Motivação educacional

23/01/2015 às 10:47
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Esta monografia objetivou demonstrar o papel do professor perante o despertar da motivação de seus alunos para que através dela se alcance uma aprendizagem eficaz.

1 INTRODUÇÃO
 

Esta monografia tem como objetivo tratar da motivação na relação pedagógica. Pretendo mostrar como a motivação influencia no desempenho e rendimento dos alunos.

Este estudo se justifica porque compreender a motivação humana tem  sido  um  desafio  para  muitos  administradores  e  até  mesmo psicólogos.

Várias pesquisas têm sido elaboradas e diversas teorias têm tentado explicar o funcionamento desta força que leva as pessoas a agirem em prol do alcance de objetivos. Analisando as enquetes a respeito do assunto percebemos que existe ainda muita confusão e desconhecimento sobre o que é e o que não é motivação. Vemos ainda que a motivação é quase sempre relacionada com desempenho positivo.

Muitas vezes, uma pessoa sente-se levada a fazer algo para evitar uma punição ou para conquistar uma recompensa. A iniciativa para a realização da tarefa não partiu da própria pessoa, mas de um terceiro, que a estimulou de alguma forma para que ela se movimentasse em direção ao objetivo pretendido. A pessoa não teria caminhado em direção ao objetivo caso não houvesse a punição ou a recompensa. As pessoas podem, também, agir levadas por um impulso interno, por uma necessidade interior. Neste caso, existe vontade própria para alcançar o objetivo, existe motivação, que pode ser transformada em movimento permanente por meio de uma determinada estimulação. Aliás, é isso que as organizações produtivas buscam. Porém, na maioria das vezes, o que se vê é a aplicação de técnicas de estimulo ao movimento imediatista. O movimento é uma situação passageira. Só dura enquanto persistirem os estímulos que o geraram. Além disso, a eliminação dos estímulos normalmente provoca insatisfação e um comportamento indesejável.

                  Neste sentido, faz-se necessária a presença da motivação nas instituições de ensino, não só motivação dos alunos, mas também motivação de professores e profissionais envolvidos no processo educativo, a fim de que obtenhamos maior prazer em aprender e melhores resultados na hora de ensinar. Alunos motivados, mostram melhores desempenhos; professores motivados, demonstram maior envolvimento.

                  Para o desenvolvimento desta pesquisa, optou-se pela pesquisa bibliográfica.

                  A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas, buscando conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema.

                  O presente estudo será dividido em 5 etapas, a saber: (a) levantamento do referencial teórico; (b) seleção do referencial teórico apropriado a presente investigação; (c) leitura crítico-analítica do referencial selecionado; (d) organização dos dados levantados e (e) elaboração do relatório final.

2 PRINCÍPIOS E TÉCNICAS DE MOTIVAÇÃO 

A aprendizagem é um fenômeno extremamente complexo, envolvendo aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. A aprendizagem é resultante do desenvolvimento de aptidões e de conhecimentos, bem como da transferência destes para novas situações.

                  O processo de aprendizagem é desencadeado a partir da motivação. Esse processo se dá no interior do sujeito, estando, entretanto, intimamente ligado às relações de troca que o mesmo estabelece com o meio, principalmente, seus professores e colegas. Nas situações escolares, o interesse é indispensável para que o aluno tenha motivos de ação no sentido de apropriar-se do conhecimento.

                  Essas observações se aplicam a qualquer educando, mas revestem-se de particular importância quando trata-se de alunos com necessidades educativas especiais, como é o caso de pessoas surdas. Cabe aos educadores proporcionar situações de interação tais, que despertem no educando motivação para interação com o objeto do conhecimento, com seus colegas e com os próprios professores. Porque, embora a aprendizagem ocorra na intimidade do sujeito, o processo de construção do conhecimento dá-se na diversidade e na qualidade das suas interações. A ação educativa da escola com esse alunado deve incluir: conteúdos curriculares específicos, como suporte e complementação ao trabalho a ser desenvolvido em sala de aula com os currículos regulares de modo a atingir os objetivos traçados. Torna-se também indispensável oferecer aos alunos surdos condições para interagir com o "mundo ouvinte", despertando neles interesses, necessidades e desejo de se apropriarem do saber e do saber fazer.

No contexto acadêmico, um aluno motiva-se a envolver-se nas atividades de aprendizagem caso acredite que, com seus conhecimentos, talentos e habilidades, poderá adquirir novos conhecimentos, dominar um conteúdo, melhorar suas habilidades etc. Assim, esse aluno selecionará atividades e estratégias de ação que, segundo prevê, poderão ser executadas por ele e abandonará outros objetivos ou cursos de ação que não lhe representem incentivo, porque sabe que não os poderá implementar. Com fortes crenças de auto-eficácia, o esforço se fará presente desde o início e ao longo de todo o processo, de maneira persistente, mesmo que sobrevenham dificuldades e revezes.

2.1 Motivação e necessidades 


                  A motivação está estreitamente ligada às necessidades.

O querer da vontade é sempre um querer motivado, além de intelectualizado. 

Motivação pode-se entender como o conjunto dos “meus” motivos, quer dizer, de tudo aquilo que, a partir do meu interior, me move a fazer (e a pensar e a decidir). Pode expressar também a ajuda que me presta outra pessoa para reconhecer os meus motivos dominantes, a ter outros mais elevados, a retificar motivos “torcidos” (não retos ou corretos), a ordená-los ou hierarquizá-los.

