CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola como instituição social voltada para a educação do cidadão tem como objetivos principais a sua instrução e a sua formação. Entretanto, esses objetivos podem ser alcançados com melhor qualidade quando integrados e articulados aos objetivos administrativos e a uma gestão democrática.
À gestão caberá promover não apenas uma ação institucional e comunitária para que as pessoas se sintam responsáveis pela escola e realizar seus objetivos essenciais, mas também uma articulação harmônica entre os recursos humanos e materiais, elementos essenciais de que a escola necessita para alcançar sucesso no processo ensino-aprendizagem, e formar cidadãos autônomos, criativos, construtores e transformadores da sociedade.
Reconhecemos que essa é a principal função da escola. Quando a escola é administrada de modo eficiente e eficaz, oferece condições para a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem. Justifica-se essa forma positiva de encarar o desafio da gestão escolar na frase de Marx:
a humanidade só se propõe às tarefas que pode resolver, pois, se considera mais atentamente, se chegará à conclusão de que a própria tarefa só aparece onde as condições materiais de sua solução já existem, ou, pelo menos são captadas no processo de seu devir (MARX, 1985, p. 130).
Como um ponto de reflexão importante para nós, educadores, não se pode deixar de referenciar o poder transformador do conhecimento e da educação. As relações que ocorrem no cotidiano escolar estão em permanente processo de construção e reconstrução, pois a dinâmica do processo histórico faz com que as construções e suas reelaborações sejam sempre provisórias.
Ademais, a escola que constrói seu projeto político-pedagógico busca a sua democratização e sua articulação com a sociedade. Um projeto político-pedagógico bem construído permite que seus integrantes tenham consciência de por onde caminham e de como devem caminhar, interferindo também em seus limites.
O processo de avaliação será então contínuo, realizado após cada atividade desenvolvida nos projetos, com a participação dos alunos, professores e equipe pedagógica. Portanto, essa avaliação acontecerá em seus aspectos qualitativos e quantitativos constantemente, tendo em vista que professor e aluno são sujeitos do processo de construção do conhecimento, pois esses projetos acontecem com a participação de todos os envolvidos nesse processo de aprendizagem.
Buscar uma nova organização escolar significa uma ousadia para os educadores, pais, alunos e funcionários. Para que a construção do projeto político-pedagógico seja possível, não é necessário fazer com que professores, equipe pedagógica e os funcionários trabalhem mais; basta propiciar situações que lhes permitam aprender a pensar e a realizar o fazer pedagógico de forma coerente.
O projeto político-pedagógico é fundamental, pois ele passa a ser uma direção, um caminho para as ações da escola. É a própria organização do trabalho pedagógico escolar como um todo.
Segundo J. C. Libâneo, “o projeto representa a oportunidade de a direção, a coordenação pedagógica, os professores e a comunidade tomarem sua escola nas mãos, definir seu papel estratégico na educação das crianças e jovens, organizar suas ações, visando atingir os objetivos que se propõem. É o ordenador, norteador da vida escolar”.
Sabemos que o projeto político-pedagógico deve acompanhar os movimentos da história. A prática pedagógica cotidiana e a discussão dos referenciais teóricos devem encaminhar para uma “práxis” responsável e compromissada com uma escola de qualidade.
Além da organização mediante a realidade e cotidiano escolar, o projeto político-pedagógico deve partir dos princípios de igualdade, qualidade, liberdade, gestão democrática e valorização do magistério. Salvaguardando esses princípios básicos consegue-se alcançar o próprio sentido etimológico da palavra “projeto”, que significa “lançar para frente”.
Concluímos então que o enraizamento da escola em sua realidade, a explicitação da intencionalidade política e a abertura da escola à participação de outros membros são fatores necessários à construção de um projeto político-pedagógico, levando a uma prática comprometida com o social e o cultural.
A compreensão de uma nova atitude em relação à educação/escola vai sendo construída à medida que todos são envolvidos no processo de reflexão. Os professores passam a elaborar suas propostas específicas, considerando as características do projeto institucional, considerando as possibilidades e os limites de cada turma e as devidas individualidades. O objetivo, contudo, é um só: formar o aluno como cidadão consciente e capaz de decidir o seu destino.
Logo, para que a escola realmente alcance os seus objetivos, é de fundamental importância que a construção e o acompanhamento do projeto político-pedagógico estejam alicerçados em uma gestão participativa, coletiva, em que as decisões sejam democratizadas e que o seu processo de avaliação e revisão seja uma prática coletiva constante, como oportunidade de reflexão para mudanças de direção e caminhos e que nunca esteja pronto e acabado.
Para finalizar, é relevante dizer que um trabalho com essa perspectiva exige colaboração, solidariedade e corresponsabilidade. A construção do projeto político-pedagógico leva um longo tempo para ser “finalizada”, e é muito importante ter a compreensão e a consciência de que os resultados não aparecem de um dia para o outro. Antes de ser levado para a prática escolar, é preciso que todo o grupo envolvido entenda o que é, para que serve, quando e como deve ser utilizado o projeto político-pedagógico, pois, caso contrário, seu efeito não terá valor.
Concluímos que a participação da comunidade interna e externa na construção da prática educativa coletiva em junção com uma gestão democrática embasada na ética, criticidade, competência e bom senso tornam o espaço escolar um local onde se faz presente a autonomia e o sucesso na educação de seres humanos.
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