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As virtudes éticas em Aristóteles:

a ação moralmente boa, o meio-termo e a justiça

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Agenda 31/07/2016 às 13:24

Conclusão

Em síntese, foi estabelecido que as virtudes éticas não são inatas, mas consistem em uma disposição ou hábito adquiridos a partir da prática de ações moralmente boas. Por sua vez, “ações moralmente boas” seriam aquelas consistentes em atos voluntários, decorrentes da escolha deliberada tendo o bem como intenção.

Ainda, foi estabelecido que o parâmetro para a definição da qualidade da ação seria o meio-termo, a mediania, consistente no ponto de equilíbrio entre dois extremos, a falta e o excesso. Como auxiliar na busca da virtude, o homem pode contar com o prazer e o pesar, que invariavelmente aparecerão como consequência de seus atos.

Por fim, analisou-se a virtude da justiça, que tem como contrário, tanto no excesso quanto na falta a injustiça, bem como as várias espécies de justiça em particular. Destacou-se que a grandeza da justiça consiste no fato de ela ser uma virtude que supõe o relacionar-se com o outro.


Referências bibliográficas

ARISTÓTELES. Moral a Eudemo. 4.ed. Trad. Patricio de Azcárate. Buenos Aires: Espasa-Calpe, 1948.

______. Política. Trad. Márcio da Gama Kury. Brasília: UNB, 1985.

______. Ética a Nicômaco. Trad. Vicenzo Cocco. São Paulo: Abril Cultura, 1984. Col. Os Pensadores.

PHILIPPE, Marie-Dominique. Introdução à filosofia da Aristóteles. São Paulo: Paulus, 2002.


Notas

[1] Enquanto a voluntariedade e a intenção têm em conta a finalidade do ato, a escolha e a deliberação observam os meios que serão utilizados para que se atinja tal ou qual fim.

[2] Tal assertiva aparece em EN (III, 1, 1110a). Em seguida, Aristóteles pretende estabelecer uma distinção entre os atos não-voluntários e os atos involuntários propriamente ditos, sendo os primeiros aqueles que são feitos na ignorância e os do segundo tipo, aqueles que provocam certo pesar ou arrependimento, visto que, se o sujeito não manifesta qualquer vontade em realizar determinado ato e tampouco sente pesar pelo que fez (não-voluntário), “(...) não agiu voluntariamente, pois não sabia o que fazia, nem tampouco agiu involuntariamente, visto que isso não lhe causa pesar algum” (EN, III, 1, 1110b). 

[3] Para uma análise sobre a escolha vide EN (III, 2, 1111b). Ainda nesse sentido, vide Marie-Dominique Philippe (2002, p. 46).

[4] Para uma análise sobre a deliberação vide EN (III, 2, 1112a). Ainda nesse sentido, vide Marie-Dominique Philippe (2002, p. 48-49). É importante ter presente que a deliberação precede à escolha, o que leva a Aristóteles (EN, III, 2, 1113a) a afirmar que “(...) a escolha é um desejo deliberado de coisas que estão ao nosso alcance, pois, após decidir em decorrência de uma deliberação, passamos a desejar de acordo com o que deliberamos”.

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[5] Nas palavras de Aristóteles (EN, III, 5, 1114b), “(...) visar ao fim não depende da nossa escolha, mas é preciso ter nascido com um sexto sentido, por assim dizer, que nos permita julgar com acerto e escolher o que é verdadeiramente bom; e realmente bem dotado pela natureza é quem o possui. Com efeito, isso é o que há de mais nobre, e não podemos adquiri-lo nem aprendê-lo de outrem, mas o possuímos sempre tal como nos foi dado ao nascer; e ser bem e nobremente dotado dessa qualidade é a perfeição e a cúpula de ouro dos dotes naturais”.

[6] No texto original: “(…) es preciso recordar que en todo objeto continuo y divisible se pueden distinguir tres cosas: un exceso, un defecto y un medio. Estas distinciones pueden considerarse, ya con relación a las cosas mismas, ya con relación a nosotros; por ejemplo, se las puede estudiar en la gimnástica, en la medicina, en la arquitectura, en la marina o en cualquier otro desenvolvimiento de nuestra actividad, sea o no científico, sea conforme con las reglas del arte o contrario a ellas. El movimiento, en efecto, es una continuidad, y la acción no es más que un movimiento. En todas las cosas, el medio, con relación a nosotros, es lo mejor e lo que nos prescriben la ciencia e la razón. Siempre y en todas las cosas, el medio tiene la ventaja de producir el mejor modo de ser, lo cual puede demostrarse, a la vez, por la inducción y por el razonamiento. Y así, los contrarios se destruyen recíprocamente, y los extremos son, a la vez, opuestos entre sí y opuestos al medio, porque este medio es uno y otro extremo relativamente a cada uno de ellos; por ejemplo, lo igual es más grande que lo más pequeño y más pequeño que lo más grande. De aquí que, como consecuencia necesaria, la virtud moral debe consistir en ciertos medios y en una posición media”.

[7] Neste sentido vide EN (II, 6, 1106b).

[8] Neste sentido vide Marie-Dominique Philippe (2002, p. 44).

Sobre o autor
João Gabriel Cirelli Medeiros

Juiz Leigo no Estado do Rio de Janeiro. Graduado em Direito e Filosofia pela Universidade Católica de Petrópolis/RJ.

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

MEDEIROS, João Gabriel Cirelli. As virtudes éticas em Aristóteles:: a ação moralmente boa, o meio-termo e a justiça. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 21, n. 4778, 31 jul. 2016. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/50831. Acesso em: 24 nov. 2024.

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