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A lei, a perversão e seus interpretantes

A lei, a perversão e seus interpretantes

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Um mergulho nos fundamentos da teoria e da clínica, sob a luz de um elemento denonimado interpretante, introduzido por Lacan, a partir da participação, em seu seminário, de François Recanati, quando a semiológica de Charles Sanders Pierce é incorporada em seu ensino.

RESUMO:O Autor deste trabalho tem procurado trabalhar a teoria e a clínica usando o elemento denonimado Interpretante, elemento que Lacan introduz a partir de uma participação em seu seminário de François Recanati, no qual a Semiológica de Charles Sanders Pierce é incorporada em seu ensino. O Interpretante pode ser entendido como uma chave de leitura, um significante (ou conjunto de significantes) que traduz outro (ou outros). E nesse processo de tradução, revela algo da lógica de uma estrutura. No caso presente - estrutura da linguagem - um discurso sobre A Perversão e sua relação com a Lei. Trata-se de um exame do fenômeno perverso tendo como diferencial a psicose e das homologias existentes entre o triangulo semiótico linguístico de Charles Sanders Peirce e os três registros psíquicos de Jacques Lacan. Essas homologias são analisadas no campo especifico da clínica da perversão, na medida em que, nesta - e ante a relativização do Nome-do-Pai - a inversão dos polos do matema do fantasma implica uma multiplicidade de Interpretantes imaginários possíveis, versões ficcionais da operatória paterna, ao revés da clinica da psicose, onde a inoperância ou ausência da metáfora paterna implica na falta da função do impossível.

Palavras Chave: Perversão, Lei, Interpretação, Interpretante.


 INTRODUÇÃO

Pretende-se utilizar, como hipótese de trabalho, o elemento denominado Interpretante como operador epistemológico para pensar a perversão. O autor tem procurado trabalhar a teoria e a clinica usando o triangulo semiótico de Peirce, que Lacan introduz a partir de uma participação em seu seminário de François Recanati, no qual parte da Semiotica de Charles Sanders Pierce é trazida para seu ensino.

O Interpretante pode ser entendido como uma chave de leitura, um significante (ou conjunto de significantes) que traduz outro (ou outros). E nesse processo de tradução revela algo da lógica de uma estrutura. No caso presente - estrutura da linguagem - um discurso lógico sobre a perversão como uma versão fictícia, relativizada, da operatória paterna.  

Essa proposta não tem nada de original. Vários autores estudam esses textos e trabalham esses temas. A proposta aqui é citar, de maneira articulada e lógica, tais autores. E disso tirar consequências para a teoria e para a clínica. São hipóteses, meras hipóteses de trabalho, ainda que pelo estilo – ou falta dele - pareçam proposições peremptórias. 

A fórmula do fantasma de Lacan é outro operador epistemológico relevante: sujeito e objeto estão definidos – por fórmulas outras, mas que podem entrar em operação se necessário. Espaço e tempo são também trabalhados por Lacan, o tempo lógico com a sincronia e a diacronia, com antecipação e retroação - o importante conceito de a posteriori - e o espaço com a topologia que permeia seu ensino.

A importância do fantasma também se refere ao fato de que sua constituição provê o marco que serve de suporte á realidade. Aqui se distingue espaço e tempo por razões descritivas, mas lembre-se que Lacan trabalha com espaço/tempo, conceito derivado da Teoria da Relatividade. Espaço e tempo que constituem as coordenadas simbólicas que são fundamentalmente rebaixadas e imaginarizadas no fenômeno perverso. Espaço que na topologia lacaniana se supõe bidimensional e que caracteriza a especificidade da leitura que Lacan faz de Freud.

Mas o que queda elidido dessa operação quaternária (sujeito, objeto, espaço, tempo) - que pode ser reduzida a um par (S barrado punção de a) - é que se faz necessário algo para articulá-los. Um Interpretante. A partir da intervenção de François Recanati em seus seminários 19 e 20 – intervenções que não estão traduzidas nem são encontradas nos Seminários de Lacan publicados em português (o autor usa as versões criticas de Ricardo Rodriguez Ponte para o espanhol) - Lacan passa a trabalhar também com as operações semióticas do triângulo de Pierce: composto pelo Objeto, seu Representamen (seu signo ou significante) e seu Interpretante (outro significante). 


 O SIGNIFICANTE EM PEIRCE E O OBJETO EM LACAN

No livro “Semiótica” (2000) Charles Sanders Pierce estabelece uma lógica, que vai interessar muito a Lacan, composta de Elementos – denominados triádicos – que se relacionam entre si (Objeto, Representamen e Interpretante) e com três outros elementos (Existente, Qualidade e Lei) denominados Correlatos, também em numero de três, de múltiplas maneiras. O que interessa a Lacan é testar as possibilidades de aproximação deste ternário com os Registros do Imaginário, Real e Simbólico, já nesta época de seu ensino pensados nos termos dos nós borromeus. Primeira definição de signo em Pierce (2000):

Signos são divisíveis conforme três tricotomias. A primeira, conforme o signo em si mesmo for uma mera qualidade, um existente concreto ou uma lei geral. A segunda, conforme á relação do signo para com seu objeto consistir no fato de o signo ter algum caráter em si mesmo, ou manter alguma relação existencial com esse objeto ou em sua relação com um Interpretante; a terceira, conforme seu Interpretante   representá-lo como um signo de possibilidade ou como um signo de fato ou como um signo de razão. (Pagina 51).

Gabriel Pulice e Oscar Zeilis, psicanalistas argentinos, que publicam conjunto de artigos sobre o tema na Revista Imago Agenda , esclarecem algumas das questões que serão importantes ao longo do trabalho:

Observamos la importancia de esta última aclaración, porque apunta a lo recién señalado acerca de que, en la concepción peirceana, no es necesario suponer un sujeto consciente tal como lo entiende la psicología clásica, y por tanto, el interpretante puede funcionar por fuera de la conciencia, lo que nos permitirá pensar el acto de semiosis como factible de realizarse en procesos inconscientes  y, de modo general, entenderlo como una propiedad semiótica y no psicológica. Para no producir confusiones, además, Peirce muchas veces reemplaza, al describir el diagrama, la palabra signo por representamen. Veremos enseguida que en este modelo, la relación signo-interpretante también se podrá leer, por ejemplo, como el encadenamiento de un significante a otro significante. Pero antes veamos cuál es su definición de semiosis: «Por semiosis entiendo una acción, una influencia que sea, o involucre, una operación de tres elementos, como por ejemplo un signo, su objeto y su interpretante, una relación tri-relativa, que en ningún caso se puede resolver en una acción entre dos elementos» (Peirce, 1998). Vale decir, plantea una relación triádica genuina y no reductible.

Destaca-se da citação acima que o Interpretante funciona em processos inconscientes (encadeamento de um significante a outro significante), que a relação entre os três elementos é irredutível á qualquer relação diádica e de que não se trata de propriedades psicológicas, mas de uma ação ou influencia da natureza de uma operação lógica semiótica. Segunda Definição de Pierce (apud Pulice e Zeilis):

Defino al Signo como algo que es determinado en su calidad de tal por otra cosa, llamada su Objeto, de modo tal que determina un efecto sobre una persona, efecto que llamo su Interpretante, vale decir que este último es determinado por el Signo en forma mediata. Mi inserción del giro “sobre una persona” es una forma de dádiva (...) porque he perdido las esperanzas de que se entienda mi concepción más amplia en cuestión.

Destaca-se, da citação acima, o Signo/representamen como algo que determina um efeito chamado Interpretante (este por sua vez determinado pelo Representamen de forma mediata – ou seja, dependente da intervenção de terceiros, outros Interpretantes). Lacan, no Seminário 19 (apud Pulice e Zeilis):

Lo que el otro día fue puesto en el pizarrón bajo el nombre de “triángulo semiótico”, bajo la forma de representamen, de lo interpretante, y aquí del objeto, para mostrar que la relación es siempre ternaria, a saber, que es la pareja Representamen / Objeto, que es siempre a reinterpretar, es eso de lo que se trata en el análisis.

Destaca-se, da citação acima que, do que se trata em análise, diante de uma relação sempre ternária, é reinterpretar constantemente a dupla Representamen/Objeto. Um pouco mais adiante, mesmo seminário (apud Pulice e Zeilis):

¿Qué hace falta sustituir en el esquema de Peirce, para que armonice con mi articulación del discurso analítico? Es simple como los buenos días: a efectos de lo que se trata en la cura analítica, no hay otro representamen que el objeto a, objeto a del cual el analista se hace el representamen, justamente, el mismo, en el lugar del semblante. (Lacan, 1971-1972).

Destaca-se que a única coisa que Lacan indica necessário substituir, entre seu esquema ternário e o de Pierce, é que o objeto a é nomeado como único (“no hay outro”) representamen que conta para a cura analítica. Alocado como Representamen, não como Objeto.

Lacan não diz: para os efeitos da cura em psicanálise, o objeto a ocupa o lugar de Objeto na tríade de Pierce. Ao revés, diz que o objeto a ocupa o lugar de Representamen. E isso tem consequências que precisam ser exploradas. O lugar do Objeto é deixado vazio e o objeto (a) é alocado no lugar do Representamen.

Interessante agora analisar o elemento denominado Interpretante, assim descrito por Umberto Eco (2000):

El Interpretante pode adoptar formas diferentes. Enumeremos algunas de ellas:

(a) puede ser el significante equivalente (o aparentemente equivalente) em outro sistema semiotico. Por ejemplo, pude hacer coresponder um deseno con una palabra

(b) pude ser el indicio directo sobre el objecto particular, que supone um elemento de cuantificacion universal (todos lós objectos como este).

