Educação para sempre

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15/02/2015 às 15:05
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[1] O governo brasileiro em 2011 anunciou ambicioso programa para levar uma espécie de banda larga popular para a maioria da população, é o Plano Nacional de Banda Larga ou PNBL que pretende massificar a internet até2013 quando o Brasil sediou a Copa do Mundo de futebol o que não ocorrera efetivamente. As operadoras fixas como Oi, Telefônica, CTBC e Sercomtel foram as primeiras a aderir ao plano. Do lado da telefonia móvel, a TIM anunciou que levará a banda larga 3G para até 1.000 (um mil) municípios até o fim de 2012. A gestão do referido programa está a cargo da Telebrás, estatal de telecomunicações. E, por esse acordo, nos lugares onde as operadoras não tiverem interesses em oferecer uma conexão mais rápida, deverão alugar a capacidade suas centrais para terceiros, sem lucrar com isso. O Brasil aparece no 97º lugar do ranking numa lista de 167 países publicados pela União Internacional de Telecomunicações. Nos EUA, o valor da banda larga é dezenove dólares. A diferença é que a velocidade média da conexão nos outros países é maior. Quando se considera o preço por megabytes por segundo, nossa banda larga é uma das mais caras, principalmente fora do Sudeste.

[2] O Brasil caiu, pela terceira vez consecutiva, no ranking de velocidade média de conexões de internet divulgadas pela empresa de internet americana Akamai. Segundo o estudo publicado nesta terça-feira, os brasileiros acessaram a internet com uma velocidade de 2,7 megabits por segundo (Mbps) no 3º trimestre de 2013. O resultado coloca o país na 84ª posição do ranking, que considerou 140 países. No 1º trimestre de 2010, o Brasil estava no 73º lugar. Com esta velocidade média, o Brasil fica atrás de países como a Turquia (4 Mbps), Cazaquistão (3,5 Mbps) e Iraque (3,1 Mbps).

A posição do Brasil também é pior que a da maioria dos vizinhos da América do Sul que foram analisados no estudo. O Equador, país latino-americano com melhor posição no ranking global, registrou velocidade média de 3,6 Mbps no período. Chile, Colômbia e Argentina também têm conexões de internet mais velozes que o Brasil.

[3] Além das conexões de banda larga fixa, a Akamai também estuda a velocidade da internet móvel (ou seja, a internet nos celulares e smartphones) no Brasil. Segundo o relatório, que considera os acessos por meio de redes 3G e 4G, os brasileiros acessaram a web no celular com velocidade média de apenas 1,7 Mbps no terceiro trimestre de 2013. Embora seja baixa, a velocidade média coloca o Brasil na liderança entre os países da América Latina, junto com Chile e Uruguai.

[4] É natural que os discentes saibam mais sobre as tecnologias digitais que os docentes. Pois afinal na maioria eles são nativos digitais enquanto que os professores são imigrantes digitais. O que deve haver é a abertura para a reciclagem e nova aprendizagem. Em outras palavras, necessitamos (re)aprender a aprender e, mais ainda, (re)aprender a ensinar (grifo meu).

[5] A didática contemporânea enxerga o aluno como sujeito do processo de ensino aprendizagem e que o professor deve oferecer as propícias condições para melhor estimular o interesse dos discentes e sua interação neste processo, onde também colabora na construção do conhecimento. Esta parte do princípio de que o aluno é centro da escola em torno da qual se desenvolvem os programas curriculares e a atividade primacial do docente é ser orientador do processo educativo. Na didática contemporânea são valorizados os princípios da liberdade, da individualidade e da construção coletiva. A avaliação é de natureza qualitativa, valorizando a participação ativa dos alunos e seu crescimento individual dentro do processo de construção da sua aprendizagem. Mas em verdade o eixo principal do ensino-aprendizagem reside na interação e no diálogo entre discente e docente, e não num sujeito e nem em outro.