A nossa vontade necessita de razões e motivos. Um motivo é o efeito da descoberta de um valor. Há, pois, uma estreita relação entre motivos e valores.

Os valores são especificações do bem. Por isso, devo perguntar-me: o que considero valioso? É-o realmente?

Somos seres que damos, mas também temos necessidades. É muito conhecida a teoria sobre a motivação desenvolvida por Abraham Maslow, centrada nas necessidades.

                  “O homem é um ser indigente” - afirma Maslow. – “Mal  uma  das  suas necessidades é satisfeita, aparece outra no seu lugar. Este processo  é  interminável.  Dura  desde  o  nascimento  até  à  morte. “

                  Descobre que as necessidades humanas estão organizadas numa série de níveis, segundo uma hierarquia de valor. De menor à maior importância, existem cinco níveis de necessidades, segundo ele: fisiológicas, de  segurança,  sociais, do eu e de auto-realização. 

                  As necessidades de cada nível são motivadoras enquanto não estão razoavelmente satisfeitas. Pelo contrário, uma necessidade satisfeita não é um motivador do comportamento humano. 

                  São necessidades fisiológicas, a comida, a bebida, o descanso, o exercício, o abrigo, a proteção contra os elementos, etc. As necessidades adquiridas podem-se incluir neste nível.

                  As necessidades de segurança são bem conhecidas e diversas; na atualidade gozam de um apreço muito especial. 

                  As necessidades sociais são as de pertencer, estar associado, ser aceito pelos companheiros, ter amizades, etc. 

                  As necessidades do eu são, por uma parte, as relacionadas com a auto estima (confiança em si mesmo, autonomia, sucesso, competência, preparação, etc.); por outra, são as que se fazem com a própria reputação (gratidão, apreço, respeito, prestígio, etc.). 

                  As necessidades de auto realização (no vértice das necessidades do homem) são as de dar vida às nossas potencialidades, de nos desenvolvermos ou aperfeiçoarmo-nos continuamente, de sermos criativos, de realizarmos um projeto pessoal de vida, de realizar aquilo que de melhor há em nós. 

                  Em muitos seres humanos as necessidades de quinto nível permanecem adormecidas, em grande parte por frustrações experimentadas no que se refere a necessidades de níveis inferiores ou por terem gasto as energias interiores na luta pela satisfação dessas necessidades. 

                  O esquema de Maslow assinalou uma série de exceções à hierarquia de necessidades. Por exemplo, em certas pessoas as necessidades de auto estima parecem ser mais importantes que as necessidades sociais. 

                  Em pessoas altamente criativas, o impulso para criar parece ser mais importante do que qualquer outra necessidade. É o caso de muitos artistas. 

                  Em algumas pessoas o nível de aspiração parece ficar bloqueado num patamar muito baixo. Isto é frequente nas pessoas que sofreram grandes privações. 
                  Em certas pessoas parecem não existir as necessidades sociais. Talvez não tenham encontrado afeto nos primeiros meses da sua vida, e por isso não mostrem desejos de dar e de receber afeição. 

                  Além disso, convém ter em conta que Maslow, apesar da importância que atribui à satisfação das necessidades como condição para o desenvolvimento psíquico, reconhece que a satisfação desordenada das necessidades humanas pode ter consequências patológicas. O desenvolvimento de uma personalidade sã vai para além da questão da satisfação das necessidades básicas. Por outras palavras, a permissividade é patogênica. Segundo Balancho (1996, p.123), “é preciso uma dose de firmeza, disciplina e frustração para fazer uma pessoa madura. “

                  Maslow fez uma excelente análise das necessidades humanas. Os primeiros quatro níveis reterem-se a necessidades de carência. O quinto, ao contrário, inclui necessidades de realização. Em todo o caso, as necessidades apontam para valores ou bens, materiais e imateriais. 

                        Face ao exposto, podemos concluir que a motivação está estritamente ligada a bens materiais e imateriais, e mais exclusivamente a recompensas.

2.2 Motivação e valores 


                  A auto-realização não esgota as necessidades - ou melhor, as aspirações - do ser humano, como se pode ver na teoria da motivação de Victor Frankl, que pode ser observada no filme “A Vida é Bela”. Este famoso psiquiatra viu com particular clarividência, a partir das sua experiência de atrozes sofrimentos em campos de concentração alemães, que o homem é um ser que procura sentido para a vida e que esta mesma vontade de sentido o sustém na existência. 

                  A procura e a consecução de metas têm um efeito motivador na medida em que são valiosos. (Quando o parecem, mas não são valiosos, podem motivar durante a sua busca, mas a sua consecução produz desencanto ou frustração).

                  Frankl refere-se à meta última.

A verdadeira meta da existência humana não se pode encontrar no que se denomina auto-realização. Esta não pode ser em si mesma uma meta, pela simples razão de que quanto mais o homem se esforçar por consegui-la, mais se lhe escapa, pois só na medida em que o homem se compromete no cumprimento do sentido da sua vida, nessa mesma medida se auto realiza. Por outras palavras, a auto-realização não se pode alcançar quando se considera um fim em si mesma, mas quando acontece como efeito secundário da própria transcendência (FRANKL, 1986, p. 109). 

