As razões que me impedem de votar e que me conduzem à abstenção nas Eleições Presidenciais deste ano de 2018 são estas.
O Brasil vive, há empoeiradas décadas, dias conturbados, imerso em elastecida desordem e deprimente caos social. A criminalidade e a completa ausência de seriedade neste país superam qualquer projeção ou expectativa mais pessimista, alastrando-se qual doença epidêmica.
A vida humana tornou-se algo completamente descartável e sob a complacência de um Estado inerte, incapaz, indolente e inveterado promotor de pândegas.
As instituições ditas e tidas como Democráticas de Direito não passam de um arremedo ou de uma caricatura, tal o cenário com mais de duzentos milhões de cidadãos, dos quais sessenta e três mil são mortos ou assassinados todos os anos, sem que isso signifique estarrecimento por parte daqueles que aparentemente governam, legislam e ocupam posições nos Três Poderes de uma claudicante República.
A classe política desde sempre ocupa as páginas e os noticiários dos meios de comunicação de massa via de regra em razão de escrachada corrupção, envolvendo as mais inacreditáveis trapaças com o dinheiro público.
Os discursos grotescos, não obstante, continuam os mesmos, representativos de escárnio e agressão explícita às pessoas de bom senso, de boa sensibilidade e com noção mínima entre o aceitável e legítimo e a pantomima indescritivelmente ridícula.
Num país que se pretende Democrático de Direito, a imposição do voto, a compulsoriedade do voto denota a negação ou a antítese da gregariedade verdadeiramente democrática e balizada por normas jurídicas hígidas, mormente quando se tem em mente que o povo é o detentor do poder ou a emanação unívoca desse poder, e, com essa credencial, jamais poderia ser alvo de coerção estatal, pois que isso configura gritante desfiguração da expressão constitucional e estranha usurpação.
Dito de outro modo, é insuportavelmente contraditório que, no Brasil, se reconheça solenemente a soberania da vontade popular como fonte única do poder e, ao mesmo tempo, se obrigue o soberano povo a "exercer sua soberania", sob pena de multas, masmorras e cadafalsos...
Como brasileiro, sinto-me objeto de motejo por parte dos candidatos que ocupam posições na corrida eleitoral com possibilidades de virem a ser eleitos, na medida em que quase todos esses têm seus nomes envolvidos seja em investigações policiais, seja em inquéritos já instaurados, seja em processo criminal, e, por conseguinte, vejo-me enodoada por um sistema político nauseante, que teima em manter-se tal qual precisamente em decorrência da omissão do Estado no preparo de leis matizadas por inconfundível austeridade.
Não bastassem todas essas variantes, há ainda a considerar a de todos sabida susceptibilidade das tais urnas eletrônicas a fraudes e manipulações variadas, fato já demonstrado categoricamente por especialistas até mesmo a Ministros do Tribunal Superior Eleitoral. E tudo permaneceu como d'antes, não se deu a menor importância, como se tal vulcânica absurdeza representasse apenas um "detalhe eleitoral"(sic).
Nem mesmo países com notório avanço tecnológico, nem mesmo as maiores potências mundiais, fazem uso de urnas eletrônicas em suas eleições simplesmente em decorrência da óbvia fragilidade desse sistema, facilmente manipulável por hackers e, portanto, o resultado das eleições jaz à mercê de adulteração por criminosos...
E por que cargas-d'água no Brasil se insiste em urnas eletrônicas?!
Pobre eleitor brasileiro! Pobre contribuinte!
Como cidadão, como POVO, não compareço às urnas, não voto, abstenho-me como eleitor em decorrência deste conjunto de justificativas, convicto de se tratar de intocável direito meu, independentemente de as vigentes normas legais, incluindo a enciclopédica e confusa Constituição Federal, declararem em contrário e de modo raso, amorfo, inconsistente e insustentável.
Não há candidatos plausíveis. Não há perspectiva política, enquanto perdurante a lamentável mentalidade ou a cultura do niilismo que a nós todos nos priva de dignidade tristemente.