Parece nome de filme de terror adolescente, não? Ou até mesmo uma piada? Mas não é!
Empresas mortas-vivas estão saindo das criptas para atacar seus sócios, causando-lhes prejuízos financeiros expressivos, além de vários outros tipos de problemas. Milhares, talvez milhões de pessoas podem estar sofrendo as consequências decorrentes do fechamento incorreto de suas empresas e, principalmente, do não fechamento.
Montar um negócio é algo muito gratificante e prazeroso. Ironicamente, vemos muitas semelhanças até mesmo com o ato de casar. Sonhos, projetos, esperanças, confiança no futuro! Tudo parece encantado …
Normalmente, escolhemos nosso(s) sócio(s) quase da mesma forma que escolhemos as pessoas com quem queremos passar o resto de nossas vidas e, por que não dizer, toda a eternidade. Tirando a parte sexual (nem sempre), buscamos sócios que tenham afinidade e sinergia. Alguém para dividir as horas boas e ruins. Até que a morte nos separe?
Quando o dia a dia começa, as semelhanças entre a administração das organizações e a vida matrimonial continuam fortes. Ambas as instituições percebem que estão inseridas em contextos maiores. No caso do casamento, o casal terá de conviver com a sociedade, enquanto as empresas terão de enfrentar um dos mais vorazes e hostis ambientes que existem: o mercado!
Enquanto as coisas caminham bem, tudo bem. Amor para cá, amor para lá. Lucros expressivos sendo alcançados, expansões de negócios, filiais … Ninguém duvida que o paraíso existe!
Mas, se os negócios vão mal, ou se a rotina começa a corroer a relação do casal, tudo muda. O que era sonho transforma-se na mais crua - e dura! - realidade. Em alguns casos, em terríveis pesadelos. E, em vários casos, tanto as empresas quanto os casamentos acabam terminando, chegando ao lamentável e triste fim.
Vidas e sonhos destroçados, correto? Nem sempre, pois a vida segue seu curso. À exceção da morte do corpo físico, ainda não conhecemos nenhum estado que fosse irreversível. Sendo assim, tanto no fim do casamento, quanto na falência das empresas, as pessoas devem seguir suas vidas.
No casamento, dependendo da situação dos casais, tal fechamento pode ocorrer de forma bem mais simples do que nas empresas, que são submetidas a toda sorte de burocracias. Abrir uma empresa é relativamente fácil, mas fechar pode se tornar quase um filme de terror.
Quando o fim da sociedade ocorre por vontade mútua dos sócios, tudo fica mais fácil, mas não menos complicado. Toda a parte documental deve estar perfeitamente completa, principalmente a parte contábil. Todos os impostos devem estar pagos e regularizados. Contas bancárias devidamente encerradas, baixas em órgãos públicos, cartórios, etc. E isso quando os sócios querem fechar.
Se um ou mais parceiros não quiserem o fim da sociedade ou da própria organização, ou não concordarem com os termos propostos pelos demais, muitas vezes o encerramento das empresas - assim como vários casamentos - acaba indo parar na Justiça. Sem prejuízo dos demais trâmites burocráticos. Nada animador, não?
O problema é que muitas pessoas simplesmente saem, tanto do casamento quanto das sociedades empresariais, deixando pendentes inúmeros problemas que, ao longo dos anos, irão atormentar suas vidas – muitas vezes de forma aterrorizadora. Se em alguns filmes de zumbis o final pode ser feliz, nos filmes de liquidação de empresas da vida real, a história pode ser outra.
Dentre os principais problemas, citamos o crescimento absurdo de dívidas bancárias e tributárias, mesmo após o encerramento real das atividades empresariais. Muitos clientes, apavorados com o valor das dívidas cobradas por bancos e pelo Fisco (que arrecada os impostos e tributos), ficam incrédulos quando descobrem que a maior parte de suas dívidas tem origem depois da empresa parar de operar, capitalizada por juros compostos - no caso dos bancos - e por juros e multas tributárias, os quais chegam a ser obscenos.
Um outro problema muito corriqueiro ocorre quando a pessoa, após a sociedade, arruma um emprego formal em uma outra organização. Quando precisar usufruir, por exemplo, o benefício previdenciário do seguro-desemprego, irá se deparar com a negativa expressa, em virtude de ter em seu nome a participação em uma sociedade, o que contrariaria a norma de concessão do benefício.
Esses são apenas alguns dos problemas que podem acontecer quando deixamos pendências presas ao passado. Podemos sempre tentar começar vidas novas e seguir em frente. Esquecer o passado, todavia, não significa deixar arestas e sequelas que possam nos causar mal no presente e, principalmente, no futuro. A nós e às pessoas a quem amamos!
Avisos dados, desejamos a todos muito sucesso e felicidade, tanto em seus casamentos, quanto na gestão de suas empresas, quem as tiver.
Mas, se o tempo ficar nublado, fiquem atentos!
A forma como encerramos uma fase de nossas vidas diz muito sobre a forma como nos sairemos nas próximas. No caso do encerramento de empresas, ele pode, perfeitamente, transformar-se em um filme de terror.