(c) puede ser uma definicion cientifica ingenua del próprio sistema semiotico (por ejemplo, sal por cloreto de sódio e vice-versa).

(d) pude ser uma asociacion emotiva que adquiera uma conotacion fija (perro por fidelidad)

(e) pude ser la traducion de um termino de um lenguaje a outro, su substituicion mediante um sinônimo (página 116)

Um significante visual – imagem – correspondendo a um significante auditivo – fonema. Um método de correlação entre sistemas semióticos distintos. Um método de tradução de um plano (visual) a outro (plano auditivo) por um significante equivalente.

Um regime geral de equivalências que se da por tradução, que pode conter uma definição cientifica ou ingênua e que seja motivado por uma associação emotiva que adquira conotação fixa.  Que pode se dar do plano falado ao plano escrito. Entre plano perceptivo e plano motor. Entre o plano biológico e o plano psicológico. Entre o plano somático e o plano psíquico. E que, portanto, se aplica entre os planos Imaginário, Simbólico e Real. Também pode ser uma associação emotiva, que adquira uma conotação fixa: fiel como um cachorro, no exemplo de Umberto Eco. Uma fixação libidinal no jargão freudiano, um nó sintomático de significação no jargão lacaniano.

Um exemplo, o mais intuitivo embora o menos produtivo, seria o de equiparar Objeto (Existente) ao Real, Representamen (Qualidade) ao Imaginário e Interpretante (Lei) com o Simbólico.  O que interessa, e muito, é que Lacan começa aqui a rever o fundamento de que o par mínimo, para operar com a lógica dos Significantes e para a produção de significação, seja somente S1/S2.

Ele passa a contemplar a possibilidade de operar com um S3: “para mostrar que la relación es siempre ternaria, a saber, que es la pareja Representamen / Objeto, que es siempre a reinterpretar, es eso de lo que se trata en el análisis” (apud Pulice e Zeilis). Mais uma vez Pierce: “Um Signo (significante) é um Representamen com um Interpretante mental”. (apud Pulice e Zeilis).

E esse mental pode ser inconsciente. Opera com mais eficácia assim, como sabido desde Freud.  O significante é o que representa o sujeito para outro significante. O significante é o que representa o sujeito para outro Interpretante. E esse Interpretante, na perversão, oficia localizado no Imaginário. Mas nada impede que funcione nos dois demais registros. 


 O INTERPRETANTE EM PEIRCE E O GOZO EM LACAN

Um exemplo pode esclarecer como operar com o Interpretante de Pierce. Se a Balança pode ser o signo da Justiça (balança como representamen/signo do objeto Justiça), o significante Justiça pode assumir função de significação pelo Interpretante Igualdade. A Igualdade esclarece, filtra, interpreta o que é justiça; conferindo significação, ela passa a ser o Interpretante da Justiça.

E o que é Justo ou Injusto – ou seja, a definição dos atributos do objeto, de suas propriedades, logo, de sua substancia ou substrato - passa a depender do que seja Igualdade. Mas o que é igualdade? O que é igualdade depende de outro significante, e este por sua vez passa a ser o interpretante da igualdade. E assim sucessivamente em remissão infinita. 

Se Justiça é entendida como Igualdade – e assim dar a cada um da mesma forma – ou como Equidade – e assim dar a cada um na medida de suas desigualdades – fará diferença? Depende. Por um lado, fará. Um Interpretante leva a um caminho distinto do outro. Estipula um impossível. Ou um ou outro. Impossível os dois. A cadeia significante possui leis próprias e, tão importante quanto, memória. Uma memória que é simbólica, mas tremendamente eficaz.  Que registra, no ato mesmo de seu encadeamento, as impossibilidades advindas das escolhas que faço quanto aos Interpretantes a serem utilizados.   

Por outro não. Que é Justiça? É possível em determinado espaço/tempo considerar que é Igualdade e em outro espaço/ tempo considerar que é Equidade. Desde que sejam em espaços/tempos diferentes – ou seja, desde que sejam espaço/tempo lógicos constituídos por cadeias significantes distintas - embora possam ser sincrônicas ou fazerem interseção em determinado ponto – há a realização da distribuição de Justiça de dois modos distintos. Me aproximo da coisa em si, e assim atinjo a Justiça; abordo um fragmento do Real por assim dizer.  

Mas o que é Justiça? Que tal o Justo agora ser Isonomia (distribuição de Justiça por Equiparação), Interpretante distinto dos anteriores? E o que é Equiparação? A remissão infinita do significante por outro Interpretante se renova e se relança. O interessa aqui é marcar que nesta remissão infinita o referente – a coisa em si- é perdido.  Atinjo a Justiça como objeto, e objeto bastante concreto em seus efeitos, mas não o Justo como coisa em si - Substância do Justo (Substancia do Gozo). Propriedade da linguagem. Impossível de domesticar, de controlar. Um impossível lógico. A coisa em si, e não o objeto, é que está irremediavelmente perdida.  Subordinação aos efeitos metafóricos e metonímicos inconscientes da linguagem, substituição de referentes por referências.

Linguagem que possui capacidade ontológica (a pergunta pelo ser) e ôntica (a pergunta pelo ente), criação ex nihilo de seres e entes  a sujeitar os falantes - na medida em que estes tentam apreender os entes e e captar o que seria o seu ser. E capacidade hermenêutica, a produção incessante de sentidos. Quanto a capacidade ontológica da linguagem, Pierce (apud Pulice e Zeilis):

Si hay algo real - esto es, algo cuyas características sean verdaderas de ello independientemente de si tú o yo, o cualquier hombre o número de hombres las pensamos como siendo características suyas o no— que se corresponda suficientemente con el objeto inmediato —el cual, puesto que es una comprensión, no es real—, entonces , ya sea identificable con el Objeto estrictamente así llamado o no, debería denominarse, y normalmente se denomina, “objeto real” del signo. Por alguna clase de causación o influencia debe haber determinado el carácter significante del signo.

Nesse diapasão de argumentos, o objeto a é um operador lógico (um Interpretante) utilizado para deter a remissão infinita da significação – o desejo é sua interpretação- bem como para determinar –pesquisar a causa - o elemento que influencia o caráter significante do Representamen, seu “objeto real”. Em psicanálise, esse objeto – esse referente - é o vazio recoberto pela pulsão. O vazio recoberto pelas bordas das pulsões parciais. O vazio, não uma mítica substancia gozante. O referente é o vazio, a causa é ausente. O referente é o vazio, muito embora este esteja coberto de referências – interpetantes que explicam e esclarecem o que é o vazio.

A pulsão como “objeto real” - elemento que influencia – interfere – e, portanto, determina -  causa - o caráter significante, confere significação. Mas o que é a pulsão? Pulsão tem relação com a demanda – do Outro e ao Outro – e atualmente é esclarecida pelo Interpretante gozo. Mas o que é gozo? E o circuito de significação se renova e se relança pela necessidade de novos Interpretantes. 


 A PERVERSÃO E O INTERPRETANTE IMAGINARIO

Quando esse ponto de detenção, que é efeito da extração do objeto - do objeto a que inscreve a falta de objeto - não está presente, o que há é infinitização, a remissão infinita da significação pela não inscrição da marca da falta, fenômeno que caracteriza a psicose.  

Esta é a hipotese adotada por Alfredo Eidelsztein, em Las Estructuras Clinicas a partir de Lacan, Volume I, Terceira Edição, Editora Letra Viva, Buenos Aires :

A la inscripcion, em le sentido de estabelecer que hay marca da falta, se la denomina “ extraccion del objeto a” [...] Esto, que quier dicer. Primero: que la extraccion del objeto a hace deste objeto algo impossible em la realidade tridimensional. [...] que hace de esse objeto perdido desde la origen, la causa del deseo inconciente, em torno a lo qual gira la pulsion” 

A inscrição da marca da falta se denomina “extração do objeto a”. O que faz desse objeto algo impossível na realidade tridimensional. Vazio que se constitui e em torno do qual gira a pulsão. Mas vazio que produz horror, medo e angustia, correlatos ao desejo que causa. E que motiva a busca de objetos – estes sim eventualmente tridimensionais – que produzam a ilusão de satisfação e completude.

Em el âmbito del psicoanalisis, la extraccion del objeto a implica: a) dentro de la estructuracion simbólica, la introduccion de um elemento abstracto que no coincide  com ningun objeto real, y b) la perdida de um punto real por causa de tal maniobra. Um elemento imposible de hallar em la realidad se incorpora y um elemento posible de hallar em la realidade se perde.

A extração do objeto a implica, dentro da estruturação simbólica, a introdução de um elemento abstrato que não coincide com nenhum objeto real e a perda de um ponto real. Um elemento impossível de se encontrar na realidade se incorpora e um elemento possível de se encontrar na realidade se perde.

É a relaccion entre si de ambas las manobras lo que produce certa logica da qual surge um imaginarizaccion possíble, mas: no se debe perder de vista que essa imaginarizacion, por exemplo la “ neurótica” no es consequência de la estuctura intuitiva del mundo, sino de la estrutura intuitiva del mundo humano, si a este se le há agregado um elemento abstracto y se há perdido um outro real.

Se na psicose não acontece a operação de incorporação do elemento abstrato agregado (primeira manobra), na perversão esta manobra é realizada – há inscrição da lei. Contudo, no momento de realizar-se a manobra de reconhecer a perda do elemento real (segunda manobra), o perverso o substitui por um elemento imaginário, por uma imagem tridimensional de conotação fixa. A lei será esvaziada de seu conteúdo abstrato, universal, normativo, genérico. A lacuna necessária da lei – a perda de um ponto real - será preenchida por imagens privilegiadas, Interpretantes.   

