Capa da publicação A competência informacional em profissionais das unidades de informação.
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A competência informacional em profissionais das unidades de informação.

O caso das bibliotecas dos Tribunais Supremo e Administrativo da cidade de Maputo

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23/09/2015 às 06:35
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3. METODOLOGIA

Neste capítulo estão descritos os procedimentos metodológicos usados para o desenvolvimento da presente pesquisa, designadamente, tipo de estudo e abordagem, sujeitos do estudo, instrumentos de colecta de dados, procedimentos de colecta de dados, análise e interpretação de dados.

3.1. Tipo de Estudo e abordagem

Para o desenvolvimento deste estudo, optou-se pela pesquisa exploratória, cuja finalidade é, entre outras coisas, estudar um fenómeno ainda pouco explorado a fim de que o pesquisador se familiarize com o fenómeno, analisando as características e peculiaridades do tema a ser explorado, para assim aprofundar ou se aproximar do objecto estudado.

Conforme Gil (1999, p.43) a pesquisa exploratória tem como principal finalidade “desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos. […] Habitualmente envolve levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso.”

As pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objectivo de proporcionar uma visão geral, de tipo aproximativo, acerca de um determinado facto. Gil salienta que “este tipo de pesquisa é realizado quando o tema escolhido é pouco explorado.” (GIL, 1999, p.43).

A formulação deste autor encaixa-se nos propósitos da presente pesquisa pois, ela procura relacionar dois conceitos ainda pouco abordados no campo da Ciência da Informação: Competência Informacional e Profissionais da Informação que actuam nos tribunais Administrativo e Supremo na cidade de Maputo.

Além disso pesquisa é de carácter qualitativo, segundo Menga apud Marconi e Lakatos (2007, p.109) “o estudo qualitativo é o que se desenvolve numa situação natural; é rico em dados descritivos, tem um plano aberto e flexível e focaliza a realidade de forma complexa e contextualizado”. (MARCONI E LAKATOS, 2007, p.109).

Associado a isso, a pesquisa é de caracter qualitativa/ quantitativa. No que tange a colecta de dados, utilizou-se das seguintes técnicas científicas: a observação e o questionário.

Conforme Lakatos e Marconi (2008, p. 190-191), a observação é uma técnica de colecta de dados cuja finalidade é obter por meio dos órgãos de sentido, informação concernente a certos aspectos da realidade investigada. Porém, ela

[…] não consiste apenas em ver ou ouvir, mas também examinar factos ou fenómenos que se desejam estudar. […] a observação ajuda ao pesquisador na identificação e obtenção de provas a respeito de objectivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência” (LAKATOS e MARCONI, 2008, p.190-191).

A observação adoptada nesta pesquisa é do tipo sistemática e não participante e foi realizada, por ocasião da aplicação do questionário. Esse tipo de observação leva em conta aspectos pré-definidos a serem observados durante a colecta de dados. O seu objectivo é identificar o fluxo informacional e as habilidades e competências que o profissional da informação deve ter para desenvolver suas actividades.

Em relação ao questionário Lakatos e Marconi (1995, p.201-202) asseveram que ele é constituído por um conjunto ordenado de perguntas que “devem ser respondidas por escrito e sem a presença do pesquisador. Com o questionário é possível atingir um maior número de pessoas, abranger uma área geograficamente ampla, e obter mais respostas rápidas e precisas”. A utilização do questionário permite ao pesquisador “obter conhecimento d opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas e situações vivenciadas”, possibilitando ainda “atingir grande numero de pessoas” (GIL, 1999, p.129).

O questionário é composto por doze (12) questões abertas e fechadas. A pesquisa empírica foi realizada em duas unidades de informação, nomeadamente: a biblioteca do Tribunal Administrativo e a biblioteca do Tribunal Supremo da cidade de Maputo. Os dados foram colectados junto aos 14 (catorze) profissionais da informação que actuam naquelas unidades informacionais.


