Do usufruto e da administração dos bens de filhos menores

12/05/2015 às 15:02
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O artigo traz os principais aspectos ligados ao instituto do usufruto, ressaltando as determinações legais quanto à situação em os pais o exercem em relação aos bens dos filhos menores.

Conceitua-se usufruto (do latim usus fructus, uso dos frutos), é um direito real de gozo ou desfruto de uma coisa alheia, enquanto temporariamente destacado da propriedade. Pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades. O usufruto de imóveis deve ser registrado no Cartório de Registro de Imóveis.

O usufruto e a administração dos pais perduram até a maioridade dos filhos, aos18 anos ou até a data da emancipação. Na qualidade de usufrutuários, os genitores têm o direito à posse, administração, gozo, uso e percepção dos frutos dos bens dos filhos, enquanto perdurar a menoridade.

Até os 16 anos de idade o exercício das titularidades previstas na lei é exclusivo dos pais. A partir dos 16 anos o usufruto e a administração são compartilhados com o menor, em regime de assistência, até este atingir a maioridade, como dispõe o artigo 1.690 do Código Civil Brasileiro. Se o filho menor tiver sido emancipado aos 16 anos, cessa, assim, o poder parental e, igualmente, a aludida assistência.

A representação ou assistência parental é exercida em conjunto por ambos os genitores. Nesse sentido a lei: os pais devem decidir em comum as questões relativas aos filhos. A ideia perseguida pela lei é a de que a atuação conjunta assegura o interesse do menor.

Logo, ocorrendo divergência, é o Juiz quem decidirá sempre em favor do melhor interesse do menor.

O poder de administração dos pais não é ilimitado. Os genitores não podem alienar ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem contrair em nome deles obrigações que ultrapassem os limites da administração. É a regra geral do artigo 1.691 do Código Civil, que, de imediato, abre exceção, quando presente necessidade ou evidente interesse da prole, sempre mediante autorização judicial.

O artigo anteriormente citado estabelece que, quanto à administração dos bens dos filhos, três atos dependem de autorização judicial:

- alienação de imóveis;

- a instituição de ônus reais sobre os imóveis;

- a contratação de obrigações que ultrapassam os limites da simples administração.

Praticados quaisquer dos atos sem autorização judicial serão considerados nulos. A arguição da nulidade, diz o paragrafo único do artigo citado, compete aos filhos, aos herdeiros ou ao representante legal.

Convém ressaltar, se se tratar de filho menor nomear-se-á curador especial para a defesa de seus interesses, como define o artigo 1.692 do Código Civil Brasileiro, permanecendo os pais no exercício do poder parental já que a intervenção do curador limita-se à defesa dos interesses do filho, nas matérias objeto de conflito.

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Sobre a autora
Débora May Pelegrim

Advogada na Giovani Duarte Oliveira Advogados Associados, na área de Direito Civil, Família e Sucessões.<br><br>

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