Família brasileira

Ou a família no Brasil.

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18/03/2014 às 09:26
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Referências

DE ALMEIDA, Ângela Mendes .(org.); SAMARA, Eni de Mesquita; VELHO, Gilberto; MURICY, Katia; BARSTED, Leila Linhares; GONÇALVES, Margareth de Almeida; CARNEIRO, Maria José (org.); DA MATTA, Roberto; FIGUEIRA, Sérvulo Augusto; DE PAULA, Silvana Gonçalves (org.). Pensando a família no Brasil – Da Colônia à modernidade. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo/ Editora da UFRRJ, 1987.


Notas

[1] Através dessa obra Freyre destaca a importância da casa grande na formação sociocultural brasileira, bem como a da senzala que complementaria a primeira. Além disso, a cada grande e senzala dá ênfase a questão de formação da sociedade brasileira, tendo em vista a miscigenação que ocorreu entre brancos, negros e indígenas. 

2-Sobrados e Mocambos é uma obra do escritor brasileiro Gilberto Freyre, publicado originalmente em 1936. O livro tem como tema a decadência do patriarcalismo do Brasil rural, ocorrida no século XIX. O título é uma referência aos antigos aristocratas, que, com o declínio do regime escravocrata brasileiro, tiveram que se mudar da casa-grande para sobrados em áreas urbanas. Por conseguinte, os ex-escravos também deixaram as senzalas para morarem em casebres de palha e barro em bairros pobres de áreas urbanas.

3- Tanto em “Casa-grande & senzala”, quanto em Sobrados e mocambos, a “casa” ocupa o lugar central, como centro agregador, formador de sentimentos, de costumes. No entanto, enquanto em “Casa-grande & senzala” Freyre estuda o Brasil por meio de suas raças formadoras, em “Sobrados e mocambos” as categorias que estruturam o texto são dualidades e tríades singularmente culturais, e não centradas no plano biológico ou geográfico, como era praxe de então. Isso pode ser percebido ao observamos os nomes dos capítulos: “O engenho e a praça”; “a casa e a rua”; “o pai e o filho”; “a mulher e o homem”; “o sobrado e o mocambo”; “o brasileiro e o europeu”; “raça, classe e região”; “o Oriente e o Ocidente”; “escravo, animal e máquina”.

  [4] Por isso as políticas públicas contemporâneas se preocupam tanto com a inclusão social e a maior distribuição de oportunidades para ascensão social.

[5] A ordem desigual das coisas nas sociedades contemporâneas, aquela que se estabelece estruturalmente, nomeadamente entre as classes sociais, pode contar com a inércia do passado, pesando sobre o presente e fixando os limites do possível, para se reproduzir. Nascemos num mundo calcado nas diferenças, embora seja o produto da história, tem tudo da paisagem natural. A família através da qual cada indivíduo aprende a descobrir o mundo social e a encontrar o seu lugar, é o primeiro espaço (primário) que tende a estabelecer objetivamente - se o saber ou pretender - os limites do possível e do desejável. A avaliação subjetiva das perspectivas de alcançar esta ou aquela posição social, estes ou aqueles recursos materiais ou simbólicos, nada tem de cálculo consciente, e não se apresenta de forma clara, como a resolução de um problema de probabilidade.

[6] A construção da subjetividade é questão crucial para entendermos a genealogia da alma moderna. A modernidade implementou o sentimento de privacidade e de interioridade trazidas pelas transformações sociais do século XIX. Enfim, é a família que torneia o self do indivíduo, onde se debatem duas teses uma construtivista e outra naturalista.

[7] A primeira instância de socialização, a família, a constelação de pessoas que realmente formam uma família e estão em interação frequente com as crianças - tem o monopólio da formação precoce de disposições mentais e comportamentais das crianças. No entanto, a família nunca é ente coerente, homogêneo e harmonioso organismo como nas visões encantadas, ou tão simplesmente nas variadas visões macrossociológicas do meio familiar, enquanto meio definido por algumas grandes propriedades sintéticas sociais, podem incitar.

