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Psicopatia: o poder da manipulação

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Agenda 13/01/2015 às 12:00

Resumo: Este artigo tem como objetivo informar questões relacionadas à psicopatia. Descobrir se este é hereditária ou não; a forma com que a psicopatia se origina no indivíduo; como identificar um psicopata em nosso meio social; conhecer suas características; a forma que os assassinos em series agem; como escolhem suas vítimas e por que eles são tão temidos pela sociedade; e se há tratamento para eles. O enfoque do artigo está direcionado para os aspectos psicológicos dos psicopatas, e como estes se diferenciam dos demais criminosos. 

PALAVRAS-CHAVE: Psicopatia. transtorno de personalidade. assassino em série. genética. comportamento antissocial.


INTRODUÇÃO

Ao pensarmos na palavra psicopata, vem à mente uma pessoa cruel, mal educada, com uma aparência assustadora, que comete diversos assassinatos. Porém, o que realmente não sabemos é que, eles têm aparência normal, como qualquer outra pessoa, e ao contrário que muitos pensam, os psicopatas esbanjam simpatia e educação. Sendo também que, de acordo com Robert Hare[1], conselheiro do FBI[2], cerca de 1% da população mundial é psicopata, e desse 1% nem todos são homicidas ou violentos.

As definições de psicopatia são sempre convergentes. Os psicopatas são possuidores de um Transtorno de Personalidade Dissocial, cujo os principais sintomas são: ausência de empatia ou sentimentos genuínos, como remorso ou gratidão; se mostram interesseiros, egoístas, manipuladores, impulsivos e irresponsáveis; têm uma extrema facilidade em mentir.

A psicopatia não possui uma causa específica, o que se pode afirmar é que, sua origem está relacionado a uma união de três fatores: ambiente onde o indivíduo é criado, os fatores genéticos e as disfunções cerebrais, localizadas na região pré-frontal. Vale ressaltar, que a psicopatia não é considerada uma doença mental, e que os psicopatas não são loucos.

O artigo possui como objetivo, informar as questões relacionadas à psicopatia. Conhecer se a psicopatia é hereditária, a forma que ela surge, como identificar um psicopata em nosso meio social, suas características e se há um tratamento psiquiátrico especializado a eles.

Em relação ao âmbito Direito, é relevante, devido ao fato que, muito advogados que defendem tais criminosos, utilizam como defesa a alegação que estes são conscientes de seus atos. Assim cumpriram um terço da pena no presídio, e o resto em liberdade.

Essa pesquisa é elabora com base em alguns autores como Ilana Casoy, Harold Schechter, Ana Beatriz Barbosa Silva, e outros especialistas no tema. Também foram utilizados dissertações, documentários, artigos e reportagens.

Inicialmente, será apresentado alguns tópicos acerca da psicopatia, escrevendo suas características, causas, classificações, abordando junto, os assassinos em série.

Posteriormente, será analisado se há algum tratamento à psicopatia, o que determina o Direito Penal, e alguns exemplos de psicopatas e assassinos em séries famosos.


O PSICOPATA

“Eu não sabia o que fazia as pessoas quererem ser amigas. Eu não sabia o que as fazia querer ser atraentes umas para as outras. Eu não sabia o que eram interações sociais […] Eu não me sinto culpado por nada. Eu sinto pena de quem se sente culpado.”

A citação acima pertence a Ted Budy[3], evidenciando algumas características de um psicopata: uma pessoa fria, manipuladora, ausência de empatia, egocêntrica, sendo desprovida de culpa ou remorso.

 Muitas pessoas possuem uma visão errônea sobre o psicopata. Pensam que este é um pessoa mal educada e com aparência de louco. Entretanto, o psicopata usa seu encanto superficial e sua sedução para atrair suas vitimas, e se mostram muito educados e simpáticos, porém tudo não passa de uma máscara. Por dentro, são frios e egoísta.