                  O esquema da motivação humana de Pérez López tem muitos pontos de contacto com Frankl. Pérez López distingue três tipos de motivações, que denomina respectivamente motivação extrínseca, intrínseca e transcendente. Esta diferenciação apóia-se na observação de que toda a ação humana se realiza num ambiente - por exemplo, a organização - e que gera consequências em três dimensões diferentes. 

                  Os motivos movem o ser humano pelas consequências que espera em virtude da ação executada. Na motivação extrínseca, pelas consequências que espera alcançar devido às reações do ambiente; na motivação intrínseca pelo que espera que produza nele a sua própria ação; na motivação transcendente pelas que espera que a sua ação produza em outra ou outras pessoas presentes à sua volta. 

                  São três motivações que se encontram em todas as pessoas humanas, embora em proporções distintas. Se predomina a motivação extrínseca a pessoa está dependente, de certo modo, das reações dos outros e atua interesseiramente; se predomina a intrínseca, a pessoa pode decidir-se pela ação tendo em vista a sua melhoria pessoal; se predomina a transcendente a pessoa atua pensando ou abrindo-se às necessidades alheias ou à melhoria pessoal dos destinatários da sua atividade. 

                  Este esquema das intenções das motivações é muito interessante, porque não se centra tanto no que o ser humano sente, mas sim no que a pessoa realmente quer. Destaca as intenções do sujeito, os fins que se propõe. Está muito relacionada, portanto, com vontade humana. 

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                  Mediante a ação educativa, os educadores podem ajudar os seus filhos ou aluno(a)s a elevar o nível dos seus motivos, dando preferência à motivação intrínseca e à transcendente. 

                  Segundo Fauvre (1999, p.76):

[…] quando uma pessoa se move por uma motivação transcendente significa que se abre às necessidades alheias - independentemente da reação do seu ambiente e da sua própria satisfação pessoal, o que implica uma maior liberdade e uma maior qualidade da motivação. Abre-se não só às necessidades de outros, como também à sua melhoria como pessoa.

Analisando a citação feita acima, podemos concluir que a motivação ressalta não só valores pessoais como também valores alheios á pessoa motivada. Muitas vezes o motivado absorve valores e necessidades dos outros, aperfeiçoando-se como pessoa. 


2.3 Valores no âmbito da família

No âmbito familiar, quando os valores prioritários são os valores ou bens materiais, como ocorre em amplos setores da sociedade atual, ou quando os valores se confundem com os desejos ou as apetências de um ser humano, a descoberta de verdadeiros valores humanos tem uma grande importância para a motivação da vontade humana. Isto porque a motivação humana remete sempre para valores humanos verdadeiros, materiais e espirituais - sempre que os primeiros sirvam aos segundos e não ao contrário. 

A descoberta de valores normalmente corresponde aos imateriais, aos do espírito, aos que fazem referência à verdade (valores intelectuais), ao bem (valores morais) e à beleza (valores estéticos). São três tipos de valores estreitamente relacionados entre si, porque verdade, bem e beleza são os termos inseparáveis de um trinômio. (Se alguém tentasse separá-los, encontrar-se-ia com uma verdade má e feia, com um bem feio e falso, com uma beleza falsa e má).

Como descobrir estes valores? Cada qual deve tomar a iniciativa de os procurar porque lhe são muito importantes: são os elementos que aperfeiçoam o próprio ser; mediante estes, um indivíduo pode acabar por ser aquilo que é: ser mais e melhor pessoa. 

Mas nem sempre que se procuram, se encontram. Também é verdade que às vezes, emergem de repente no nosso horizonte existencial, inclusivamente apesar da nossa resistência (...). Um dia qualquer. Uma vida rotineira, e talvez sem relevo, pode sentir-se sacudida - e até invadida - pela descoberta de um novo valor que a transforma (BALANCHO, l996, p.75). 

          

Há algum âmbito onde a descoberta de valores seja menos difícil ou mais provável? Em primeiro lugar, o âmbito vital da família. “Se os pais optaram por certos valores e se comprometeram com eles, cada filho que vem  ao  mundo  não  tem de desenvolver a tarefa hercúlea e problemática de tratar de descobrir por que valores vale a pena arriscar a vida “(ibidem). 

           Nem sempre acontece assim. Optar por certos valores significa escolher, entre os melhores, aqueles que mais convenham, numa família concreta com as suas circunstâncias atuais, para o desenvolvimento pessoal de cada membro e para a melhoria familiar. Logicamente, serão prioritários os valores humanos mais cultivados por ambos os cônjuges. 

                  Comprometer-se com uns valores e organizar a vida familiar em função deles supõe tê-los interiorizado profundamente. Só assim serão capazes de os colocar em uso na sua família, sendo eles próprios, para os seus filhos, portadores de valores.

                  Esses valores, vividos pelos pais, com naturalidade e com graça, com bom humor, sabendo sorrir habitualmente, serão atrativos para os filhos e contagiosos. A família, sob esta perspectiva, aparece-nos como um museu vivo de valores, e não porque os pais pendurem os valores nas paredes, como se se tratasse de um quadro que, passivamente, se deve admirar. “Os valores familiares constituem, pelo contrário, um dado irrefutável, quase com cunho testemunhal, que vai unido ao comportamento diário dos pais” (ibidem, p. 76). E também estarão presentes estes valores na conduta dos filhos, quando os pais, além de os viverem e de os fomentarem, promovem e mantêm vigentes algumas normas e costumes familiares que mostram a presença viva destes valores preferenciais. 

