2 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em que pode ajudar Bernard Manin na compreensão da situação presente dos partidos políticos?
Bom, o autor traz três modelos de governo representativo: o parlamentar, a democracia de partido e a democracia de público. Nesses três modelos ele traça pontos, realçando a importância do modelo representativo, que vem passando por alterações, mas não deixou de ser um modelo importante.
O autor defende uma metaformose no modelo representacional, com a democracia de público, trazendo um caráter mais personalista às eleições, destacando o importante papel dos partidos políticos que são multifacetados e atuam em diferentes arenas.
E esses partidos, apesar de instituições que perderam campo em termos de fidelidade duradoura, continuam fortes nas campanhas eleitorais e no parlamento. Essa visão que vem em contraponto aos autores que defendem uma crise no modelo representacional dos partidos políticos, bem como o declínio dessas instituições.
Face aos desafios desse tema, a escolha de uma abordagem aprofundada em estudo comparado de opiniões contrárias entre si foi de grande importância; vez que o modelo representativo é o adotado na maioria das democracias contemporâneas, em razão da densidade demográfica e da impossibilidade de se exercer a soberania popular direta (MANIN, 1995).
Em suma, posso dizer que a abordagem de Manin faz pender a balança para os autores que entendem que o modelo representacional e os partidos estão em crise, pois apresenta um modelo de transformação em que as instituições estão se readaptando às mudanças comportamentais em curso. No entanto, vale enfatizar que os partidos políticos devem se adaptar às mudanças, mas não podem perder seu caráter político, funcionando como máquina de propaganda e aliciamento de voto.
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Notas
[1] Bernard Manin analisou esse tipo contemporâneo de modelo representativo, com novas pesquisas, e em 2013 publicou um texto reconsiderando alguns pontos.
[2] Ver, em particular, Mair, Müller e Plasser (orgs.), op. cit., especialmente pp. 1‑19, 265‑8. Os autores escrevem, por exemplo: “Os partidos, ou pelo menos suas lideranças, tiveram de aprender a se tornar mais flexíveis e responsivos” (p. 266).