Já era esse o entendimento de Hervey Cleckley, segundo qual “O psicopata demonstra a mais absoluta indiferença diante dos valores sociais […] É como se fosse cego às cores, apesar da sua aguda inteligência para os aspectos da existência humana.”[4]

Geralmente, quando são desmascarados por algum ato violento que cometeram, as pessoas ao seu redor ficam surpresas, por não esperarem atitudes agressivas por quem se demonstrava ser calmo e paciente. “Aparentemente, a pessoa é normal e lúcida, mas tem uma conduta deformada”, conclui o psiquiatra Guido Arturo Palomba.

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Enquanto alguns assassinos ou ladrões demonstram arrependimento pelo crime cometido, os psicopatas não apresentam nenhum remorso.

Robert D. Hare[5] declara que “seus atos não são resultados de uma mente perturbada, mas de uma racionalidade fria e calculista, combinada com a incapacidade de tratar os outros como seres humanos, e de considerá-los capaz de sentir e pensar.”

A psicopatia não é uma doença mental, e sim um Transtorno de Personalidade Dissocial.

“Esses indivíduos não são considerados loucos, nem apresentam qualquer tipo de desorientação. […] Seus atos não provêm de mentes adoecidas, mas sim de um raciocínio frio e calculista combinado com uma total incapacidade de tratar as outras pessoas como seres humanos pensantes e com sentimento.” [6]


CAUSA

Não há uma razão concreta, do que leva alguém a se tornar um psicopata. Estudiosos apresentam três fatores que podem estar relacionados com a causa do distúrbio. Porém, não se deve considerar apenas um fator, isolado-o dos demais, pela razão de não serem totalmente esclarecedores.

Em muitos casos, é possível observar uma junção entre eles. Entretanto, essa regra não é generalizada. Há casos em que o psicopata não sofreu nenhum tipo de trauma durante sua infância, ou não possui uma distúrbio cerebral, nem uma influência genética.

1. Fatores Genéticos:

De acordo com Freud, “Nascemos com um programa inviável que é atender aos nossos instintos (…)” – instintos esses que são reprimidos, na sua maioria, com a conjugação com factores ambientais – “ (…) que o mundo não permite”. Portanto, a psicopatia é genética, e que torna-se mais densa com o contato do indivíduo com o meio.

2. Ambiente agressivo:

O ambiente onde o indivíduo é criado irá determinar, em muitos casos, como ele irá se comportar no futuro. Um ambiente pouco harmonizado, que demonstra uma série de conflitos, está mais propício que a personalidade do indivíduo se torne mais agressiva.

Em alguns casos, o psicopata pode apresentar os primeiros passos já na infância. Entretanto, o termo psicopata não se aplica em crianças com menos de quinze anos de idade. Em vez disso, utilizam a expressão: “desvio de contuda”. O termo “desvio” possui o intuito de mostrar, que eles sofreram um afastamento dos comportamentos padrões socialmente aceitos e, é remediado através de ajuda de especialistas na área da psicologia e/ou psiquiatria.

3. Disfunções cerebrais:

Em 1990,  o especialista em neurologia, António Damásio concluiu, através de diversos estudos, que as lesões no córtex frontal do cérebro, podem alterar a personalidade do indivíduo, tornando-o emocionalmente instável, frio e com comportamentos anormais diante da sociedade.

O caso mais conhecido, estudado por Damásio, é de Phineas Gage. No século XIX, Gage sofreu uma lesão cerebral provocada por uma barra de ferro, que lhe atravessou o crânio, atingindo o córtex frontal. Após o ocorrido, notou-se uma drástica mudança no comportamento de Gage. De um homem educado e cavalheiro tornou-se frio, grosseiro e com dificuldades em tomar decisões em sua vida.

Após um estudo denominado Neurologic abnormalities in murderes[7], constatou que mais de 64% dos criminosos sob estudo apresentaram lesões ou anormalidades no lobo frontal.