4. ANÁLISE DE DADOS E DISCUSÃO DOS RESULTADOS

Após a fase da colecta de dados, cujos procedimentos foram acima descritos, seguiu-se a fase de análise e intepretação dos dados utilizando o SPSS, software de análise de dados estatísticos SPSS.

Partindo da análise das informações colhidas a partir do questionário então aplicado, foi possível reunir três conjuntos de categorias: i) caracterização dos participantes da pesquisa (perfil dos profisionais); ii) avaliação e domínio da competência informacional; e iii) contribuição da competência informacional. Quanto ao perfil, procuramos ver a questão da faixa etária, sexo, nível académico e o tipo de formação.

4.1. Perfil dos profissionais da informação que actuam nos Tribunais Administrativo e Supremo: caracterização geral

Em relacção à faixa etária, os que responderam a faixa de 31 a 35 encontramos 3 respondentes do sexo masculino e 5 do sexo feminino; e na faixa etária de 25 a 30 anos, encontramos apenas 2 do sexo feminino e nenhum do sexo masculino. Na faixa dos 36 a 40 anos foi 41 a 46 anos o maior número vai para o sexo feminino, foram encontrados 2 e do sexo masculino apenas 1. Com estas informações pudemos perceber que naquelas unidades de informação existem mais profissionais do sexo feminino em relacção aos do sexo masculino.

Tabela 1-Categorização dos profissionais por faixa etária e por sexo

Faixa Etária

Total

de 25 a 30 anos

de 31 a 35 anos

de 36 a 40 anos

de 41 a 45 anos

Sexo

Masculino

0

3

1

1

5

Feminino

2

5

0

2

9

Total

2

8

1

3

14

4.1.1. Formação académica

A partir da Tabela 2, podemos constatar que entre os profissionais da informação que actuam nos Tribunais Administrativo e Supremo da cidade de Maputo, predominam aqueles que têm o nível médio, com maior destaque para o técnico profissional e documentação perfazendo cerca de 60 %. O número de profissionais com formação superior em nível de licenciatura cobre cerca de 30% e por fim encontram-se os que apesar de possuirem formação de nível médio geral, não têm nenhuma formação específica em documentação. Importa salientar, segundo a Tabela, que, os profissionais com formação de nível superior são oriundos de diversas áreas do conhecimento, a saber: Biblioteconomia, Administração Pública, História, Direito e Ensino de Francês. Apesar de que maior número de profissionais tenha formação de nivel médio relativamente aos do nível superior, podemos afirmar que ainda necessitam de ingressar noutros níveis, com destaque para a especialização na área, tendo em vista a responder aos desfios colocados pela sociedade da informação.

Tabela 2 - Formação Académica

Nível de Formação

Total

Nível Médio Geral

Técnico Médio Profissional

Licenciatura

Área de Formação

Biblioteconomia

3

1

0

4

Documentação

0

6

0

6

Administração Pública

0

0

1

1

Direito

0

0

1

1

História

0

0

1

1

Ensino de Francês

0

0

1

1

Total

3

7

4

14

Ainda no concernente a caracterização dos profissionais que actuam nas duas unidades de Informação da nossa pesquisa, procurámos conhecer as actividades por eles realizadas no local de trabalho. Para o efeito, apresentamos no questionário, um rol de actividades ligadas à profissão, no qual esses profissionais deveriam marcar as actividades que efectivamente realizam no seu dia a dia, podendo para isso, marcar mais de uma opção.

Desse total, a maioria apontou para a Análise e tratamento da informação (31%), seguida de Referência e atendimento ao usuário (30%), Disseminação da informação (22%) e por fim a Selecção e Aquisição (13%).

Pela análise dos dados fornecidos neste gráfico, constata-se que, embora, existam profissionais com formação superior, inclusive uns em Biblioteconomia e História, com especialização em documentação, e com alguma experiência na área em que actuam o que, suspostamente seria natural que realizassem outras actividades visando a inovação dos seus serviços e produtos, eles apenas ficam apegados às actividades tradicionais da profissão.

