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Direito Comercial: da evolução histórica à moderna teoria da empresa

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19/05/2015 às 16:45

Resumo:


  • O Direito Comercial teve seu desenvolvimento desde a Idade Média até a moderna Teoria da Empresa, passando por fases como a subjetiva e a objetiva.

  • A evolução do Direito Comercial foi marcada por mudanças significativas, como a transição da teoria dos atos de comércio para a teoria da empresa, que passou a abranger diversas atividades econômicas.

  • O Novo Código Civil brasileiro, promulgado em 2002, adotou a teoria da empresa, ampliando a figura do comerciante para todos os que desenvolvem atividade econômica organizada, representando um avanço na legislação comercial no país.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

7. O PAPEL DOS PROFISSIONAIS EXERCENTES DE ATIVIDADES INTELECTUAIS NO NOVO DIREITO EMPRESARIAL BRASILEIRO

Como já visto, o Código Civil brasileiro, no seu artigo 966, considera empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Porém, o parágrafo único deste artigo faz uma ressalva em relação aos profissionais exercentes de atividades intelectuais.

De acordo com o parágrafo único do artigo 966 do Código Civil, “não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa”.

Sendo assim, o exercente de profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, mesmo que contrate empregados para auxiliá-lo em seu trabalho não é considerado empresário. “esses profissionais exploram, portanto, atividades econômicas civis, não sujeitas ao Direito Comercial. Entre eles se encontram os profissionais liberais (advogado, médico, cientista, arquiteto etc), os escritores e artistas de qualquer expressão (plásticos, músicos, atores etc)” [21].

A exceção do parágrafo único do artigo 966 que diz: “salvo se o exercício da profissão constitui elemento de empresa”, é exemplificada com o caso do médico que, trabalhando em sua clínica, sendo auxiliado por alguns empregados, atende seus pacientes prestando um serviço resultante de sua atividade intelectual, e por isso não é considerado empresário. Entretanto, se este mesmo médico passa a organizar os fatores de produção, contratando mais funcionários como, por exemplo, outros médicos, enfermeiros, contador, advogado etc, consecutivamente fazendo com que as pessoas que procurarem aquele clínica ou hospital não estejam mais interessadas no atendimento individual derivado da atividade intelectual daquele médico e sim nos serviços médicos ali prestados, com isso ele passa a constituir elemento de empresa, tornando um empresário e estando sujeito ao Direito Comercial.


8. EMPRESÁRIO RURAL

Existem dois tipos de atividades rurais: a familiar, que é considerada de subsistência e a agroindústria ou agronegócio, onde se emprega tecnologia avançada, mão de obra assalariada, especialização de culturas, grande área de cultivo etc. No caso da primeira, o seu exercente não é considerado empresário e não há necessidade de fazer registro na Junta Comercial. Em se tratando de agronegócio, o artigo 971 do Código Civil reservou a possibilidade de requerer sua inscrição na Junta Comercial, sendo o seu exercente considerado empresário, estando assim submetido às normas do Direito Comercial.


9. PRIVILEGIOS

Como visto, desde a época em que o Direito Comercial disciplinava somente as atividades e os associados de determinadas classes, umas de suas principais características eram os benefícios e privilégios cedidos aos comerciantes, benefícios esses que são constantemente questionados e criticados pela doutrina.

Com a evolução do Direito Comercial, essa ciência sofreu diversas mutações tanto objetivas como subjetivas. Porém os benefícios concedidos aos comerciantes como, por exemplo, a falência e a concordata, estiveram presentes em todas as fases.

Pela grande contribuição que o comerciante, com a sua atividade, presta à sociedade e até mesmo pelo risco que ela oferece, esses benefícios, obedecendo certos limites em relação aos consumidores e fornecedores, são extremamente necessários para garantir que se continue a desempenhar tão importante função social – o comércio.


