Depois das denúncias e processos por corrupção (ativa ou passiva), lavagem de dinheiro, desvios e abuso de poder econômico, que já envolvem ex-diretores da Petrobras e alguns empresários de vários ramos, além de ex-deputados e ex-favorecidos com cargos na administração pública federal, agora a Procuradoria Geral da República e os procedimentos investigatórios – com autorização do STF - voltam-se contra os políticos mais graúdos do Congresso Nacional, como é o caso de Collor de Mello, Renan Calheiros e Eduardo Cunha, atingindo por via de consequência toda a camarilha por eles comandada.
Diante do noticiado, seria lógico que qualquer cidadão normal e ligeiramente informado pudesse deduzir que agora, finalmente, “além de bagrinhos também se começa a pescar tubarões”. Só que não!
Pasmem vocês, caros leitores, que a alta cúpula política nacional, acuada pelas investigações, se levanta para denegrir o trabalho da Polícia Federal e do Ministério Público da União, e usando de chantagem (crime tipificado no art. 158 do CPC) como meio de defesa, ameaçam romper com o governo, que tem no PMDB o maior partido da coalizão dominante. Vale dizer, usam da intimidação política no afã de paralisarem os trabalhos investigatórios! Medida que se passaria por meramente protelatória e acabaria esvaziada se não fosse por um detalhe da maior relevância: a Procuradoria da República no Distrito Federal também resolveu formalizar uma investigação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por tráfico de influência internacional (em favorecimento à empresa Odebrecht).
O impasse agora está criado. Ou o governo federal cumpre na prática com as promessas de campanha e permite levar-se às derradeiras consequências o combate à corrupção e crimes conexos, ou se acumplicia de vez com os indigitados congressistas para defender a figura do ex-presidente. A decisão que for tomada, inegavelmente, ditará o futuro do Brasil!
Cabe lembrar que "nunca, antes, na história deste país" as instituições foram tão enxovalhadas e a classe política tão distanciada da sociedade brasileira. Até por isto, ao que tudo indica, caberá ao povo, por certo, uma nova tarefa: voltar às ruas para apoiar o MP e a PF nesse trabalho hercúleo de passar o país a limpo!