6 - Conclusão
A real situação de insegurança em Belo Horizonte, em conjunto com um crescente desfavorecimento econômico-social faz com que o Estado busque em soluções imediatas um antídoto para a violência.
Encantados com as políticas de segurança pública de países mais desenvolvidos, os administradores crêem que é com a implantação de medidas cada vez mais intrusivas numa sociedade de miseráveis que os males da insegurança irão desaparecer.
Esquecem que este modelo de segurança inibe a ação das pessoas no sentido Arendtiano, promove a segregação e afasta cada vez mais a importância destes miseráveis(que não são poucos) no processo de decisão. Não que estes tenham "mais" direito do que qualquer cidadão, mas porque neste procedimento de deliberação, os miseráveis que perambulam pelas ruas são, talvez, os mais interessados nas políticas de segurança.
Por fim, podemos concluir, deixando estas questões para reflexão, dizendo que a violência mais funesta que sofrem estes indivíduos, possivelmente não está no ostracismo social, tampouco numa possível violação de sua intimidade, imagem e dignidade. Talvez a forma mais desumana de tratamento esteja na supressão destas pessoas de exercerem seu direito constitucional de participação e manifestação de suas vontades num País que se declara Democrático de Direito.
7 - Referência Bibliográfica
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Nota
01
Denominação introduzida pelos psicanalistas suiços, Charles Odier e Germaine Guex, para designar um quadro clínico em que predominam a angústia, o abandono e a necessidade de segurança. Trata-se de uma neurose cuja etiologia seria pré-edipiana. Não seria necessariamente a um abandono sofrido na infância. Os indivíduos que apresentam esta neurose chamam-se abandônicos.