Em termos da semiótica de Peirce, na primeira manobra, um Existente (Concreto) deve ser substituído por outro Existente (Simbolico). Na segunda manobra, uma Qualidade (Imaginario) dever ter seu Representamen remetido ou subordinado a um Interpretante (Lei).  Se a primeira manobra não acontece, ausente ou inoperante o significante do Nome-do-Pai. Se a segunda manobra não acontece, esse significante operou, porem de modo relativizado, na medida em que o curso da cadeia foi detido pelo atravessamento de um Representamen que se deteve, que se fixou, que impediu a remissão ou a subordinação ao terceiro elemento da cadeia, seu Interpretante.

E se fixou pela intensidade da imagem deste Representamen, da Qualidade. A primeira operação é metafórica – substituição de um Existente Concreto por um Existente Simbolico. A segunda operação é metonímica – a associação em contiguidade de um Existente Simbolico com uma Qualidade, o Representamen de uma imagem. E terceira é novamente metafórica, a subordinação do Representamem desta Qualidade a seu Interpretante, a Lei.  O perverso realiza a primeira, mas se detem da segunda para a terceira operação.  

E esta é a especificidade do significante do Nome-do-Pai. A regra para a produção de significação impõe que um Existente seja associado a um Representamen e este a um Interpretante. A operação metafórica de susbtituiçâo de um Existente (Concreto) por outro Existente (Simbolico) é excepcional e compete somente ao significante do Nome-do-Pai. Assim, o Representamen, para o perverso, funciona como Interpretante, ainda que imaginário, na medida em que este Representamen funciona como Lei.  

En el decir o dicho esquizofrênico ...no há ley que impida que el intervalo se deslice sin limite em la metonímia. La principal consequência de este funcionamento es que impossibilita el desarrollo adequado a la norma de substituição metafórica, ya que como la metáfora es la sustituicion de um termo al lugar que outro tiene em la cadena, si tal lugar desliza metonimicamente la metáfora si ve profundamente alterada. ”

A infinitização implica num deslizamento constante do lugar em que o significante metafórico – o Interpretante que deteria a remissão infinita da significação – ocuparia na cadeia metonímica. Esta corre na horizontal, no eixo do sintagma, enquanto é no eixo do paradigma – e, portanto, na vertical – que se encontra a cadeia metafórica. Para que este ponto de basta aconteça é necessário a inscrição de um intervalo, de um vazio entre os termos da cadeia.

Sem a extração do objeto a este vazio não é inscrito. É, portanto, na articulação (associação e distinção) e na interpretação (em sua ordenação) dos paradigmas que há a distorção em que o psicótico se perde, tomando a metáfora ao pé da letra, dando concretude ao que é existência simbólica.  O perverso, por sua vez, ocupa este vazio entre os termos da cadeia com um conjunto de imagens específicas, as quais serão objeto de exame mais a frente. 

E isto acontece, na psicose, pela ausência ou a inoperância do significante encarregado de inscrever a autoridade da lei no Outro e de constituir o Outro da Lei. Este significante ausente ou inoperante - este Interpretante, no vocabulário de Peirce - se denomina Nome-do-Pai. Na perversão este significante opera, mas, o curso da cadeia associativa sofre uma redução – pela processo de detenção já descrito mais acima – cujos efeitos são a prevalência da imagem, redução que degrada – outro sentido da palavra perversão (degradar) – o eixo simbólico e desconsidera ou relativiza esta instância terceira ao rebaixar as categorias logicas do tempo e do espaço a um conjunto condensado de imagens auto produzidas.   

Se tratara de demonstrar que, dada la inoperância del significante encargado de inscibir la autoridade de la  ley em el Otro y de constituir al Outro  de la ley, o sea, el significante del Nombre-del-Padre, es impossível produzir tal formalização.

A psicose implica no fechamento á toda composição dialética no que se refere ao pensamento, as percepções e as sensações, pela impossibilidade de o psicotico escapar aos efeitos ontológicos e onticos da linguagem – ele não consegue transformar a certeza (delirante) em pergunta pela existência. Na perversão esta composição dialética é precária, pela recusa em estabelecer ou sustentar  o campo das diferenças - outro nome para a castração - ante o horror que isso suscita no sujeito.     

El psicoses implica em el cierre a toda composicion dialética padecido por el psicótico em lo referente a sua relacion com el pensamento, com las percepciones y las sensaciones. La falta de composicion dialética indica la impossibilidade, em certas circusntancias, de aplicar, por exemplo a uma percepcion, la logica de la tesis, antitesis, sintesis, esta ultima que articule la primera com la segunda, lo que produce um resultado que se pude expressar como “ si y no a la tesis”, Dado el desanudamiento com el Outro, el sujeto, frente ao fenômeno psicótico, no pude poner em funcionamento el Outro del fenômeno y la pergunta consequente. “

Esta impossibilidade de articular (associar e distinguir) o sim e o não da tese, de enfrentar o paradoxo pela análise de seus elementos – e não por uma síntese apressada que conduz á certeza delirante do psicótico ou ao fantasma estereotipado do perverso – e por em funcionamento ao Outro do fenômeno e a pergunta pelo Outro, essa ausência de dialética é puro efeito das leis metafóricas e metonímicas da linguagem. 

Se trata de uma distorsion, de uma transformacion y de la desapacion de ciertas funciones y elemientos que operan em el campo de la extraccion del objeto a. {...} La psicosis es la impossibilidade de formalizar a causa de la ausencia radical de de la funcion de la ley entre os elementos, es decir, que no hay orden entre eles”

A função paterna consiste em fazer crer nas existências simbólicas, carregadas de abstração, universalidade, normatividade e efetividade. Articular (no sentido de associar e distinguir) e ordenar (no sentido de conferir ordem, dispor no tempo e no espaço) Simbólico e Real. E esta operatória depende do reconhecimento por parte do sujeito das categorias lógicas do tempo e do espaço, categorias que estabelecem diferenças – a determinação de funções, por exemplo, é condicionada pela correta diferenciação entre o sujeito e o Outro - e que se localizam no eixo Simbólico.  A lógica que prefere a versão á função, a ficção á abstração, implica na inflação do Imaginário. 

Ademas, y, essencialmente, es la funcion del padre hacer crer em lo que existe. {....} A lei, como código, não é o foracluído na psicose ... sino el ordem simbólica...la orden de las cosas que é idêntico al orden de la realidade. La foraclusion del significante de la lei conleva una distorsion del funcionamento del ordem simbólica...y de la realidade.

Lacan, no Seminario I, afirma o caráter de fundação e ordenação - pela criação ex nihilo - da ordem das coisas outorgada pela lei:

Esta ley crea, em cada instante de su intervencion, algo nuevo. {...} Por outro lado el nombre del padre como fundante de la orden de las cosas.......en la medida em que designa......que funciona como nomenclatura classificatória y a la lei entendida como Themis o faz ( el ordem simbólico).

 Esta ordem classificatória fundada pelo dito do Nome-do-Pai que, com sua autoridade, efetiva a união do desejo com a lei, articula Imaginário e Real com o Simbolico. Associa e distingue, ordena - dispõe no tempo e no espaço - a consistência do Imaginário, o furo no Real e as ex-sistências do Simbólico.

...la verdadeira funcion del padre que em el fondo es la de unir um desejo (y no la de oponer) a la ley. {,,,} La existência de que se trata ex-nihilo, que se articula intimamente al acto assignado y correspondiente al padre, “ el acto de hacer nacer uma existência de la nada”

Benveniste examina a relação entre autoridade, criação e existência:

Toda palavra pronunciada com la autoridade determina um cambio em el mundo, crea algo; esta cualidad misteriosa eslo que o augeo expressa, el poder de hacer surgir las plantas, que da existência a uma ley. ...Valores oscuros y poderosos aparerecen em esta autoritas, esse don, reservado a pocos hombres, de hacer surgir algo y – al pide de la letra – de hacer existir”

O dito primeiro decreta, legisla, aforiza, confere ao outro real sua obscura autoridade. Faz existir. Para Eidelzstein, sem a função do pai, dada a foracluisão da função da autoridade do dito, irremediavelmente o sujeito fica aberto a “Unglauben”.

Tal termino indica la falta de uno de los terminos necessários para sostener la crencia em las existências simbólicas, o sea, la clinica de la holofrase, que remite a la muerte de lo que existe, a la falta de composicion dialética de los fenômenos holofrasicos (ya que no operan tesis, antisesis y sintesis em sua relaciones reciprocas) y a la impossibilidade de la pregunta sobre la existência.

A pergunta pela existência na perversão acontece, mas a resposta é no sentido de substituir a função pela versão (reduzindo o simbólico ao imaginário), a abstração pela ficção ( no fetiche – o falo imaginário prefere o simbólico) e pelo gozo que prefere ao desejo (no real).

Quando tal funcion del padre esta forcluida se hace imposible la fe o la crencia em las existências simbólicas, y lo que asi no se sostiene em lo simbólico ... retorna como real (em las alucinaciones) como imaginário (en la significacion delirante) o como neologismos (quando lo simbólico deja de funcionar como tal), pero asi no sireven para sostener las existências simbólicas.

Importante também indicar que o significante do Nome-do-Pai opera no sentido de separar - de distinguir - o sujeito que encarna o lugar do Outro do lugar em que se localiza a ordem simbólica, notado por Lacan como A. 