                  Os valores familiares - em famílias cristãs não são só valores naturais,  mas também valores sobrenaturais - nenhuma criança inicialmente os questiona. 

Mais  tarde  sim,  porque,  na  medida  em  que  cresce,  emerge  e  amadurece  a sua liberdade pessoal, há de comprometer-se também nas escolhas que faz e que, obviamente, são sempre muito pessoais (...). Precisamente  por  isso,  os  pais  têm  de  preparar  essa  fase  de   referência -  através  do  seu  comportamento  -  que  lhe  sirva  de  orientação (ibidem). 

                  Este processo será tanto menos difícil para os pais quanto mais cedo façam da sua família um museu vivo de valores, quando os filhos são ainda muito pequenos. 

                  Será menos difícil também a sua adolescência, quando o quadro de referência e um mínimo de normas e costumes tenham sido parte importante do seu ambiente familiar acolhedor, desde a primeira infância. 

                  Deste modo, quando o filho adolescente ou o filho jovem dá prioridade a alguns valores como fundamento para apoiar a sua vida, tem já, como em depósito, uns valores que anteriormente assumiu e integrou, quase sem dar por isso, contagiados ou emprestados pelos seus pais. 

                  Estes valores familiares descobertos na convivência do lar paterno, nas relações diárias de pais e filhos, de irmãos de diferentes idades, traduzem-se - como efeito de descoberta - em motivos. Em consequência, a conduta de cada filho estará motivada desde o principio, a sua vontade estará motivada. 

                  Pensamos, por contraste, em tantos filhos desmotivados antes e durante a sua adolescência, quando os primeiros responsáveis da família não se propuseram ou não souberam criar este ambiente familiar cimentado na sinceridade, na generosidade, na lealdade, na laboriosidade, no otimismo, na compreensão exigente, no respeito confiado, na disponibilidade, na gratidão.

                  Quando o ambiente familiar é motivador e propício ao desenvolvimento sadio, normalmente observamos também o reflexo deste ambiente na escola e na aprendizagem.

3 MOTIVAÇÃO: ABORDAGEM GERAL

                  Vários são os benefícios propiciados pela motivação. São eles:

1. A aprendizagem cooperativa toma-se mais motivante que a aprendizagem individualista e competitiva. 

2. A organização flexível de um grupo aumenta a motivação intrínseca.

3. As tarefas criativas são mais motivadoras que as repetitivas. 

      Em relação ao êxito escolar há que se afirmar que :

  • Conhecer as causas do êxito ou do fracasso em uma tarefa determinada, aumenta a motivação intrínseca. 
  • O reconhecimento do êxito de um aluno ou de um grupo de alunos, por parte do professor, de uma tarefa determinada, motiva mais que o reconhecimento do fracasso, e se aquele é público, melhor. 
  • O registro dos progressos na consecução das metas propostas costuma aumentar a motivação intrínseca. As atividades devem graduar-se de tal forma que, a partir das mais fáceis, o aluno vá obtendo êxitos sucessivos (o êxito gera êxito). 

A elaboração significativa das tarefas escolares gera motivação intrínseca. Não acontece o mesmo com as tarefas repetitivas e conceptualmente fora de contextos. Isto deve-se a que a aprendizagem é significativa quando tem sentido para o aluno, coisa que não acontece com a aprendizagem mecânico-memorística. 

O nível de estimulação dos alunos tem de ser adequado. Se a estimulação é muito reduzida não se produzem mudanças. Se é excessiva, costuma produzir ansiedade e frustração. 

                  No que diz respeito ao nível de dificuldade das tarefas pode-se afirmar que: 

  • As mudanças moderadas no nível de dificuldade e complexidade de uma tarefa favorecem a motivação intrínseca em quem a realiza ao serem atraentes e agradáveis. As mudanças bruscas são rejeitadas ao serem identificadas como desagradáveis. 
  • O nível de dificuldade de uma tarefa tem de ser adequado, favorecendo o próximo passo dos alunos. As tarefas percebidas como muito fáceis ou muito difíceis não criam motivação. As mais motivantes são aquelas percebidas com um nível médio de dificuldade. 

                  O professor que dá autonomia no trabalho promove a motivação de sucesso e auto estima, aumentando assim a motivação intrínseca. Os professores centrados no controle diminuem a motivação.

                  As expectativas do professor sobre o aluno são profecias que se cumprem por si mesmas. O aluno tende a render o que o professor espera dele. 

                  A atmosfera interpessoal na qual se desenrola a tarefa há de permitir ao aluno sentir-se apoiado cálida e honestamente, respeitado como pessoa e capaz de dirigir e orientar a sua própria ação. Um ambiente de otimismo aumenta a motivação. 

                  Faz-se necessário cuidar da motivação extrínseca nas tarefas rotineiras e à base de memória, e a motivação intrínseca nas tarefas de aprendizagem conceptual, resolução de problemas e criatividade. 

