A preparação dos graduandos em Direito para advogar

18/06/2018 às 14:23
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Ao municiar a jovem advocacia do necessário à melhor atuação, os envolvidos no ensino jurídico servirão melhor à sociedade

Em evidência, principalmente diante de operações policiais voltadas ao combate à corrupção, as carreiras jurídicas têm se destacado em todos os noticiários brasileiros nos últimos tempos. Por mais controversa que seja, essa realidade não pode ser desconsiderada. Nesse contexto, dados apontam que o bacharelado em Direito tornou-se o mais frequentado no Brasil, país que possui o maior número de faculdades aptas à oferta do curso em todo o mundo.

Por consectário mais tradicional, cresce o número de advogados habilitados no país, apartadas as críticas ao Exame de Ordem, alheias ao cerne da presente análise. O destaque fica para o Brasil contar com mais de 1 milhão de advogados, o que torna o exercício da profissão - consagrada pela Constituição como essencial à administração da Justiça - uma hercúlea e desafiadora missão.

Criticada pelos estudiosos, a qualidade do ensino jurídico brasileiro acentua a gravidade da situação da jovem advocacia. Centradas nas também necessárias disciplinas propedêuticas, materiais e processuais, as graduações em Direito se afastam da orientação à prática do múnus público da advocacia. Egressos das faculdades, os bacharéis, muitas vezes, enfrentam dificuldades no manejo de elementos básicos e indispensáveis à militância na seara.

Diante disso, indispensável se faz a releitura das grades ofertadas aos acadêmicos, com a inclusão de disciplinas prioritariamente práticas. Noções aplicadas de informática, operacionalização dos sistemas eletrônicos adotados pelos Tribunais, prospecção de negócios em observância à ética profissional, marketing pessoal e oratória são alguns dos muitos elementos de carência. Em comum, a essencialidade de cada um destes quesitos ao pleno exercício da atividade.

No país em que um terço dos negócios abertos fecha em até 2 anos, quanto mais qualificação, maiores as probabilidades de êxito. Assim, às instituições de ensino cabe também potencializar o pragmatismo dos bacharelados em Direito. Tal desiderato certamente pode ser alcançado através da celebração de parcerias multifacetadas, envolvendo entidades como a própria OAB, com suas Escolas Superiores de Advocacia, e o Sebrae, dotado de expertise em matéria de empreendedorismo.

É certo que o esgotamento no campo teórico não é possível, pois a prática cotidiana permanentemente apresenta situações inovadoras, o que é característico da vida em sociedade e dos conflitos dela decorrentes. Entretanto, ao municiar a jovem advocacia dos elementos necessários à melhor atuação, os agentes envolvidos no ensino jurídico brasileiro, ladeados, servirão melhor à sociedade, oferecendo-lhe profissionais ainda mais gabaritados à representação dos seus interesses.

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Sobre o autor
Lerroy Tomaz

Advogado, sócio-fundador do escritório Tomaz, Queiroz & Ferreira Advocacia (TQF Advocacia), membro da Comissão de Celeridade Processual da OAB/BA, pós-graduado em Direito Público pela Universidade Salvador (UNIFACS), possui curso de extensão em Direito Processual Civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), articulista em livros jurídicos, colunista do jornal Pagina Revista. E-mail: [email protected].

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Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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Texto originalmente publicado na editoria de Opinião do centenário jornal A Tarde, na edição de 04/06/2018.

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