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Os impactos do assédio moral nas relações bancárias

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3 ENTREVISTA ESTRUTURADA 

Com base nos conceitos levantados nesse artigo, buscou-se desenvolver uma entrevista estruturada com 5 (cinco) bancários no qual  atuam hoje em funções gerenciais, para maior aprofundamento sobre a questão do assédio moral nas relações  bancárias.

A entrevista foi aplicada  no dia 30 de junho 2014, no período da tarde, no ambiente da agência situada na cidade de Jaraguá do Sul-SC com perfil de ambos os sexos, na faixa etária de 28 (vinte e oito) a 45 (quarenta e cinco) anos com um tempo de  experiência  de 5 (cinco) a 20 ( vinte )anos.

Tal entrevista foi elaborada com o objetivo de obter dos entrevistados, suas percepções, seus conceitos e opiniões sobre o assédio moral.

No início da entrevista, foram feitas perguntas de cunho mais pessoal, relativas à escolha da profissão. Em outras palavras, se gostavam  da profissão que exerciam, com a intenção de deixar os entrevistados mais tranquilos e à vontade  em responder as demais perguntas.

Todos os entrevistados responderam que adoram o que fazem. Dentre  os motivos apresentados, o mais citado foi o relacionamento com o cliente, a abrangência de conhecimentos constante e, por fim,a boa remuneração.

Na sequência, ao serem questionados sobre o que mudaria  no ambiente de trabalho,  responderam, em suma, clima ruim, a competição exagerada  entre os profissionais e relacionamento interno.

A título exemplificativo, segue a resposta do segundo entrevistado:

“[...] Eu tentaria mudar o clima ruim na agencia, deixar um ambiente menos pesado, unir mais as pessoas, se prontificar a ajudar sempre que necessário se colocando no lugar do cliente.Trabalhar em equipe, pois todos estão na busca pelo mesmo objetivo”. (entrevistado 2) 

No que se refere o assédio moral foi questionado sobre o conhecimento de seu significado. A princípio, todos afirmaram que sabem do que se trata, tendo citado como exemplos de sua ocorrência: pressão por trabalho, exigências excessivas de produção, outorga de apelidos,  humilhação pública e  chamar atenção na frente  de outros.

“ O assédio moral é quando um superior  ou colega  te humilha, trata mal, te faz sentir mal frente ao trabalho executado”. (entrevistado 1)

“ O assédio moral representa uma conduta psicológica repetitiva de atos assediados à vitima com a finalidade de sua exclusão do ambiente”. (entrevistado 3)

“Humilhações constantes, ranking de produção, corrente de e-mail,  expondo a todos em reuniões, inferiorizando os que não atingiram os objetivos da carteira gerenciada”. (entrevistado 5)

Quanto aos impactos do assédio moral, as opiniões foram muito parecidas. Os entrevistados responderam, de um modo geral, que as pessoas assediada moralmente, sofrem de um abalo psíquico-emocional, afetando na sua saúde física, mental, auto estima, perde a vontade de trabalhar, se sente desvalorizada, podendo ocasionar doenças como depressão.

“ Tendo uma forma de trabalho mais tranquila e respeitosa, objetivando a entrega do que foi proposto para o cargo”. ( entrevistado 2)

“A cobrança precisa ser feita de uma maneira adequada, e o colaborador precisa ter conciência de suas obrigações e objetivos, dessa forma todos saem ganhando”. (entrevistado 3)

“ Trabalhando 10 anos na mesma instituição, sempre entreguei 150% da meta. No final do ano passado tive um estresse muito forte, já não  conseguia entregar a pontuação solicitada. Sai de férias e perdi a carteira, só não fui demitido porque faço parte da diretoria do sindicato dos bancarios”.(entrevistado 4)

 Em relação ao combate do assédio moral nas agencias, foi sugerido  treinar colaboradores que desempenham funções de supervisão e chefia e a criação de  comitês para melhoria do clima organizacional, senão veja-se:

“ Quem tem cargo de chefia, precisa cobrar de uma maneira adequada e respeitosa, por isso todos deveriam passar por um treinamento constante”. (entrevistador 1)

“ O gestor  é responsável  pelos colaboradores em seu quadro profissional, precisa impor respeito e confiança”. ( entrevistador 2)

Por fim, no que se refere as normas para coibir o assédio moral, os entrevistados responderam, em resumo, que o banco disponibiliza algumas ferramentas para moderá-lo, como o código de ética, políticas internas, pesquisa anual de clima organizacional (fale francamente) e ombudsman, usado como central de críticas, sugestões, reclamações ou para represar conflitos.

Embora, na teoria, estas ações sejam eficazes, pôde-se perceber  pelas respostas dos entrevistados que, na prática, seus colaboradores se sentem inseguros em fazer qualquer tipo de denúncia, por acreditarem que possam sofrer algum tipo de retaliação.

“Honestidade para responder a pesquisa e medo de perder o emprego.” (entrevistado 1)

“ O banco tem criado comitês, tem canais à disposição para reclamação” (entrevistador 2)

“ A empresa deixa bem claro o quanto precisamos ter ética profissional”. (entrevistador 3)

“Temos o Ombudsman, mas causa uma insegurança ao utilizar, medo de ter interferência na carreira e oportunidades futuras”. (entrevistador 4)

“ Sem dúvida, receberia uma advertência, e um registro na minha funcional junto ao RH”. (entrevistador 5) 

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Assim, pode-se perceber que o assédio moral perante os bancários é um tema considerado de grande importância, pois influência na sua saúde diretamente, podendo a pessoa  a vir desenvolver um estresse, depressão, síndrome do pânico, devido a cobrança e pressão pscicológica. 


CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Não se sabe a real origem do assédio moral nas instituições bancárias, mas o que se tem certeza é que a postura arrojada destas empresas, somada a um ambiente corporativo altamente competitivo, muitas vezes com a avaliação individual e composição de metas insistentemente crescentes, resultam num ambiente acirrado e muito agressivo na busca por resultado. Esta formula beneficia a lucratividade dos bancos, mas desgasta as relações interpessoais de seus colaboradores, muitas vezes tornando-se graves incidências de assédio moral no ambiente de trabalho.

Talvez o ambiente seja mesmo a principal causa do assédio moral, porém não se pode esquecer que uma empresa é formada por pessoas e que muitas vezes, estas podem não estar preparadas para desempenhar certas responsabilidades ou seu perfil não seja adequado a função que ela necessita desenvolver. O que se tem certeza, é que uma análise mais criteriosa de perfil psicológico, somado ao treinamento e capacitação de liderança e relacionamento interpessoal no trabalho, podem ajudar a tornar uma empresa naturalmente agressiva e competitiva, num ambiente de trabalho mais saudável e igualmente comprometido com o resultado.


REFERÊNCIAS 

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Assédio moral contra o empregado. Disponível em: http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/assediomoral2.htm. Acesso em: 15 abril. 2014.

Assédio moral e metas abusivas ameaçam saúde de bancários. Disponivel em:http://reporterbrasil.org.br/2014/01/assedio-moral-abusivas-ameacam-saude-de-bancarios. Acesso em 24 abril. 2014

BARRETO, M. Uma jornada de humilhações. São Paulo: PUC, 2000. Disponível em: <http://www.assediomoral.org/spip.php?article1>. Acesso em: 26 abril. 2014.

BEZERRA, Christiane Singh. FERREIRA, Gabriela Cerci Bernabe. Considerações sobre o poder diretivo do empregador sob a ótica do contrato de trabalho e dos direitos fundamentais do trabalhador. Disponível em: <<http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11296#_ftn13>>Acesso em: 15 abril. 2014.

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Publicada no D.O.U em 9 de agosto de 1943. Disponível em: <<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>> Acesso em 20 abril. 2014.

BORGES, Marciel Mendes. Teoria da jurisprudência so assédio moral: um estudo as agencias bancárias do estado do Rio Grande do Norte.- 2012

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponivel em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 20 maio. 2014

CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das leis do trabalho. 28ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

FELKER, Reginald Delmar Hintz. O Dano moral, o assédio moral e o assédio sexual nas relações do trabalho: doutrina, jurisprudência e legislação. São Paulo: LTR, 2006.

FREITAS, Maria Ester de; HELOANI, José Roberto; BARRETO, Margarida. Assédio moral no trabalho. São Paulo: Cengage Learning, 2009.

HIRIGOYEN, Marie-France. Mal-Estar no Trabalho: redefinindo o assédio moral. Tradução de Rejane Janowitzer. 6ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.

MARQUES JR, Fernando Antonio. Assédio Moral no Ambiente de trabalho.São Paulo: LTr, 2009

RUFINO, Regina Célia Pezzuto. Assédio Moral no Âmbito da Empresa. 3ª ed. São Paulo: LTr, 2011.

SOBOLL, L. Assédio Moral no Brasil: a ampliação conceitual e suas repercussões. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008.


Abstract: Today, bullying has shown a higher incidence in the workplace, mainly because of the great competition caused by globalization, the relentless pursuit of profit resulting from rampant capitalism, encouraging individualism, excessive billing by goals for increased productivity, by decreasing costs etc. Such circumstances, verified especially in banking relationships, expose the worker to humiliating and embarrassing, making the environment unhealthy work not only for those who are suffering any harassment, but also for people who use their services. The present study has the primary objective to identify the impact that bullying leads to the employee in banking relationships. For the best result of the research, 05 employees of a bank agency of the city of Jaragua do Sul-SC were interviewed using a qualitative exploitation research through literature review.The result of this research showed that the impacts of harassment in employment relationships are seen as insecurity, fear, discouragement and low productivity and that the existing rules on bullying are not enough nor efficient to tackle bullying

Keywords: Harassment. Health worker. Unfair targets. Banking institutions.

 
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Sobre os autores
Mario Cesar Felippi Filho

Bacharel em Direito pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (2007). Pós-graduado em nível de Especialização (com habilitação para o Magistério Superior) em Direito Penal e Processual Penal pela Universidade do Vale do Itajaí, em convênio com a Associação Catarinense do Ministério Público (2008). Mestre em Ciências Jurídicas pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI (2013). Professor Universitário na área de Direito Penal e Processual Penal junto ao Centro Universitário - Católica de Santa Catarina (2009/atual). Conselheiro Estadual da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Santa Catarina (gestão 2013-2015). Advogado militante nas áreas Civil e Criminal.<br>

Adriana Klimkowski

Graduada no Centro Universitário-Católica de Santa Catarina em Administração com Habilitação em Marketing, cursando Pós- Graduação em Gestão Estratégica de Pessoas.

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

FELIPPI FILHO, Mario Cesar ; KLIMKOWSKI, Adriana. Os impactos do assédio moral nas relações bancárias. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 20, n. 4232, 1 fev. 2015. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/31821. Acesso em: 22 nov. 2024.

Mais informações

Artigo elaborado para conclusão do curso de Pós Graduação em Gestão Estratégica de pessoas da Universidade Católica de Santa Catarina.

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