10. CONCLUSÃO

Da análise do desenvolvimento histórico do Direito Comercial verifica-se que sua essência não se encontra em conceitos, os quais, devido o correr do tempo, podem disciplinar temas já inexistentes ou simplesmente não mais praticados. A essência do Direito Comercial está no comerciante e na sua atividade, que hoje costumou-se chamar de empresa. Essas duas figuras constituem o arcabouço da sociedade, são elas que movimentam, que fazem girar o mercado econômico.

O Novo Código Civil brasileiro ampliou a figura do comerciante para todos aqueles que desenvolvem atividade econômica organizada. Sem falar das questões que ainda precisam ser debatidas, tem-se um grande avanço em relação a realidade atual. Porém, deve-se sempre atentar aos fatores subjetivos que caracterizam um sujeito como aquele exercente de uma atividade que contribui com a economia e com o seu crescimento, não se deve viciar em conceitos elaborados em determinado momento histórico, sem a devida contextualização da realidade prática. Levando em conta esses fatores, pode-se afirmar que “empresário se é, empresa se exercita, e estabelecimento se tem”.


11. BIBLIOGRAFIA

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Vol. I. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

________. Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

DORIA, Dylson. Curso de Direito Comercial. Vol. I. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

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12. NOTAS

1- DORIA, Dylson. Curso de Direito Comercial. Vol. I. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 17.

2- NASCIMENTO, Walter Vieira do. Lições de História do Direito. 14ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002.

3- DORIA, Dylson. Curso de Direito Comercial. Vol. I. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 17.

4- DORIA, Dylson. Curso de Direito Comercial. Vol. I. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 18.

5- NERILO, Lucíola Febreten Lopes. O Direito Empresarial superando o arcaico sistema dos atos de comércio. Jus Navigandi. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos>. Acesso em: 19 de março de 2004.

6- REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. Vol. I. 25ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 10.

7- REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. Vol. I. 25ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 11.

8- COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Vol. I. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 13.

9- COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Vol. I. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 13/14.

10- DORIA, Dylson. Curso de Direito Comercial. Vol. I. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 20.

11- DORIA, Dylson. Curso de Direito Comercial. Vol. I. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 21.

12- NERILO, Lucíola Febreten Lopes. O Direito Empresarial superando o arcaico sistema dos atos de comércio. Jus Navigandi. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos>. Acesso em: 19 de março de 2004.

13- COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Vol. I. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 15.

14- COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Vol. I. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 22.

15- COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Vol. I. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 17.

16- MACHADO, Daniel Carneiro. O Novo Código Civil Brasileiro e a Teoria da Empresa. Jus Navigandi. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos>. Acesso em: 19 de março de 2004.

17- NERILO, Lucíola Febreten Lopes. O Direito Empresarial superando o arcaico sistema dos atos de comércio. Jus Navigandi. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos>. Acesso em: 19 de março de 2004.

18- COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Vol. I. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 19.

19- TOMAZETTE, Marlon. A Teoria da Empresa: o novo Direito Comercial. Jus Navigandi. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos>. Acesso em: 19 de março de 2004.

20- COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 57/58.

21- COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 16.

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Sobre o autor
Eujecio Coutrim Lima Filho

Delegado de Polícia Civil no Estado de Minas Gerais. Doutor em Direito pela Universidade Estácio de Sá (UNESA, RJ). Mestre em Direito Público pela Universidade Estácio de Sá (UNESA, RJ). Especialista em Direito do Estado pela Universidade Federal do Estado da Bahia (UFBA, BA). Graduado em Direito pelo IESUS (BA). Professor de Direito Processual Penal na UNIFG (BA) e na FAVENORTE (MG). Professor nos cursos de pós-graduação da UNIFG/UNIGRAD (BA) e da ACADEPOL (MG). Ex-Advogado. Ex-Juiz Leigo do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Autor de obras jurídicas. Colunista do Canal Ciências Criminais.

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

LIMA FILHO, Eujecio Coutrim. Direito Comercial: da evolução histórica à moderna teoria da empresa. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 20, n. 4339, 19 mai. 2015. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/39132. Acesso em: 23 dez. 2024.

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