Embora essas actividades sejam fundamentais e indispensáveis em qualquer Unidade de Informação, porém, não podemos esquecer que as mudanças afectam todas as áreas do conhecimento e, portanto, a área da Ciência da Informação não está isenta a essas mudanças. Muito pelo contrário, actualmente exige-se cada vez mais ao profissional da informação, opapel de gestor, consultor de informação, pesquisador de informação, desenvolvendo actividades ligadas a essa área de actuação.

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O dado que mais nos preocupa nesta análise é que nenhum profissional apontou para a educação de usuários. Assim, podemos perceber que são resistentes a mudanças ou não se sentem competente para aplicar conhecimentos a essa actividade.

Ora, é importante que os profissionais da informação envolvam a actividade de educação de usuários e se tratando de unidades de informação especializadas, no caso vertente, as juridicas espera-se que estes profissionais proponham alternativas de produtos e serviços de informação que possam mediar o processo de comunicação entre a unidade de informação e o usuário.

4.1.2. Avaliação e domínio das comepetências informacionais

Para aconstrução desta categoria, baseamo-nos na literatura pesquisada sobre Ciência da Informação que faz parte do referencial teórico da presente pesquisa. Assim, solicitámos que os profissionais de informação inquiridos avaliassem as competências informacionais arroladas no questionário, de acordo com os vários graus de importância (Muito importante, Importante, Razoável e Menos importante).

Todas as competências arroladas foram avaliadas, embora, não houve unanimidade quanto ao grau de importância na avaliação.

Gráfico-2- Avaliação e domínio de competências informacionais

[IMAGEM NÃO DISPONÍVEL]

Conhecimentos na área Jurídica e domínio de outras línguas e tecnologia

Uma das principais dificuldades da actuação do prifissional da informação é o facto de actuarem em áreas de todos os domínios do conhecimento, lidando com diferentes e diversas variedades de informação. É justamente por isso, que ele precisa de conhecimentos míninos da área na qual irá desempenhar as suas actividades e funções. No campo jurídico não seria diferente.

Procurámos, então saber dos participantes da nossa pesquisa, a sua avaliação em relacção aos conhecimentos da terminologia da área jurídica, e se eles tinham essa competência para desempenharem suas funções nessas unidades de informação. Todos os inquiridos consideram muito importantes, e também apontaram possuir certo conhecimento da terminologia jurídica. Isso mostra que para o profissional da informação actuar nesta área, precisa ter conhecimentos básicos da terminologia jurídica, conhecer as fontes de informação especializadas, domínio da tecnologia, pois estamos na era digital e muitas fontes de informação circundam esse ambiente, conhecer os fluxos e sistemas de informação voltados à área de actuação.

Sobre o domínio ou conhecimento de outros idiomas, temos a destacar que é uma das exigências da actual sociedade globalizada e, principalmente no campo da Ciência da Informação, cujos estudos teóricos e a prática profissional não estão isentas ao cruzamento com as línguas estrangeiras principalmente o inglês. Em razão disso solicitámos aos participantes da pesquisa que avaliassem essa competência. Assim 100% apontaram ser importante. Da análise feita contatamos que menor parte é que tem domínio de outros idiomas.

Gráfico 3-Conhecimentos na área Jurídica e domínio de outras línguas e tecnologia

[IMAGEM NÃO DISPONÍVEL]

4.1.3. Actualização e educação continuada

Um dos princípios que envolvem a competência informacional relacciona-se com a educação como um processo cíclico, e que deve ser continuado ao longo de toda a vida. Nesta perspectiva, procurámos saber dos profissionais se têm noção deste desafio e como ele tem sido feito. As análises permitiram perceber que a maioria considera muito importante a educação e actualização profissional ao longo da vida, no entanto, podemos aferir que estes profissionais têm se formado em modelos de ensino formal, isto é, pudemos constatar que existem profissionais que encontram a formar-se em nível da licenciatura e outra forma que eles encontram para a educação e através de participação em eventos e outros são ainda auto- didatas, conforme o gráfico abaixo ilustra.

Figura 4-Actualização e educação continuada

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