Nas relações de trabalho, o que mais se verifica é a falta de equilíbrio.
E o que isso pode significar?
Há diversas dinâmicas quando falamos em relações de trabalho.
Porém, as que mais chamam a atenção são aquelas em que o empregador não reconhece o trabalho do empregado e acha que o que ele faz pela empresa é obrigação, e também quando não cumpre com sua responsabilidade, pois acha que o empregado já ganha muito. Assim, paga o salário, muitas vezes fora da data correta e combinada, não recolhe FGTS, não registra a CTPS, enfim, há um total desequilíbrio na relação.
De outro lado, o que vemos bastante, é o empregador que quer ajudar o empregado. Então, releva vários deslizes, ajuda a comprar celular novo, por exemplo, ou paga vale transporte e o empregado vai trabalhar de bicicleta.
Deve haver um equilíbrio na relação, e quando não há, aquele que recebeu muito às vezes acaba não reconhecendo que o empregador queria ajudar, e por qualquer desentendimento, ou até mesmo uma atitude que para ele pareça equivocada, se volta contra o empregador, mesmo que este tenha feito tudo corretamente, porém deu mais do que o correto, mais do que deveria. Na tentativa de equilibrar a relação o empregado tenta fazer parecer que o empregador é que se encontra em débito.
Um caso recente em que foi possível verificar esse desequilíbrio foi de um empregado que trabalhava na casa do empregador, que tinha loja on line e estoque funcionando dentro da própria casa. O empregador pagava vale alimentação e ao mesmo tempo fornecia o almoço da residência. Recebeu ajuda para comprar um celular novo e tinha livre acesso à residência do empregador. Com a pandemia e os cuidados necessários para evitar o contágio da família, o empregador resolveu por restringir o acesso a residência, e deixar o empregado somente com acesso a garagem, onde deixava e retirava as mercadorias para entregar na casa dos clientes (tratava-se de locação de artigos para festas em casa). O empregado se sentiu lesado, não visto, procurou de todas as formas chamar atenção do empregador (quebrando brinquedos, não entregando na data correta na casa do cliente os objetos de decoração) a fim de forçar uma dispensa, o que ocorreu após uma discussão. Ao final ingressou na justiça para ter reconhecidos seus direitos. Porém, o que ele precisava, uma vez que todos os direitos haviam sido pagos corretamente, era ser visto e reconhecido pelo empregador.
Em ambos os casos o empregador vai acabar tendo que arcar com todas as obrigações perante a justiça, e mais ainda, pelo fato de não reconhecer o trabalho do empregado como importante, muitas vezes terá contra si pedidos excessivos e até mesmo incabíveis, como indenizações por dano moral, ou por assédio, que na maioria das vezes sequer ocorreu, na tentativa desse empregado ser visto.
Por isso as ordens do amor, deixadas por Bert Hellinger, devem estar sempre presentes a fim de se manter uma relação equilibrada entre as partes, bem como ajudar a solucionar os conflitos.
Essas leis do amor, que não estão positivadas, ou seja, não estão previstas no ordenamento jurídico ou em qualquer código, existem e regem as relações, independente de termos consciência delas.
É possível observar que ao conseguir aplicar essas leis nas relações de trabalho, todo o sistema é beneficiado, eis que a observância e respeito a essas leis traz paz e harmonia ao sistema.”