Si el Otro se localiza por fuera de A, la ley (Themis) como tal no pode operar. Al distinguirse entre el Otro y el A se logra la condicion logica para poder concebir la psicoses, lo que es imposible de ser realizado si se parte del supuesto que sempre, necessariamente, todo sujeito que encarne la funcion de Otro para alguien se localize em A. La operatória del padre consiste em separar e distinguir al sujeto que encarno el lugar del Otro del lugar del A.

Asisim se constata que a função do pai para Lacan, asim como para Freud, radica em introducir a terceiridade. Na psicose estes dois lugares distintos são tomados como um só. A terceiridade não é introduzida, há somente dualismos especulares. Na perversão a terceiridade é introduzida, mas resta adulterada, degradada, imaginarizada.

Para Eidelstein esta estrutura, a da psicose, é a “natural” do ser humano. Normal utilizado no sentido de adequado a norma ou a lei e natural entendido como aquilo próprio ou especifico ao simbólico mais além de cada caso Para alterá-la, no sentido de converter esta realidade “natural” na realidade “normal”, é necessária a manobra efetuada pela metáfora paterna. 

La estrutura natural (intencionalmente entre comillas) de la realidade se manifesta na psicosis. El campo do intervalo o de la extraccion del objeto a implica las consequências de uma manobra agriegada em cada historia a essa realidade “ natural”. La metáfora paterna es essa manobra, que converte a realidade natural em la normal, es decir, de acuerdo com la ley e el orden.

O limite tênue que existe em alguns casos para estabelecer o diagnostico diferencial entre psicose e perversão é justificado pela proximidade entre a foraclusão (ausência ou inoperatividade) da metáfora paterna na psicose e a precariedade das versões desta metáfora fundante nas perversões. 

Si el ordem simbólico esta legalizado si se pude afirmar sin lugar a dudas que posse leys especificas (sintáticas e gramaticais, metáfora e metonímia, segun los caso y las teorias) y si el sujeto es efecto del significante – sujeto del linguaje- por que es necessário, para cada caso, que la operatória de la metáfora paterna introduza la ley.

A inscrição da extração do objeto a implica na perda ou na ausência de um objeto real, tridimensional, que é substituído por um objeto não físico, abstrato, em um processo metafórico especifico denominado de metafora paterna, inscrição que não acontece na psicose. Nesta não há a inclusão na realidade de um ponto que opere, no abstrato, como impossível.

Na perversão, essa perda do objeto real – castração materna -  é compensada, substituída, metaforizada, por um objeto cuja abstração (que vai constituir o ponto ou a função do impossível) não se faz suficiente para conferir estabilidade ao mundo do sujeito ante ás inevitáveis lacunas produzidas pelos atributos de generalidade, normatividade e universalidade da lei.

Esta estabilidade só é alcançada à custa de uma inversão entre os polos do sujeito e do objeto: o sujeito perverso passa a ser o objeto cuja estabilidade é por ele imaginada; seu parceiro passa a ser o sujeito barrado e dividido pelas múltiplas exegeses possívei advindas da incidência da lei. Lei da qual ele é o instrumento, lei da qual ele dispensa o Outro como interprete, lei da qual ele é o único Interpretante.

Certeza e Segurança jurídica dependem, em qualquer sociedede ou campo discursivo, do endereçamento de uma demanda ao Outro – este que diz a lei, que explicita sua incidência em cada caso concreto. Este outro que funciona como garante – da lei ou da verdade - esta anulado pelo perverso, susbstiuido por uma imago de si mesmo, por suas imagens rainhas.

El problema em la psicosis no es que el objeto a non seja extraído, sino que no esta inscripta su extraccion, lo que produce um funcionamento anômalo de la realidade, puesto que no se inclui ali ningun punto que opere como imposible. Estoy planteando que nosostros debemos estudiar como se extrae el objeto a y como se lo inscribe como impossible.

A extração do objeto a é entendida pelo psicanalista argentino como uma operação positiva - ele não considera a psicose um defict ou uma negatividade -  um outro modo de ordenação do tempo o do espaço, na qual a função do impossível não está contemplada. Na perversão, a função do impossível é alterada ao sabor do imaginário e, ainda que fixada pelo fantasma, se apresenta bastante elástica.   

Esta ordenação do espaço, em uma topologia que se caracteriza porque a borda que dá seu marco é da índole de uma linha ao infinito, um ponto abstrato, puramente abstrato denominado Nome-do-Pai. Se trata da incorporação de um elemento abstrato e a extração de um elemento real.  Um vaziamento do real pela introdução de um marco de fechamento (denominado por Lacan de fantasma). Uma substituição de elementos heterogêneos – um real por outro abstrato - uma operação metafórica fundante.  Na perversão esta substituição se dá entre um elemento real e outro imaginário. 

Agragar al plano um elemento abstrato, essa operatória es equivalente a la metafora paterna: introducir uma abstração pura. Porque si logramos introducir algo que sea puraminete simbólico y puramente simbólico, consequentemente el Otro existe como tal e no sera confundido com la mama.

Si lo simbólico existe, no pude ser mama ni papa, ya la persona estará curada de ka psicosis. Los psicótico no cuentam com el imposible de que mama o papa sean lo simbólico, y si no esta escrito que es imposible que sean, entonces no cuentan com la diferencia. Por esso la voz de la mama o de lo papa podem ser lo simbólico.

Na psicose, a inscrição das direrenças não acontece – não há significante que ordene e classifique as diferenças, há somente sínteses por semelhanças delirantes. E as vozes daqueles que encarnam o Outro são confundidas com o lugar da ordem simbólica, notado por A. Para o psicótico, neste sentido, Mamãe é a ordem simbólica.

Nustra construccion de la realidade em tanto que espacial, auditiva, etc, se funda a partir de la introduccion para cada vida de um punto abstracto puro. Si se logra operar asi, entonces la estrutura sera cerrada e com sola una cara. Habera possibilidade de lazo de la palavra y de que la subjetividade no seja invadida pelo Outro. Vieron que los psicóticos son hablados, son pensados, son leidos, son gozados pelo Outro. La explicacion es sencilla, porque não eston cerrados, estan abiertos.

A construção da realidade em tanto espacial, auditiva, vidual, etc se funda a partir da introdução de um ponto abstrato puro. Um elemento real – a voz de mamãe por exemplo– é susbtituido por um elemento abstrato – a instancia terceira da lei, da ordem das coisas. Articulação (associação e distinção) de elementos heterogêneos em uma continuidade exterior interior ou vice-versa. O que produz o marco da realidade do impossível de serem ouvidas vozes dentro do sujeto.

“Me está acontecendo o que é impossível de acontecer”, uma frase que o psicótico não consegue produzir. Para ele, na alucinação por exemplo, o referente se apresenta. Para o psicótico a coisa se apresenta pela falta do marco do impossível.     

Nosostros siempre calculamos que el Otro no tiene forma de saber lo que estamos pensando salvo casualidades, adivinaciones, poder mágicos, porque nos consideramos cerrados. Apesar de considerarnos cerrados, se verifica que estamos interpenetrados em um lazo permanente com el Otro, em la medida em que el Outro opera desde “adentro” nuestro y nosotros operamos desde “adentro” del Outro (cosa que as veces e mas angustiante que la anterior). Creo que hay gente que recusa mas radicalmente al encontrar-se em posicion de de “causa del Outro” que em ser causado por el Outro.

Esse laço com o Outro, essa imissão de Outridade - expressão usada por Lacan - depende, para acontecer, da extração do objeto a. Este objeto, o que se produz assim, não existe como objeto físico.

 …A eso poderíamos llamar “ realidade psíquica”: a la estructuracion del espacio de esta manera, y no al defecto o a diferencia subjetiva      

A esta estruturação do espaço – dimensão simbólica por execelência – se denomina “ realidade psíquica”. A realidade psíquica é o modo como cada ser falante estrutura – articula (associa e distingue), classifica, ordena (dispõe tempo no espaço e espaço no tempo), e mantém estável – pelo marco do fantasma – a relação em continuidade entre interior e exterior num espaço de apenas duas dimensões.  

“Eu sou o contexto”, diz Kevin, personagem de Ezra Miller no filme We Need Talk About Kevin, ignorando que o contexto por definição logica sempre esta dependente de uma subjetivação do espaço e do tempo em significantes advindos do campo do Outro. “Me esta acontecendo o que eu faço acontecer. Eu faço acontecer o que quiser (ao outro) – eu sou o acontecimento”. Estes poderiam ser os reptos do perverso na operação de anular ou degradar as coordenadas de espaço e tempo no Outro.  

Federico Feu, citando Jacques Allain Miller, faz uma precisa analise das imagens que caracterizam o momento contemporâneo. O trecho citado de Miller:

Freud inventou a psicanálise, se assim podemos dizer, sob a égide da rainha Vitória, paradigma da repressão da sexualidade, ao passo que o século XXI conhece a difusão maciça do que é chamado de pornô, ou seja, o coito exibido, tornado espetáculo, show acessível a cada um pela internet por meio de um simples clique com o mouse. De Vitória ao pornô, não apenas passamos da interdição à permissão, mas à incitação, à intrusão, à provocação, ao forçamento. O que é o pornô senão uma fantasia filmada com uma variedade própria para satisfazer os apetites perversos em sua diversidade?

(…) A escopia corporal funciona na pornografia como uma provocação a um gozo destinado a se fartar sob o modo do mais-gozar, modo transgressivo em relação à regulação homeostática e precária em sua realização silenciosa e solitária. (…) O que diz, o que representa a onipresença do pornô no começo deste século? Nada se não: a relação sexual não existe. (MILLER, 2014)

No curso destes últimos 20 anos, passou-se da interdição não só á permissão mas à incitação, à intrusão, à provocação, ao forçamento. Nas palavras de Miller:

{...} passamos, portanto, do gozo privativo da fantasia para a ostentação e exibição de imagens de incitação do gozo, com repercussões evidentes sobre a sua regulação. Nesse sentido, podemos levantar a hipótese de que, entre a imagem rainha[2] e o império das imagens, passamos de uma serventia das imagens para a economia psíquica para uma maior servidão, caracterizada pela inflação das imagens pornô e por sua intrusão, tornando mais difícil a regulação pulsional.

