Desde o final da década de 80 o franchising sempre apresentou crescimento gradativo em faturamento e em números de redes que aderiram ao sistema para a expansão de seus negócios.
Em meio à crise econômica, apesar de não ter tido o mesmo desempenho nos últimos três anos, o sistema ainda apresenta um crescimento muito acima do PIB, mantendo o modelo como melhor meio de expansão tanto exaltado pelos meios de comunicação como “modelo de sucesso”.
Mas de onde vem esse “sucesso”? Mais do que da alta lucratividade, vem da capacidade de inovação em formatos e na forma de atender o cliente em tempos de crise.
Dada sua dinâmica, o sistema de franchising confere ao empresário a possibilidade de criar diversos formatos de negócios, em sinergia com os diferentes mercados, públicos, mix de produtos e serviços, e com empreendedores com capacidade para aporte de capital diferentes.
Atualmente vemos formatos de loja que operam no porta a porta, o porta a porta que faz o caminho inverso e abre lojas, o de lojas que montam trucks e que vão ao encontro do cliente no sistema delivery, oferecendo conveniência. Há ainda exemplos de marcas que se juntam e geram influência uma para a outra e assim vão criando barreiras para a crise.
Enfim, são muitas as lições do franchising que podem contribuir para que empresários de qualquer porte e qualquer segmento, mesmos os considerados mais tradicionais, possam se beneficiar, independentemente de usarem ou não o modelo de expansão com franquias.
Contudo, apesar deste lindo cenário com lições de empreendedorismo, não podemos deduzir que o sistema esteja imune aos impactos da crise pelo qual passa o nosso País.
E de forma prática, o que o franchising comporta são lições para o empresariado de uma maneira geral que partem de modelos de negócio para que possam ser replicados, melhorados e aprendidos.
Via de regra, o franchising nasce a partir de um negócio em operação e o sonho do empresário em expandir a marca e a distribuição de seus produtos ou serviços para outras áreas ou regiões até então não exploradas.
Qual o segredo para o sucesso dessa expansão? Está na diferença entre o sonho e a condição.
Antes de qualquer formatação, o empresário deve fazer um estudo de franqueabilidade, para aferir a viabilidade do projeto. Uma vez constatada a possibilidade do franqueamento do seu negócio, o próximo passo antes da expansão é a formatação.
Nem sempre a empresa está preparada em relação à estrutura, processos e tecnologia, gestão de pessoas, cadeia de abastecimento e riscos jurídicos para sustentar uma rede de franquias, e neste ponto se identifica o que pode ser o primeiro aprendizado ou ponto de “estrangulamento”: identificar suas deficiências ou desconhecimento sobre o que sustenta uma franquia e buscar ajuda antes de partir para o franqueamento, sem colocar em risco sua marca e o conceito do negócio que opera atualmente com sucesso.
Todo projeto para formatação de uma franquia provoca discussões e revisões de planejamento a fim de traçar processos claros e definidos sobre o modelo de negócio, formato, mix de produtos, posicionamento, etc., uma vez que esse modelo deverá ser formatado e estruturado para que possa ser replicável, em sua essência, permitindo o acesso a outros empreendedores à marca, ao conceito e a fórmula operacional de sucesso.
Ao adquirir uma franquia, o investidor (franqueado) recebe um “kit” que o capacita a iniciar bem a operação, como por exemplo, os manuais com o detalhamento de cada processo que deve executar, deste a implantação e abertura do negócio no inicio do dia até o encerramento das atividades no final do dia.
Além disso, ele recebe treinamento antes de iniciar a operação para capacitá-lo nos respectivos processos e deixar claro quais responsabilidades e direitos de cada um dos players (franqueado, franqueador, funcionários, etc). Tudo isso com um acompanhamento de perto de um consultor, na unidade, para avaliar o quanto ele assimilou o processo, além de identificar e corrigir eventuais inconsistências.
Quando um franqueador coloca uma estrutura à disposição do franqueado e, além da transferência de know how, promove o acompanhamento dos resultados da rede de forma contínua, oferecendo suporte, temos o que se chama de “relação ganha-ganha” onde interesses e ações possuem um ponto em comum: o crescimento mútuo.
É fato: franqueadores que investem em sua formatação e estruturam equipes multidisciplinares para dar suporte aos franqueados para desenvolvimento das atividades fim e meio da unidade transformam suas redes de franquias não só lucrativas, mas sustentáveis em tempos de crise.
Isso porque todos contribuem e promovem ações para melhorar resultados, seja através de programas de capacitação com foco em custos, produtividade ou revisão de planejamento (estratégico, tático e operacional).
Basta uma análise crítica sobre os índices de mortalidade de franquias nos últimos anos associada aos reais motivos pelos quais não conseguiram se sustentar enquanto redes para entender a importância de tudo isso.
Na ânsia de expandir rapidamente e com a política de obter lucro a qualquer preço, a imensa maioria ignorou o básico dever de casa no momento de sua formatação, lançando projetos a torto e a direito sem um mínimo planejamento e estruturação.
Processos de expansão mal planejados colocam em risco não só os franqueados, mas o próprio negócio do franqueador, afetando a credibilidade da marca que fica comprometida, além dos prejuízos financeiros que certamente ocorrerão.
Consequência: negócio inviável no mercado, marca sem credibilidade e até mesmo identidade própria, franqueados despreparados e insatisfeitos e inúmeras ações na Justiça e Tribunais de Arbitragem para discussão, afinal, de quem foi a culpa.
Apesar disso, os cases de sucesso de empresários que praticam o que chamamos de bom franchising, graças a Deus, superam estes números e são visíveis. Isso porque, para estes, a formatação e o crescimento acontecem de forma saudável, responsável e sustentável ao longo dos anos, com franqueados motivados e ávidos por mais unidades, contribuindo para que a rede toda suporte e sobreviva em tempos de crise e recessão econômica, comprovando mais uma vez o modelo como melhor meio de expansão.