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Ensaio acerca da liberdade de pensamento

Ensaio acerca da liberdade de pensamento

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Aquilo em que você acredita mergulhou e sobreviveu nas águas da investigação? Está sempre aberto a ouvir a outra versão e a quem sabe mudar de opinião ou é mais um imutável naquilo em que acredita? Qualquer sinal de diversidade ideológica faz suscitar nos corações humanos o sabor do debate.

Não haver variações sobre um mesmo tema (qualquer que ele seja) numa sociedade parece ser algo utópico. O que nos distingue dos animais e das plantas? Valores. O valor é um produto da racionalidade. Racionalidade é sinônimo de diversidade e, no caminho desta, trilha a insurreição. É próprio da natureza humana insurgir.

Independentemente se em um lado uma majestosa verdade repousa em berço esplêndido e em outro uma asquerosa mentira mendiga um pedaço de pão, qualquer sinal de diversidade ideológica faz suscitar nos corações humanos o sabor do debate. A noção do certo e do errado é uma questão de convicção, mesmo quando esta se inclina para o lado aparentemente mais fraco.

No entanto, a ignorância, surda de nascença, é um atraso para a ciência e para as pessoas, seja na sua vida social, familiar, profissional, espiritual, amorosa etc. Há muitos sofrendo experiências ideológicas alheias que lhes foram impostas e se consolando a pensar que isso é um mal necessário, eventos naturais das vicissitudes da vida. O ignorante não sabe explicar nem o próprio dogma, pois um conhecimento sólido se constrói nas diferentes colunas que sustentam uma ideia.

Aquilo em que você acredita mergulhou e sobreviveu nas águas da investigação? Estás sempre aberto a ouvir a outra versão e a quem sabe mudar de opinião ou és mais um imutável naquilo em que acreditas?

Quando pesquisamos de forma imparcial para realmente conhecer bem todas as possíveis contradições e questionamentos daquilo em que acreditamos e, depois de todas as análises, mantivermos firmes nossas convicções, resta-nos tolerar. Independente de qual lado estivermos. Tolerar é unir diferenças e possibilitar a elas uma convivência pacifica e respeitosa.

Quanta coisa boa herdamos e aprendemos com os nossos antepassados. Fatos que atravessaram épocas sangrentas, pacíficas, de muita ou de pouca produção intelectual, e, ao final de cada uma delas, continuaram sendo bons fatos. E, quanta coisa ruim, herança de conteúdo memorizado, de palavras repetidas e pensamentos antiquados estão envoltos num escudo que esconde uma realidade frágil que insistimos em manter. Práticas ultrapassadas que já não servem para nós.

Viver é ter ousadia de se emancipar. Mas isso nos coloca em um dilema: tolerar ou rebelar?


Autor

  • Sávio Oliveira Lopes

    Analista Judiciário (área judiciária - especialidade Direito) do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo (TJES). Ex-Juiz leigo do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJBA). Graduado em Direito pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). Pós-graduado em Direito Penal e Processual Penal pela Universidade Cândido Mendes (UCAM). Pós-graduado em Direito Processual Civil pela Universidade Cândido Mendes (UCAM). Pós-graduando em Direito de Família no Instituto Legale Educacional. Revisor de monografias jurídicas. É autor dos livros de poesia "Variações de Sentido", "Retinas de cada tempo", "O silêncio do último pôr do sol", "Fragmentos dos comigos de mim" e "Redemoinhos da minha cabeça". Coautor do livro "Antologia Jubileu de Ouro da UNIMONTES" e da antologia "Além da terra, além do céu."

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Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

LOPES, Sávio Oliveira. Ensaio acerca da liberdade de pensamento. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 20, n. 4392, 11 jul. 2015. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/40606. Acesso em: 25 abr. 2024.