                  É preciso partir da própria experiência para chegar à formulação de princípios e leis. Isto consegue-se quando se inserem ocorrências, fatos e situações ocasionais da vida real dos alunos no desenvolvimento do tema correspondente; quando se relaciona o que se ensina com a realidade circundante vivencial para o aluno; quando se parte de fatos ou acontecimentos  da atualidade que têm grande relevância;  quando  se utiliza a experimentação, etc. Trata-se de tornar, na medida do possível, a teoria mais extraída da prática para não se ficar na pura teoria, indo do particular para o geral, do conhecido para o desconhecido, do simples para o complexo. 

                  Devem-se relacionar os temas a tratar com os interesses, necessidades e problemas próprios de cada idade ou fase da vida, sempre que seja possível. O progresso é mais rápido quando os alunos reconhecem que a tarefa coincide com os seus interesses imediatos. 

                  A motivação aumenta quando o material didático que se utiliza é o adequado(diapositivos, transparências, vídeos, cassetes, etc.). 

                  É muito conveniente dar a conhecer os objetivos que se pretende alcançar em cada unidade didática. 

                  É preciso evitar a repreensão pública, o sarcasmo, as comparações ridículas, as tarefas em demasia e, em geral, todas as condições desfavoráveis para o trabalho escolar. Pelo contrário, deve-se utilizar, quando for necessário, a repreensão privada, a conversa particular e amistosa e quantos fatores positivos animem o aluno. 

                  Devem-se comunicar aos alunos os resultados dos seus trabalhos o mais imediatamente possível. O conhecimento dos resultados é um forte estimulo para obter mais rapidez e maior exatidão. 

                  O professor deve mostrar interesse por cada aluno: pelos seus êxitos, pelas suas dificuldades, pelos seus planos... e de maneira que o aluno o note. 

                  As estratégias operativas e participativas são mais motivantes que as passivas e dogmáticas. Os resultados são melhores quando o aluno descobre verdades científicas e quando as tarefas são realizadas sem coação. É muito positivo comprometer o aluno numa determinada tarefa ou trabalho.

                  A competição, bem usada, pode ser um bom recurso de motivação quando se a usa como jogo em grupo, ou quando o aluno joga consigo mesmo (auto competição). Através de jogos, promovemos a competição e também a aprendizagem, pois, com o objetivo de ganhar o jogo, o aluno empenha-se mais e, conseqüentemente, aprende.

                  É preciso evitar que atuem sobre o educando motivos contraditórios simultaneamente. 
                  Quando um motivo forte é frustrado, pode provocar formas indesejáveis de comportamento. 

                  Há que se ter em conta as diferenças individuais na motivação. O papel do professor não consiste só em condicionar novos motivos desejáveis, mas também em explorar convenientemente os muitos que estão presentes em cada educando. 

                  Cada qual é motivado pelo que tem valor para si. Entre motivo e valor não existe diferença. A motivação é o efeito da descoberta do valor. Por isso se toma necessário conseguir que os alunos reconheçam o valor que tem cada matéria, tanto a nível pessoal como social. 

4 MOTIVAÇÃO E RELAÇÃO PEDAGÓGICA

Dar uma aula é uma prática de comunicação entre professor e alunos, não é simplesmente uma questão de falar, nem de falar bem.

Mais do que uma simples mensagem intelectual, é um recado emocional.

A ligação emocional entre o professor e a turma faz-se exatamente através do primeiro momento, das primeiras palavras proferidas. É no contacto inicial que se capta e retém a boa vontade dos alunos e se cria a empatia. Não é por acaso que todas as técnicas de comunicação referem como essenciais os primeiros cinco minutos.

Na primeira aula, o professor deve empenhar-se num jogo de sedução e, tal como a raposa de O Principezinho (de Saint-Exupéry), “cativar” deverá ser o seu objectivo. Depois, basta sedimentar os laços de afetividade que são insubstituíveis e não podem estar ausentes no ensino, seja qual for o nível etário dos alunos.

Independentemente do assunto a abordar e da fase de aprendizagem, é preciso que em todos os momentos iniciais se defina o conteúdo de cada aula. Os alunos devem saber com exatidão o que se espera deles.

Desta forma, há que se ter em consideração os aspectos individuais existentes no grupo/turma, evitando ser demasiado exigente ou demasiado benevolente.

De um modo geral, e salvo raras exceções, surge um vasto leque de reações perante a disciplina ou o assunto a tratar: cabe ao professor gizar as estratégias, de acordo com esta diversidade, promovendo trabalho de grupo ou individual e procurando o apoio escrito ou audiovisual. As tarefas a desempenhar, com maior ou menor autonomia, devem ser adaptadas ao grau de dificuldade manifestado.

A motivação dos alunos para as atividades da aula depende de muitos fatores, tais como a idade, sexo, aptidão intelectual, situação econômica, social e familiar e traços individuais da personalidade.