A constituição do império do Imaginário – denominação que parece dar conta dessse regime discursivo de forçamento e intrusão de imagens que caracteriza a época contemporânea - acarreta uma posição de servidão á imagens rainhas, em contraposição aos significantes mestres que ordenam o campo do Simbólico. A Imagem Rainha - o Interpretante imaginário na terminologia de Peirce - é assim descrito por Feu:

Podemos tomar como ponto de partida para o comentário do texto de Miller a questão por ele proposta: haveria, no registro do imaginário, “imagens rainhas”, algo equivalente aos significantes mestres no registro do simbólico?

O campo do imaginário é caracterizado por sua vastidão. Podemos dizer que a proliferação está para o imaginário assim como a redução está para o simbólico, de forma que o simbólico seria uma espécie de detenção, de ponto de basta, em relação a essa proliferação do imaginário. Retornando então à questão, podemos falar de imagens rainhas na perspectiva psicanalítica, de uma redução do mundo das imagens em que estamos mergulhados a algumas imagens cruciais? Tomando como referência o texto de Miller, podemos distinguir três imagens rainhas:

1- a primeira imagem rainha se refere ao corpo próprio, ou seja, “a ideia de si mesmo como corpo”, segundo a definição de Lacan. Trata-se, portanto, da imagem do corpo como matriz do Eu, à qual Lacan dá a notação i(a). Seu operador paradigmático é o espelho, e seu efeito imaginário é o duplo. Sua característica é dar ao sujeito uma visão de seu corpo como uma totalidade, no sentido de uma Gestalt (uma forma que se completa), e seu efeito no sujeito é de júbilo.

2- a segunda imagem rainha é a imagem da falta, a castração, cujo suporte é dado pela visão do corpo da mãe e pela ideia de que falta ali alguma coisa. Sua notação lacaniana é o (-fi). Temos, nesse sentido, alternância entre ausência-presença, o que, de certa forma, já nos remete ao simbólico. Aqui não há júbilo, mas horror. Por isso, o seu operador essencial é o véu, aquilo que recobre essa falta, em sua função de velar o nada, por assim dizer, a mesma função que podemos atribuir, por exemplo, ao vestuário. O campo perceptivo é orientado pelo que não se quer ver tanto quanto por aquilo que se deseja ver. Seu efeito no campo imaginário, portanto, é uma escamoteação e a supressão de uma imagem real, se pudermos nos referir assim a essa imagem, que é, na realidade, a falta de uma imagem, o furo da castração materna, e que surpreende o sujeito no lugar onde ele esperava encontrar a imagem do falo.

3- a terceira imagem rainha pode ser diretamente deduzida do véu, se acrescentarmos a este sua característica de poder ser também um ornamento (uma roupa serve tanto para cobrir e esconder quanto para embelezar). Trata-se do falo simbólico, enquanto “forma erigida e transformada em significante, conservando todas as suas articulações imaginárias” (MILLER, 1997, p. 579). Miller esclarece que “foi inclusive a propósito do falo que Lacan arriscou a expressão significante imaginário” (MILLER, 1997, p. 579). Sua imagem paradigmática é o fetiche. Refere-se, portanto, a uma imagem colocada em lugar da falta para obturá-la e que assume um valor fálico, ou seja, um valor de substituição e de tamponamento do furo. O recobrimento da falta aponta, nesse sentido, para a função de denegação que caracteriza o inconsciente. Algo é substituído. Mais precisamente: algo é recuperado.

Se o encontro do sujeito com a primeira imagem produz um júbilo, se o encontro com a segunda imagem produz o horror, em relação ao fetiche podemos falar de uma recuperação de uma parcela do gozo perdido. É o que Lacan chamou do gozo fálico. É como passar por debaixo do véu para ir depositar alguma coisa no lugar da falta. Assim, o que provoca horror aparece sob a vestimenta do fetiche, do belo ou da fantasia, ou seja, como uma imagem à qual podemos agregar um mais-de-gozar. Seu operador lógico não é o espelho nem o véu, mas o quadro, ou melhor, o enquadre, a janela na qual se projeta a cena da fantasia que serve de cenário à imagem fetiche. Contrariamente ao espelho, que reflete uma imagem, uma janela pressupõe o furo onde se projeta a tela da fantasia. A variedade do que pode vir a assumir valor fálico para um sujeito é enorme: um carro para um homem ou um vestido para uma mulher, por exemplo, se nos referimos ao campo dos objetos de consumo que vêm agregar esse valor fálico à imagem de si; mas, também, um traço, uma forma ou mesmo um gesto que desperte o desejo em relação a um parceiro sexual, se nos referimos aos signos do objeto perdido que julgamos reencontrar no campo do Outro.

As imagens rainhas são, portanto, imagens que têm valor de significantes, na medida em que podem ser metaforizadas e metonimizadas. Mas elas “não representam o sujeito”, como faz o significante – que representa o sujeito para outro significante – e, sim, “se coordenam ao seu gozo” (MILLER,1997, p. 580). A imagem rainha é aquela que “realiza uma captura significante do gozo”, diz Miller (1997, p.580). É quando imaginário e gozo se enlaçam.

Para que haja o corte à cadeia das metáforas e metonímias - função do objeto a -  é necessário que não haja horror ao vazio - este corte pode revelar o furo do Real - ou horror ás diferenças – este corte pode revelar a ex-sistência do simbólico. Se os intervalos da cadeia significante são ocupados por imagens, o que se revela é a consistência do Imaginário prevalecendo sobre os demais registros. O bom corte não acontece. O gozo se enlaça ao imaginário. E o simbólico é relativizado.

Do furo do Real emerge o Nome - cuspido, no dizer de Lacan – em sua ex-sistência, o Nome-do-Pai, o significante que provê a capacidade de operar com entes discursivos abstratos e com a categoria logica da terceiridade, essa instância que ordena os fenômenos humanos, que resolve os impasses dos dualismos imaginários, a lei.  

Lei cujo caráter de abstração, universalidade, normatividade e efetividade requerem e induzem, para sua incidência nos casos concretos e como efeito da linguagem, á sua interpretação mediante a produção de Interpretantes (com o consequente relançamento da significação) mas cujas lacunas o perverso irá preencher com a constituição de consistências imaginárias - cristalizações de sentido, imagens rainha - numa exegese pessoal em que haverá desprezo pelo texto dos precedentes acumulados ( desprezo do fator tempo)  e pelo lugar ocupado pelos elementos da estrutura (desprezo do fator espaço). Tempo e espaço que se constituem nas coordenadas simbólicas por excelência.

Lei cuja ordenação pressupõe a manutenção de lugares distintos – ocupados por entes distintos - para quem a elabora, para quem a interpreta e para quem a executa. Eis aí o fundamento da divisão de poderes do Estado – um poder que legisla, outro que interpreta e outro que executa as leis. E eis aí o mal-entendido do perverso, o equivoco de se supor ao mesmo tempo legislador, interprete e executor da lei, ficção que degrada a função paterna á uma mera versão.

Se o Simbolico é o lugar das diferenças e da alteridade, o imaginário é o lugar da mesmidade e da igualdade, da identificação.  Ao ter que fazer face aos recursos hermenêuticos necessários para dar conta da complexidade da ordem simbólica, elege (sem saber) o perverso elidir as diferenças, reduzindo-as á uma versão própria – e portanto sem preservar a alteridade – estereotipada e, recuando diante do horror vacui, preenche esse lugar com a mesmidade de sua imagem especular. Dorian Grey serve de exemplo.

E esta invasão imaginária é característica da lógica perversa, com a produção de um objeto tridimensional que vai ocupar o vazio da falta de objeto que a pulsão contorna e cristalizar, no polo do sujeito, as respostas hermenêuticas possíveis advindas da interpretação imaginaria da lei. E, no polo do objeto, o objeto fálico é o objeto privilegiado desse modo de imaginarizar a falta. E o fantasma do perverso articula o objeto imaginário com a inversão e o deslocamento da divisão subjetiva para o outro, aquele que vai funcionar como seu parceiro e sofrer a angustia e o gozo produzidos.      

Se a clinica psicanalítica se organiza por um sujeito que elege, sem saber, uma modalidade de oposição lógica entre elementos de estrutura – e nâo por fenômenos psicopatológicos que são desconhecidos deste sujeito – quais são os elementos em jogo na escolha perversa? O calculo perverso, sua operatória, se dá pela redução do simbólico ao plano do imaginário, á produção de imagens rainhas, como dito por Miller em um de seus cursos. Pela redução do significante fálico ao falo imaginário? Por que deixar para o Outro o poder de legislar? Porque deixar ao Outro o poder de dizer a lei, dar sua interpretação, porque deixar ao Outro o poder de executar a lei, de ser seu instrumento? E se o Outro faltar, e se o Outro for lacunar, abstrato e incompleto? E se o Outro desejar outro?

