 29 acertos no final (resultado líquido), e, assim, foi eliminada. Caso ela tivesse deixado em branco algumas questões duvidosas, certamente ficaria com mais de 35 acertos, e com isso estaria na primeira lista de aprovados, em seu primeiro concurso. Com 32 acertos ela estaria na segunda lista de convocação, seis meses após o resultado inicial. Esse exemplo é ilustrativo para quem pensa que para passar no concurso basta estudar. A experiência de prova e o "saber fazer concurso" valem muito, e podem determinar a sua aprovação.

Uma consideração importante: por mais que lhe pareça ser mais difícil a prova que abate seus acertos, lembre que isso não acontece somente com você, e que a grande maioria dos candidatos não usa qualquer espécie de estratégia. Além disso, boa parte da maioria desinformada desiste de fazer alguns concursos por medo, e certamente muitas dessas pessoas teriam chance de aprovação. Nas provas tidas como fáceis, todos os possíveis concorrentes estão lá, disputando a vaga com você. O terror da prova do CESPE lhe ajuda, eliminado concorrentes. Tente se convencer de que isso é mais um aliado seu. Use técnicas de estudo e métodos para fazer a prova e você já terá um grande diferencial, podendo superar pessoas supostamente mais preparadas que você.

A única coisa que não se deve fazer é desistir da prova. Isso só faria a alegria dos concorrentes e colocaria o seu objetivo mais distante de ser alcançado.

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Sobre o autor
Waldir Santos

Advogado da União. Conselheiro da OAB. Professor. Palestrante. Autor do livro “Concurso público: estratégias e atitudes”.

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

SANTOS, Waldir. Concurso público e o terror das provas tipo CESPE. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 13, n. 1985, 7 dez. 2008. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/12055. Acesso em: 4 nov. 2024.

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