Analisando os tipos mais comuns, encontramos:

  • o aluno auto-motivado, que não precisa de estímulo. Gera a sua aprendizagem apoiado por  um conjunto de fatores culturais, com base na família e nos recursos que lhe são fornecidos extra-escola (atividades artísticas, visitas a museus e bibliotecas, acesso a bibliografia, etc.). Podemos inseri-lo num meio socioeconômico mais favorecido, muitas vezes enfastiado com a ignorância dos colegas). É um aluno que não aparece com freqüência no sistema de ensino do português (e nem sempre associado a um comportamento exemplar).
  • o aluno médio, que necessita continuamente do estímulo do professor para prosseguir. Não se mostra entusiasmado, nem tampouco desmotivado, mas revela “altos e baixos” no aproveitamento. Menos raro que o anterior, não causa grandes problemas nem exige “altos vôos” a quem ensina.
  • Há ainda um terceiro grupo, dificílimo de motivar, que constitui um caso sério para os professores: o aluno desmotivado. Muito freqüente nas  nossas escolas, é ele que transforma o ato de educar num constante  desafio. Não se impressiona com as artes de magia através das quais lhe queremos transmitir a matéria. O que estimula os outros, provoca-lhe indiferença ou troça. Alheio a todo o tipo de atividades de classe,  entretém-se a bocejar ou a desestabilizar. Neste último caso, estamos perante o provocador nato. Pertence, quase sempre, a classes sociais diametralmente opostas: média/alta ou de nível sócio-cultural muito baixo.

As razões que levam estes jovens a ser insensíveis aos estímulos são diversas.

No primeiro caso, porque estes não lhes dizem nada: ou já os conhecem, ou têm acesso a meios de informação mais sofisticados, ou têm solicitações sociais mais motivadoras.

No segundo caso, porque não encontram qualquer tipo de relação entre  os seus interesses e aspirações e o conteúdo das matérias que lhes são transmitidas. Nada do mundo exterior, nenhum episódio da sua experiência vivencial tem ligação com o que se passa na aula.

Então, como motivá-los?

O professor buscará, primeiramente, assegurar a empatia e despertar a curiosidade do aluno.

Uma boa relação pedagógica professor/aluno é facilitadora da aprendizagem e resolve uma grande parte do problema. O aluno tem de aprender a gostar de aprender. O professor tem de saber incutir-lhe esse gosto. Só assim se poderá avançar, quer no campo afetivo, quer no domínio cognitivo para, depois, passar à fase seguinte: ensinar a estudar.

É, no entanto, necessário ter em conta que há alunos que adquirem cedo esta capacidade ou habilidade, interiorizando métodos de trabalho e de estudo numa fase precoce, e outros que não sabem sequer gerir o seu espaço físico, cuidar da sua higiene, ou mesmo relacionar-se com os outros. O ambiente familiar poderá estar entre as várias razões na origem desta incapacidade.

Neste contexto, motivar estes alunos para a escola passa por educá-los, em primeiro lugar, na sua vida diária. Princípios básicos de higiene pessoal, gestão do tempo, organização do material e empenho em atividades de lazer devem ser interiorizados para, em seguida, cativar os alunos para a aprendizagem e para a escola em geral.

Daqui se conclui que, numa primeira fase, deixemos de lado a informação e se proceda, de imediato, a um programa de inserção dos alunos na escola. A inserção,na escola,dos alunos incluídos no terceiro grupo pode depender desta componente, estimulando-os a colaborar, numa base de igualdade, nas atividades das quais já anteriormente os seus colegas participavam. Deste modo, fica eliminada a frustração que, quase sempre, conduz aos problemas disciplinares.

A escola tem uma enorme responsabilidade na formação de futuros cidadãos. De acordo com Edgar Fauvre (1996, p.95), “a educação tem o duplo poder de cultivar ou abafar a criatividade”.

Para que a escola contribua para a libertação de todas as potencialidades da natureza humana, terá de respeitar alguns princípios:

[...] preservar a originalidade e a ingenuidade criadora de cada indivíduo, sem renunciar a inseri-lo na vida real; transmitir-lhe a cultura, sem o sobrecarregar de modelos já feitos; favorecer a sua realização, através das aptidões, vocações e expressão próprias, sem cultivar o egoísmo; estar apaixonadamente atento à  especificidade  de  cada  pessoa, sem  esquecer  que  a  criação  é,  também,  um  fato  coletivo.  (Ibidem)

Na escola são cruciais os motivos ou fatores potenciais e os fatores emotivos. Motivos ou fatores potenciais Integram capacidades, tendências ou impulsos internos que se colocam ao serviço da aprendizagem. Exemplos: a curiosidade, a aptidão para uma tarefa ou matéria de estudo, o interesse por um tema, os hobbies e preferências.

4.1 Fatores emotivos

Todo o aluno é estimulado pelo êxito e inibido pelo fracasso. Trabalha melhor quando se sente seguro e perde o medo de fazer má figura perante os colegas. Por isso, o desejo do êxito e o receio do fracasso constituem motivos para as atividades docentes.

Conhecendo este fato, o educador deverá criar situações de sucesso, de modo que os êxitos superem os fracassos, pois “nada produz tanto êxito como o próprio êxito” (Ibidem, p.96).

Há, também, que ter em atenção a harmonia entre o nível de aspirações e a capacidade do educando. Normalmente, quem se coloca a níveis de realização inferiores às suas possibilidades pode triunfar, mas desaproveita energias; por outro lado, quem pretende ir mais longe do que as suas potencialidades expõe-se, muitas vezes, ao fracasso.

                  Quando o aluno é solicitado por um estímulo que o interessa, reage favoravelmente a esse estímulo. No entanto, é possível que a sua reação não se traduza num ato intencional.

                  A inação do aluno explica-se, nesse caso, facilmente, tendo em atenção a distinção entre o interesse e o motivo.

                  As coisas que interessam, e por isso prendem a atenção, podem ser várias, mas  talvez  nenhuma  possuam  a  força  suficiente  para  nos  conduzir à  ação, a  qual  exige  o esforço de um motivo determinante da nossa vontade.