[6] Cumpre definirmos o que os termos "nativo digital" e o "imigrante digital" significam: O imigrante digital segundo Marc Prensky é o indivíduo que nasceu numa época onde a Internet não era utilizada em massa conforme ocorre atualmente. Podemos pressupor que a maioria dos professores está sinceramente incluída nessa categoria de indivíduos. Salvo algumas exceções, poucos professores possuem intimidade com as tecnologias digitais e alguns até podem ter ressalvas, ou até mesmo serem contrários, ao seu uso no ambiente educativo.  Por outro lado, o nativo digital é aquele que já nasceu em plena era da Internet. Nesse caso, em sua grande maioria, possui franca intimidade em manuseio e interação com tecnologia digital que lhe rodeia e realiza a mediação entre ele, o indivíduo e a sociedade onde vive.

[7] Precisamos nós, professores, deixar de ser os meros imigrantes digitais para nos tornarmos migrantes digitais, se inserindo gradualmente e definitivamente nessa nova cultura digital, na didática contemporânea e apropriando-se do conhecimento necessário para o bom uso e aplicação da tecnologia da educação. É preciso lembrar que o processo da linguagem ocorre na interação entre o EU e o OUTRO e quanto maior o número de interlocutores inseridos no mesmo contexto sociocultural, maior facilidade haverá no processo comunicativo e na construção coletiva do conhecimento.

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[8] Infelizmente a internet brasileira padece de dois males distintos. O primeiro refere-se a sua tímida escala. Os brasileiros são tipos como campeões de redes sociais. Uma pesquisa realizada pelo instituto IBOPE Nielsen de 2011 mostra que nós somos o povo que mais passa horas diante do computador e conectados à internet. A média do brasileiro é de quarenta e cinco horas mensais. Logo depois estão a Inglaterra e Estados Unidos, com uma média de 43 e 40 horas de conexão por mês, respectivamente. Também representamos o país que mais utiliza as redes sociais, na ordem de noventa por cento de nossos internautas está no facebook, twitter, msn, google plus e sites similares. Esse sucesso, contudo, é tremendamente ilusório. Reflete o uso intenso de uma minoria com acesso à internet. Pois apenas 20% da população brasileira tem acesso aos serviços debanda larga.

[9] O Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE) tem como objetivo conectar todas as escolas públicas urbanas à internet, rede mundial de computadores, por meio de tecnologias que propiciem qualidades, velocidade e serviços para incrementar o ensino público no país. São as leis que regem e norteiam o Programa Banda Larga nas Escolas: Decreto nº 2.592 (Aprova o Plano Geral de Metas para a Universalização do Serviço Telefônico Fixo Comutado Prestado No Regime Publico - PGMU). Decreto nº 4.769 (Revoga alínea “b” do inciso II do art. 7º do Plano Geral de Metas para a Universalização do Serviço Telefônico Fixo Comutado Prestado no Regime Público – PGMU) Decreto nº 6.424 (Altera e acresce dispositivos ao Anexo do Decreto nº 4.769). Vide a cartilha: http://esr.rnp.br/leitura/redes

[10] Recentemente bem definiu uma nova habilidade que é de ser antifrágil conforme esclarece Nassim Taleb (que define o que melhora e se torna mais forte conforme recebe as pressões externas do ambiente). O antifrágil é identificável com o sistema imunológico. Se frágil é aquilo que piora quando submetido a alguma força externa. O seu antônimo deveria melhorar em circunstâncias iguais. Antifrágil que melhora e se torna mais forte. Assim é aquilo que resiste às agressões externas e as utiliza para melhorar a sua estrutura.

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Sobre a autora
Gisele Leite

Gisele Leite, professora universitária há quatro décadas. Mestre e Doutora em Direito. Mestre em Filosofia. Pesquisadora-Chefe do Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas. Possui 29 obras jurídicas publicadas. Articulista e colunista dos sites e das revistas jurídicas como Jurid, Portal Investidura, Lex Magister, Revista Síntese, Revista Jures, JusBrasil e Jus.com.br, Editora Plenum e Ucho.Info.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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