A libido é uma noção que permite encarnar esse vínculo que se produz a um nível imaginário e em relação ao desejo do Outro. O perverso se imagina instrumento do gozo do Outro, enquanto o psicotico se crê gozado pelo Outro.  Para Patrick Valais:

Nesses Três ensaios os principais critérios mantidos por Freud para definir a perversão podem portanto se resumir esquematicamente assim:

A perversão é uma posição subjetiva (e não uma manifestação instintual) sustendada por um fantasma consciente que o sujeito pode ser levado a realizar em condutas agenciadas de acordo com a cena do fantasma, á diferença da neurose, que é o negativo da perversão, mas cujos fantasmas perversos são inconscientes. Logo, perversão e neurose são topicamente distintas. Vamos acrescentar que, enquanto posição subjetiva, a perversão se constitui no édipo e tem uma relação, ainda que remota, com a castração.

As derivações perversas se produzem no decorrer do desenvolvimento sexual segundo mecanismos bastantes complexos mas distinto do recalque que caracterizaria a neurose.

A partir  da disposição perverso polimorfa da sexualidade infantil, que não é a perversão, ela se constitui seja por fixação a uma etapa infantil, seja por dissociação das pulsões numa etapa posterior.

De fato, toda parada no desenvolvimento produz uma regressão a uma etapa anterior (regressão temporal ) que se fixa neste estagio. A componente principal é reforçada na idade adulta e impõe sua dominância tendencial (ativo–passivo, sádico– masoquista, voyerista-exibicionista) as formas de manifestação da vida sexual do sujeito.

A pulsão não é a perversão, já que esta última só se constitui após uma serie bastante complexa de transformações da pulsão sexual. É uma forma de idealização da pulsão no seu próprio processo, acompanhada de uma supervalorização sexual do objeto. Nesse processo de idealização intervém a intensidade do prazer preliminar. Por isso, os atos preliminares são preferidos ao ato normal, e os substituem – tanto mais que a valorização do objeto, ou os perigos atribuídos ao ato sexual podem engendrar ou confirmar uma impotência genital. Daí resulta uma espantosa fixidez da pratica, até mesmo uma exclusividade total. Além disso o tipo de objeto escolhido não permite qualificar a perversão (pagina 44).  

A perversão é uma forma de idealização da pulsão no seu próprio processo, acompanhada pela supervalorização sexual do objeto. Neste processo de idelização intervém a intensidade do prazer e o resultado é uma espantosa fixidez da prática, até mesmo sua exclusividade. Em dialeto lacaniano, uma idealização do gozo do Outro acompanhada pela supervalorização do objeto em sua faceta imaginária, sendo este o substituto fetichizado do falo enquanto significante da diferença sexual, diferença esta denegada pelo perverso. Diferença que causa horror.

Para Aulagnier:  

El perverso es aquel que habla razonablemente, genialmente a veces, de la sinrazón del deseo. Justifica su perversión en nombre de un plus-de-placer que pretende. autentificar por un plus-de-saber sobre la verdad del goce. Ese saber es el señuelo que lleva su razón a una trampa; es su propia locura, pero también lo que siempre amenaza con tomarnos en la trampa de su fascinación.

Excluir en nombre de ese discurso una parte de la perversión del campo de la psicopatología, presupondría poder explicar por qué ciertos sujetos tienen el poder de transformar el dolor em placer, el horror de la castración en razón de goce, la reprobación y la degradación en valorización narcisista. . .

Entre ideal e objeto, porque não uma síntese entre estes elementos opostos e heterogêneos, a constituição de um Interpretante privilegiado no eu ou no falo – na imagem narcisica ou no falo imaginário? Uma síntese  captada por Lacan e formulada no matema da perversão com os polos do sujeto e do objeto invertidos.


A RE-NEGAÇÃO COMO O HORROR AO RECONHECIMENTO DA DIFERENÇA

Para Aulagnier:

Pero para nosotros, como analistas, otra es la cuestión que se presenta: la de la causa de la elección perversa y la de por qué, contrariamente a lo que el perverso cree, se trata allí de uma libertad que es sólo falacia., por cuanto dicha elección lo liga inexorablemente al único acceso que puede tener al registro del deseo, así como su ultraje es la única manera que posee de reintegrar se a la orden de la Ley, de no quedar forcluido [forclos] de ella.

O ultraje como a única maneira que o perverso possui de se reintegrar a ordem da lei, de não ficar foracluído dela. E continua Aulagnier:

1 · La renegación

Con este término Freud nos designa la defensa específica de la organización perversa. Antes de ver en qué consiste y qué habrá de implicar en la economía libidinal del sujeto, es preciso señalar que la renegación sólo toma su sentido del hecho de surgir, temporalmente hablando, en el mismo momento en cjue debería efectuarse, para el sujeto, esa transformación estructural que designamos como "asunción de la castración". Este hito decisivo exige que el sujeto pueda encontrar, en la instancia paterna y en el saber del que el se hará portavoz, la promesa de que más allá del renunciamiento que se le demanda, en un tiempo futuro le será abierta la puerta del deseo. Es por ello que la disolución del complejo de Edipo, así como el abandono de todo lo que corresponde al registro de la identificacion pregenital, no puede tener lugar si el Nombre el Padre no viene a representar, para el sujeto, tanto la razón y la justificación de la prohibición como la procedencia y la legalidad del deseo humano.

Por otra parte, si la renegación es el modo de defensa que el sujeto opone a la angustia de castración, en sentido estricto, podemos preguntarnos cuál era el mecanismo que se hallaba em juego en un estadio anterior, y cuál es el vínculo existente entre esos dos modos de defensa.

Sin duda, nos consideramos con derecho a afirmar que la angustia de castración, en tanto que atributo exclusivo del estádio fálico, está ligada a la irrupción en el campo del sujeto de um doble enunciado: el que le revela la realidad del deseo del padre Y la realidad de la diferencia de sexos. Estos dos enunciados vendrán a encarnar, para el sujeto, una verdad sobre el deseo que ya no podrá dejar de tener en cuenta, y que pondrá en peligro toda la elaboración fantasmática, la cual apunta a conservar el mundo em el que tiene que vivir bajo la dominación del principio del placer.

O pai como portador de um duplo e eventualmente paradoxal enunciado: o que revela a realidade do desejo e o que revela a realidade da diferença dos sexos. Verdade que compromete a elaboração fantasmática que aponta a conservar o mundo sobre a dominação do principio do prazer. Verdade que problematiza e torna o mundo complexo. Complexidade que exige o exercício cada vez mais frequente do processo secundário. E este implica na utilização e ampliação da capacidade de simbolização e abstração.

Que esta maestría haya sido frágil desde siempre, es lo que nos demuestra la angustia que, desde el origen, atestigua que la identificación que sostiene la relación del sujeto con el deseo es siempre tributaria de la palabra del Otro, uma que puede vemr a garantizar al sujeto lo que éste pretende saber sobre su verdad.

El embrión de la realidad psíquica presupone ya, por su estructura, la instalación del deseo del Otro y, en la medida en que esse primer Otro encuentra  su representante inicial en la madre, se comprende el papel fundamental que cumple el deseo materno como soporte de toda la dimensión identificatoria.

Si de pronto no le es ya posible sostener su creencia em la existencia de ese deseo, o si no puede reconocer ya los emblemas con los que se adorna en nombre de ese deseo, lo que se perfilará en el horizonte será la amenaza de su propia exclusión del campo identificatorio. La ausencia o el rechazo del Otro sólo ha de precipitar al sujeto en una nada identificatoria que la angustia llamada oral vendrá a poner de manifiesto. En tanto que la madre encarne casi exactamente a ese primer Otro del deseo, será imposible para el sujeto creer que la omnipotencia que le imputa sea un señuelo, que existe una diferencia de sexos que niega la autosuficiencia materna en el mundo del deseo.

A impossibilidade de acreditar que exista algo – a diferença dos sexos – que nega a autosuficiencia materna no mundo do desejo. Que perfila no horizonte a ameaça de sua exclusão do campo identificatório.

Aquello que el niño "no tiene en cuenta" .... no es el poder amenazador de la madre -que es el primero em recono<:er y postular- sino la noción de castración, que supone un saber sobre la sexualidad y sobre la interdependencia a la que todo sujeto está sometido desde que es tomado en las redes del deseo.

Precedindo a la renegación, hallamos así una primera negación que apunta a preservar a la madre como instancia suprema, a fin de salvaguardar el mito de una omnipotencia del deseo y de um autodominio del placer. La creencia en la omnipresencia del atributo fálico (y poco importa el sexo real del sujeto) preserva, en un antes de la castración en sentido estricto, el mito narcisista de una omnipotencia que encuentra en la madre su punto de referencia.

De allí que el primer recurso que utilizará el niño. frente al peligro que representa para él el hecho de tener que reconocer que el objeto del deseo materno está en otra parte y no en su propio ser, será el de negar que él pueda no 'representar la totalidad de lo que ella desea y por lo tanto que a ella le falte lo que fuere.

O primeiro recurso será a negação que aponta a preservar a mãe como instancia suprema, preservar o mito de uma onipotência do desejo e do prazer. A crença na onipresença do atributo fálico preserva o mito narcisista da onipotência, nesse “eu posso tudo” que encontra na mãe seu ponto de referência. Eu sou o contexto, eu sou o legislador, o juiz e o executor da lei (lei rebaixada ao prazer, aos aspectos libidinais imaginarios). A negação de que ele (enquanto o falo) possa não representar a totalidade do que ela, a mãe, deseja e, portanto, que a ela falte seja lá o que for.

Esta negación (que forma parte de la experiencia de todo individuo) será, en un segundo tiempo, refutada por la prueba qe realidad que confronta al sujeto con lo que ve (el descubrimiento del sexo femenino) y con lo que adquiere como saber, o sea que existe un mundo del goce del que está excluido y que sólo por el padre la madre tiene acceso a él. Este nuevo saber será el material de todo fantasma de castración, fantasma que sólo puede ser formulado en el momento en que se lleve a cabo, para el sujeto, cierta adecuación entre el cuerpo sexuado, la "diferencia" y el poder de goce.