                  O interesse mantém a atenção, no sentido de um valor que se deseja. O motivo, porém, se tem energia suficiente, vence as resistências à execução do ato.

                  Na prática escolar observa-se, frequentemente, a separação entre o interesse e o motivo.

                  O aluno tem desejo de aprender e interessa-se vivamente por muitos tipos ou formas de aprendizagem, mas nem sempre basta o interesse para o levar a empreender a realização da sua tarefa.

                  A motivação completa-se apenas quando o aluno encontra razão suficiente para o trabalho que realiza, quando lhe aprecia o valor e percebe que os seus esforços o levam à realização do ideal desejado.

                  Pensando agora na escola, isto significa que, neste espaço, a motivação é essencialmente intencional. Os motivos contribuem poderosamente para a realização dos nossos propósitos.

                  É necessário realçar que, quando o fim requer esforço continuado, o motivo nem sempre é suficiente para manter a atividade. Neste caso, faz falta a força estimulante de um interesse que não desfaleça.

                  Não há motivo eficaz sem interesses, embora muitos interesses não estejam reforçados por motivos.

                  Nem sempre os alunos são capazes de apreciar o valor dos trabalhos escolares, pois muitas vezes não podem compreender a relação existente entre a aprendizagem e uma aspiração, valor ou fim importante na vida. Daí a necessidade de motivar o processo didático.

                  Para motivar um trabalho escolar a melhor forma consiste em apresentá-lo como atividade ou experiência interessante, que conduz a um fim valioso; ou como situação problemática, cuja solução importa ao educando. Logicamente, o motivo deve variar com o tipo de trabalho, a idade, o desenvolvimento físico e mental do aluno e a necessidade de lhe incutir certos hábitos, atitudes e destrezas que a vida exige. Não obstante, em toda a aprendizagem, deve revelar-se a importância daquilo a que o aluno aspira realizar. Definem-se agora os tipos de motivação, em relação ao aluno, ao objeto e à natureza ou modo de atuação.

Quanto ao aluno:

Automotivação: o aluno deseja atingir um objetivo e tenta alcançá-lo pelos seus próprios meios.

Heteromotivação: o aluno não tem nenhum motivo interior para se dedicar às matérias e não manifesta interesse especial pelas aulas. Torna-se necessário que o professor lhe forneça incentivos (estímulos) que se transformem em motivos facilitadores da aprendizagem.

Quanto ao objeto:

 Intrínseca: se radica no próprio sujeito: curiosidade, interesse, necessidades.

Extrínseca: é estranha ao aluno e se introduz artificialmente na situação, como meta ou objetivos a alcançar: incentivos, prêmios e recompensas.

Quanto à natureza ou modo de atuação:

Positiva: nos leva a agir num sentido determinado.

Negativa: nos impede de atuar, ou converte a ação em referência desagradável.

A motivação positiva, através do incentivo, da persuasão, do exemplo e do elogio, é mais eficaz e proveitosa do que a motivação negativa, feita por ameaças, gritos, repreensões ou castigos.

                  As organizações de professores podem contribuir de forma determinante para instaurar na profissão um clima de confiança e uma atitude positiva diante das inovações educativas.
                  Sem dúvida alguma, a relação estabelecida entre professor e aluno constitui o cerne do processo pedagógico, pois o saber pode ser adquirido  de  várias  formas,  como  por exemplo, pelo Ensino à Distância, mas, para quase todos os alunos, em especial para os que não dominam ainda os processos de reflexão e de aprendizagem, o professor continua indispensável.
 
4.2 A relação professor-aluno no processo de ensino-aprendizagem
 

As relações humanas, embora complexas, são peças fundamentais na realização comportamental e profissional de um indivíduo. Desta forma, a análise dos relacionamentos entre professor/aluno envolve interesses e intenções, sendo esta interação o expoente das conseqüências, pois a educação é uma das fontes mais importantes do desenvolvimento comportamental e agregação de valores nos membros da espécie humana.

Neste sentido, a interação estabelecida caracteriza-se pela seleção de conteúdos, organização, sistematização didática para facilitar o aprendizado dos alunos e exposição onde o professor demonstrará seus conteúdos.

No entanto este paradigma deve ser quebrado, é preciso não limitar este estudo em relação comportamento do professor com resultados do aluno; devendo introduzir os processos construtivos como mediadores para superar as limitações do paradigma processo-produto.

Segundo Gadotti (1999, p.2),

 

[...] o educador para pôr em prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida.

Desta maneira, o aprender se torna mais interessante quando o aluno se sente competente pelas atitudes e métodos de motivação em sala de aula. O prazer pelo aprender não é uma atividade que surge espontaneamente nos alunos, pois, não é uma tarefa que cumprem com satisfação, sendo em alguns casos encarada como obrigação. Para que isto possa ser melhor cultivado, o professor deve despertar a curiosidade dos alunos, acompanhando suas ações no desenvolver das atividades.

O professor não deve preocupar-se somente com o conhecimento através da absorção de informações, mas também pelo processo de construção da cidadania do aluno.  Apesar de tal, para que isto ocorra, é necessária a conscientização do professor de que seu papel é de facilitador de aprendizagem, aberto às novas experiências, procurando compreender, numa relação empática, também os sentimentos e os problemas de seus alunos e tentar levá-los à auto-realização.