As áreas pré-frontais estão relacionada ao planejamento de comportamentos e pensamentos complexos, expressão da personalidade, tomadas de decisões e modulação de comportamento social.

A região do córtex fronto-polar está relacionado com a personalidade do indivíduo. Uma lesão provocada nesta área pode causar uma série de mudanças de comportamentos, como a perda de autocontrole, o aumento da impulsividade e de comportamento agressivo, dificuldade em sentir alguma emoção de culpa e empatia, dentre outras.

Outro estudo foi produzido pela Universidade de Wisconsin-Madison, em uma prisão de segurança média, comparou o cérebro de 20 presos com diagnóstico de psicopatia com outros 20 que praticaram crimes semelhantes, não tiveram o mesmo diagnóstico.

O resultado foi que os psicopatas possuem menos conexões entre o córtex pré-frontal ventromedial – reforçando a tese anterior – e a amígdala, relacionada ao medo e ansiedade.


DSM-IV-TR

Quando a justiça se encontra em um julgamento, que necessite de uma avaliação mental do indivíduo, ela procura apoio da psicologia e dos psiquiatras. Esses o auxiliam a identificar que transtorno mental o indivíduo possa ter.

Há dois códigos que, são de nível mundial, utilizados para classificar as doenças ligadas à mente: O Manual Diagnótisco e Estatístico das Doenças Mentais (DSM-IV), e A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10).

Os critérios utilizados pelo O Manual De Diagnóstico E Estatística De Transtornos Mentais (DSM-IV-TR) para o Transtorno de Personalidade Antissocial (F60.2/301.7) são:

- irritabilidade e agressividade; porém, agem de forma bem        comportada perante os outros;

- fracasso em conforma-se às normas sociais com relação aos     comportamentos legais;

-  desrespeito e desprezo por ambientes familiares;

-  ausência de remorso, indicada por indiferença;

-  agressividade contra os animais domésticos;

- comportamento sexual exacerbado e inadequado; sem nenhuma ligação afetiva;


GRAUS DE PSICOPATIA

1. Psicopata comunitário ou de grau leve:

Os indivíduos que pertencem a esse grau, geralmente não satisfazem completamente os critérios do transtorno de personalidade antissocial. São mais difíceis de serem diagnósticos, por passarem despercebidos no ambiente social, caracterizando assim o indivíduo de “psicopata comunitário”.

Os psicopatas desse grau dificilmente chegam a agir com violência física extrema e, em muitos casos, têm inteligência acima da média. São pessoas frias, racionais, mentirosas, manipuladoras, não se importam com o sentimento alheio, e são considerados como dissimuladas na sua intimidade.

Escondem tais características a todo instante, o que torna difícil de reconhecê-los. Dentro dos presídios, os psicopatas são tidos como presos “exemplares” por possuírem um bom comportamento. Não arranjam confusões, ajudam nos afazeres do cotidiano e, agem como inocentes e frágeis. Devido a esses bons comportamentos diminuem o tempo de pena.

Dentro desse grau há um predomínio de mulheres.

2. Psicopata antissocial ou de grau moderado a grave

Os indivíduos do grau moderado a grave satisfazem quase ou todos os critérios do transtorno de personalidade antissocial, e são propositadamente antissociais. Possuem uma alta inclinação a se tornaram serial killers.

Suas características são idênticas aos psicopatas comunitários: são frios, manipuladores, narcisistas, racionais, etc. O que os diferenciam são seus comportamentos extremos. Apesar de serem menos expressivos na sociedade, são aqueles que cometem os crimes mais chocantes e graves.

Os assassinos sádicos apresentam o grau grave. Estes têm o prazer em observar o sofrimento de outras pessoas, sendo extremamente problemáticos.

Também passam despercebidos perante a sociedade. Geralmente, durante a infância sofreram algum trauma que possa ter contribuindo à psicopatia.


