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Fichas sujas e a Síndrome de Estocolmo nas eleições de 2014

Agenda 21/08/2014 às 10:14

O texto é um resumo sobre as formas de picaretagens na esfera política brasileira, desde tramoias entre as oligarquias até a exploração da miséria.

A prática de corrupção na política não é nova, mas existe há séculos. O favoritismo é algo secular, moeda de troca, entre o povo e candidatos a um cargo político. Política, no Brasil, sempre foi imoral, nojenta. A prática de favoritismos é a moeda de troca.

O candidato a algum cargo público, como agente político, não tem a menor dúvida de que a prática secular da exploração da miséria do povo é a mais grandiosa moeda a peso de ouro. Só não se vende a própria mãe, pois há certa sanidade.

O coronelismo foi prática usada entre os séculos XIX e XX. Voto de cabresto, fraude eleitoral, algumas práticas usadas. Os currais eleitorais eram controlados pelos coronéis através de violência, mortes e medo.

O coronelismo não acabou, totalmente, mas ainda há em regiões do nordeste. Como o poder sempre motivou os sádicos, pois estes sentem prazer em desencadear aflições e se sentirem como deuses, mais as mentalidades desde o tempo do império - “o rei não falha” -, nada mais compreensível o tipo de cultura política no Brasil, tanto para os candidatos quanto para os eleitores.


Roubou, mas fez”, eis uma frase que fortaleceu as improbidades administrativas no Brasil. Como o povo (párias) não tinham direitos, como há atualmente, o jeito era aceitar a “ajuda” de um "bom" político. Assim, o favoritismo, quando não a base de revólver, consagrava a ajuda mútua: 

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“Dou, mas quero seu voto”.

Como o Brasil sempre apresentou desigualdades sociais abissais, por motivos de darwinismo social, os párias aceitavam qualquer ajuda dos “bons” políticos. Nada mais entendível, pois, na miséria, um naco de pão é um banquete dos deuses. Enquanto os párias se contentavam com as migalhas dadas pelos “bons” políticos, as elites se enriqueciam mais ainda com negociatas diversas. De certo, as melhorias sempre recaiam, primeiramente, e na maioria das vezes, só nas elites (oligarquias). Em última instância, aos párias, principalmente quando os votos eram necessários para eleger algum candidato.

Comum era colocar máquinas nas ruas perto das eleições. Essa prática servia, e ainda serve, para dizer que o político estava fazendo algo pelo povo. Afinal, máquinas e obras chamam a atenção do povo que, enganado, acreditava que o “bom” político se importava com seu adorável povo. Como o coronelismo já tinha enfraquecido, os ardilosos políticos tinham que continuar no poder através do “pão e circo”.

A Administração Pública brasileira só mudou, um pouco, depois da CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (DE 24 DE FEVEREIRO DE 1891). Como o Estado deixou de ser absolutista, a Administração Pública não mais seria o que o soberano queria. A Lei mandava. Infelizmente, tal mentalidade absolutista continuou. Junto com a mentalidade absolutista e o darwinismo social, que manteve os párias num curral de ignorância, as tramoias das oligarquias (agrícola e industrial)  conseguiram lucrar com a miséria do povo.
Não é difícil entender o porquê do Brasil apresentar um abismo social, onde poucos detêm a maioria das riquezas do solo tupiniquim, e a maioria dos brasileiros, quase, ou nada, tem. Simples, miséria dá voto. Povo instruído, politicamente, jamais aceitará o retorno de qualquer político “ficha suja”.

Infelizmente, nas pesquisas sobre os candidatos, alguns “ex-fichas sujas” estão no ápice das intenções de voto, ou seja, o povo quer quem o lesou. Como se explica tal comportamento, senão através da Síndrome de Estocolmo

A mentalidade “roubou, mas fez algo” é o câncer do Brasil. Enquanto os “ex-fichas sujas” lesaram, e vivem como soberanos, os milhões de lesados, pelas práticas nefastas dos “ex-fichas sujas”, votam com satisfação, afinal, a vida dos párias é tão sofrida, culpa dos políticos soberanos, que qualquer feito é considerado supremo. Assim, os párias votam, pois sabem que quem furtou, pelo menos, continuará a ajudar o pobre povo. Pior é escutar dos "ex-fichas sujas":

"Se o povo não me quisesse, eu não estaria em primeiro lugar nas intenções de voto".

Ficha Limpa foi um grande feito popular para condenar e alertar os eleitores desavisados sobre os políticos corruptos, mas o esforço lúcido do mesmo povo, para criação da Ficha Limpa, estranhamente,  se desfaz pela loucura do próprio povo [entorpecido] durante as eleições. Como dito, a Síndrome de Estocolmo é a explicação diante de tanta insensatez. O povo brasileiro precisa, urgentemente, de tratamento psiquiátrico.

Sobre o autor
Sérgio Henrique da Silva Pereira

Articulista/colunista nos sites: Academia Brasileira de Direito (ABDIR), Âmbito Jurídico, Conteúdo Jurídico, Editora JC, Governet Editora [Revista Governet – A Revista do Administrador Público], JusBrasil, JusNavigandi, JurisWay, Portal Educação, Revista do Portal Jurídico Investidura. Participação na Rádio Justiça. Podcast SHSPJORNAL

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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