De modo concreto, não podemos pensar que a construção do conhecimento é entendida como individual. O conhecimento é produto da atividade e do conhecimento humano marcado social e culturalmente. O papel do professor consiste em agir com intermediário entre os conteúdos da aprendizagem e a atividade construtiva para assimilação.

O trabalho do professor em sala de aula, seu relacionamento com os alunos é expresso pela relação que ele tem com a sociedade e com cultura. Abreu e Masetto (1990, p. 115), afirma que:

 

[...] é o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos; fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por sua vez reflete valores e padrões da sociedade.

Segundo Freire (1996, p.96),

[...] o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.

Ainda segundo o autor,

[...] o professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca (FREIRE, 1996, p.97).

Apesar da importância da existência de afetividade, confiança, empatia e respeito entre professores e alunos para que se desenvolva a leitura, a escrita, a reflexão, a aprendizagem e a pesquisa autônoma; por outro, Abreu e Maseto (1990, p. 81), afirmam que “os educadores não podem permitir que tais sentimentos interfiram no cumprimento ético de seu dever de professor”. Assim, situações diferenciadas adotadas com um determinado aluno (como melhorar a nota deste, para que ele não fique de recuperação), apenas norteadas pelo fator amizade ou empatia, não deveriam fazer parte das atitudes de um “formador de opiniões”.

Logo, a relação entre professor e aluno depende, fundamentalmente, do clima estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles. Indica também, que o professor, educador da era industrial com raras exceções, deve buscar educar para as mudanças, para a autonomia, para a liberdade possível numa abordagem global, trabalhando o lado positivo dos alunos e para a formação de um cidadão consciente de seus deveres e de suas responsabilidades sociais.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 CONCLUSÃO
 
Face ao exposto, podemos concluir que o trabalho do professor não consiste simplesmente em transmitir informações ou conhecimentos, mas em apresentá-los sob a forma de problemas a resolver, situando-os num contexto e colocando-os numa perspectiva em que o aluno possa estabelecer a ligação entre a sua solução e outras interrogações mais abrangentes.
A falta de financiamento e de meios pedagógicos, assim como a superlotação das turmas traduziram-se, frequentemente, numa profunda degradação das condições de trabalho dos professores. A entrada de alunos com grandes dificuldades no ambiente social e familiar impõe novas tarefas aos professores para as quais eles estão muitas vezes mal preparados.
Melhorar a qualidade e a motivação dos professores deve, pois, ser uma prioridade em todos os países: melhorar a seleção, ampliando a base de recrutamento através de uma busca mais ativa de candidatos e estabelecer laços mais estreitos entre as universidades e os institutos de formação de futuros professores dos ensinos fundamental e médio; desenvolver os programas de formação contínua, especialmente através de tecnologia de comunicação adequadas; ser dada atenção especial ao recrutamento e aperfeiçoamento dos professores de formação pedagógica a fim de que, com o  tempo,  possam  contribuir  para  a  renovação  das práticas educativas.
A inspeção deve não só controlar o desempenho dos professores, mas também manter com eles um diálogo sobre a evolução dos saberes, métodos e fontes de informação. As reformas dos sistemas de gestão que procurem melhorar a direção dos estabelecimentos de ensino, podem libertar os professores de tarefas administrativas. Tais tarefas os ocupam diariamente e levam a uma concentração sobre os fins e métodos do ensino, em determinados contextos. Os pais podem ser associados, de diversas maneiras, ao processo pedagógico. O mesmo se pode dizer das pessoas que têm experiência prática em diversos assuntos ensinados nas escolas profissionais. É preciso mais empenho em manter a motivação de alunos e professores.

Devem ser conservados no ensino os bons professores, oferecendo-lhes condições de trabalho satisfatórias e remuneração comparável à das outras categorias de emprego que exigem um nível de formação equivalente.

O objetivo deste trabalho foi mostrar que a motivação de alunos e professores é uma eficaz ferramenta para a otimização do ensino.

Pela análise das literaturas feitas nesta monografia, podemos concluir que o fracasso escolar, em sua maior parte é causado pela falta de  envolvimento  dos professores, causando assim, o desinteresse dos alunos.

      Para se chegar à solução deste problema devemos começar por motivar nossos professores, a fim de que eles se sintam envolvidos no processo educativo, despertando em seus alunos o prazer de aprender. Toda atividade realizada com prazer surte efeitos positivos. Assim, faz-se necessário despertar o prazer em nossos alunos e a melhor maneira de se conseguir isto é através da motivação.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, Maria C. & MASETTO, M. T. O professor universitário em aula. São Paulo: MG Editores Associados, 1990.

BALANCHO, Maria José. Motivar os Alunos. São Paulo: Texto Editora, 1996.

CAMPOS, Dinah Martins de Souza. Psicologia da Aprendizagem. 24 ed. Petrópolis: Vozes, 1996.

FAUVRE, Edgar. Aprender a Ser. São Paulo: Livraria Bertrand, 1996.

FRANKL, Victor. Motivação. São Paulo: EPU, 1986.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GADOTTI, M. Convite à leitura de Paulo Freire. São Paulo: Scipione, 1999.

JESUS, Saul Neves de. Motivação e Formação de Professores. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

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Pacífico Ferraz Souto

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