Pero es preciso agregar -y esto resulta capital para compreender lo que corresponde al registro de la perversion femenina- que lo que en este  momento surgirá en genenral como consecuf'ncia de tal descubrimiento, es un efecto de fascinación por ese lugar corporal donde viene a prasentificarse la diferencia. A partir del momento en que el sujeto adquiere la certeza de la irreversibilidad de la diferencia, asistimos a una suerte de transmutacion ue transforma lo que habría podido ser horror (y que sigue siéndolo para el perverso) en fascinación. El lado mas manifiesto de los jogos infantiles en este orden de cosas esta predominantemente ligado a la mirada, a la exhibición respectiva de las partes sexuales.

No segundo momento, esta negação será refutada pela prova da realidade que confronta o sujeito com o que vê (o sexo feminino) e com o que adquire como saber, ou seja, que existe um mundo de gozo do qual está excluído e que somente pelo pai a mãe tem acesso a ele. Este novo saber será o material do fantasma de castração, mas, o que em geral surgirá como consequência de tal descobrimento é um efeito de fascinação por esse lugar corporal onde vem se presentificar a diferença. A partir do momento em que o sujeito adquire a certeza da irreversibilidade da diferença, assiste-se a uma espécie de transmutação daquilo que havia podido ser horror (e que segue sendo para o perverso) em fascinação.

Em otras palavras, podríamos decir que se trata de confrontar de manera repetitiva la mirada con la certeza de la diferencia.

{...} sino que descubra que el padre es deseado por la madre, y que es en su condición de investido con esse deseo que puede ser para ella el lugar del goce: para que la madre sea reconocida como prohibida al deseo en tanto que madre, pero que en tanto que mujer sea mantenida como modelo del objeto futuro del deseo, no sólo es preciso que el sexo femenino sea reconocido como diferente sino que el sujeto aprenda que el padre es deseante de esa diferencia. Que la "diferencia" se torne significante del deseo: tal es la otra cara de la castración simbólica. Ella implica que en nombre de esa " diferencia" de sexos que remite al concepto rundamental de lo no idéntico, de la alteridad inalienable del otro, se renuncie a la omnipotenicia de un deseo que apunta a hacer del otro y de su deseo lo que vendría a colmar, a suturar ese punto de falta que define al sujeto como sujeto deseante – (pagina 33)

A Re-negação da certeza da irreversibilidade da diferença, a evitação ao confronto visual repetitivo com a certeza da diferença. O desmentido é um mecanismo de defesa por meio do qual o sujeito se recusa a reconhecer a realidade de uma percepção negativa. (Roudinesco, 1998, p. 656).

Mais que isso, se recusa a reconhecer a diferença dos sexos, que o sexo feminino é diferente, e que o pai é desejante dessa diferença - que essa diferença é o significante do desejo - que em nome dessa diferença dos sexos há a remissão ao não idêntico, á alteridade inalienável do Outro – o que implica acesso á ordem simbólica – e que há necessidade logica de se renunciar á onipotência imaginária de um desejo fálico que eventualmente completasse o ser do sujeito.

Pode-se constatar, a partir disso, o que constitui o molde da perversão: a valorização da imagem. Essa prevalência dada ao imaginário é distintiva da fantasia na perversão, ainda que assuma valor simbólico. O sujeito perverso, a custa de uma clivagem do eu, sustenta, por meio da encenação do objeto fetiche no fantasma, a imagem de uma mãe fálica que não estaria submetida à lei do desejo.

Na montagem da cena perversa, o sujeito se coloca como objeto de gozo do Outro a fim de garantir que este Outro seja completo, o que o colocaria também como um ser que nada falta. Seu desejo é vontade de gozo, e ele se apresenta como sabendo sobre o desejo e sobre o gozo, tentando anular o desejo e absolutizar o gozo, pois desejar é mostrar uma falta. Alcançar o gozo é seu imperativo. Nessa direção, diz Chaves (2004) que:

O perverso inverte a fórmula da fantasia, ocupando a posição de objeto ‘a’, de onde não cessa de insistir em fazer o Outro gozar, isto é, em buscar alcançar o gozo absoluto impossível. Este mecanismo, denominado por Freud de Verleugnung (recusa, renegação, desmentido) da castração, mantido estável e cristalizado numa mesma estrutura de fantasia e de obtenção de gozo, é o mecanismo do que se chama de estrutura perversa ou de “perversão de estrutura”.


A HIPOTESE DA RELATIVIZAÇÃO DO INTERPRETANTE DO NOME- DO- PAI

Lacan, seminário 23:

A perversão não é definida porque o simbólico, o imaginário e o real estão rompidos mas sim porque eles já são distintos, de modo que é preciso supor um quarto que, na ocasião, é o sinthoma. Digo que é preciso supor tetraédico o que faz o laço borromeano – perversão quer dizer apenas versão (version) em direção (vers) ao pai  pere) que, em suma, o pai é um sinthoma, ou um sintoma, como quiserem. Admitir o laço enigmático do imaginário, do simbólico e do real implica, ou supõe, a ex-sistência do sintoma. (pagina 19)

Lacan sustenta a tese de que a perversão é uma modalidade especifica da metáfora paterna, na qual a versão prevalece sobre a função, a ficção prevalece sobre a abstração. Uma dimensão teórica fundamental embutida na ideia de pere-version é a relativização do Nome-do-Pai, em seus aspectos de abstração, universalidade, normatividade e efetividade. Abstração cuja relativização é realizada quando a pobrreza do simbólico é susbtituida pela proliferação de imagens. Lacan, sessão de 21 de janeiro de 1975:

Um pai só tem o direito ao respeito, para não dizer ao amor, se o dito amor, o dito respeito está {...} pai-versamente (pere-versement) orientado, isto é, faz de uma mulher o objeto a que causa seu desejo. {..} Aquilo de que ela se ocupa é de outros objetos a, que são seus filhos, junto aos quais o pai, no entanto, intervém – excepcionalmente, na melhor das hipóteses – para manter na repressão, ..., se me permitem, a versõ que lhe é própria de sua perversão, única garantia de sua função de pai, que é a função de sintoma tal como a escrevi. Para isso, basta que ele seja um modelo da função. Eis o que deve ser o pai, na medida em que só pode ser exceção. Ele só pode ser modelo da função realizando seu tipo. Pouco importa que ele tenha sintomas, se a eles acrescentar o da perversão paterna, isto é, que sua causa seja uma mulher que ele tenha conseguido para lhe dar filhos, e que a esses, querendo ou não, dispense cuidados paternos.

Basta que ele seja um modelo da função. Que ele realize o tipo. Tipo é terminologia jurídica, utilizada no sentido de subsunção de um fato ou comportamento á uma determinada norma. Para adequar um elemento do mundo a um conceito. E é utilizado também em Psiquiatria Forense, para classificação de tipos psicopatológicos por exemplo.

Não importa a imagem que ele tenha tido para seu entorno ou para si mesmo, não importam as circunstâncias fáticas que estivessem em seu entorno, mas somente se ele se colocava em determinada posição – subjetiva para a psicanalise, jurídica para o direito - em relação a um paradigma abstrato e genérico. Se ele promovia a instância da terceiridade enquanto modelo da função, enquanto aquele que realiza o tipo.

E este tipo pode ser relacionado a forma de atribuição da paternidade, que consiste numa operação abstrata, pois não há vinculo evidente entre a criança e aquele que é designado como seu genitor, em contraste com a ligação imediata entre a criança e a mãe. Num caso, a relação ocorre em torno de uma ausência, de algo não visível, sendo estabelecida com base em uma inferência lógica; no outro ela ocorre em torno da contiguidade material com a criança, sendo estabelecida a partir da simples percepção. Da imagem. Como observa Lacan:

a essência e a função do pai como Nome, como pivô do discurso, derivam precisamente do fato de que, afinal, jamais se pode saber quem é o pai. Podem ir procurar, é uma questão de fé. É absolutamente certo, aliás, que essa introdução da pesquisa biológica da paternidade de modo algum pode deixar de ter incidência sobre a função do nome do pai.

Contudo, nenhum pai exerce seu papel de forma puramente simbólica: ele faz obstáculo entre a mãe e o filho, ele é o portador da lei, mas em direito, posto que, de fato, ele intervém de outro modo, e é também de outro modo que se manifestam suas falhas em intervir. É em forma de hipóstase imaginada que essa falhas se manifestam, e é em forma de imaginação tresloucada, transmitida segundo Lacan pelo cristianismo (e sua inflação de imagens da relação entre o Pai e o Filho), que o pai pode ser degradado á sua versão imaginária.

O reconhecimento daquele que se anuncia como eu sou o que sou, nomeadamente o Deus dos Judeus, exige recusar-se não somente a idolatria pura e simples, a saber a adoração de uma estátua, mas, mais longe que isso, a nominação por excelencia de toda hipóstase imaginada. (Lacan, 1957 – 1958, pagina 70).  

Eles (os judeus) nos explicaram bem que isso era o Pai, o Pai que eles chamam, o Pai que eles fazem em um ponto de furo que não se pode mesmo imaginar. Sou o que sou, isso é um furo não é. Bem, é daí que, por um movimento inverso ... pois um furo, se vocês creem em meus esqueminhas, um furo turbilhona, mais exatamente engole, e logo há momentos em que cospe. Cospe o que. O Nome. É o Pai como Nome (15 de abril de 1975)

A imaginação de ser o redentor, em nossa tradição pelo menos, é o protótipo da pai-versão. É na medida em que há relação do filho com o pai que surge essa ideia tresloucada do redentor, e isso há muito tempo. O sadismo é para o pai, o masoquismo para o filho. (Lacan, 1975-1976,  pagina 85).