CARACTERÍSTICAS DOS PSICOPATAS

De acordo com o psiquiatra forense Guido Palomba, o indivíduo com transtorno de personalidade têm quatro características básicas: são altamente egoístas; não se arrependem de seus atos; têm valores morais distorcidos; gostam ou, não se incomodam com o sofrimento alheio. “O problema foi descrito pela primeira vez em 1835, como insanidade moral. […] Ao longo dos anos, já foi chamado de psicopatia, sociopatia, condutopatia e transtorno de personalidade”, lembra Palomba.

Alguns transtornos que estão relacionados aos psicopatas:[8]

Ebúlico: Caracterizam aqueles que não fazem nada. Estão sempre na vagabundagem, afirma Palomba. A pessoa não possui um emprexo fixo, e nem estuda. Caso a família passe por dificuldades, ele irá trabalhar somente para manter o próprio sustento.

Ansioso: Sentimentos constantes de tensão, apreensão e timidez excessiva por insegurança pessoal.

Emocionalmente instável: Se irritam com extrema facilidade, são impulsivas e imprevisíveis.

Histriônico: “São pessoas que têm o comportamento dramático e fazem palco para aparecer. O transtorno está relacionado à histeria”, explica Palomba.

Antissocial: São indiferentes aos sentimentos alheios, têm baixa tolerância as frustrações, cometem com extrema facilidade atos violentos, e não obedecem as normas e obrigações.

Anancástico: Quem possui esse transtorno, tem excessiva preocupação com os detalhes, pensamentos repetitivos e é perfeccionista.

Fanático: Segundo Palomba, são aqueles que movidos por ideias fixas, cometem crimes ou homicídios, até tirar a própria vida.

A teatralidade e as emoções superficiais são sintomas presentes na conduta do psicopata. Desde cedo, aprendem a falsear as emoções, como o arrependimento ou a solidariedade, entretanto, estas palavras não fazem parte do dicionário dos psicopatas. Podem até chorar, e alegar estarem arrependidos de alguma ato praticado, porém tudo não passa de um farsa. Em grande parte do tempo, atuam o papel da “vítima” ou do “coitadinho”,  sempre de forma teatral e dramática.

São irresponsáveis, não oram seus compromissos, não são pontuais, fogem de suas responsabilidades profissionais, e sempre jogam a culpa em outras pessoas, sem mostrar nenhum remorso.

Os psicopatas são completamente insensíveis, frios e não têm nenhum sentimento genuíno com as outras pessoas. Nada os chocam, nada os fazem chorar verdadeiramente, devido a esse fato são conhecidos popularmente como “sangue frio”. Priorizam, unicamente, seus interesses. Não amam, não possuem empatia, nem generosidade, nem afeto verdadeiro. Apresentam uma drástica mudança de comportamento, em um determinado momento demonstram muito afeto, amor e consideração, em outro causa sofrimento às pessoas.

A manipulação é sua melhor ferramenta. Através da sedução e, por se demonstrarem encantadores, os psicopatas fazem as pessoas ao seu redor confiarem neles. Por serem interesseiros, sempre se aproximam de alguém com segundas intenções. É comum terem boa lábia, fingir conhecimento sobre determinado assunto, serem simpáticos e engraçados.

Apesar de demonstrarem tranquilidade, são irritantes, agressivos e problemáticos. Os psicopatas se irritam com extrema facilidade, qualquer contrariedade mínima se transforma em uma discussão calorosa.

O tédio e a monotonia os repelem. Eles necessitam estar constantemente em movimento, e desse modo, buscam estímulos e excitações que possam trazê-los perigo. Enjoam facilmente de objetos, e principalmente, das pessoas. Os psicopatas não mantêm relacionamentos duradouros, trocam com frequência de empregos, dessa forma, seus gostos são instáveis e, em alguns momentos parecem indivíduos bipolares.

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