CONCLUSÃO
A transgenia ou uso da tecnologia para modificar geneticamente genes, nas suas mais variadas formas, surgiu, dentre outros, sob o fundamento de que seus melhoramentos seriam capazes de auxiliar o mundo no combate à fome, a partir da possibilidade de uma produção evoluída, rápida e mais produtiva, suficiente para assegurar a quantidade de alimento que o mundo precisa.
Aliado a este fundando precípuo, os alimentos transgênicos, nas vantagens sustentadas estariam a excelência na preservação ambiental, traduzida em formas modernas de manejo de sementes e uso do solo, e no avanço nutricional dos alimentos geneticamente produzidos com as quantidades de nutrientes, (vitaminas, proteínas etc) mais necessárias ao corpo humano.
CAVALLI (2000) citando PINAZZA & ALIMANDRO, 1998, no início da década passada, já identificava a biotecnologia e a engenharia genética como novas tecnologias para a cadeia produtiva, e que eram propagadas sob o argumento de não agredirem o ambiente e contribuírem para a saúde, inclusive por contribuírem para o fim do uso de pesticidas e da fome no mundo.
Dos argumentos a favor da transgenia, sempre estiveram ligados o aumento da produtividade, a criação de sementes de maior resistência às doenças e às pragas, o decréscimo no tempo necessário para produzir e distribuir novos cultivares de plantas, o menor custo em favor dos produtores, e, logicamente, esperava-se o barateamento dos alimentos no extremo final da cadeia (produtiva/consumista).
No entanto, seja pelo domínio monopolista dos grandes laboratórios na produção de tais sementes, ou na modificação genética de certos organismos ou produtos, que influenciam todo o mercado em seu favor (limitando os ganhos do produtores/vendedores), bem como seja pelo egoísmo do lucro maior característico das relações capitalistas, o aumento do acesso pela população à alimentação não se apresentou como defendido.
Se não houve o barateamento do custo final dos alimentos, não haveria porque querer imaginar-se a ampliação de acesso, ou, principalmente, qualquer tentativa de mitigar a fome mundial pelo surgimento e aumento da produção pela transgenia. Em outras palavras, somando todos os pontos positivos do avanço tecnológico ligado à alimentação, não se viu redução e/ou vantagem financeira/econômica em favor do consumidor final no Brasil.
Em que pese, a realidade narrada supra, almeja-se ao menos que sejam confirmadas cientificamente as melhorias de ordem nutricional nos alimentos e a ausência de contraindicação em seu consumo, haja vista que, querendo ou não, os alimentos transgênicos já são uma realidade no cardápio do brasileiro.
REFERÊNCIAS
CAMARA, Maria Clara Coelho et al . Transgênicos: avaliação da possível (in)segurança alimentar através da produção científica. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 16, n. 3, Sept. 2009. <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010459702009000300006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 25 Junho 2012. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59702009000300006;
CARMARGO, Orson. Injustiça Social. http://www.brasilescola.com/sociologia/fome-miseria-altos-impostos.htm. Acesso em 25 Junho de 2012.
CAVALLI, Suzi Barletto. Segurança alimentar: a abordagem dos alimentos transgênicos. Rev. Nutr., Campinas. <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141552732001000400007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 25 Junho 2012. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732001000400007.
GUERRANTE, Rafaela di Sabato. Transgênicos Uma Visão Estratégica. Rio de Janeiro: Interciência, 2003.
LEITE, Marcelo. Arautos da razão: a paralisia no debate sobre transgênicos e meio ambiente. Novos estud. - CEBRAP, São Paulo, n. 78, July 2007. <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010133002007000200006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 25 Junho 2012. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-33002007000200006
SOUZA, Alcian Pereira de. O COOPERATIVISMO COMO MODELO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL AGROPECUÁRIO PARA O AMAZONAS. Artigo Científico apresentado na disciplina de Metodologia da Pesquisa, no curso de Mestrado em Direito Ambiental da Universidade do Estado do Amazonas-UEA, 2012.
SZARFARC, Sophia Cornbluth. A adequação do consumo de alimentos de origem animal e sua relação com renda familiar. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 13, n. 1, Mar. 1979. <http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003489101979000100004&lng=en&nrm=iso> Acesso em 25 Junho 2012. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89101979000100004.
VALLE, Silvio. Transgênicos sem maniqueísmo. Hist. cienc. saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, Oct. 2000 . <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010459702000000300017&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 25 Junho 2012. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59702000000300017
Notas
[1] Infelizmente, é difícil verificar o cumprimento (total ou parcial) da obrigatoriedade de publicidade na rotulagem dos alimentos, consignando tartar-se de produto geneticamente modificado, o que atestaria, inclusive, uma maior frequência de tais produtos na cesta básica brasileira.
[2] Organismo geneticamente modificado
[3] Restando preservadas todas suas qualidades e nutrientes, já que, como dito, ao respeitar todo o caminho percorrido da colheita até a mesa do consumidor, um longo tempo já havia decorrido, haja vista o interstício necessário para cruzar o Brasil de sul a norte.