É na degradação do pai simbólico, por sua perversão –  no sentido de uma degradação pela constituição de uma versão imaginaria da operação paterna, que o pai-verso se apresenta no mundo; Mas essa contaminação se daria pela presença do gozo do pai real em detrimento de sua função simbólica ou seria por conta de uma certa imaginarização da função, uma certa versão imaginaria da função a que corresponderia o fantasma do perverso?

Se há correspondencia da consistência, da ex-sistencia e do furo a cada um mesmo dos termos que Lacan avança como Imaginário, Simbólico e Real, a hipótese da imaginarização de uma versão que produza consistência á pobreza da norma em abstrato parece melhor responder a questão.  

E isto toca no que que se refere a universalidade do Pai . Com efeito, se a instancia terceira se afirma universal e necessária, sua interpretação imaginaria se constitui em eventual e particular, dependente de cada caso concreto. Multiplas, possivelmente contraditorias entre si e tomadas uma a uma. O paradoxo da normatividade se coloca na epistola de São Paulo: a Lei revela o pecado:

“Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, operou em mim toda a concupiscência; porquanto sem a lei estava morto o pecado” ( Rm 7:7 - 8).

Duplo papel que desempenha o pai, na medida em que ele representa a autoridade e é o centro da revelação sexual. ( Lacan, 1938, pagina 79). Por esse processo duplo o progenitor do mesmo sexo aparece para a criança como o agente da interdição sexual e o exemplo de sua transgressão”. (pagina 46). Esses temas são associados ao super eu e ao ideal do eu:

há aí duas concepções que, desde que as façamos intervir numa dualetica qualquer para explicar um comportamento patológico, parecem dirigidas em sentido contrario. O supereu é constrangente, o ideal do eu é exaltante, ( Lacan, 1953-1954, pagina 118).

E aqui, a idealização da Pulsão, a que se refere Patrick Valais, reaparece, sob a forma de um ideal do eu – que em Lacan é Ideal do Outro – exaltante.  Tal duplicidade da instância paterna pode levar a supor uma divisão semelhante ao sujeito confrontado com ela, em certa homologia com a Verleugnung, o que implica em perda da efetividade do Nome-do-Pai, de acordo com as limitações naturais ao processo, pecando aquele que encarna tal função (ou mandato) com excesso ou falta.


CONCLUSAO 

Existe homologia entre a Semiótica, de Charles Sanders Pierce, e o modelo dos nós borromeus. Elementos triplos – denominados triádicos – que se relacionam entre si (Objeto, Representamen e Interpretante) e com três outros elementos (Existente Concreto, Qualidade e Lei) denominados Correlatos, também em número de três, de múltiplas maneiras. Em Lacan, elementos triplos que se relacionam entre si (Real, Imaginário e Simbólico) e com três outros elementos (Objeto a, gozo fálico e gozo do Outro) também de múltiplas maneiras. 

O exame destas homologias entre o modelo linguístico semiótico de Charles Sanders Pierce, o matema do fantasma e o modelo dos nós Borromeus revela o esforço que Lacan fez para retirar a psicanálise do psicologismo e da confusão conceitual. O dualismo pós-freudiano (que privilegiava apenas o registro Imaginário) é substituído por uma dialética trinária, porém sem que o terceiro elemento se constitua síntese dos dois anteriores – Simbólico, Imaginário e Real possuem equivalência de status.

Na medida em que o analista utilize o elemento denominado Interpretante como filtro para sua apreensão de fenômenos clínicos, esta (a clinica) pode ser ampliada de modo que possa haver mais de uma intervenção possível – sem prejuízo da técnica - o que implica em ganho quanto á sua pratica e transmissão.


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Autor

  • Pedro Carlos Tavares da Silva Neto

    IDENTIDADE PROFISSIONAL:

    OAB/RJ 91.989 FORMAÇÃO

    CURSO 3º GRAU - DIREITO UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES - CENTRO

    PÓS GRADUAÇÃO

    “OS QUATRO CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM PSICANÁLISE” - CURSO INTRODUTÓRIO DE FORMAÇÃO – EBP-RJ (ESCOLA BRASILEIRA DE PSICANÁLISE) – Anos 2012 e 2013.

    APROVADO EM 2014 NO PROCESSO DE SELEÇÃO PARA O CURSO DE FORMAÇÃO (4 ANOS) DA FORMAÇÃO FREUDIANA (CHAIM SAMUEL KATZ) – interrompido quando a Formação Freudiana se concentra na Barra da Tijuca em detrimento de Ipanema, inviabilizando meu deslocamento para tal Bairro.

    CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA DA PSICANALISE E PRATICAS CLINICO INSTITUCIONAIS – Universidade Veiga de Almeida \RJ – (Turma 2015 – EM FASE DE MONOGRAFIA DE FIM DE CURSO - histórico das notas em anexo). CR 9,4

    FORMAÇÃO PERMANENTE

    MEMBRO DE APERTURA, SOCIEDADE PSICOANALITICA DE BUENOS AIRES E LA PLATA A PARTIR DE 2015 (conforme declaração dos nomes dos membros no LINK: http://www.apertura-psi.org/?page_id=290)

    ANALISE PESSOAL E SUPERVISÃO ANALISE PESSOAL: SÓCRATES NOLASCO (1994 A 1998) – MARCO BAPTISTA (2005 A 2010) E LUIZ GUILHERME DA ROCHA (2010 ATÉ A PRESENTE DATA)

    SUPERVISÃO: LUIZA BRANDÃO (2015) MARIA LUCIA WHITE (2016) – LUIZ GUILHERME DA ROCHA PINTO (2014 ATÉ A PRESENTE DATA)

    PRATICA PROFISSIONAL INÍCIO EM 2014, NO BAIRRO DAS LARANJEIRAS, EM CONSULTÓRIO PARTICULAR.

    DE ABRIL DE 2016 ATÉ JUNHO DE 2017. CLINICA SOCIAL DO INSTITUTO MARQUÊS DE SALAMANCA – SANTA TEREZA, RIO DE JANEIRO, ONG DA FAMÍLIA MONTEIRO DE CARVALHO

    ATUALMENTE ATENDENDO EM NOVA FRIBURGO.

    CONSELHEIRO EM DEPENDÊNCIA QUÍMICA FORMADO NA TURMA 2015\2016 PELA CONTEXTO SAUDE.

    CURSOS E CONGRESSOS

    CURSO DE FORMAÇÃO EM TERAPEUTA E ACONSELHAMENTO EM DEPENDÊNCIA QUÍMICA – CONTEXTO SAÚDE– Turma do Ano 2016. (Curso concluído, aguardando expedição de Certificado)

    PARTICIPAÇÃO NO CONGRESSO INTERNACIONAL DA ABEAD - fevereiro de 2013 – Búzios – RJ.

    CURSO “A DROGADICÇÂO NA ESTRUTURA NEURÓTICA” - ministrado pelo Prof. Dr. Alexandre Balbi – setembro a dezembro de 2013.

    APROVAÇÃO EM EXAME PROFISSIONAL

    • APROVADO EM PRIMEIRO LUGAR, COM GRAU 9 (NOVE), EM EXAME DE SELEÇÃO DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - SEÇÃO RIO DE JANEIRO - ÁREA DE DIREITO CIVIL.

    EXPERIÊNCIA ACADÊMICA

    • PROFESSOR CONVIDADO DE DIREITO ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL (2000 A 2003) DA FUNDAÇÃO ESCOLA DO SERVIÇO PÚBLICO – FESP.

    • PROFESSOR CONVIDADO PARA MINISTRAR AULAS NO CURSO REGULAR DE GRADUAÇÃO DA UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES – CENTRO - SOBRE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE E PROCESSO LEGISLATIVO (2000 A 2003).

    ARTIGOS PUBLICADOS

    ARTIGOS SOBRE DIREITO E DEPENDÊNCIA QUÍMICA NO SITE DO NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISA SOBRE TOXICOMANIA E PSICANÁLISE DA PROAD\UNIFESP E DA ICCA – INTERNATIONAL CRIME ANALYSIS ASSOCIATION

    EX COLUNISTA SEMANAL DO SITE “PÉROLAS JURÍDICAS” – ARTIGOS SOBRE DIREITO E DEPENDÊNCIA QUÍMICA EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL

    • PSICANALISTA PRATICANTE. ATENDIMENTO EM CLINICA SOCIAL DO INSTITUTO MARQUÊS DE SALAMANCA – SANTA TEREZA –RJ – PREVALÊNCIA DE EXPERIÊNCIAS CLINICAS COM SUJEITOS IDENTIFICADOS AOS DIAGNÓSTICOS PSIQUIÁTRICOS DE: BIPOLARIDADE, BORDERLINE, ADICÇÕES, ANOREXIA E PSICOSE COM EPISÓDIOS DELIRANTES.

    • CONSELHEIRO EM DEPENDÊNCIA QUÍMICA

    • CONSULTORIA E ASSESSORIA JURÍDICA EM DEPENDÊNCIA QUÍMICA E TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS COMÓRBIDOS

    • CONSULTORIA E ASSESSORIA EM INTERDIÇÕES CÍVEIS, INTERNAÇÕES INVOLUNTÁRIAS E COMPULSÓRIAS

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Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

NETO, Pedro Carlos Tavares da Silva. A lei, a perversão e seus interpretantes. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 25, n. 6171, 24 maio 2020. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/63176. Acesso em: 27 abr. 2024.