Considerações finais
O artigo abordou questões iniciais suscitadas pelos dados eleitorais da eleição para deputado federal em 2010 na Fronteira Oeste. A investigação insere-se em um esforço de sistematização e análise dos resultados eleitorais nos municípios da região desde o pleito de 2002. Neste artigo abordou-se basicamente o problema dos “muitos candidatos”, questão que surge a partir das críticas a nosso sistema de representação proporcional de lista aberta.
Conforme nossos dados demonstraram, a multiplicidade de candidaturas é, no saldo, resumida a algumas poucas que se tornam competitivas. Inserimos, nessa explicação, o fator regional (a distritalização do voto) e de experiência parlamentar (candidato no exercício do mandato) como sendo atalhos cognitivos capazes de reduzir os custos informacionais dos eleitores e, assim, permitir que escolham algum candidato em particular, a despeito da extensa nominata de concorrentes. Quando desagregamos os dados para os municípios, percebemos que há níveis de concentração/dispersão eleitorais, com algumas localidades tendo mais candidatos efetivo e outras menos. De qualquer modo, as conclusões preliminares dos dados analisados sinalizam para cenários eleitorais bem menos caóticos que aqueles desenhados pelos críticos da representação proporcional de lista aberta.
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Notas
Projeto: O distrito eleitoral da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul: comportamento eleitoral e competição partidária nas eleições para a Câmara dos Deputados (2002-2014).
Municípios de Alegrete, Barra do Quaraí, Itacurubi, Itaqui, Maçambará, Manoel Viana, Quaraí, Rosário do Sul, Santa Margarida do Sul, Santana do Livramento, São Borja, São Gabriel e Uruguaiana.
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O tema da conexão eleitoral não é objeto de tratamento direto de nosso trabalho.