[8] Francisco José Oliveira Vianna (1883-1951) foi professor, jurista, historiador e sociólogo brasileiro  e também foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras. Foi um dos ideólogos da eugenia racial no Brasil. Combateu a vinda de imigrantes japoneses para o Brasil. E ficou notoriamente reconhecido pela autoria de frases como "os 200 milhões de hindus não valem o pequeno punhado de ingleses que os dominam" e "o japonês é como enxofre: insolúvel" e ainda "o partido é o presidente" quando se referia a Getúlio Vargas. Foi membro também do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e de outras instituições estaduais e do Instituto Internacional de Antropologia, e da Academia de História de Portugal. Antônio de Alcântara Machado (1901-1935) foi jornalista, político, escrito brasileiro. Visite: http://www.museusdoestado.rj.gov.br/cov/arquivo.htm

[9] Luiz de Aguiar Costa Pinto (1920-2002) foi um sociólogo brasileiro, com atuação nos anos 1950 e 60 nas áreas de Sociologia rural, desenvolvimento socioeconômico e relações raciais. Seus trabalhos repercutiram no Brasil e no exterior e são  considerados uma das bases do pensamento social brasileiro contemporâneo. Foi contemporâneo de Victor Nunes Leal, Alberto  Ramos e Florestan Fernandes. Suas obras de maior repercussão são "Lutas de famílias no Brasil", "O negro no Rio de Janeiro", "Sociologia e desenvolvimento". A carreira internacional do professor Costa Pinto representa uma parte significativa de sua trajetória acadêmica.  Em 1976 tornou-se professor de Sociologia na Universidade de Waterloo, Canadá, até sua aposentadoria em 1985.

[10] O que justificou a cônjuge mulher casada sob regime de comunhão parcial de bens passou a ser meeira e herdeira necessária do marido falecido.

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[11] Mesmo no caso de adultério (prevê o Código Civil de 2002) e de reconhecida culpa conjugal, ao cônjuge culpado será admitido o direito aos alimentos principalmente se não tiver como prover sua subsistência. Não subsistindo mais a discussão sobre a culpa conjugal, procura o Judiciário sempre que possível converter o divórcio litigioso em consensual.

[12] Democracia racial é um termo usado por alguns para descrever as relações raciais no Brasil. E, denota a crença de que o Brasil escapou do racismo e da discriminação racial bem identificada noutros países, como nos Estados Unidos. A democracia racial, no entanto, é desmistificada por sociólogos e antropólogos que estudam casos de preconceito racial e por dados de violência motivada por diferenças raciais. O preconceito está intrínseco à sociedade e, ainda que a maioria afirme não ser pessoalmente preconceituoso, sempre afirma que conhece alguém que o seja. Na verdade, a democracia racial é meta ainda a ser atingida e um mito da sociedade brasileira que tenta criar imagem positiva que não coincide com a realidade.

[13] Freud desenvolveu a teoria do triângulo edipiano, também conhecido como romance familiar, num contexto bem específico. Na sua perspectiva, ligamo-nos apaixonadamente ao progenitor do sexo oposto e entramos numa situação de rivalidade e competição com progenitor do nosso sexo. Dependendo de como o triângulo edipiano for resolvido na infância - e isto dependerá das reações dos pais, bem como do temperamento inato de cada um de nós, e as nossas relações futuras serão inevitavelmente afetadas. Para além dos triângulos onde existe envolvimento sexual, entre qualquer tipo de combinação dos dois sexos, existem muitos outros tipos de triângulo. O mais importante é aquele que envolve pais e filhos. Mas também podem envolver amizades. Mais complexos ainda são os triângulos que envolvem companheiros “não-humanos”. O triângulo representa o traidor (que tem uma alma dividida), o traída (a vítima aparente), o instrumento de traição (predador aparente).Os triângulos familiares não cessam na infância, e possuem repercussões ao longo da vida. Se não resolvidos, podem entrar secretamente nas nossas relações adultas - se um triângulo familiar não for curado podemos continuar a recriá-lo, uma ou muitas vezes, esperando, em nível profundo e inacessível de nós próprios, encontrar um modo de curá-lo ou resolvê-lo.

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Sobre a autora
Gisele Leite

Gisele Leite, professora universitária há quatro décadas. Mestre e Doutora em Direito. Mestre em Filosofia. Pesquisadora-Chefe do Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas. Possui 29 obras jurídicas publicadas. Articulista e colunista dos sites e das revistas jurídicas como Jurid, Portal Investidura, Lex Magister, Revista Síntese, Revista Jures, JusBrasil e Jus.com.br, Editora Plenum e Ucho.Info.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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