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Inteligência artificial derrotou mais de 100 advogados. E daí?

Agenda 17/12/2017 às 17:45

Criada por estudantes de direito de Cambridge, a CaseCrunch é um sistema capaz de realizar previsões com base em informações sobre os casos concretos e as leis locais. Será o presságio do fim do trabalho do advogado?

Muito se fala em inteligência artificial (IA) e suas aplicabilidades, bem como ela pode auxiliar a advocacia em várias formas, tanto em tecnologia, atendimento, marketing jurídico, entre outros.

O maior medo sempre foi a inteligência artificial substituir os advogados, não é mesmo?

Esta notícia abaixo irá apavorar aqueles que assim pensam (IA pode substituir os advogados), mas desmitifico logo após a notícia:

Inteligência artificial usada como advogado derrota 100 profissionais reais

Uma disputa bastante inusitada acabou com um sistema de inteligência artificial derrotando competidores humanos e não estou falando de partidas de xadrez – trata-se, na verdade, de um campeonato de advogados que colocou o CaseCrunch Alpha para enfrentar 100 profissionais reais da área. O resultado? Um baile da IA, que obteve uma taxa de precisão de 86,6%, enquanto que as pessoas de carne e osso chegaram a apenas 66.3%.

O CaseCrunch se tornou um sistema capaz de realizar previsões com base em informações sobre os casos e as leis locais

Os advogados e a inteligência artificial receberam informações básicas sobre centenas de casos de venda incorreta de seguro de proteção de pagamento e deveriam prever se o provedor financeiro de justiça permitiria uma reclamação. Foi nessas previsões que o CaseCrunch Alpha se saiu muito melhor que os profissionais de verdade.

De tirar dúvidas a prever

Criada por estudantes de direito de Cambridge, a plataforma funcionava inicialmente apenas com um bot de bate papo que tinha como objetivo tirar dúvidas legais de pessoas. A partir daí, o CaseCrunch se tornou um sistema capaz de realizar previsões com base em informações sobre os casos e as leis locais.

Ainda é muito para dizer se em algum dia os advogados poderão ser substituídos por máquinas, visto que o direito é um assunto sempre bastante subjetivo. Seja como for, se você for advogado, é bom ficar de olho: seu emprego pode estar com os dias contados.

Fonte: https://www.tecmundo.com.br/software/123804-inteligencia-artificial-usada-advogado-derrota-100-profissionais-reais.htm

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Impactante não é mesmo?

Agora vamos pensar: O que a IA conseguiu fazer foi prever resultados com base naquilo que existia e, portanto, usou dados compilados para encontrar possibilidades de acerto e realmente acertou. Aliás, algo que temos falado bastante já em uso no Brasil hoje: A jurimetria (conheça mais aqui.)

E de realmente especial, o que a IA fez? Ao meu ver, nada que softwares já não façam, quando comandados por humanos.

Penso que o grande diferencial do advogado não é prever resultados. Ao prever resultados como proposto no teste, o advogado pode dar ao seu cliente diferenciais, demonstrando prognósticos e contingências baseados em estatísticas (olha a jurimetria aí, gente!), podendo ofertar ao cliente escolhas mais prováveis e racionais.

Contudo, o verdadeiro trabalho do advogado não é de vidente. É de pensar estratégias e possibilidades jurídicas para o exercício do seu cliente. Assim, em muitos casos, o advogado não adivinha nada, ele cria possibilidades. O advogado pensa em estratégias diferentes, diversificadas e, principalmente, usando brechas legais (afinal quem faz as leis neste país as vezes mal sabe o que são leis), e demonstra ao judiciário possibilidades diferentes de interpretação daquilo que está escrito.

Isto é sim inteligência. Isto é criar algo novo e diferente e não apenas usar banco de dados como prognósticos. A jurimetria é muito útil ao advogado, entretanto, não substitui o profissional.

Lógico, o profissional recorta e cola como costumo a dizer, este sim, será substituído e muito rápido, seja pela jurimetria, seja pela IA, seja pelo avanço da tecnologia.

Contudo, o profissional que pensa, que exerce o direito através de seus princípios, verdades, hermenêutica e usa casos anteriores para exemplos do que pode ser diferente, tem mercado garantido por muito tempo ainda.

Se você realmente é advogado, ou seja, pensa o direito, use a tecnologia a seu favor e não a tema. Agora, se você só copia e cola o que os outros pensam, bom, daí melhor trocar de profissão mesmo.

Faça como o seriado Star Trek: Audaciosamente indo aonde nenhum homem jamais esteve!

Crie! Pense! Desenvolva a sua advocacia com seu livre pensar e seja protagonista de jurisprudência do seu cliente. Não fique na sobra do que os outros fazem, pois você jamais irá passar da sombra. Seja luz!

Assim agindo, como advocacia disruptiva, a tecnologia será sempre uma aliada e não um problema.

Sobre o autor
Gustavo Rocha

Professor da Pós Graduação, coordenador de grupos de estudos e membro de diversas comissões na OAB. Autoridade em Inteligência Artificial – IA no setor jurídico (chat gpt, Gemmini, Copilot e muito mais!). Consultor em gestão, tecnologia e marketing jurídico. Também sou craque em Privacidade e implementação de LGPD! Vamos conversar? Envie um e-mail ou mensagem pelo Microsoft Teams: gustavo@gustavorocha.com Prefere contato direto? WhatsApp ou Telegram: (51) 98163.3333

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

ROCHA, Gustavo. Inteligência artificial derrotou mais de 100 advogados. E daí?. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 22, n. 5282, 17 dez. 2017. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/62424. Acesso em: 19 dez. 2024.

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